The Eleventh Hour escrita por isa


Capítulo 3
A encantadora de papéis


Notas iniciais do capítulo

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A falling star fell from your heart
And landed in my eyes
I screamed aloud, as it tore through them
And now it's left me blind

 

A ajuda de Bill Weasley na campanha foi mesmo crucial para que Penny Haywood conseguisse se eleger, ainda que por apenas três votos a mais que Tyler. Era sábado e Dumbledore fez o anuncio já no pátio, quando os alunos que tinham permissão para visitar Hogsmeade aguardavam ansiosamente em filas indianas.

A boa notícia, como havia de ser, foi devidamente comemorada por Isis e seus amigos no Três Vassouras. Rowan, Tulipa, Barnaby, Chiara, Ben e, principalmente, Penny, não poderiam estar mais radiantes enquanto brindavam à sua vitória. E vendo-a sorrir, Isis não podia evitar de sentir que, nem se se esforçasse muito, conseguiria se livrar da sensação de que teria feito o dobro se o resultado fosse sempre ela rindo assim.

Para que o sentimento não a abalasse ou deixasse constrangida, ela decidiu focar sua atenção em outra coisa. Bill, que já havia parabenizado a amiga e agora se encontrava em outra mesa com veteranos de sua casa, tinha acabado de se levantar em direção ao balcão. Isis pediu licença e aproveitou a deixa para implicar com ele por um instante. Isso sempre regulava seu humor.

— Então... – ela disse convencida, enquanto pedia mais uma cerveja amanteigada.

— Você estava certa. – ele respondeu o que sabia que ela queria ouvir. – Foi realmente gratificante ver a cara de derrota de Emily Tyler, embora eu não esteja orgulhoso disso.

Isis riu, dando um tapinha solidário em suas costas.

— Obrigada, Bill. – e ao vê-lo girar os olhos, continuou: - estou falando sério. Eu sei que deve ter sido desconfortável ter confrontado e ter ficado perto de Emily na última semana. Mas a sua ajuda significou muito para a Penny.

— E parece que a Penny significa muito para você. – ele disse com um sorriso torto. E porque ela sabia que ele merecia o máximo de sinceridade possível, tomou um longo gole antes de confessar:

— Talvez eu esteja apaixonada por ela. – disse baixinho.

— Talvez você deva descobrir logo. – ele aconselhou. – Afinal, em pouco tempo teremos um baile celestial.

Isis concordou com a cabeça e sentiu um alivio indescritível quando a presença providencial de Tonks, sua parceira nas aulas de herbologia, fez com que eles mudassem de assunto.

Em muitos outros níveis, no entanto, o Baile Celestial estava longe de ser um tema encerrado para Isis Poeirestelar. Quando, já de volta à Hogwarts, Penny Haywood a escalou para fazer parte da comissão organizadora – e nenhuma molécula de Isis foi capaz de negar –, ela soube que ainda seria atormentada pelo evento por muitos dias consecutivos.

Penny usou todo o final de semana para mobilizar a sua força tarefa nos primeiros preparativos. Ela queria aproveitar o tempo livre para organizar as coisas de modo que não fosse atrapalhar os estudos de nenhum dos envolvidos.

Além de Isis, ela havia recrutado o não-muito-inteligente, mas extremamente prestativo sonserino Barnaby Lee, a lufana e eclética Nymphadora Tonks – que seria responsável pelas músicas – e a brilhante e rebelde Tulipa Karasu, que, por ser, ela mesma, uma mestre em pegadinhas, não permitiria que nenhum outro espertinho estragasse o evento que a sua amiga estava preparando (embora estivesse planejando um método ou dois de batizar os ponches de bebida sem que isso fosse acarretar problemas posteriores).

Isis, que era inegavelmente o pupilo do professor Flitwick, havia conseguido acesso livre à sala de Feitiços durante o fim de semana, com a condição de que não fizessem nada utilizando magia, uma vez que o professor não tinha tempo de supervisioná-los. A clausula era penosa, mas Penny aceitara o desafio.

Em uma das infinitas reuniões que eles tiveram ao cabo dos dois dias, enquanto todos cortavam à mão pedaços de cartolina em formato de estrelas (Penny havia decidido que esse o tema seria “Noite Estrelada” muito antes de ganhar as eleições), Isis percebeu que a garota de fato levava jeito para os trabalhos manuais. Tonks a apelidara de a encantadora de papéis e todo mundo havia concordado: mesmo sem magia, os origamis de tsuru, as estrelas douradas e demais decorações produzidas por Penny eram muito bonitas. No dia do baile, quando Isis as enfeitiçassem para circularem pelo salão, ia ser uma coisa linda de se ver.

E Poeirestelar tinha certeza que Penny também seria, o que fazia seu estomago se contorcer. Ela tinha consciência de que estava observando a amiga com uma frequência maior do que a habitual na tentativa de ter certeza dos próprios sentimentos; simplesmente não conseguia evitar. Além disso, era um alivio ter finalmente outro assunto no qual pensar. Ela vinha obcecada pelas criptas malditas desde que entrara na escola. Aquele era o legado de Jacob – seu irmão – que ela decidira sustentar sem pestanejar.

Mas era bom, era realmente bom apenas estar ali, perdida nas próprias confusões emocionais, ajudando uma amiga num plano que, pela primeira vez, não era seu. Um plano que não envolvia a reputação de Jacob, maldições, transgressões, a Madame Rakepick, suas suspeitas sobre ela, bichos papões, criptas escondidas dentro do castelo e nem nada considerado muito perigoso, exceto, é claro, seu próprio coração.

E, talvez, o gosto que Barnaby tinha adquirido por cola.

— Sério, isso não pode te fazer muito bem, Lee. – Isis disse novamente, preocupada.

— É gostoso. – ele deu de ombros e Tonks balançou a cabeça, convencida de que o garoto era um caso perdido. Penny, também aflita, encarou Isis por um instante:

— Será que seus amigos não estão afim mesmo de participar de nada que envolva o baile? – havia uma pequena nota de súplica na pergunta.

— Não, Penny. – Isis suspirou, frustrada. – E, acredite, ninguém lamenta isso mais do que eu. – Era verdade. Os amigos em questão eram os mais antigos de Poeirestelar em Hogwarts: Rowan e Ben Cooper. Rowan era muito inteligente e diligente e Ben, apesar de medroso, era metódico e eficiente. Os dois seriam ótimos acréscimos ao comitê.

Mas mais do que isso, eles seriam ótima companhia para Isis. Não é que ela não gostasse de Tonks, Tulipa ou Barnaby – pelo contrário: ela os adorava. Mas estava acostumada a ter Rowan e Ben por perto. Mesmo quando Rowan não conseguia parar de falar sobre os seus planos para se tornar a professora mais jovem de Hogwarts ou quando Ben recitava sua lista de medo, pânico e fobia por ordem alfabética, a vida era melhor com eles. E foi assim que ela soube que a ideia de ir ao baile não fazia o menor sentido se Rowan e Ben não estivessem lá.

Quando ela franziu o cenho, compenetrada, Penny Haywood sorriu, sabendo que ela havia entrado naquele modus operandi de quem estava bolando alguma coisa muito elaborada.


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