Tudo o que está em jogo escrita por annaoneannatwo


Capítulo 15
Na parede




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Ochako só pode presumir que sua escolha de roupa não foi das melhores, pois o Kirishima não para de olhar pra ela enquanto eles caminham pela calçada em direção ao lugar que o garoto quer levá-la. Bom, também não seria sua primeira escolha, mas o guarda-roupa da protagonista não contém roupas mais práticas como bermudas, os poucos shorts disponíveis são de pijama, e as calças são meio apertadas, então só lhe restou um macaquinho lilás bem fofo e confortável, porém não é o que ela normalmente usaria.

O ruivo deve concordar, pois não para de olhar quando pensa que ela não está prestando atenção. A intimidade melhorou desde a última conversa deles, mas ainda não tá aquelas coisas, então o garoto não deve se sentir confortável pra ser honesto com ela como seria se a amizade que eles em teoria têm estivesse normal. Bom… não adianta ficar pensando nisso, o importante é focar nesse encontro e conseguir elevar a intimidade ao máximo possível!

Isso se… isso se eles estiverem em um encontro, Ochako não tem muita certeza, o convite dele soou casual demais, tanto que até o Deku foi chamado também, e considerando o que sabe sobre esse personagem, é provável que ele a convidasse pra um encontro como se estivesse pedindo a mão dela em casamento, então… é, não deve ser um encontro.

Por outro lado… o garoto está vestido como alguém que se preocupou com o que usar, vai ver é só uma impressão, mas Ochako imagina que o ruivo tem um estilo bastante despojado —  até meio desleixado —  como o do Kirishima original, mas a verdade é que ela só o viu com o uniforme da escola, o do time de futebol e… bom, basicamente com roupa nenhuma, então a garota não tem ideia de como seria o estilo dele fora da escola. De toda forma, a camiseta cinza com shorts vermelhos e tênis pretos, apesar de não comporem um look super elaborado, dão a ele um ar diferente, mais maduro, talvez.

Todas as dúvidas sobre isso ser ou não um encontro caem por terra quando eles chegam a seu destino: é uma… é um… centro de escalada? Ochako nem sabe o nome de onde estão, apenas nota o prédio cuja fachada parece uma academia, mas dá pra ver lá dentro uma parede com pedras de tamanhos e cores diversas, feita para praticar escalada mesmo.

E por incrível que pareça, isso a deixa animada, pois parece divertido. Porém, é uma atividade que vai fazê-la suar, movimentar o corpo de maneiras não muito graciosas, e muito provavelmente despertará sua competitividade, ou seja…

Definitivamente não é um encontro.

—  Ei-kun, não precisava ter pago o meu! —  ela protesta assim que eles adentram o prédio, prédio esse que a surpreendendo em toda sua vivacidade, as pessoas subindo nas paredes, mesmo estando de costas, parecem estar se divertindo de verdade.

—  Deixa disso, você paga na próxima. —  ele diz com a certeza de que vai ter uma próxima, e a tranquilidade de quem vai pagar de novo quando essa próxima vier —  Bora, então? A gente pode começar naquela, se você quiser.

Ele aponta para uma das paredes mais baixinhas, onde NPCs que parecem ser crianças se seguram para subir.

—  Hum… que tal aquela? —  ela aponta para uma intermediária, tentando não se incomodar com a sugestão dele e se segurando para não querer mostrar que daria conta de uma das paredes mais altas. Ochako precisa se controlar para não deixar essa intimidade cair.

—  Beleza. —  o garoto não parece se incomodar, e os dois se encaminham até o muro de altura considerável, porém não muito intimidadora. 

Um NPC com rosto mais ou menos definido os ajuda a colocar os equipamentos e explica o que é necessário saber em relação aos cuidados com a escalada. 

A garota já fez treinos parecidos com isso, a única diferença é que ela não precisava de uma corda de segurança, na verdade, um dos pontos principais era não precisar de uma, acostumando-se com grandes alturas e treinando a habilidade de cair e ativar a individualidade um pouco antes de atingir o chão.

