A Bomba - Contagem Regressiva escrita por Denise Reis


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Esta é uma obra de ficção. Pode até haver semelhança, mas não tenho a menor intenção de fazer qualquer comparação com a realidade.
Divirtam-se e comentem.



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A Detetive Kate Beckett estava na 12ª Delegacia de Polícia, mais precisamente na sua mesa de trabalho, em frente a sua tela do computador.

Ansiosa e entediada, porém, contente, ela navegava na internet para passar o tempo. O único inconveniente era o uso da máscara de proteção que cobria o nariz e a boca.

O Coronavírus vem acometendo mais de doze milhões de pessoas pelo mundo, causando, inclusive, mais de seis milhões de mortes e desde 11 de março de 2020 a OMS passou a se referir ao COVID-19 como Pandemia e o uso das máscaras de proteção facial passou a ser um item obrigatório para as pessoas em volta do planeta.

A máscara incomodava, mas era muito importante para proteção individual e do próximo. Todos a usavam, inclusive os policiais e demais funcionários do Distrito, dentro ou fora da repartição.

Kate consultou seu relógio de pulso – Nem acredito que já são dezessete horas. Não temos nenhum caso de homicídio para resolver. – ela comentou com seus dois colegas de trabalho mais próximo, Esposito e Ryan.

— Está se queixando, Beckett? – Esposito a provocou, arqueando a sobrancelha ao olhar na direção da sua chefe.

Sem falar nada, a detetive devolveu o olhar, dando um sorriso forçado, quase sarcástico, indicando que não achou graça da pilhéria do latino. No entanto, o sorriso não foi visto pelos colegas por conta da máscara.

— Se foi para rir, não achei graça. – Kate falou.

— Então, porque reclamou? – Ryan se intrometeu na conversa, com seu jeito curioso e atarantado, tão próprio dele.

— Vocês não têm o que fazer, é? – Kate ralhou com os rapazes.

— Não! Você mesma já disse que não temos nenhum caso para investigar. – Esposito retrucou, de forma divertida.

Beckett encheu o peito de ar e o soltou pela boca. Revirou os olhos, e, buscando paciência, explicou – É que hoje é o meu último dia de trabalho.

— Hey, você vai sair da 12ª Delegacia, chefinha? – Ryan indagou, denunciando que estava alheio aos fatos.

— Não, seu tonto! – Esposito caçoou do amigo e Kate sorriu – A Beckett vai sair por trinta dias para curtir a quarentena em casa. Você já teve o seu período e eu também. Agora é ela. Temos o revezamento, esqueceu, foi?

Ryan escutou a explicação do amigo – Ah, tá! Agora entendi.

— Vai ficar em casa mesmo ou vai ficar segura em outro lugar, Beckett? – Esposito mostrou curiosidade.

— Não programei nada, mas estou com vontade de ir para a cabana do meu pai, aproveitando que ele está na Europa. Lá é bastante isolado, ideal para a quarentena.

— Ah, verdade... A Lanie até comentou algo sobre isso. – Esposito confessou.

— Aqui a fofoca corre rápido, eihm... – Kate sorriu e deu de ombros, sem se importar com as fofocas internas – Eu comentei com ela.

— Se você for para a cabana, vai ficar sozinha, ou... – Ryan continuou curioso.

— Apesar de não ser da conta de vocês... – Kate respondeu ácida, mas logo ouviu-se o som de um leve sorriso – Vou ficar sozinha, Espo.

— Então... – Ryan franziu a testa e a curiosidade estava aguçada – Quer dizer que você não reatou o namoro com o Josh, né...

— Impossível! Eu não gostava dele. Além do que, ele não é o homem que eu quero para ser meu parceiro de vida. Não temos compatibilidade. Eu quero um homem que se faça presente diuturnamente. O Josh vai continuar viajando pelo mundo com os Médicos Sem Fronteiras, que, aliás, é um trabalho respeitável e lindo, porém, eu prefiro continuar com a minha vida aqui. Não temos nada em comum.

— Sei que não é da minha conta, Beckett, mas eu já havia percebido que vocês dois não combinavam. Estava óbvio!

Kate pareceu não se importar com os meninos bisbilhotando sua vida particular. Os três eram muito amigos e já faziam parte da mesma equipe há bastante tempo.

