A roseira e os espinhos. escrita por Misa Presley


Capítulo 27
Dia de recomeços.




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            Após quatro meses na estrada, Castiel finalmente voltava para casa. Aquele tempo longe da cidade, lhe fez bem. Afinal, parecia mais calmo. Claro, ainda pensava vez ou outra em Annelise e em como fora rude com ela. A verdade, era que ainda a amava, mesmo sabendo que lhe fizera mal.

            Ainda queria ser capaz de resolver as coisas com ela, de modo pacífico, já que imaginava que Lysandre teria partido de novo. Ao menos, era isso que esperava, já que sabia que o rapaz tinha obrigações com a fazenda. Se ele havia partido uma vez, então faria isso de novo. Era só questão de esperar.

            Não foi difícil parar para pensar em seus erros, quando os repórteres não paravam de perguntar sobre sua prisão. Aquilo serviu para que ele refletisse sobre tudo o que fizera com mulher amada. A vergonha o alcançou, não importando onde ele fosse. Ninguém deixava que Castiel esquecesse que tinha sido um cretino com Annelise.

            Quanto mais pensava nisso, mais chegava à conclusão de que precisava se desculpar com ela. Imaginava que a moça o odiaria, depois de tudo o que aconteceu. Mas, não poderia culpá-la. Ela foi a maior afetada naquilo. Mesmo que ela não o quisesse perdoar, queria ao menos recompensá-la.

            Decidira dar uma passada no café, antes de ir para casa. Queria mostrar para ela que havia mudado! Que não a magoaria mais. Queria que ela visse, que durante os meses fora, ele tinha se tornado alguém melhor. Alguém, que estaria disposto a tratá-la como ela merecia. Alguém, que jamais tornaria a ser grosseiro com ela.

            Como Annelise e Lysandre imaginavam, o apartamento era perfeito! Ideal para os dois, tanto pelo valor do aluguel, quanto pela questão da localização. De fato, não poderiam encontrar um lugar melhor. Não era nem grande e nem pequeno demais. Na verdade, tinha o tamanho ideal para duas pessoas. A mobília era bonita, muito bem cuidada! Trazia um ar sofisticado ao imóvel. Embora, é claro, nem de longe fosse como a mobília em estilo barroco, do apartamento de Leigh. Todavia, não podiam negar que gostaram.

            O fato de serem um casal sem filhos ou animais, facilitou muito na hora da locação. Afinal, como o apartamento fora recém mobiliado e reformado, o dono não queria que fosse estragado. O fato de Annelise ser dona do próprio negócio, também facilitou na locação, visto que poderia comprovar a renda que eles tinham. Então, acabaram conseguindo tranquilamente alugar o apartamento.

            Então, tão logo a chave foi entregue para Annelise e Lysandre, eles se apressaram em levar suas coisas ao apartamento novo. Não tinham como negar: estavam extremamente animados com aquilo! Com a simples perspectiva de morarem juntos, sem que fosse no apartamento de Leigh.

            Estavam felizes como nunca, enquanto tiravam as caixas com suas coisas, de dentro do carro. Não tinham muito o que carregar, mas era o suficiente para que recomeçassem. Afinal, o que realmente importava, era que estavam juntos.

            Annelise segurava uma caixa de papelão, enquanto Lysandre carregava duas: uma empilhada em cima da outra. Era uma boa forma de começar, enquanto seus demais pertences estavam dentro da caminhonete. Precisariam descer mais algumas vezes, até conseguirem subir tudo. Mas, não se importavam. Aquele era o primeiro passo para a vida a dois, com a qual sempre sonharam.

            Annelise estava radiante! Feliz de um jeito que contagiava Lysandre. Era ótimo vê-la tão feliz, daquele jeito. Ainda mais, por saber que ele tinha sua parcela de responsabilidade por aquilo.

            Já Castiel, ainda determinado a se redimir com Annelise, agora passava pela rua com seu carro, indo rumo ao café. Sentia-se confiante, de certa forma, ao pensar que poderia consertar as coisas. Talvez, até mesmo, reatar a relação, quando mostrasse seu arrependimento. Todavia, quando passou diante ao pequeno condomínio que ficava em frente ao café, vislumbrou a caminhonete de Lysandre parada ali.

            Rezava para que fosse apenas um carro parecido com o dele. Torcia de verdade por isso, pois ainda tinha esperanças de que ele tivesse voltado para a fazenda. Reduziu a velocidade do carro, passando lentamente diante os portões do condomínio. Porém, o baque foi violento, quando viu Annelise e Lysandre dando um beijo rápido, com os braços ocupados pelas caixas de papelão.
           
            Um pouco ao longe, agora, os assistia entrar no condomínio, carregando as caixas. Era mais do que óbvio, o que eles estavam fazendo. Aquilo partiu novamente seu coração. Não conseguia acreditar que durante sua ausência, os dois haviam assumido um relacionamento tão fixo, ao ponto de agora morarem juntos.

