Tudo o que está em jogo escrita por annaoneannatwo


Capítulo 12
Na casa dele




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Ochako se lembra do Bakugou falando, e depois foi confirmar ao ler o encarte do jogo: a classificação indicativa é para maiores de 14 anos. Ela pode não entender muito disso, mas sabe que implica em cenas bem moderadas e nada explícitas, seja em violência, seja em… sexo.

Então por que, POR QUE o Kirishima está só de cueca na frente dela? POR QUÊ?

Eles combinaram de irem juntos para a escola no dia seguinte, Ochako achou que seria uma boa oportunidade para começar a trabalhar em seu projeto de jogar na rota dele, não é muito difícil aumentar a intimidade com o garoto ruivo, ela checou assim que chegou em casa depois do passeio no parque, e a barrinha já estava em 43%. Considerando como foi a rota do Deku, assim que ela alcançar 50%, terá um encontro que pode dobrar a intimidade e, com 100%, chega ao final. Não demoraria muito se Ochako continuasse fazendo exatamente o que anda fazendo, seja lá o que isso for, porque… tudo que a garota tem feito foi ouvi-lo quando ele fala (e o Kirishima fala muito) e ficar com vergonha quando o garoto se aproxima demais (e ele sempre se aproxima demais), então mais um dia indo e voltando da escola com ele seria o suficiente, foi o que ela pensou.

Então a garota se arrumou e, não o encontrando esperando-a na porta dela, foi tocar a campainha da casa dele. Quem atendeu foi o que ela supõe ser a mãe dele, o rosto da mulher é um pouco mais definido que seus colegas NPCs, mas continua sendo bem vago com sombras nos olhos. Ela é tão agressivamente simpática quanto o seu filho, e praticamente a puxou para dentro da casa, dizendo que o Kirishima perdeu a hora, que iria acordá-lo, e que Ochako podia esperar na sala.

A casa tem uma decoração simpática, na verdade, todos os lugares em que a garota esteve são um tanto agradáveis ao olhar, ela não sabe explicar, mas tudo tem muita vida, como se o sol fosse capaz de alcançar cada canto de todos os lugares ao mesmo tempo. É bonito, mas… poderia ter um pouco mais de esforço em desenvolver a aparência dos personagens ao invés disso, Ochako acharia bem mais fácil conviver com os NPCs se eles tivessem pelo menos olhos. A pessoa que desenvolveu esse jogo poderia rever suas prioridades…

E é tão estranho ela estar pensando nisso com tanta naturalidade, imaginando o desenvolvedor ou desenvolvedora quase como uma entidade ausente ao invés de uma pessoa real que os trouxe pra cá. Por mais que seja mais fácil ver essa pessoa como um ser sem forma, Ochako não consegue explicar, mas sente que ela está presente nesse mundo, talvez mais próxima do que se imagina. Mas talvez… ela não saiba da presença dela e do Bakugou aqui? Ou talvez não tenha tanto controle sobre o que acontece? É difícil dizer, seria bom apenas descobrir quem é…

Ochako está para tentar associar o comportamento do Monoma a algo suspeito quando qualquer raciocínio é entrecortado pelo Kirishima surgindo na sala de cueca.

Os cabelos dele estão em riste como sempre, o que é curioso, pois ela se lembra do Kirishima original comentando que gasta no mínimo uns 20 minutos para estilizar os fios daquela maneira. Se este garoto faz o mesmo procedimento, ele já poderia ter aproveitado que estava se arrumando e colocado uma calça que fosse. Olhando para o peitoral nu dele, talvez fosse melhor ele já ter se vestido por completo mesmo, isso é…

O uniforme de herói do Red Riot é e sempre foi um tanto revelador, ela entende que ao ativar sua individualidade, as roupas se rasgariam facilmente com o corpo endurecido e pontudo como pedras, então o mais lógico é usar o mínimo de roupas possível, até aí tudo bem. Vê-lo com o torso nu não é nenhuma novidade e talvez seja porque sempre que o vê assim, eles estão fazendo algum exercício importante na escola ou em missões na rua, então o profissionalismo toma conta, ou talvez seja porque Ochako nunca pensou no Kirishima sob essa ótica, mas… ela nunca se importou em vê-lo expondo seus músculos pra quem quer e não quer ver.

