Clichê escrita por Day


Capítulo 2
I dont need you as much as you need me - jily


Notas iniciais do capítulo

oieee!!! quero agradecer aos comentários do último capítulo hahaha ♡♡

não postei antes porque tava focada em terminar de escrever os dois próximos capítulos e deixar prontinhos pra serem postados.

descobri que esse foi o mais difícil de escrever (!!!!) mesmo com meu casal favorito, mas é falta de prática com temática colegial, então me perdoem se alguma coisa puder ter saído melhor.

eu mesma revisei o capítulo duas vezes, acredito que esteja tudo ok, mas caso não, podem avisar que eu corrijo!!

beijos, boa leitura.

ps: apenas reforçando que falas/mensagens de texto são no português informal/de internet, por isso os erros PROPOSITAIS



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— Pessoas como eu geralmente não falam com pessoas como você — o arrependimento foi imediato. Ela pareceu chorar ainda mais depois de ouvir aquilo, e ele não pôde crer no quão estúpido precisou ser para dizer aquela frase. — Desculpa, Evans, desculpa. Não quis dizer isso, não mesmo, por favor me perdoa. Falei sem pensar...

— Pois falar sem pensar mostra que é bem isso que você pensa, Potter — a resposta veio num tom duro, nada amistoso e diferente de todos os outros que ela já tinha usado até então. — Não preciso que você me leve até em casa, Petunia pode muito bem vir me buscar.

— Eu te levo, faço questão.

Lily insistiu em discordar, mas deu-se por vencida ao perceber que, independente de quanto insistisse, ele estaria disposto a fazer o oposto do que ela falava. Sua volta para casa naquele dia foi idêntica à primeira vez em que estiveram juntos no carro, em silêncio absoluto. Dessa vez, nem mesmo o rádio estava ligado; nada além do som de suas próprias respirações era ouvido, o que causava o maior desconforto quanto fosse possível.

Ela nunca quis tanto chegar até sua casa, descer daquele maldito carro e correr para seu quarto para chorar pelo resto da noite. Quando jurou que jamais entraria para o clube de fãs de James Potter, não sabia que não tinha excluído a possibilidade de entrar para o clube de garotas que derramavam lágrimas por ele. Era pior, muito pior do que ser fã.

No segundo em que chegou, antes que ele pudesse parar o carro, Lily já tentava abrir a porta. Não queria passar nem mais um segundo ali dentro com ele, sem mais ninguém. Não conseguia se perdoar por pensar o que pensara e, ainda por cima, ter falado essas coisas. Até parece que a resposta dele tinha chance de ser diferente do que foi. Pessoas como ele não falavam com pessoas como ela. Ponto final.

— Escuta. Antes de você ir...

— Não. Eu não vou ouvir nada. Pessoas como você não falam com pessoas como eu, não é? — ela gritava. — Me deixa sair, abre essa porta. Abre.A.Porta!

— Eu não quis dizer nada daquilo, nenhuma daquelas palavras. Por favor, deixa eu falar. Cinco minutos, nada mais, só cinco minutos — ela acabou concordando, não porque queria, mas porque não estava disposta a discutir. — Se você me perguntar o porquê de não nos falarmos, preciso ser sincero em dizer que não sei, mas também preciso ser sincero em dizer que eu queria que fosse diferente. Sei que nunca fiz nada para mudar, acho que acostumei com o tempo, mas não era bom, não é bom. Eu sempre gostei de você, Lily, desde criança, e acho que aceitei estar só na sua presença, mesmo sem nos falarmos. Nunca, jamais, em tempo algum eu deveria ter dito aquilo, porque não acho que não deveria ficar sem falar com você, e eu me arrependo tanto de ter dito, no segundo que terminei de falar já estava arrependido.

James respirou para recuperar o fôlego. Os olhos dela estavam presos nos dele, a boca entreaberta e a respiração pesada pelo choro recente, e precisou conter o impulso de tocar uma lágrima que corria por sua bochecha.