            Diferente das outras vezes em que somente sentiu um ódio extremo, agora sentia apenas uma tristeza profunda, ainda os vendo sumir portão à dentro. Os olhos marejaram, e uma expressão tristonha lhe tomou às feições. Era como se todas as suas esperanças tivessem se dissipado diante de seus olhos lacrimosos. Já não restava sequer a menor dúvida: perdera Annelise de forma definitiva. Talvez Zack estivesse certo; era melhor deixá-la ir.

            Esperou ainda mais alguns instantes, até que o casal sumiu totalmente de suas vistas. Suspirou tristemente, negando com a cabeça. Aquilo doía de uma forma intensa. Não tinha mais o que fazer ali. Era hora de encarar a realidade e sair com um pouco de dignidade, por mínima que fosse.

            Novamente, ligou o carro, saindo dali. Insistir no sofrimento, seria burrice! Castiel bem sabia disso. Era mais do que nítido que ela não queria estar consigo. Não iria forçá-la. Muito menos, ficar se prendendo a alguém que estava com outro. Odiava autopiedade! Se fazer de coitado não era algo que Castiel admitiria.

            Assim que Annelise e Lysandre carregaram a última caixa até o apartamento, finalmente puderam respirar aliviados. Afinal, fizeram umas três viagens pela escadaria, só carregando seus objetos pessoais.

            Era espantoso como na hora de empacotar não pareciam muita coisa, mas agora na hora de levá-los para a casa nova, pareciam triplicar. Ao menos, agora tinham certeza de que haviam terminado de carregar tudo.

            — Essa foi a última! — Lysandre disse, parecendo um tanto aliviado.

            — Você tem certeza? Parece que elas se multiplicaram na caminhonete. — Annelise brincou. A verdade, era que ela estava tão aliviada quanto Lysandre, por finalmente ter carregado tudo.

            O rapaz riu ao ouvir o comentário da garota. Apesar da correria com a mudança, ele parecia de bom-humor.

            — Talvez você esteja certa. Acabo de ver algo que preciso carregar. — Lysandre disse, ainda com um semblante divertido.

            — Mesmo? O que? — Annelise indagou, o olhando curiosamente, enquanto ainda estavam no corredor.

            O rapaz se limitou a abrir a porta do apartamento, pegando Annelise no colo, de modo que um dos braços a segurasse pelas costas, e o outro ficasse abaixo de suas pernas.  Em seguida, ajeitou-a melhor, para evitar que caísse. — Você! — Lysandre respondeu, voltando a rir. — O costume diz, que o homem deve atravessar a porta de sua nova casa, com a mulher nos braços. Dizem que dá sorte ao relacionamento. — Ele afirmou, sentindo os braços de Annelise a envolverem seu pescoço.

            A garota não podia negar que fora pega de surpresa, ao ser erguida nos braços do namorado. Aquilo era totalmente inesperado! Sequer pôde ocultar o olhar de espanto, enquanto era erguida por Lysandre. Todavia, o comentário dele a fez rir, segurando-o mais firme.

            — Vai ser como se estivéssemos em lua de mel. — Ela brincou, dando um selinho rápido nele.

            — Hm, de certa forma nós estamos. — Lysandre disse, dando uma piscadela suave para Annelise. — Agora, minha dama, permita-me levá-la aos nossos aposentos? — O rapaz gracejou.

            — Claro, cavalheiro. Leve-me onde desejar. — Annelise respondeu, entrando na brincadeira.

            — É um pouco perigoso me sugerir isso, doce donzela. —  Lysandre mordiscou ao lábio inferior de Annelise, tão logo disse isso. Em seguida, cruzou a porta do apartamento carregando-a nos braços.

            Mas, nem tudo eram flores. Pois, enquanto o casal apaixonado inaugurava o apartamento recém alugado, Castiel sofria por ter perdido o amor de sua vida.

            Apesar de ter decidido não se rastejar mais por Annelise, não tinha como negar que seu peito doía, ao se lembrar de vê-la tão feliz carregando a mudança com outro homem.

            Pareceu não pensar direito, ao rodar sem rumo com o carro pelas ruas da cidade. Até que finalmente parou o veículo, na frente de um flat. Saiu do carro, caminhando em direção ao imóvel a sua frente. Em seguida, tocou a campainha, apoiando o braço à parede, e encostando a testa ao antebraço.

            Debrah abriu a porta, olhando surpresa para Castiel diante de si. De fato, não esperava vê-lo, depois da noite que passaram juntos. Imaginou que ele jamais a procuraria novamente.

            — Castiel? O que faz aqui? — Debrah indagou, ainda sem compreender o que acontecia.

            — Eles estão morando juntos. — O rapaz respondeu, quase em tom de divagação.

            Debrah rapidamente entendeu de quem ele estava falando. De fato, teve de fazer um esforço extremo para fingir-se compadecida.

            — Ah, Gatinho! Que coisa horrível! — Ela disse. — Eu sinto muito. — Agora, a garota abraçava Castiel, que se rendia uma vez mais aos seus braços. Seria extremamente fácil dobrá-lo, quando estava tão fragilizado. De fato, não conseguiu esconder o sorriso cruel, enquanto abraçava o rapaz. Finalmente, as coisas pareciam acontecer do jeito que ela queria. Se continuasse com aquela sorte, acabaria voltando com ele e ficando famosa de novo.


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