A lembrança a deixa um pouco melancólica… que saudades das bolinhas em seus dedos! Ochako está sentindo falta até das náuseas, mesmo que quase não as sentisse tanto quanto no passado. Ela foi jogada com tanta brutalidade nesse mundo que mal conseguiu processar como é estar numa realidade sem individualidades. É diferente, lógico, mas… por ninguém aqui ter consciência do que é isso, Ochako acaba por se esquecer às vezes de como é flutuar e anular o peso de tudo que alcança seus dedos.

Ao perceber que está viajando, ela balança a cabeça e olha a parede à sua frente, decidida a se divertir com isso, já que é o mais próximo que terá de estar nas alturas sem sua Gravidade Zero. Mas então ela se vira pro lado e encontra o Kirishima olhando-a, ele não parece estar estranhando o súbito silêncio dela, muito pelo contrário, o garoto sorri.

—  Eu, hã… só tô um pouco nervosa. —  ela dá uma risada sem graça, pensando que um comentário assim seria exatamente o que esse garoto super protetor gostaria de ouvir.

—  Imaginei mesmo, mas fica tranquila! Depois do primeiro passo, fica bem mais fácil! —  ele diz, erguendo o pé para se apoiar em uma das pedras e começar a subir.

Ochako o acompanha, selecionando os apoios que a deixarão mais confortável para subir, essas pedras são até mais fáceis que as de seu treino, pois o espaço entre elas é bem menor. Não demora para que a garota ganhe uma boa altitude, chegando até a deixar o ruivo pra trás.

—  Bem que você falou, Ei-kun! Depois do primeiro passo, fica bem mais fácil! —  ela olha pra baixo e sorri, notando como o garoto mantém o olhar fixo na parede —  Ei-kun?

—  Haha… muito bem, O-chan! Eu, hã… —  ele começa a subir rapidamente, evitando olhá-la a qualquer custo, é só quando ele a ultrapassa que ela consegue imaginar o porquê do constrangimento dele.

Olhando de baixo, dá pra se ter uma boa visão da… bunda dele, o Kirishima provavelmente deve ter ficado com vergonha ao se deparar com o bumbum dela pressionado contra o macaquinho lilás, o equipamento de segurança também acentua o contorno das nádegas, e agora quem está constrangida é ela em pensar o que ele estava vendo quando estava algumas pedras abaixo.

Ok… não é bem pra isso que a garota está aqui, então… ela engole a vergonha e continua subindo, gostando de como seus músculos se contraem diante da atividade física. Desde que chegou a esse mundo, ela não tem feito quase nada além de uns exercícios de alongamento em seu quarto, apenas para não ficar completamente parada. Fazer um pouco de esforço é extremamente satisfatório.

Porém… ela está um pouco enferrujada, e é com um movimento em falso que seu pé escorrega de uma das pedras, fazendo Ochako se desequilibrar. Ela está com equipamento de segurança, nada de ruim vai acontecer, mas ainda assim, a morena se recusa a se permitir cair, ainda mais estando tão perto do topo.

E ela não cai, pois uma mão segura a sua. Ela olha pra cima pra agradecer ao Kirishima e dizer que está tudo bem, mas sente seu corpo se enrijecer ao ver que não é o Kirishima.

—  B-Bakugou-kun?

—  Apoia ali na azul. —  ele instrui, e a olha feio quando ela não obedece, muito surpresa em vê-lo —  Anda logo, Uraraka!

Depois de um breve segundo, ela recobra sua necessidade de não cair e se apoia na pedra azul, usando os músculos das costas para se elevar e subir pelo restante do caminho. 

Assim que consegue chegar ao topo, Ochako percebe que a parte mais difícil não foi a escalada, mas sim o fato de que o Kirishima e o Bakugou estão no topo da parede se encarando como se tivessem uma antiga e intensa rivalidade.

