Zest - Pausada (voltamos ainda em 2021) escrita por LadyVênus


Capítulo 7
Infiltrado


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal! O capítulo de hoje é o primeiro da semana, último dos capítulos - quase - seguidos da semana. Vou responder os comentários em breve.



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Escutei as rodas da cadeira dela chegando cada vez mais perto. Seu rosto, um pouco marcado pelo tempo e pelo acidente que sofrera há quase oito anos, estava sério. Eu sei que ela chorou. Assim como eu. Ela chorou por Bella, a filha dela.

— Vai ficar tudo bem, não vai? Eu preciso saber que meus netos estão bem. – Ela apertou as mãos.

— Você sempre disse que teria mais de um bebê.

— E ninguém acreditou. – Ela riu. – Eu só tive um bebê, quatro se você contar com os irmãos da Bella, que morreram antes mesmo de nascer, se é que isso é gramaticalmente possível.

— Tudo é possível quando se trata de filhos.

— Agora você sabe. – Ela então se juntou a Bella na cama. Ela ainda dormia, era mais fácil dizer dormir ao invés de dizer que ela estava tão dopada que só acordaria para as dores do parto. Mas se era preciso disso para voltar a vê-la acordar...

Passamos um tempo ali, em silêncio. A mãe de Bella já tinha me contado como o acidente tinha acontecido. Mas eu não achei ruim ela recontar a história. Um caminhão tombou sobre o carro onde ela estava, grávida, ao lado do seu marido, que tentou protege-la com seu corpo. Bella estava na casa da avó e eles iriam busca-la. Charlie morreu na hora. Renné ficou paraplégica e perdeu o bebê. Passou anos para se recuperar, Bella e ela perderam a conexão por anos. Agora estão mais juntas do que nunca, e agem ainda mais como amigas.

— Ela me mandou uma mensagem antes, queria saber como dormir melhor. Agora não parece tão necessário. – Olhei para Bella, ainda dormindo, respirando normalmente, com seu curativo trocado a quase uma hora. – “Preciso da sua ajuda! Tem como me visitar hoje? Beijos, te amo mamãe! ”

— Eu vi a mensagem quando peguei os pertences dela.

— É. Edward, sabe o motivo de eu amar Bella tão rapidamente?

— Posso ter uma ideia. – Eu peguei a mão de Bella. Eu poderia fazer uma lista de motivos para amá-la.

— Deixe-me reformular. Você sabe o motivo de EU, Renné Swan Dywer, amar minha filha tão rapidamente, de novo, depois de ter perdido quase tudo?

— Não sei. – Eu sorri. E respondi isso só para que ela respondesse logo.

— Por ela suprir tudo. Ela e Phil aliviam a minha saudade. Os dois, mas principalmente ela, me deixam em paz. Nada foi culpa minha, eu renasci. Bella é minha melhor amiga e eu sou mãe dela. Saber que agora eu faço parte de tudo na vida dela, me deixa feliz e completa. Ela me contou do medo da gravidez. Me contou sobre o temor de perder os bebês, assim como eu perdi os dois bebês antes e depois dela, e o outro naquele acidente. Ela conhece a minha dor. E ela tem empatia por essa dor. Em nenhum momento mentiu para me fazer sentir bem.

— Você ainda é você, só que melhor. Bella só mostrou isso.

— Sim. E é exatamente por ela ser assim, que eu sei que ela vai sobreviver a isso. Em todos os sentidos. Se algo pior acontecer daqui para frente.... Se algo acontecer, Bella vai saber lidar e você vai estar lá por ela.

Depois daquele minuto de silêncio e reflexão eu lembrei de Phil, meu sogro engraçado.

— Onde está Phil? Ele só te deixou aqui e se foi? Não quis entrar?

— Ele é um chorão. Quando se recuperar ele vai subir.

— Ele chorou na sua frente?

— Ele disse que iria comprar flores. – Nós dois rimos juntos.

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Com os próximos meses passando e a cada atualização sobre o caso de Bella, eu estava cada vez mais firme e confuso com todos aqueles sentimentos. Eu ficava feliz por vê-la reagir a pequenos estímulos nas mãos, ainda se arrepiar quando a toco atrás da orelha e, apesar de não saber se ela me ouve, eu converso com ela. Sobre tudo, até chego a repetir muitas coisas. Consegui escrever alguns rascunhos também, e eles refletiam minha confusão. Eu também sentia tristeza, solidão e uma angustia, que se misturava aos sentimentos bons.

Entramos no nono mês de gestação. Bill passou a nos visitar a cada semana, mas pedi que a esposa dele o segurasse em casa. Ele machucou a perna e a coluna, mas a recuperação está indo bem, e vai melhorar se ele ficar em repouso quase constante. Apesar de ter os próprios filhos para cuidar, ele cuida de Bella e até de mim como se fossemos filhos dele. O que é bom, já que eu e meus pais moramos há quilômetros de distância. Os pais de Bella moram numa cidade ensolarada um pouco mais perto, mas Esme e Renné estão ficando pequenos períodos na cidade.

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— Bom dia Senhor Masen. – Diz a ginecologista e obstetra de Bella. – Alguém pode apresentar? – A médica pergunta. Encara os alunos, os residentes.

— Isabella Marie Swan-Cullen, vinte e cinco anos, em coma induzido a dois meses e meio para manter o casal de gêmeos e a própria paciente a salvo. Teve uma hemorragia após o estresse chegar e a adrenalina passar. – Respondeu o médico mais afastado.

— Quais os procedimentos? – Doutora Carmem pergunta mais uma vez.

