A roseira e os espinhos. escrita por Misa Presley


Capítulo 28
Sob as estrelas.




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            Debrah sabia perfeitamente como manipular Castiel. Sabia, como fazê-lo seguir cada uma de suas vontades. Isso ficava claro, pelo modo como ele a havia procurado após a decepção que sofrera. Tinha plena certeza de que conseguiria mais uma vez, usá-lo.

            — Vem, gatinho. Entra. Me conta direito o que aconteceu. — Debrah disse, trazendo Castiel para dentro do flat. E ele, é claro, entrou sem demonstrar qualquer resistência. Francamente? Já não tinha mais o que perder. Sua situação não iria ficar pior, caso entrasse na casa dela. Afinal, Lysandre já tinha conseguido o que queria. Annelise estava com ele, agora. Nada mais poderia ser feito.

            Debrah o fez sentar em seu sofá, sentando ao lado dele, olhando o semblante derrotado que tomava ao rosto do rapaz. Por mais feliz que estivesse ao vê-lo desolado daquele jeito, precisava fingir que se importava. Ela bem sabia que Castiel acreditaria em qualquer coisa que ela dissesse. Era um verdadeiro objeto em suas mãos.

            Ele, por sua vez, continuava com um olhar perdido, apertando nervosamente as mãos, sem saber ao certo o que fazer naquele momento de ansiedade. — Eu estava indo procurá-la no café. — Começou, em constante ofegar. — Achei que ainda pudéssemos nos acertar, depois de quatro meses afastados. Queria mostrar a ela que eu mudei! Que não a machucaria novamente. Que estava totalmente arrependido, de tudo o que lhe fiz. Mas, quando cheguei perto do café, a vi carregando umas caixas com o Lysandre. Eram caixas de mudança, eu tenho certeza! Eles entraram juntos em um condomínio; pareciam tão... Felizes...  Percebi naquele momento, que na vida dela não há mais espaço para mim. Ele ocupou meu lugar, quando me afastei um pouco. Não se deram ao trabalho de esperar mais algum tempo! Já estão dividindo um apartamento! Estão juntos! Assim como ela e eu estávamos, Debrah! — Agora um tom pouco mais feroz, surgia em sua voz embargada. Parecia aos poucos estar saindo daquela dormência, provocada pela surpresa desagradável. Dava lugar novamente aos impulsos ferinos, entranhados em seu ser. Aqueles mesmos impulsos, com os quais lutara contra, durante todos aqueles meses.

            Debrah, no entanto, não poderia deixá-lo ceder a sua natureza. Não, de forma alguma! Precisava de algum jeito, fazê-lo se prender a ela! Tornar-se dependente de sua teia de mentiras. Não podia deixar que Castiel tentasse se aproximar de Annelise, de novo. Isso seria arriscado demais. Então, novamente, valeu-se de sua persuasão. Precisava usar cada um de seus atributos para prender Castiel.

            — Ela foi uma cretina! Como pôde pisar em seus sentimentos assim, Castiel? Ela mentiu! Te fez de idiota! Essa garota não merece você. Não merece uma só gota do seu amor. Ela nunca fez outra coisa, senão fingir! Ela só te usou, gatinho. Te tratou como algo descartável. Você viu com seus próprios olhos: foi só o Lysandre aparecer, que a Annelise te chutou. Ela nunca se importou com você. Nunca te mereceu! — A garota fazia questão de “pôr mais lenha na fogueira”, na tentativa de aumentar a raiva de Castiel contra o casal. Aquela era a sua especialidade: jogar as pessoas umas contra as outras. Se Castiel ainda fosse tão estúpido quanto ela se lembrava, conseguiria facilmente.

            O rapaz ouvia a tudo o que era dito por ela, engolindo a seco. Não podia negar: Debrah estava certa. Ele só foi usado, enquanto ainda era útil para Annelise. Apenas um maldito objeto, que serviria para matar o tempo enquanto Lysandre não voltava. — Eu fiz papel de trouxa, Debrah. Ela só me tratou como uma segunda opção. — O rapaz disse, ainda em meio a suspiros irritados.

            Era exatamente aquilo que Debrah queria ouvir! Ele estava caindo como um patinho! Seria muito mais fácil do que ela imaginava. Era hora de pressioná-lo mais um pouco! Apenas o suficiente para continuar envenenando sua mente fraca.