Até porque eles meio que têm mesmo.

—  Que diabos você tá fazendo aqui? —  o Kirishima indaga, com o punho cerrado.

—  Não é da sua conta. —  uau, incrível como ela já sabia que essa seria a resposta —  Tá me olhando assim por quê? A bobona aí quase caiu e você não fez nada pra ajudar.

Ai, Bakugou, não…

—  Como é que é? Eu- O-chan, você tá bem? —  ele se vira pra ela, todo preocupado.

—  Sim, Ei-kun, tá tudo bem. —  ela sorri.

—  Certeza? Ele não te machucou?

—  Não, não. —  Ochako garante, e ao olhar para o Bakugou e sua expressão pretensamente intimidadora, ela decide que o melhor é ignorá-lo e se volta para o Kirishima, segurando a manga da camiseta dele —  Vamos continuar esse encontro em outro lugar.

O loiro estreita os olhos para ela num semblante que esbanja mais curiosidade do que raiva. O que quer que estivesse pensando, ele não esperava ouvir isso dela. Ochako não sabe exatamente como ele está exatamente no mesmo lugar que eles, mas sabe o porquê, ele mesmo lhe disse um dia, ainda na rota do Deku: “eu sou o vilão, só sirvo pra atrapalhar.” Ele está aqui porque isso faz parte da trama do jogo, e a garota precisa fazer as escolhas certas.

Bom, se é assim… Ochako está com seu objetivo muito bem definido: melhorar a intimidade com o Kirishima, e o Bakugou não vai conseguir atrapalhá-la, se é o que ele acha que tem que fazer. Desde que ele não faça nenhum comentário desrespeitoso, dá pra encará-lo numa boa.

—  E-encontro? —  o Kirishima parece surpreso depois que eles tiram a corda de segurança e andam em direção à escada para voltar ao nível mais baixo.

Ochako olha pra trás pra garantir que o Bakugou está a uma distância respeitável, o loiro coça a parte de trás da cabeça e olha para algum ponto no horizonte. Vai ver ele não insistiu nem veio atrás por considerar que a garota já tomou uma boa decisão ao chamar a atenção do ruivo para si. Ela não está buscando a aprovação do Bakugou em nada, claro que não está, mas saber que fez a escolha certa lhe causa uma grande satisfação.

Mas então, quando ela e o ruivo já estão de volta ao chão, Ochako se dá conta de que talvez tenha sido um tanto precipitada em classificar isso aqui como um encontro. Ela não pensou muito, apenas disse o que lhe pareceu uma boa para impedir outra briga e… talvez, só talvez… mostrar pro Bakugou que ela tem controle da situação, mesmo que não tenha. Agora mais calma, a garota sente o constrangimento tomar conta.

—  E-eu… eu, hã… eu só… não queria que… que uma briga atrapalhasse esse dia… —  ela explica, sentindo o rosto ferver —  Perdão, Ei-kun, nem sei se isso é um encontro mesmo...

—  Pô, claro que não é, O-chan! —  ele concorda rápido até demais —  Se eu fosse te levar pra um encontro, não seria aqui, né? Eu ia fazer um negócio mais bacana pra te impressionar!

Oh…

Nossa, ele realmente… ele disse isso mesmo! E ainda mantém um sorriso enorme, pra que ela sequer tenha motivo pra duvidar.

—  Ah… entendo.

—  Uhum! Eu só queria te trazer aqui pra você dar uma relaxada, sei lá, você parece sempre tão tensa esses dias, sei que você não é muito de praticar atividade física, mas achei que… sei lá, você não veria tanto seus problemas se focasse em chegar no topo de uma parede.

Esse garoto, ele… é realmente surpreendente. Toda essa consideração desajeitada que esconde uma intenção genuinamente boa, essa doçura, e… essa percepção de que tem algo errado. Ochako tem focado tanto no que a incomoda em relação a não saber qual é a da amizade da protagonista com seu vizinho que nem se deu conta do que é positivo: esse garoto perceberia quando sua amiga está triste ou preocupada, e faria o que estivesse em seu alcance para tentar animá-la.

