— Renesmee, acorde...

A voz de Lice ecoava distante em minha mente até se tornar um pouco mais alta, lentamente meus olhos se abriram ainda estávamos na caverna. — Não podemos ficar aqui, eles nunca vão nos encontrar se continuamos aqui dentro!

Concordei com ela e então saímos de mãos dadas seguindo uma linha reta, talvez se encontrássemos a estrada pudéssemos lembrar do caminho que seguimos enquanto estávamos no carro.

Lice concordou ao receber minha mensagem em sua mente, seguimos uma linha reta em meio a floresta, logo o cheiro de terra se misturou a um odor que parecia com de pelos de cachorros molhados.

— Tem alguma coisa nos seguindo! Sussurrei olhando para minha irmã que concordou com a cabeça, Lice virou-se rapidamente para o lado se colocando em alerta.

O odor se tornou cada vez mais forte, ouvi um pequeno barulho de um galho sendo quebrado – Corre! Gritei seguindo para a direção oposta ao ruído, Lice seguiu atrás de mim, mas assim que nossos olhos se voltavam para a nossa frente o grande lobo negro surgia mostrando os dentes.

— O que é isso? Minha irmã sussurrou dando alguns passos para trás.

Segurei sua com força e a puxei correndo em outra direção, o grande lobo correu logo atrás e quando percebi havia outros, ou melhor uma matilha inteira.

Um dos lobos saltou sobre nós, Lice deu um grande salto para trás enquanto eu era lançada contra uma das árvores do local – Renesmee! Ela gritou enquanto o lobo caminhava lentamente rosnando em minha direção.

Tentei esboçar uma reação, porém algo acertava o lobo, em seguida mamãe aparecia me puxando para os seus braços – Você está bem?

Concordei com a cabeça enquanto a matilha nos cercava, meu avô Carlisle aparecia se colocando a frente do grande lobo – Sam, elas não sabem das regras, não conhecem o tratado.

O lobo deu alguns passos para trás enquanto eu olhava confusa para meu avô, mamãe voltou a me abraçar de modo protetor, o lobo rosnou novamente então os demais se afastaram e tio Emmett aparecia com Rosalice em seus braços.

— Quem são eles? Perguntei assustada.

— Explicamos tudo em casa querida, vocês estão bem, se machucaram?

— Estamos bem vovô! Lice respondia descendo do colo de tio Emmett.

Papai nos fuzilou com o olhar, tinha certeza absoluta de que assim que chegássemos em casa levaríamos a maior bronca, durante todo o percurso ele não falou uma só palavra e assim que chegamos em casa tudo que ele pediu foi para que fossemos para o nosso quarto.

— Ele deve estar muito bravo! sussurrei enrolada em um roupão após sair do banho, terminei de vestir meu pijama me sentando na cama e suspirei me preparando para o que estava por vir.

— Você está pronta? Rosalice perguntou.

— Uhum! Respondi com a cabeça- Mas para ser honesta eu estou mais com fome do que com medo do papai.

Rosalice riu me atirando o travesseiro, o peguei e devolvi o atirando em seu rosto – Você quer guerra? Sussurrei pegando os outros travesseiros e começamos a bater uma na outra subindo sobre a cama.

— Cuidado meninas! Vó Esme falava ao abrir a porta com uma bandeja nas mãos se esquivando de um travesseiro que havia voado na direção dela.

— Aí vovó você é linda! Falei  de forma engraçada pegando a bandeja de suas mãos enquanto Lice juntava os travesseiros.

— Quando terminarem tentem descansar! Minha avó falava de forma carinhosa.

— E o papai? Perguntei achando estranho o fato dele ainda não ter entrado no quarto soltando tiros para todos os lados.

Minha vó sorriu e acariciou meus cabelos – Ele estava louco de preocupação, mas vocês não tiveram culpa do que aconteceu querida, não sabiam que não podem pisar no território deles.

— Deles? Rosalice perguntou me olhando, mas eu estava mais preocupada com meu bife e as fritas que com o que havia acontecido na floresta – Vovô chamou o lobo de Sam! Completei.

Minha avó deu um sorriso lindo e beijou minha testa – Seus pais explicarão a vocês está bem? Em seguida saiu do quarto.

Rosalice suspirou se jogando na cama enquanto eu largava a bandeja sobre uma pequena mesa e fui para o banheiro, escovei os dentes e ao retornar me joguei a cama ao lado – Acho que o papai já começou o castigo!

— Como assim? Minha irmã perguntou me olhando confusa.

— Vovó não trouxe sobremesa!

Rosalice gargalhou me atirando novamente o travesseiro dela – Renesmee em que mundo você vive? Não é possível – Reclamou em meio suas risadas.

Após alguns minutos atirando travesseiros nos deitamos, fiquei olhando para o teto por alguns segundos e ao olhar para o lado Lice dormia abraçada com o travesseiro, ri baixinho e me levantei a cobrindo com o cobertor e desliguei a luz deixando apenas o abajur ligado, em seguida olhei pela janela pensativa sobre o que havia acontecido naquela noite, afinal de contas quem eram aqueles lobos?

Eu sabia que não conseguiria dormir, calcei as pantufas e sai do quarto lentamente caminhando pelos corredores da mansão, ao me aproximar da escada ouvi o tom alto de voz, uma era de meu pai, depois da minha mãe e a última eu não conhecia de quem era, mas o que mais me intrigou foi o cheiro que havia tomado conta de minhas narinas, o cheiro amadeirado, o mesmo que eu havia sentindo enquanto estávamos na estrada, sem perder mais tempo desci as escadas caminhando até a sala, mamãe me olhou surpresa ao me ver descer o último degrau.

—O que está acontecendo? Perguntei  caminhando até meus pais, em seguida meu olhar se voltou para o rapaz moreno, assim que meu olhar se cruzou com o dele senti algo estranho enquanto ele parecia me devorar por dentro.

Um silêncio tomou conta da sala, papai me puxou para os seus braços de uma forma rápida enquanto o olhar do moreno se manteve fixo no meu.

— Renesmee! Papai sussurrou tentando tirar meu olhar do dele, mamãe caminhou lentamente e segurou minha mão tentando me tirar da sala.

—Eu não vou sair daqui enquanto não me explicarem o que está acontecendo! Relutei voltando a olhar para o moreno que desviou o olhar dando as costas para mim.

— Vamos explicar a você e sua irmã pela manhã! Papai respondeu calmamente.

— Quem é ele? Perguntei curiosa, o rapaz me olhou com o canto dos olhos rapidamente me deixando desconfortável, por que diabos ele estava agindo assim?

—Ele é o amigo da sua mãe! Papai respondeu enquanto eu era tirada da sala pela mamãe, ao subir as escadas olhei novamente para o moreno que me olhou me fazendo corar por um momento.

Mamãe me levou para o quarto me colocando na cama sem dizer uma só palavra, por algum motivo aquilo há havia incomodado.

— Boa noite meu amor! Mamãe sussurrou beijando minha testa.

— Mãe! Falei me sentando na cama – Quem é aquele rapaz?

Como ela sabia que eu não descansaria até saber ela sorriu beijando a minha testa – A curiosidade matou o gato!

— É seu amigo? Perguntei tocando seu rosto.

— Sim querida, ele era meu melhor amigo e se chama Jacob, agora boa noite!

— Boa noite mãe, te amo!

Mamãe sorriu saindo do quarto e então me deitei em minha cama – Jacob! Sussurrei fechando os olhos e por alguma razão fiquei repetindo seu nome até adormecer.