Só que isso não é uma situação que exija profissionalismo: ela está na sala de uma casa que não é sua, e um dos moradores aparece usando apenas uma cueca preta —  não que a cor seja o detalhe mais importante —  em tal sala. É apenas lógico que a garota solte um gritinho de vergonha, surpresa e mais outras emoções difíceis de identificar nesse momento. Ochako sabe que deveria tapar os olhos, abaixar a cabeça, virar pro lado, qualquer coisa que o tire de seu campo de visão, mas o choque é tanto que… ela não consegue parar de encará-lo —  encarar talvez não seja a palavra, visto que ela não está olhando-o na cara.

Ele esfrega os olhos preguiçosamente, como se tivesse acabado de acordar, e só quando a ouve chiar como um ratinho assustado, parece notar a presença dela ali. Kirishima arregala os olhos ao ver os olhos dela arregalados.

—  O-CHAN?! O QUE VOCÊ TÁ FAZENDO AQUI?

—  Sua mãe disse que eu podia entrar e esperar enquanto ia te acordar! —  ela dispara sua explicação, finalmente tendo a decência de abaixar a cabeça. Ochako está tão tensa que aperta a barra de sua saia com força.

—  AAAARGH, M-MAS EU… VOCÊ… EU… MÃE! —  ela ouve passos dele se afastando e se permite respirar, aliviada.

É, apesar de quem ter desenvolvido esse jogo não se preocupar muito com detalhes em NPCs, com certeza fez um esforço extra em cenários e… nos personagens namoráveis. Os músculos desse Kirishima não deixam nada a desejar perto dos do original.

É incrível como não demora pra ela se recompor, o caminho até a escola é bem tranquilo por parte dela, que já está bem mais calma e tentando pensar em qualquer coisa além do que viu antes. Já o Kirishima… bom, ele está quieto, e isso é novidade. E assim segue até que eles chegam ao portão da escola.

—  O-chan-

—  Ei-kun- —  eles dizem ao mesmo tempo e ambos parecem bem surpresos. Sorrindo gentilmente, ela assente —  Pode falar.

—  Eu, hã… sobre hoje de manhã. Foi mal, minha mãe só falou pra eu levantar, ela não disse que tinha visi- que você tava na sala, eu… eu durmo sem…

—  Tudo bem, tá tudo bem. —  ela não vê a necessidade dele se justificar sobre isso, também não acha uma boa ficar relembrando o que viu —  Imagino que arrumar seu cabelo assim toda manhã deve te deixar distraído de outras tarefas, hahaha. —  ela ri, ele não.

—  Meu cabelo? —  ele inclina a cabeça —  O que tem meu cabelo, O-chan?

—  Nada! Só… imaginei que deve tomar seu tempo deixar ele assim.

—  Hã… demora nada, eu só levanto e penteio, ué. Sempre foi assim. —  ele… o cabelo dele é sempre assim, então? Bom… isso é… não deve ser confortável para se deitar…  —  Enfim, O-chan, desculpa por tudo… que você viu.

—  Tá tudo bem, Kirishima-kun, acontece, hahaha. —  ela tenta soar casual para não deixá-lo ainda mais envergonhado do que já está.

—  Se você ficou desconfortável, eu-

—  Não, não, longe disso! —  bom, ok, mas ela também não precisa fazer soar como se tivesse adorado o que viu. Quê isso, Ochako? —  Não se preocupe, Ei-kun, de verdade.

—  Você é sempre tão legal, O-chan. —  ele suspira e sorri suavemente, e isso a faz corar —  Obrigado.

—  Haha… hahaha, tenho certeza que se fosse o contrário, você também faria o mesmo por mim. —  e… não, só não, ela realmente não deveria ter dito isso.

—  Se… se fosse o contrário? —  ele a olha com uma expressão bem biba —  Se fosse você só de… O-chan! V-você… você também dorme só de… O-CHAN!

—  O-o quê?

—  Você não pode me contar coisas assim! —  ele grita, mas claro, nenhum dos alunos passando o olha —  I-isso é… você é menina, tem que tomar mais cuidado com o que fala pra um garoto! Eu sou de boa, mas você ainda não pode se descuidar nem comigo!

—  O que isso quer dizer? —  ela inclina a cabeça, sentindo-se de repente um pouco… ameaçada?

—  Nada! Eu vou… ugh, eu vou jogar uma água na cara. Vai pra aula! Te vejo mais tarde! —  ele se vira e sai correndo, é tão ridículo que Ochako só consegue rir, mesmo um pouco incomodada com o jeito que ele saiu dando ordens à ela.

Ainda que essa situação continue sendo péssima, bom… é mais fácil lidar com ele do que com o Deku e as memórias constantes do original, seu primeiro amor.