— As pessoas que me rodeiam não são exatamente abertas a conversa com quem vive fora da bolha. Não tem sido muito fácil pra mim entre eles, só me escutam quando estamos treinando porque são obrigados; fora isso, agem como se eu fosse de outro mundo pelo simples fato de passar um tempo com você. Emmeline, ultimamente, desenvolveu um ciúme doentio a seu respeito, já não...

— Ela tem... ciúmes de mim? De mim?! Até parece, ela é linda, tem um corpão, todos babam por ela, e tem ciúme de mim? Ninguém nem repara em mim.

— Eu reparo, Evans, eu reparo em você e isso a tira dos trilhos — ela sorriu. — Não importa que ela seja linda ou que tenha um corpão ou que todos babem por ela, eu há muito tempo já não faço isso. Você é mais inteligente, tem um papo melhor, sabe conversar, é muito mais educada. São características superiores. E você é linda também, caso não tenham dito.

— Seus cinco minutos já acabaram. Me deixa descer, Potter — James soube que não teria resposta alguma, destrancou a porta e a deixou sair. Já do lado de fora, ela abaixou-se na altura do vidro para falar. — Boa sorte revisando os conteúdos daqui pra frente. Não sei se devo continuar, você já melhorou o suficiente pra seguir sozinho. Tchau.

Lily entrou em casa e se enfurnou no quarto, sem falar com ninguém, até o dia seguinte. Petunia bateu à porta algumas vezes, chamando-a para conversar — as irmãs tinham uma espécie de sexto sentido para saber que algo estava errado uma com a outra, e, naquele momento, era a hora do sexto sentido de Tuney ser ativado em relação à Lily.

— Vai embora, Petunia. Eu não vou falar com você e nem com ninguém.

Abraçada ao travesseiro, ela chorou mais do que achou que podia chorar. Repassava mentalmente tudo o que tinha ouvido, sem entender direito o que as palavras causavam dentro de si, se produziam um efeito bom ou ruim. Não sabia se acreditava nas explicações — ou desculpas? — de Potter, embora pudesse ver, de fato, que os amigos não o tratavam mais como antes. De qualquer modo, ele ainda tinha os amigos.

Por outro lado, ela tinha Alice e nada mais. Alice que, de uns tempos para cá, vinha dando mais atenção ao namoro do que à amizade. Lily não se surpreenderia se, de um dia para o outro, se visse sozinha. Talvez nem achasse tão ruim assim.

Seu celular piscou e o nome que brilhava na tela revirou seu estômago em diferentes sentidos. Quase não acreditou na coragem, na audácia, de Potter em se dar ao trabalho de mandar mensagem para ela.

jamespotter

não queria que vc dormisse com raiva de mim

de novo: desculpa, eu gosto demais de vc e te admiro mt

boa noite lily

lilyevans

Obrigada e boa noite, Potter.

jamespotter

isso é melhor do que nada ne?

boa sorte pra nós na prova

lilyevans

É. Boa sorte na prova e no jogo para você.

Adeus.

James jogou o celular longe, pouco se importando caso quebrasse e mal acreditando no que lia. Tinha sido sincero em cada palavra do que disse, desde seus motivos, até seu arrependimento e, principalmente, o que pensava sobre Evans. Sua mãe sempre teve razão ao dizer que ele falava sem pensar e que, algum dia, teria consequências nada agradáveis. Pois lá estava: recebendo desprezo de uma garota incrível que, há dois meses, vinha dispondo de seu tempo pessoal para ajudá-lo sem receber nada em troca.

Naquela noite, não dormiu direito e, no dia seguinte e nos seguintes a este, procurou pela ruiva nos corredores, não a encontrando quase em lugar nenhum. E, quando a encontrava, não era como se durasse mais do que alguns segundos, Evans sempre dava um jeito de se afastar dele.

O afastamento dos dois não passou despercebido pelas pessoas com quem ele conviva. Seus companheiros de time voltaram a trata-lo como antes, não mais fazendo piadas a respeito de suas aulas particulares e definitivamente sem comentários a respeito de Lily Evans. Até Emmeline Vance melhorou o tratamento em relação ao namoro, voltando a ser o que eram quando começaram a namorar.