— Acho que vou mesmo para a cabana do meu pai... Vou ficar lá... Tenho muitos livros novos que ainda não tive tempo de ler e vou até reler um do Castle que eu adoro... Um da série Nikky Heat.

— Sabia que o Castle estaria presente, nem que fosse por meio dos seus livros... Você vive ralhando com ele e o repelindo, mas não consegue se desgrudar dele. – Esposito caçoou e deu uma risadinha, irritando Kate.

— Deixa de ser enxerido, Esposito. Eu gosto dos livros dele e ponto final. E lá na cabana ninguém vai aparecer para me perturbar ou me contagiar com o coronavírus. Lá também não tem sinal de internet e o sinal de celular só tem se eu subir num canto do telhado, ou seja, ficarei eu e meus livros. Tem coisa melhor do que isso?

— Ah, tem, sim... – Ryan, afirmou – Levar a Sara Grace para brincar no parquinho. Eu e a Jenny estamos cada dia mais apaixonados um pelo outro e amamos ver nossa filha se divertindo. É uma alegria imensa, pena que os parquinhos estão interditados por conta da pandemia.

— Eu não tenho quem levar para o parquinho e ninguém para dividir meus momentos.

— Não tem porque não quer. – Esposito salientou – Eu vejo um monte de cara bacana dando em cima de você e você os repele.

— Acho que você...

A sineta do elevador soou e o som chamou a atenção dos três detetives e ao olharem na direção da cabine, a porta se abriu e de lá de dentro saiu o escritor Richard Castle.

Ele também usava uma máscara protetora e, pela expressão dos olhos dele, estava óbvio que ele estava sorrindo. Sempre de bem com a vida, Castle andava pelo distrito brincando com um e com outro até chegar à mesa da sua musa.

Antes mesmo de dar chance para o escritor cumprimentar os amigos, Kate o provocou – O que você está fazendo aqui, Castle? Eu não te chamei, até porque, você é do grupo de risco. – Beckett indagou, mordaz, pois, assim, disfarçava sua paixão pelo escritor.

Kate Beckett era apaixonada pelo Richard Castle. Ela o amava, mas nunca teve coragem de investir nesta relação, já que sua reputação de mulherengo do passado amedrontava a detetive. Ela até já havia notado que ele não andava mais com mulheres penduradas atrás dele. Ele mudara seu jeito de ser, mas ela tinha medo de arriscar.

Por conta deste medo, ela procurava sempre ser ácida com ele, para disfarçar o amor. Ela sabia que esse era um jeito errado de reagir, pois ele era um ser humano maravilhoso e não merecia ser tratado assim.

Richard Castle relevava estas explosões de Kate Beckett, já que ele era completamente apaixonado por ela, tanto que a tinha como sua musa inspiradora para escrever os livros da série Nikky Heat. Além do mais, ele adorava aquele jeito arisco de ser daquela mulher.

Não dando a mínima importância ao tom cortante de sua musa, Richard Castle ergueu suas sobrancelhas, tentando parecer sensual, mas não obteve êxito – Que moça delicada! – ele ironizou – Boa tarde para você também, detetive Beckett! E quanto a eu ser do grupo de risco, saiba que você está completamente enganada, pois eu tenho apenas sete anos a mais que você, ou seja, longe deste grupo. Além do que, não tenho nenhuma das doenças elencadas pela OMS. Sou saudável!

Ouviu-se um som de uma risadinha do Castle, assim que ele terminou de provocar a detetive.

Kate ficou calada.

Muito rapidamente, ele olhou para os meninos – Boa tarde para vocês também, rapazes.

— Oi, Castle!

— Diga aí, brother!

Os dois detetives cumprimentaram o amigo escritor e o moço se sentou na sua cadeira cativa, ao lado da mesa da Beckett e, sedutor, não tirava os olhos dela.

— É falta de educação ficar encarando os outros, Castle. – Kate ralhou.

— Cada dia mais linda, Detetive! Até quando faz birra.

Ele a elogiou e Kate, como sempre, rodeada pelo muro invisível de proteção, reagiu com desdém e nem falou nada.

— Você fica uma gracinha de máscara, Beckett! – Castle insistia.