É, a rota do Kirishima será mais fácil.

 

***

—  Eu vou com o Kirishima-kun. —  ela informa, como se dizer isso ao Bakugou fosse o que consolida sua decisão. 

Ele se inclina contra a árvore de cerejeira que se tornou a sede improvisada de suas reuniões para discutirem como proceder dentro do jogo. Nada de arrastá-lo para armários de limpeza, isso pode gerar burburinhos que não trariam nada de bom.

—  Você já tava com uma porcentagem boa com ele mesmo. —  e claro, o loiro precisa falar como se estivesse muitos passos à frente dela —  O Cabelo de Ouriço parece ser dois tipos de personagem combinados em um, o cara meio engraçadinho e o que gosta de flertar na cara dura.

—  Ah sim, isso com certeza. —  Ochako bufa, lembrando-se do quase-beijo-que-não-era-beijo-mas-só-porque-ela-não-quis-que-fosse-um-beijo do dia anterior —  Então…? O que eu preciso saber pra fazer dar certo?

—  Não é difícil. Ele flerta, você flerta de volta. Ele faz uma gracinha, você ri e faz piada também. Só isso.

—  Ok, e o que eu faço quando ele começa a falar que eu sou inocente? Ah, e que… e que preciso tomar cuidado porque sou menina? E que todos os homens são coiotes?

—  Quê? Ah… não costuma ter esse tipo de coisa nos jogos que eu… —  ele desvia o olhar —  Sei lá, Cara de Lua, só vai na dele.

—  Certo… —  ela concorda fracamente, não gostando de como o conselho dele não só é vago, como também não é dos melhores.

Porque “ir na dele” é tão… ok, faz bastante sentido, mas Ochako tende a achar essa conversa de coiote bem boba, isso quando não é irritante. O dia de ontem foi divertido, e o Kirishima se mostrou bastante prestativo, mas no caminho da volta do parque, repetiu mais uma vez como é importante que ela tome cuidado com certas ruas e certos lugares, e pra nunca ficar sozinha com garotos quando começa a escurecer e… ele falou mais coisa, mas ela já não estava mais prestando atenção, tamanho seu cansaço diante da impressão que ele tem de que ela é uma criança que não sabe andar sozinha e que está à mercê de todo homem com quem conversa. Ochako percebeu no dia da fatídica confissão do Deku: quando foi afastar a faca, seus reflexos estavam apuradíssimos como são desde que os aperfeiçoou treinando com o Gunhead, ela pode estar privada de sua Gravidade Zero, mas ainda possui seu conhecimento em artes marciais, então… de verdade, se ela precisar se defender algum dia de um desses “coiotes”, a jovem o fará sem grandes problemas. O Kirishima tá viajando.

—  Você não tá pensando em fazer nenhuma cagada, tá? —  o Bakugou lhe interrompe os pensamentos, inclinando-se na direção dela e semicerrando os olhos —  Fica esperta, Uraraka, não sai por aí fazendo o que te der na telha.

—  Eu não ia! —  ela ia. Muito provavelmente ela vai —  E será que você pode confiar mais em mim? Eu passei pela rota do Deku sem problemas, não foi? —  isso não é totalmente verdade, mas fingir confiança diante dele talvez a torne mais confiante de verdade — Nós até continuamos amigos mesmo que eu tenha o rejeitado. Então tenha um pouco de fé em mim, ok? —  ela observa como alguns estudantes começam a chegar, não são as pessoas sem rosto que a preocupam, mas sim um certo loiro que, ao que tudo indica, anda observando-a bastante —  Bom… é melhor eu ir, a gente…

Antes que ela possa se retirar, o Bakugou a segura pelo ombro e a faz se virar pra olhá-lo novamente.

— Você e o Deku continuam amigos mesmo depois de a rota dele ter acabado?

—  Uhum. Ele… ele disse que… não consegue ficar magoado comigo e que confia em mim. —  ela o informa, observando como os olhos dele parecem estar tentando ler uma carta invisível —  Algum problema, Bakugou-kun?

—  É que isso tá estranho pra caralho. Se a rota dele acabou, não era pra ele lembrar que tava apaixonado por você, não era… o jogo deveria ter começado de novo do prólogo, é assim que funciona. Só se você salvou o prólogo pra pular partes repetidas, mas como você ia conseguir fazer isso? Você é noob!