E já que ela tem se mostrado esquisita pros parâmetros dela, é claro que a solução seria igualmente esquisita: escalar paredes.

—  Você tem razão, Ei-kun. Obrigada… —  ela diz de maneira sincera, apreciando o esforço dele e como realmente acertou em deixá-la contente.

—  Ah, eu que agradeço. —  ele coça a cabeça —  Por não ter dado as costas e ido embora quando viu o que eu tinha planejado.

—  Eu jamais faria isso!

—  É que… você anda meio estranha comigo, e… —  isso faz seu coração apertar, ela já está pensando na desculpa que pode dar quando ele lança um sorriso zombeteiro —  ...e é preguiçosa demais pra curtir isso daqui.

—  Preguiçosa? —  ela ergue a sobrancelha, percebendo o tom provocativo dele —  Pois eu vou te mostrar a “preguiçosa”. A gente- —  ela se move para ir em direção à parede mais alta, mas assim como fez aquele dia perto da fonte, o Kirishima a segura pela mão e a faz olhar pra ele —  Ei-kun?

—  Você gostaria que isso fosse um encontro? —  os olhos dele brilham muito, e só agora Ochako repara que ele tem a cicatriz na pálpebra esquerda igual ao Kirishima original —  Fala a verdade, O-chan, porque eu… eu tô me segurando ao máximo que eu posso aqui.

Esse é um jogo realmente estranho, Ochako nunca pensou no Kirishima verdadeiro desse jeito, jamais o viu além de um garoto muito legal com quem é divertido conversar e passar tempo quando possível, não sente nada de especial por essa versão escandalosa e protetora dele nesse mundo, e ainda se incomoda com alguns comentários que o ruivo faz, porém… mesmo assim… ela sente seu coração se acelerar diante da visão dele todo sério, olhando-a como se não existisse mais ninguém além dela no mundo inteiro, segurando sua mão de maneira tão decidida. É, é um jogo muito estranho mesmo.

—  Eu… —  a resposta é “sim”, mas não pelos motivos que ele provavelmente espera, Ochako quer que isso seja um encontro para que sua intimidade melhore exponencialmente assim como foi com o Deku, não vai muito além disso. Ela não pode explicar isso a ele e… os olhos vermelhos do rapaz brilham tanto, de repente a garota se sente muito mal em dar esperanças a ele… mas dizer “não” também não é uma opção, até porque nem seria verdade mesmo.

No entanto, antes que possa responder, Ochako sente um tranco em seu ombro que a empurra pra frente, o Kirishima a segura, claro, e assim que ela se vira, nota que um garoto de cabelos loiros está de costas, andando pra longe deles, mas a distância de onde ele se encontra indica que sim, foi o Bakugou quem a empurrou.

Ugh, é sério isso?

—  Qual é o seu problema, seu desgraçado? —  o Kirishima ruge ao seu lado —  Pede desculpa agora ou juro que te quebro aqui na frente de todo mundo, palhaço!

—  Eu quero ver você tentar, Cabelo de Merda. —  ele dá um daqueles sorrisos maléficos que não fazem nada além de deixá-la irritada. 

—  Ah é?  Então eu- —  agora é a vez dela segurar a mão dele para puxá-lo para si, e funciona.

E ok, o certo seria fazer o que fez antes: afastar-se do Bakugou e focar no ruivo. É o que se espera da protagonista, sempre gentil e disposta a evitar conflitos.

Mas a questão é que o Kirishima confirmou que isso não é um encontro, e ela mesma já tinha notado pois já suou um pouco, já ficou em poses constrangedoras enquanto se agarrava à parede, só falta uma coisa pra consolidar isso como um não-encontro: liberar sua competitividade.