            — Você não precisa dela, gatinho. Eu estou aqui. Me deixe cuidar de você, de um jeito que ela jamais faria... — Debrah sussurrou, ao levar os lábios ao pescoço de Castiel, deslizando-os pela pele alva, em beijos e sugadas suaves, que o faziam arrepiar.  — Eu posso te dar tudo o que ela não pôde. Posso te dar o amor, que ela foi incapaz de conceder. — A moça sussurrou novamente, enquanto agora os lábios subiam até o lóbulo destro dele, ao qual foi mordiscado de modo suave.

            Castiel, agora começava a suspirar pesadamente, fechando os olhos em meio ao arrepio que confundia seus sentidos. O peito arfava por baixo do casaco de moletom verde musgo, e sua pele eriçava ao mínimo toque de Debrah.

            Ela estava satisfeita, ao ver que ele começava a se render. O próximo passo seria o mais fácil de todos, já que Castiel sempre fora como um cãozinho, aos seus pés. Bastava usar os atributos certos.

            Os lábios dela, voltavam a sugar o pescoço dele, enquanto agora, a moça se presava a arranhar a nuca do rapaz, após afundar os dedos entre as madeixas rubras. Conhecia cada um de seus pontos fracos; sabia como deixá-lo em chamas.

            Novamente, aproximou os lábios do ouvido dele, utilizando um tom de voz baixo e convidativo. — Vem... Deixe-me mostrar como uma mulher de verdade ama um homem. Me deixa te fazer esquecer aquela garota. — O tom provocativo ainda estava presente na voz de Debrah, que ainda procurava seduzir Castiel.

            O comentário dela pareceu fazer efeito, pois Castiel em um movimento brusco, a agarrou pelos braços, empurrando-a deitada sobre o sofá. Foi uma questão de segundos para que ruivo ficasse sobre ela, erguendo a camiseta que a garota usava, expondo a parte superior de seu corpo, ainda coberta pelo sutiã rendado em vermelho.

            Debrah sorriu em total satisfação, ao notar o comportamento do rapaz. Podia ver a excitação naqueles olhos cinzentos, que pareciam devorá-la. Era patético como ele continuava sendo facilmente manipulável.

            Podia sentir os lábios de Castiel, deslizarem por sua barriga, subindo em desespero. Os toques dele eram afoitos, intensos! Sentia o modo quase agressivo, com o qual as mãos dele apertavam suas coxas. Mais uma vez, conseguira o prender a si.

            Agarrou os cabelos dele, o forçando a olhá-la. Lançou ao rapaz um sorriso repleto de volúpia, enquanto seus dedos ainda puxavam aos fios vermelhos. — Ninguém nunca vai saber cuidar de você, como eu sei. — Ela disse em tom malicioso, puxando Castiel de modo que ele subisse novamente, unindo os lábis aos dela, em um beijo despudorado. A satisfação era visível no rosto de Debrah. Mais uma vez, ela mostrava que era a rainha da manipulação. Por mais que Castiel negasse, jamais seria capaz de resistir a ela. Ele sempre comeria em sua mão.  


            Annelise e Lysandre, finalmente tinham terminado de guardar as coisas que trouxeram na mudança. Estavam aliviados, vendo que tudo agora estava em seu devido lugar.

            O fato de terem poucas coisas, serviu de grande ajuda, naquele momento. Afinal, sabiam que uma mudança podia levar semanas para ser arrumada. Como a maioria das coisas que tinham, era composta por vestimentas, roupas de cama e banho, livros, louças e objetos de higiene, então não tiveram muito problema. Lysandre tratou de organizar os livros em prateleiras, enquanto Annelise cuidava de realocar as roupas. As louças, a garota deixou aos cuidados do namorado, já que o armário era alto demais para que ela alcançasse. Já os artigos de higiene, os dois arrumaram juntos. Em resumo, tudo se tornou mais fácil, quando dividiram as tarefas.

            Agora, que já tinham terminado de arrumar tudo e limpar o apartamento, poderiam descansar um pouco. Era o mínimo que mereciam, depois de um dia tão corrido. Era ótimo poder desfrutar de um pouco de tranquilidade.

            Como o apartamento ficava na cobertura, Lysandre teve uma ideia sobre como poderiam aproveitar melhor aquela noite que caíra tão rápido. O rapaz preparou uma garrafa térmica com chocolate quente, além de dois copos. A noite estava linda! Perfeita para passar um tempo, vislumbrando o céu estrelado, na vista privilegiada que tinham.