— Você veio aqui somente para me provocar, foi? – Kate se chateou.

Mais uma vez ele não deu importância para as broncas de Kate.

— Pararam para descansar? – Castle perguntou e, em seguida olhou para o quadro branco e nada estava escrito, nenhuma fotografia ou evidências – Hey, o quadro está vazio! Está realmente branco! – ele estranhou.

— Não temos nenhum caso de homicídio em andamento, Castle. Então, o que você está fazendo aqui. – Beckett insistiu.

Com uma expressão de surpresa, indicando que não entendeu o comentário de Kate, Castle olhou para Esposito e logo depois respondeu à pergunta da Beckett – Estou aqui porque o Esposito telefonou para mim e disse para eu vim para a delegacia, mas ele não entrou em detalhes.

— E você não perguntou? – Kate perguntou.

— Não. – Castle foi sincero – Como eu já entreguei o último capítulo do livro para Gina, estou livre, então eu vim. Lógico que eu pensei que vocês estavam precisando das minhas teorias para encerrar o caso. – ele falou com o objetivo de provoca-la.

— Ah, como ele é modesto! – Kate ironizou.

— Nem vou dar importância para sua ironia, Beckett! Mas estou curioso para saber porque você me chamou, Esposito, já que não tem caso em andamento...

Logo em seguida, tanto o Castle quanto a Beckett direcionaram seus olhares para Esposito, exigindo uma explicação.

— Também quero saber, Esposito. – Beckett indagou para o amigo detetive – Porque você chamou o Castle?

Esposito logo deu sua resposta – Eu o chamei somente para bater papo, aproveitar que estávamos desocupados, já que ele é uma ótima companhia... Nós adoramos ouvir os casos dele.

— Isso mesmo, Kate! Poderemos conversar. – Ryan complementou – E eu e o Espo queremos ingressos para a final do campeonato de Basquete e o Castle sempre consegue para nós.

— Vocês são interesseiros, isso sim. Mas o chamaram para conversar em plena quinta-feira e em plena quarentena? – Kate achou estranho.

— Qual o problema? Hoje não é sexta-feira, mas podemos aproveitar a noite. Você bem que podia nos convidar para um happy hour lá no Old Haunt, já que você é o dono do bar e pode abri-lo somente para nós, já que está fechado por causa da quarentena.

— Ok! Vamos ao Old Haunt. – Castle concordou e ficou a sorrir – E quanto aos convites para a final do campeonato, fiquem tranquilos que eu conseguirei para vocês. Camarote!

— Que maravilha! – Ryan comemorou.

— Ainda bem que você gostou da ideia de nós irmos ao Old Haunt, brother! – Esposito deu tapinhas camaradas nas costas do Castle, em comemoração.

— Eu não vou! – Beckett anunciou.

Com testas franzidas, indicando estarem surpresos, os três homens direcionaram a atenção para a linda detetive, diante da negativa da moça.

— Hey, nem me olhem assim. Eu não vou. – Ela mostrou-se decidida e falou em tom de descaso – Vão vocês três e divirtam-se.

Ryan foi o primeiro a insistir pela presença da amiga - Ah, Beckett, vamos lá... Vamos celebrar a vida, além do que, vamos ficar sem nos ver por trinta dias.

— Huuumm! Vai sair de férias, é, Beckett? E nem me avisou... – Castle a provocou.

— Sério!? – ela enviou um olhar brabo.

— Claro que você tinha que me avisar das suas férias... Somos parceiros, está lembrada? – ele não se cansava de provocar a detetive.

— Você é irritante, Castle!

Os rapazes voltaram a insistir que Beckett fosse com eles.

— Deixa de ser estraga prazeres, Beckett! – Esposito brincou – Só um happy hour... Eu sei que você gosta.

— Ainda mais que vai ser tudo por conta do dono... – Ryan pilheriou e todos riram — Ela não vai tirar férias, Castle. Ela vai ficar trinta dias em quarentena. – Ryan denunciou.

— Hey, que tal passarmos a quarentena juntos, Beckett? – Castle sugeriu.

Ele mesmo riu da sua proposta, e logo viu que Kate ficou rubra.

— Hummm! Deus me livre! – ela rejeitou a ideia, demonstrando pavor – Só se eu estivesse louca!