—  Bakugou-kun, se você tem algum problema conosco, por que a gente não resolve isso de um jeito saudável?

—  É o quê? —  os dois garotos se voltam pra ela, confusos.

—  Quem chegar mais rápido ao topo vence. —  Ochako aponta para uma das paredes, não é a mais alta, mas é a única que oferece um certo desafio, pois dá pra ver que as pedras se retraem e pregam peças em quem tenta escalar —  Se eu ou o Ei-kun vencermos, você deixa a gente em paz, que tal?

—  Tsk, vai se foder, eu não-

—  Deixa ele, O-chan, ele não vai deixar a gente em paz de todo jeito.

—  Tá dizendo que eu vou perder? —  isso a pega de surpresa, e ao Kirishima também, que claramente não fez o comentário para provocá-lo nem nada.

—  Não, mas se você acha que vai, fazer o quê? —  ainda não é uma provocação e dá pra ver no rosto dele, mas o Bakugou parece estar fumegando de raiva,

—  Eu vou te mostrar, então, imbecil! —  ele decide, aceitando o desafio.

O loiro fica transferindo olhares irritados do Kirishima para ela, mas Ochako finge que não é com ela, a garota sabe que muito provavelmente não é esse o roteiro do que deveria acontecer aqui, mas foi meio difícil se segurar e não propor um desafio ao Bakugou, tão competitivo quanto ela. E bom… ninguém pode dizer que ela não apaziguou a briga entre os rapazes.

Assim que estão devidamente equipados, Ochako sorri e dá um joinha para o Kirishima enquanto se posiciona. Ela terminou bem no meio dos dois garotos, então dá uma olhada pro Bakugou também, acenando a cabeça como quem deseja uma luta justa, ele surpreendentemente acena de volta. 

—  Ok, então… um… dois… três… JÁ! —  ela faz as honras, esticando um dos braços assim que termina de anunciar o início da prova. Como na outra parede, não há um espaço muito grande entre as pedras, então é relativamente fácil subir… 

Isso até a pedra em que apoia o pé esquerdo se retrair pra dentro da parede, deixando-a sem apoio, Ochako se segura como pode, buscando a pedra mais próxima pra se sustentar. Ao olhar pra cima, ela se depara com mais uma bunda, dessa vez a do Bakugou. Ele se segura como uma aranha, mostrando toda a envergadura que possui nos braços e pernas. Determinada a ultrapassá-lo, a garota segue escalando, observando com cuidado quais pedras possivelmente se “esconderão”. Aproveitando-se disso, ela vai justamente nelas o mais rápido que pode, a fim de pegar impulso, e assim continua até que vai vendo o topo se aproximar mais e mais.

Quem também se aproxima é o Kirishima, e ela vê quando ele perde o apoio de uma das mãos, Ochako estende seu braço pra ele, que o segura e faz uso disso para recuperar o equilíbrio, então a pedra que ela segura se vai, e a morena cai. 

Porém, não cai, pois o Kirishima é rápido em pegá-la no ar e segurá-la contra ele.

—  Opa! Tudo bem aí?

—  Uhum… —  ela assente, tentando não pensar no fato de que seus corpos estão colados —  Obrigada.

—  Imagina, eu… eu tô aqui pra te socorrer. —  ele dá uma risada sem-graça —  Vâmo ganhar, O-chan. —  e a solta para que possa se reposicionar e continuar a subir.

E assim eles continuam, o Bakugou tem uma leve vantagem devido ao pequeno incidente de antes, mas nada que não dê pra superar. Ochako segue sua  estratégia de se apoiar nas pedras que estão para sumir e vai ganhando alguns centímetros, o Kirishima vem praticamente ao seu lado.

E o Bakugou vence, chegando ao topo primeiro. A garota vem logo atrás e nem olha pra ele, optando por esperar o ruivo terminar o circuito, oferecendo sua mão assim que ele chega na borda. O Kirishima sorri e aceita a ajuda, parando a centímetros de seu rosto quando se firma sobre a plataforma no topo da parede.