James não podia querer menos isso.

— Finalmente, mô, desgrudou daquela nerd e voltou pra mim. Não aguentava mais ter que te dividir com ela. Aposto que deve sair por aí falando de você, se vangloriando de estudar junto com você, até parece. O que nós fazemos é muito mais interessante — Vance carrega todo seu sarcasmo na voz. Em outras situações, ele até riria, mas bastava lembrar da última vez que falou com Evans para permanecer sério. — O que acha de sairmos amanhã à noite e comemorar que você é só meu de novo?

— Não vai rolar, vou dar uma revisada pra prova — James ergueu a sobrancelha ao ver a expressão que ela fez diante da resposta. — O que? Você devia fazer o mesmo.

— Ela entrou na sua cabeça? Como assim dar uma revisada? Você nunca fez isso antes — seu tom não era muito agradável e não parecia muito amistoso. — Qual é, James, você nunca foi assim.

— É, mas estou sendo assim agora — ele a viu revirando os olhos de novo. — Algum problema?

— Sim, todos os problemas. Parece que eu não te conheço mais, desde que começou a se encontrar com aquelazinha todo dia. E pensar que no início eu imaginei que alguma coisa pudesse acontecer — Vance riu com deboche. — Bem capaz mesmo. Eu sei que você nunca olhara pra ela do jeito que você olha pra mim — ela sorriu.

James, por outro lado, manteve-se sério, ainda processando o que tinha ouvido. Sabia que a namorada não era a maior fã de Evans desde, talvez, o primeiro ano; já tinha a escutado falar coisas muito piores a respeito da ruiva, e arrependia-se de ter concordado, mas agora já tinha arrependimento demais a respeito de coisas ditas sobre e para Evans para que ficasse calado.

— Chega, Emme, não fale assim dela.

— Você vai defendê-la? Sério?

— Vou. Você não a conhece, por isso fala essas coisas, talvez devesse dar uma chance de conhecê-la e ver que ela é mais do que tudo que você e os caras falam.

Ele não teve resposta, a viu sair em passos firmes e se afastar até perder de vista. Parte dele concluiu que, depois daquilo, não tinha mais namorada; não que importasse. Mais tarde naquele dia, enquanto passava pela biblioteca, reconheceu a dona do cabelo ruivo sentada em uma mesa rodeada de livros. James a olhou por um tempo, segurando um impulso de ir até lá, só deixou de ir porque sabia que ela não o trataria melhor do da última vez que se falaram.

Ficou parado ali, com os olhos presos nela pelo tempo que pareceu uma eternidade, até se dar conta de que provavelmente estava fazendo papel de ridículo olhando para dentro da biblioteca. Ainda pensava no que tinha dito e em como precisou ser estúpido o suficiente para dizer aquelas coisas, relembrava o choque no olhar dela e se dar conta, vez após vez, de que era sua culpa causava uma sensação horrível.

James saiu de seus pensamentos nada bons com o celular vibrando. Era Emmeline. Pensou o que ela precisava dizer por mensagem que não pôde dizer há quinze minutos, quando estavam frente a frente.

emmelinevance

espero que vc se divirta com ela james

comigo não vai se divertir mais

cansei

jamespotter

voce ta terminando comigo?

por MENSAGEM?

podia ter falado isso agr pouco ou te faltou coragem?

emmelinevance

tchau jam

ainda podemos ser amigos, vc sabe disso

não sou tao rancorosa assim (:

James não respondeu nada, revirou os olhos e guardou o telefone no bolso. Nunca acreditou que Vance fosse corajosa, mas terminar por mensagens era muito pior do que qualquer coisa que ele pudesse supor sobre a covardia dela. Ao menos podiam continuar amigos, era esplêndido.

Os dias foram se arrastando até chegar a prova de história, para a qual tinha se preparado para a maior parte na presença de Evans. Era estranho, agora, imaginar que aquele que era o tópico de muitas conversas não seria debatido entre eles. Ele a viu entrar na sala, como sempre, sem levantar a cabeça, e sentar em uma carteira distante da dele. Nem ao menos virou o rosto na direção em que estava.