— Não senti verdade nesta sua recusa, Kate.

— Castle, já chega! Que tal você ir logo embora com os meninos, eihm.

— Não, Kate! – Esposito pediu e o Ryan o imitou.

— Queremos a sua companhia, Kate.

Esposito pegou seu aparelho de telefone celular e começou a teclar um número – Eu estou telefonando para chamar a Lanie para ir com a gente.

— Huuummm! – Kate torceu a boca, dando-se por vencida, pois sentia-se querida pelos amigos – Ok! Eu vou!

— Vou levar a Jenny também. – Ryan comunicou – Meus sogros estão aqui na cidade e vão ficar tomando conta da Sara Grace.

Os quatro amigos ficaram conversando animados, mas logo o Esposito e o Ryan se afastaram e ficaram tagarelando como tinham costume de fazer. Depois, cada um pegou o celular, e, ao que tudo indicava, falavam com suas parceiras.

Vamos tomar um café? - Castle chamou Beckett.

Kate se levantou de sua mesa de trabalho e foi com ele até a sala de descanso.

Ambos retiraram suas máscaras de proteção.

— Um café caprichado, detetive?

— Ótima ideia! Estava com vontade mesmo de sentir esse sabor...

Enquanto preparava a bebida, Castle observava Beckett – Você fica ansiosa para eu chegar para fazer o seu café latte, né? – divertido, ele logo fez um trejeito no rosto e Kate sorriu.

— Huuummm!! – ela resmungou – Nem digo nada... Você não cansa de me provocar, né?

— Não! Não canso. Acho que nunca ficarei cansado. – ele respondeu e deu um sorriso sedutor que fez o coração de Kate bater acelerado e tinha certeza que seu rosto estava vermelho.

Kate até tentou fazer uma expressão chateada, mas não conseguiu e sorriu. 

O sorriso sincero de Kate alegrou Castle.

— Você briga comigo, faz bico, faz birra e desdenha da minha presença, mas me adora, né, detetive, e fica louca para me ver, que eu sei. – Ele a pirraçava, sabendo que ela era arisca e ficava rubra. Ele adorava isso nela.

Ela sorriu diante do comentário chistoso do escritor e continuou na mesma sintonia divertida - Vá sonhando, vá... – ela caçoou.

— Eu já te disse milhões de vezes que meus sonhos se tornam realidade. – ele avisou.

Os dois seguiram assim, conversando, discutindo e rindo, enquanto saboreavam o café que o Castle preparou.

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Pouco tempo depois, já com sua bolsa à tiracolo, Kate ficou em frente à tela do seu computador e observava atentamente um grande relógio que ocupava a tela inteira, cujo ponteiro dos segundos se aproximava para marcar dezoito horas. Assim que isso aconteceu, ela desligou o seu computador – Final do expediente, sem nenhum caso. Estou de quarentena! – ela anunciou.

Lanie já havia chegado ao Distrito e os cinco amigos desceram juntos pelo elevador em direção aos carros.

— Como eu já estou de licença para a quarentena, estou sem carro! – Kate anunciou, pois todos sabiam que ela usava a viatura da polícia.

Castle olhou para Kate – Eu vim de carro e você vai comigo!

— Quem disse que eu quero ir com você?

— Eu disse! – Castle afirmou – Vamos dar uma trégua, Kate? – ele propôs.

— Ok! Mas você tem que parar de me provocar.

— Ok!

Lanie, Esposito e Ryan assistiam a discussão de Kate e Castle, como, aliás, faziam há quatro anos.

— Então vocês dois vão juntos. – Ryan comentou – Meu carro está um pouco distante, próximo ao carro do Esposito, lá no final da rua, um pouco antes da equina.

— O meu também, Ryan. – Castle informou.

— Então, vamos! A gente se encontra lá no Old Haunt?

Os cinco caminhavam juntos em direção aos carros.

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Kate despertou e, ainda sonolenta, percebeu que dormira em um colchão macio, mas que não era a sua cama. Ainda lânguida, notou que algo estava errado, pois, sua cabeça repousava nos braços fortes e másculos de um homem e, como se fosse a coisa mais normal do mundo, ela mantinha seu braço direito sobre o peitoral dele, gesto, aliás, que denotava intimidade.


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