—  Eu não sei o que isso quer dizer, só sei que soa como uma ofensa. —  ela cruza os braços e o olha feio —  E qual o problema se a gente não voltou pro começo? Isso é uma coisa boa, não? Se a gente voltasse pro começo, eu teria que fazer todo o progresso que já fiz.

—  Tsk. —  ele adora fazer esse barulhinho, e apesar de sempre soar igual, dá pra perceber que significa coisas diferentes. Esse “tsk” é o de “você tá certa, mas eu não vou admitir isso nem a pau” —  Só toma cuidado e não faz nada idiota. Sempre vem me perguntar antes de tomar uma decisão importante.

—  Ah… sobre isso… é melhor a gente tomar mais cuidado pra quando nos encontrarmos, eu… acho que tem alguém espiando a gente. —  ela olha para os lados e sussurra —  O Monoma-kun.

—  Tsk, aquele verme pode espiar o quanto ele quiser porque é assim que o personagem é, Cara de Lua. —  ele ri em desdém —  Sendo o tsundere que ele é, deve ser até bom que ele te veja com o vilão do jogo, isso vai deixar o merdinha com ciúmes e pode ser útil na rota dele.

—  “Tsundere”? Isso é… então ele é como o Deku-kun?

—  Quê? Não, idiota, aquele lá é yandere, tsundere é diferente, é um personagem que parece escroto e te maltrata de primeira, mas vai mostrando que se importa de pouco em pouco.

—  Ah… tipo você?

—  É o quê?

—  Parece que você se descreveu um pouco, sabe? —  ela ri, achando curioso como as bochechas dele se avermelham.

—  Cala a boca, Uraraka, que merda é essa? Eu não sou porra nenhuma disso! Eu sou o vilão, esqueceu?

—  Mas eu não tô falando do jogo, tô falando da vida real! Você é um tsundere da vida real, ou algo assim...

—  Tsk, para de falar besteira e vai atrás do seu namoradinho novo, vai! 

—  Ah, mas você ficou bravo? Isso parece algo que um personagem desses diria, hein? —  ela não sabe porquê, mas se diverte muito quando o provoca assim. Não só porque a reação do Bakugou é engraçada, mas também porque não há riscos em conversar com ele assim. Ochako pode zombar, fazer perguntas desconcertantes, e interagir sem grandes preocupações e sem sentir que está pisando em ovos. Ele é o vilão do jogo, o que quer dizer que não é um pretendente, então dá pra conversar com ele sem o medo de uma barrinha estúpida diminuir ou crescer. Claro, também é assim com o enfermeiro Hawks e com a Momo e a Kyoka, mas… eles são personagens, existe um limite no quão natural seria uma conversa com eles.

Mas o Bakugou é o mesmo que ela, e apesar de seu jeito ranzinza, ele ainda é quem mais lhe traz conforto.

—  Tsk, fica quieta e sai daqui antes que o-

—  O-chan? —  a voz do Kirishima ressoa, e ela se vira pra vê-lo parado a alguns metros de distância da cerejeira, a exata mesma expressão que ele fez quando a viu falando com o Bakugou logo no começo do jogo.

—  Ah, oi! Vamos indo, Ei-kun?  —  procurando qual seria a melhor opção, ela conclui que talvez deva se fingir de boba.

—  Esse cara tá te incomodando?

—  Hã, não, ele só… queria me falar uma coisa sobre o clube de teatro.

—  Você tá no clube de teatro agora? 

—  E se eu estiver, é da sua conta? —  o Bakugou rebate rápido demais, de maneira natural demais. Até a postura dele parece mudar um pouco.

—  Só pensando quanto tempo vai levar pra você estragar as coisas por lá como fez no time de futebol. —  ele dá uma rápida olhada na direção dela antes de se voltar para o loiro —  Escuta bem, Bakugou, eu posso tolerar você atrapalhar minha vida, mas se você fizer alguma coisa com ela, eu juro que acabo com você, seu desgraçado! —  o tom dele é feroz, parece até que está  rosnando, Ochako quase consegue imaginá-lo endurecendo a pele como o Kirishima verdadeiro faz, mas isso é impossível.

