Estava naquele quarto a mais de meia hora. Levaram minha esposa desacordada daqui. Minha esposa. Que estava voltando do supermercado, num carro que colidiu com outro, caiu da ponte e, por mais inacreditável que pareça, foi salva pelos abutres que a perseguiam.

O carro caiu na água, Bill ficou mais tempo na água graças ao cinto de segurança. Bella saiu do carro, pela porta que se abriu, e eu acredito que foi uma graça divina, pois, uma vez dentro d'água, as portas não abririam lá dentro. Ela ficou um pouco desorientada, um dos paparazzi tinha chegado nesse momento e a amparou quando ela desmaiou. Os outros ajudaram Bill e as ambulâncias já estavam perto.

O médico apareceu na minha porta e eu esperei ele me contar tudo o que aconteceria daqui em diante. Uma parte infernal, pessimista e totalmente desistente de tudo, esperava que ele me perguntaria quem salvar, ela ou aos bebês, ou ainda pior, que tudo deu errado, que ela morreu, que meus filhos foram com ela. Que eu realmente tinha perdido tudo.

A outra parte, a que estava vendo o copo metade cheio estava com sorte (?). O médico deu a melhor notícia possível naquela ocasião.

— Ela está melhor, seus filhos ainda estão no lugar em que devem ficar... - ele hesitou no final. Médicos fazem isso?

— Porém?

— Sua esposa está sendo mantida em coma induzido. O corpo dela não está se adaptando ao choque direito, afinal, o acidente foi traumático e estamos tratando de uma mulher grávida, e por mais saudável que tenha sido em toda a gestação até agora, os bebês precisam ficar mais tempo lá.

— Quando vai acordá-la.

— Edward, a placenta deslocou. Se eu acordar sua esposa antes do parto, vamos ter várias possibilidades e porcentagens. Eu posso acordar ela, com todo pensamento otimista, e contando que ela vai estar pronta para passar um ou três meses, afinal, e isso, contando que ela não vai se estressar, não vai passar por outro ataque de ansiedade, evitaremos um parto prematuro, pois sabe que é comum gêmeos virem antes da hora. Mas, uma vez que ela se estressar, todos eles correm perigo. - Ele puxou a respiração - Ou, eu deixo ela dormindo, descansando, faço a cesariana e as chances de você levar três pessoas saudáveis para casa aumenta.

Decido pela segunda opção. Bella jamais me perdoaria se eu deixasse algo ruim acontecesse aos nossos filhos. Eu jamais me perdoaria. Mas eu preciso fazer esse sacrifício. Ver a mulher que amo dormir pelos meses seguintes.

— Ela ficará bem, rapaz, está fazendo o melhor por eles e garanto que faremos o nosso melhor também.

— É. - eu abaixo a cabeça e volto a mexer na manga da minha camisa. Meus olhos estão ardendo, eu cansei de chorar. - Posso ver ela agora?

— Estamos fazendo os exames finais. Ela vai para o quarto particular agora e você pode esperar ela chegar lá.

— Vou ligar para os meus parentes antes. - O Dr. Gerandy sai e eu puxo o telefone que uso só com meus sogros, meus pais e alguns poucos amigos. É nele que tem as últimas mensagens que troquei com a minha esposa.

"Eu também te amo. Vou chegar em casa logo."

— Edward, como ela está? E o meu neto? - Eu fico em silêncio. Encosto a cabeça na janela fria. Lá embaixo há seguranças tirando os telespectadores da nossa tragédia esperando atualizações. É uma coisa nojenta. - Meu filho, me diz!

— Desculpa mãe, eu... ela e os bebês estão bem. - Mordo os lábios e respiro fundo.

— Bebês? - Minha mãe arfa do outro lado da linha.

— Foi uma surpresa também. Quando cheguei, Bella me contou.

— Ela está acordada? Deixe-me falar com ela querido, temos que comprar mais do enxoval dos meus netinhos....

— Mãe...

—... eles vão dividir o berço? Não, claro que não. Vou pedir que construam um idêntico ao outro agora mesmo. Quem imaginaria? Gêmeos. Deve ser coisa da família da Bella, lembro que ela falou de uns primos da mãe dela....

— Mãe, ela está em coma.

— Não. – Ela diz depois de seu curto silêncio.

— É induzido, mãe. Ela e os bebês correm perigo se o parto acontecer agora.

— Estou indo para sua casa agora. Pego até o avião.

— Você odeia voar. - Eu sussurro, mas ela me ouviu.

— Mas eu sou sua mãe, e eu amo toda a família que você e Bella formaram. Meu coração aguenta um vôo de duas horas, mas não vai aguenta uma viagem de carro de doze, acredite.

— Obrigada mãe, meu pai pode vir? – Eu realmente estou grato por minha mãe estar vindo. Sei que se chamar Rosalie, ela teria que deixar minha sobrinha em casa, e não seria confortável deixar uma pequena e sapeca garotinha de três anos sozinha.

— Somente depois querido, a construtora precisa dele ainda.

— Tudo bem, eu sei que precisa, só queria ver se ele vai receber bem a notícia. Não quero outra pessoa importante para mim passando mal. Cuidado na hora de contar, ok?

— Tudo bem meu filho, deixa que do seu pai cuido eu. Cuide da sua esposa agora, logo estarei por aí. Vou chamar teu primo para ele ficar de olho em Carlisle antes de ir.

Seth adora meu pai como se fosse pai dele, já que ele não teve um de verdade. Com certeza, não haverá problema nenhum em se hospedar por lá e ficar de olho no meu velhinho com problemas de coração.

Apesar de querer meu pai aqui.

— Te espero aqui mãe, agora vou ficar com Bella agora, faça boa viagem.

— Meu menino... Deus te abençoe. Logo chego aí.