            Annelise levou duas cobertas ao terraço, depois que eles já haviam o deixado impecavelmente limpo. Assim, poderiam ficar ali, sem que sujassem nada.

            Lysandre se sentou sobre uma das cobertas, reclinando as costas contra uma parede. Annelise se sentou entre as pernas do rapaz, apoiando as costas ao peito dele, enquanto ele a abraçava por trás. Estavam em uma posição totalmente confortável, cobertos pelo segundo edredom, enquanto vislumbravam ao céu totalmente estrelado.

            Era lindo de se ver, todos aqueles milhares de pontos luminosos, sobre o firmamento escuro, apesar da luz da cidade dificultar um pouco a visão das estrelas. Ainda assim, aquela noite estava linda! Nem mesmo o frio parecia os incomodar. Poderiam passar a noite inteira ali, apenas olhando as estrelas, que luziam como pequenos brilhantes sobre os telhados aquela velha cidade.

            Lysandre a abraçava junto a si, como se fosse a criatura mais preciosa do mundo. O calor dos braços do namorado, a confortava na noite gélida, mesmo que estivessem protegidos pelo edredom que os envolvia.

            O rapaz a amparava, protegia, aninhava junto a si. E ela, por sua vez, reclinava a cabeça para trás, sobre o ombro do namorado, enquanto vislumbrava o brilho estonteante das estrelas. Aquele mesmo brilho prateado, que refletia em suas íris de azul quase celeste.

            Não poderia querer estar em nenhum outro lugar, naquele momento. De fato, nada a fazia mais feliz do que estar nos braços de Lysandre, sob a luz das estrelas. Não tinha dúvidas: o abraço dele era seu lugar favorito, no mundo inteiro.

            Os olhos claros, ainda vislumbravam maravilhados às estrelas. Elas pareciam incontáveis! Belíssimas! Fascinantes! Mesmo que estivessem distantes demais, ao mesmo tempo, pareciam próximas o suficiente para serem tocadas.

            Lysandre sequer conseguia prestar atenção ao céu, quando tudo que para si era mais lindo, estava entre seus braços. De fato, seus olhos apenas pousavam sobre a namorada, que ainda sorria como uma criança, ao olhar o firmamento escurecido pela noite.

            — Nunca vi tantas estrelas! — Annelise disse, quase não conseguindo conter a própria respiração.

            Lysandre riu, o comentário dela tinha um tom inocente. De fato, na cidade era raro uma noite tão estrelada.

            — Quando formos à fazenda, poderá vê-las melhor. Aqui, na cidade, com a iluminação dos postes e toda a poluição, elas ficam ofuscadas. No interior, você consegue vê-las nitidamente. Parecem até mais próximas do chão. — Lysandre comentou.

            — Elas devem ser lindas! Mal posso esperar por isso. — Annelise respondeu, ainda embasbacada.

            — Sim, elas são. Quando eu era garoto, ia até o campo aberto olhá-las a noite toda. Eu acreditava, que elas eram capazes de me conceder desejos. — O rapaz disse, agora começando a olhar o céu.

            — É mesmo? — Annelise disse, virando-se para olhá-lo, interessada na história. — E o que você costumava pedir? — A garota indagou. Era interessante imaginar o Lysandre pequenino, olhando o céu em uma noite estrelada, fazendo pedidos às estrelas. Essa imagem a fez sorrir de canto, ao pensar quão adorável aquilo parecia.

            — Na verdade, eu não me lembro! — Lysandre riu. Sua memória nunca fora muito confiável. Principalmente, com fatos de um passado muito distante. — Mas, quando eu voltei para a fazenda após terminar o ensino médio, tornei a fazer pedidos às estrelas. Na verdade, um único pedido. Algo que eu pedia incansavelmente, noite após noite. — Ele disse, ainda com os olhos voltados ao céu.

            Annelise ficou mais curiosa ainda, ao ouvir a resposta dele. O que ele poderia pedir tanto? Não conseguia sequer imaginar o que seria. O que, por sinal, só atiçava mais a sua curiosidade.  — E o que era? — Ela indagou, ainda o olhando, sem esconder o tom curioso em sua voz.

            Agora, Lysandre desviava os olhos que outrora estiveram fixos ao céu, guiando-os ao rosto da namorada. Havia certa seriedade em sua face, embora seus traços fossem suaves. — Eu pedia todas as noites, para que eu algum dia, pudesse vê-la de novo, Annelise. — Ele respondeu. — Essa era a única coisa que eu queria. 


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