Assim como é impossível imaginar o Kirishima de seu mundo falando assim com o Bakugou. Até onde ela sabe, eles são melhores amigos, o loiro reserva um certo respeito pelo ruivo que não tem por mais ninguém, sem contar na confiança, é quase a mesma coisa que ela tem com a Tsuyu —  a verdadeira, não a desse mundo, que vira a cara pra ela sempre que a vê nos corredores —  e por mais difícil que o Bakugou seja às vezes, o Kirishima sempre tem paciência e está sempre disposto a defendê-lo, sendo um dos poucos também que pode chegar no garoto explosivo e pedir para ele abaixar a bola sem receber insultos como resposta, pelo menos não muitos. O ruivo tem as manhas pra lidar com o Bakugou, e sendo sempre muito amistoso, todas as vezes em que Ochako foi incluída nesse grupinho deles, foi graças à Mina e a ele. 

—  Ah é, por quê? Vocês são namoradinhos ou algo assim? Não tô vendo seu nome escrito nela, ou será que eu vou ter que procurar debaixo da saia dela pra achar? —  o Bakugou dá um sorriso maléfico para o Kirishima, ele… COMO É QUE É?

—  Repete o que você falou, se você for hom- —  o Kirishima pede pra que ele repita o que disse, mas a maneira como avança em direção ao loiro não parece oferecer muita oportunidade para deixá-lo falar nada. Ah não! Nada dessa palhaçada de novo! Já não bastou com o Deku? 

Resoluta, Ochako fica parada bem entre eles, ela poderia pegar o Kirishima pelo ombro e aplicar um ippon antes que ele tente alguma coisa, mas o problema aqui não é bem esse. Então, quando o punho do Kirishima se ergue, Ochako rapidamente o segura pelo pulso, puxando pra baixo com tudo. Ele, claro, fica chocado, mas ela não permanece observando as reações dele por muito tempo, virando-se pro Bakugou, que assiste a tudo com olhos estreitados.

—  Nunca mais fale de mim como se eu não estivesse presente. —  é só o que ela diz, notando como ele parece levemente surpreso. Não deveria estar, ele pode até ser um vilão, mas não vai sair falando dela como bem entende —  Vamos embora, Ei-kun.

—  M-mas, O-chan, ele… —  ela só o puxa pelo braço e o conduz pra longe do Bakugou sem olhar pra trás. Quando já estão bem no portão da escola, ela se permite respirar fundo, e o ruivo aproveita para se desvencilhar dela —  Ei, O-chan, peraí. O que que foi aquilo?

—  Eu é que te pergunto! Você é maluco de ficar arrumando briga na escola? Ainda mais por algo que nem te diz respeito?

—  Não me diz resp- ele tava falando de você, O-chan! Ele ia-

—  Ele só tava sendo idiota! Você não precisa ser idiota também e arrumar briga por minha causa! Eu resolvo minhas próprias brigas, e sem precisar bater em ninguém!

—  V-você… —  ele arregala os olhos —  ...você não entende o quanto ele é perigoso, e você não pode se defender sozinha de um tipo daqueles, você-

—  Ah, porque ele é um “coiote”, sei, sei… Kirishima-kun, eu posso me virar sozinha, não preciso de ninguém pra me proteger! Então quer parar com essa conversa, por favor?

—  Você… você… não precisa de ninguém pra te proteger? Você… O-chan, você não sabe do que tá falando! —  mas nossa! Ele continua com esse tom condescendente, como se estivesse falando com uma criança, isso é tão frustrante!

—  Só pra você saber, eu não sou tão inocente assim, ok? Fiquei pensando em você de cueca o dia inteiro! —  e com essa bela frase da qual vai se arrepender mortalmente depois que a onda de cólera passar, Ochako se vira e sai andando —  Não me segue! Eu vou embora sozinha!

—  Eu não vou te seguir! Só tô indo pro mesmo rumo!

—  Então tá!

—  Tá bom, então! —  ela retruca, batendo o pé e se recusando a olhar pra trás.

E claro, sem surpresa nenhuma, quando ela já está em casa e puxa o celular para verificar, a intimidade com o ruivo caiu. 

De 43% para 18%.

Mas ela está com raiva demais pra isso pra se importar. E o mais irônico e estranho sobre isso é que boa parte dessa raiva nem é tanto com o “Ei-kun”.

É com o Bakugou agindo como um vilão tão facilmente.


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Notas finais do capítulo

Fanservice? Na minha fanfic??? É mais provável do que se imagina!

Pois muito bem, aqui vamos nós, né? Gostaria de lembrar que essa fic ganhou meio que um "spin off" de Halloween chamada "De arrepiar!", planejo postá-la durante esse mês de outubro, mas não se preocupem que essa fic aqui não vai parar por conta dela, não se eu conseguir manter meu planejamente direitinho, hehe.
Espero que esteja curtindo! Obrigada por ler, nos vemos semana que vem!



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