— Ultrassonografia, hemograma, dosagem de vitaminas e estamos deixando os pulmões dos dois bebês mais fortes para que, se necessário, o parto ocorra sem problemas. – Uma médica sorridente demais respondeu. Franzi o cenho quando ela continuou olhando para mim depois de responder. Um telefone tocou.

— Se isso for um novo toque de pager, diminua o volume. – Carmem, além de usar um tom irônico, usou outro ainda mais autoritário. – De quem é isso? – O telefone continuou a tocar. A rodinha de alunos se abriu e um cara que usava um jaleco e uma máscara estava tentando desligar o telefone. - Eu não conheço você.

Arregalei os olhos.

— Chame os seguranças. – Ela deu a ordem para o enfermeiro grandão na porta. O homem então tentou correr e foi pego por alguns dos residentes da sala. Os seguranças chegaram, pegaram então o celular do intruso, levantei da cadeira e olhei o conteúdo. Eram gravações das visitas ao quarto de Bella, fotos dela na cama e notas de transcrições de áudio.

Logo depois descobri que muitas das coisas haviam sido enviadas para sites de fofoca. O intruso entrou, pela primeira vez, durante uma madrugada de traumas. Um grande acidente de ônibus na autoestrada. Ele aproveitou a segurança baixa e fez a primeira matéria, mas esperou para ter mais material antes de fazer a exposição. Consegui processar a empresa e uma liminar para manter quaisquer paparazzi longe, isso se eu não ficasse dez milhões mais rico a cada foto minha nas mídias. Nenhum site de fofoca poderia invadir minha privacidade, assim como a dos meus familiares. Todo conteúdo exposto deveria partir de mim e de Bella.

Todo o processo tinha me distraído um pouco e os dias passaram um pouco mais rápido. As visitas a ela, e a qualquer outro paciente, ficaram mais restritas. Então o nono mês estava acabando e eu fiquei confuso de novo nas minhas emoções. Estou triste por toda a situação, feliz e radiante por ela estar quase acordando e angustiado por não saber se tudo teria uma boa resolução. E eu preciso disso. Que tudo acabe bem. Que todo o sacrifício tenha valido a pena.

Na barriga, os bebês ainda se mexiam, obviamente. Cada vez mais fortes. Hoje, nessa quinta-feira, eles estavam um pouco mais lentos. Doutora Carmem então apareceu com o doutor Gerandy. Seria hoje. Bella já estava recebendo cada vez menos remédios e acordaria. A data do parto é a de hoje. Eu não consegui escolher os nomes deles, não sem o aval dela. Minha esposa então, hoje, estava sobre observação constante, ainda mais constante que a minha se possível.

— Oi senhora Swan-Cullen, estamos felizes por você finalmente ter acordado. – Carmem arrumou o cabelo de Bella numa trança. – Você e os bebês estão bem. Prontos para cortarem o cordão umbilical.

— E-e-edwar... – ela sussurrou. Desencostei da parede e me aproximei mais. O coração levemente acelerado dela começou a bater em um ritmo mais normal, o que me acostumei a entender nesses meses. – Amor. – Ela esticou a mão. A toquei e dessa vez o toque foi totalmente recíproco.

— Oi querida, esperei muito por esse momento.

— Fiz... você esperar. – Ela sorriu levemente.

— Eu esperaria uma vida toda. – Beijei a testa dela.

— Isabella, preciso saber se você está pronta. Entende o que te aconteceu? Preciso de você ciente de tudo, estável para os próximos passos. – Bella assentiu.

— Eu quero só estar ciente de uma coisa... – ela fechou os olhos e bocejou um pouco.

— Diga querida. – Doutor Gerandy pergunta enquanto expressa seu conforto ao segurar e dar leves palmadinhas em meu ombro. Nos tornamos muito amigos nesse meio tempo.

— Os sexos. Meus bebês. – Ela acariciou a barriga.

— Teremos um casal, amor. – Sorri e ela me retribui. – Mas não consegui escolher os nomes.

— Você não consegue viver sem mim Masen.

— Jamais. – Acaricio o cabelo dela.

— Quando vamos ver os bebês, fora de mim?

— Se estiver pronta, vamos conhece-los hoje. O que acha?

— Estou pronta. – Ela voltou a me encarar. – O que acha de Zac e Melanie?  

— Zac?

— O filho também é seu.

— Então nada de Zac.

— Escolha logo, buscaremos ela para fazer os novos exames, depois disso encaminharemos ela para a sala de parto. – Carmem diz e Daniel saem do quarto.

— Vai ser normal? – Bella perguntou. Continuei acariciando o cabelo da minha esposa.

— Você quer normal?

— Não sei, eu posso.

— Vamos ver as possibilidades, mas a nossa primeira opção é a cesariana. É menos perigoso nesse momento. – Bella segurou minha mão e a levou para a barriga dela. Os bebês estavam se mexendo muito.

— Só quero ficar bem e que eles fiquem bem.

— Posso estar lá na hora?

— Deve. - Carmem respondeu. E então sumiu.

— Você parece cansado. – Bella sorriu para mim.

— Dormi tanto quanto você.

— Bom, daqui para frente nós não vamos ter muito tempo para dormir.

— Eu tô preparado para tudo, Bella. Se estiver do meu lado.

— Eu não vou mais sair do seu lado e é agora que vai enjoar de mim. – Ela gargalhou um pouco.

— Nunca, nunca, nunca. – Mesmo que ela não queira, eu a beijo, um selar de lábios. – Te amo.

— Eu te amo. – Ela acariciou minhas costas. Abracei seu corpo como deu e voltei ao meu lugar. Meu lar. E mesmo cansado de chorar, bastou sentir o toque dela em meu pescoço para que eu sentisse as minhas lágrimas de novo.


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo é no passado, mas o cap do parto sai ainda nessa semana, ok? Espero vocês por aqui!



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