—  Tudo bem, Ei-kun?

—  Você teria vencido se não fosse por mim. —  ele dá um sorriso triste.

—  Ah, e daí? O que importa é que a gente se divertiu, né? —  ela esbarra de maneira brincalhona no ombro dele, sentindo-se corar ao ver que ele está ruborizando também.

O clima amistoso é logicamente cortado pelo Bakugou, que pigarreia e os encara.

—  Vocês são patéticos. —  ele afirma, e Ochako fica esperando alguma provocação ou mesmo um sorriso triunfante, mas o garoto não faz nada disso, apenas dá as costas e se retira.

Ele… vai deixá-los em paz mesmo que tenha vencido?

—  Tsk, imbecil, esse aí não vai mudar nunca. —  o Kirishima resmunga —   Nem te pediu desculpa.

—  Ah, não liga pra isso, ele é assim mesmo! 

—  Eu sei, só… tô cansado de perder pra ele. —  ah, então… então é isso. É nisso que essa rivalidade se pauta.

—  Bom… vencer é legal mesmo, e perder é péssimo, mas… tem coisas mais importantes no meio, não acha? Você… você podia ter me deixado cair e só seguido em frente, mas não fez, eu acho que ser gentil é muito mais admirável que ser rápido. Você foi… hã… —  e então, uma palavra vem à mente, a única palavra que ela poderia usar para descrevê-lo —  másculo.

—  M-Másculo? —  ele arregala os olhos —  Você acha que eu fui másculo?

—  Uhum! O mais másculo! —  ela diz animadamente, lembrando de quando o Kirishima original se referiu à ela dessa forma depois de uma atividade em conjunto que fizeram. Foi engraçado como o garoto rapidamente se pôs a explicar que “másculo” não tem nada a ver com ser homem, é só sobre ser alguém com fibra e coragem.

—  Obrigado, O-chan. Ah, e só porque eu não falei antes: você tá muito bonita nessa roupa. —  ele abre um enorme sorriso, e mais uma vez seu coração falha uma batida, deixando-a novamente surpresa em como esse jogo desperta reações e sentimentos reais e confusos demais.

Não só os desses personagens, como os seus próprios também.

Mas a maior confusão se dá quando ela chega em casa e checa o celular para saber qual foi o saldo do dia.

A tela indica 66% de intimidade, o dobro do que estava antes de eles saírem. 

Isso a deixa feliz de início, mas então a faz lembrar da rota do Deku, na qual assim que ela voltou do encontro, atingiu os 100% e recebeu a confissão. Tudo bem que isso tecnicamente não foi um encontro, mas ela passou dos 50%, então já deveria estar perto de conseguir seu objetivo, não?

Ou a rota do Deku foi uma exceção? O Bakugou bem disse que as coisas foram meio corridas com ele, será que esse padrão que ela estabeleceu não existe? Ainda falta muito pra essa rota acabar?

Ochako suspira, concluindo que sim. Porém, ela não está assim tão frustrada quanto se imagina, o dia de hoje foi… bem legal, se o resto da rota for assim, a garota sente que pode até gostar do que vem pela frente.


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Notas finais do capítulo

Aposto que você leu o título do capítulo e veio esperando um kabe-don, né? Lamento decepcionar, fica mais pra frente, hehe.
Mesmo tendo uma preguiça enorme pra fazerer cenas descritivas e que envolvem muita ação, eu gostei de fazer esse capítulo, acho o resultado final divertidinho, espero que você que tá lendo pense o mesmo jkdjkjdklkls
Obrigada até aqui por acompanhar essa e minha fic de Halloween no mesmo universo (que já tá pra acabar!), acho que sexta-feira vou ter uma atualização a mais aí, quem aqui gosta de todokacchako? É meu ot3 favorito, não vou mentir.
Beijos e até loguinho!



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