James sorriu para o papel quando viu que muitas das perguntas tinham sido objeto de revisão, análise e estudo por parte deles. Era, talvez, a vez em que se sentia mais confiante ao fazer uma prova desde seu primeiro ano. Mais do que nunca, quis ter qualquer contato visual com a ruiva, nem que fosse apenas para sorrir e ver se ela também percebia as semelhanças com o que tinham visto ao longo de dois meses.

Mas, por mais que olhasse para onde ela estava, tudo que via era alguém concentrado demais no papel à sua frente para dar atenção ao seu redor.

Depois de quase uma hora, enfim tinha terminado. Entregou a prova ao Sr. Binns, que sorria abertamente ao ler por cima as respostas de James. Devia estar orgulhoso da ideia que teve de colocá-lo como aluno de Evans.

— A melhor das sortes para você, Potter.

— Obrigado, professor.

Era a primeira vez, em quatro anos, que ele terminava uma prova antes dela. Sabia que seus amigos ainda levariam muito tempo dentro da sala, procurando meios e métodos de colar, fosse com ajuda do celular ou tentando ver respostas alheias. Portanto, dispunha agora de um tempo livre que nunca antes teve, livre o bastante para esperar que ela saísse da sala, de preferência logo.

Não mais do que dez ou quinze minutos depois, ele a viu sair pela porta. James sorriu ao ver que os olhos dela estavam fixos nele.

— O que achou das questões?

— Boas. Fáceis.

— Você reparou que era muito do que nós estudamos? Algumas eram até idênticas.

— Viu, Potter, como é bom estudar pra uma prova? Você já conhece de antemão o assunto — tentar ser gentil com ela não estava surtindo tanto efeito quanto o esperado. — Tem mais alguma coisa pra falar, ou é só isso?

— Eu acho que já falei tudo há uns dias. Você tem alguma coisa pra me falar ou foi só aquilo? — Evans negou em silêncio. — Certo. Boa sorte no resultado.

— Boa sorte.

≡≡≡

Era, finalmente, o dia dos resultados das provas e, no dia seguinte, o início das inscrições para as bolsas que James tanto queria. Parte de si era um pouco arrogante ao acreditar que se sairia bem, mas consciente o suficiente de creditar seu sucesso à ajuda que teve com Evans nos meses anteriores.

Como esperado, suas notas melhoraram consideravelmente de um trimestre ao outro, colocando-o em uma posição que nunca antes esteve. Não só o Sr. Binns, como outros professores vieram parabenizá-lo e dizer que estavam positivamente surpreendidos com a melhora, não deixando de desejar boa sorte nas bolsas de estudo — era fato conhecido de todos que James concorreria a elas.

Seus amigos também conseguiram passar, embora não tão bem quanto ele, mas pouco importava. O importante de verdade era que, em poucas semanas, estariam livres e com o ensino médio, enfim, concluído. Era uma fase da vida que ele próprio não via a hora de terminar. Poucas coisas James pretendia levar consigo dali, muitas daquelas amizades não estavam inclusas.

O resto do dia passou como um borrão. Antes que pudesse perceber, era hora de se inscrever para as bolsas. James tremia ao preencher o formulário, mesmo que estivesse muito mais confiante do que normalmente estaria.

— Dentro de uma semana, você será informado do resultado — um homem baixinho, que coordenava tudo, o avisou.

— Muito obrigado.

— Boa sorte, Potter — ele ouviu atrás de si. Virou-se e ali estava a pessoa com quem mais desejou conversar desde aquela prova de história. — Tenho certeza que você vai se sair muito bem.

— Graças a você, Evans.

Assim, tão logo começou, a conversa dos dois terminou.

Pela semana seguinte, Lily remoeu porque diabos tinha ido até lá onde ele estava para desejar boa sorte. Como se fosse necessário. Ela sentia que algo a induzia a falar com ele, a ter algum contato de novo, mas sua parte orgulhosa era grande, forte e, bem, orgulhosa demais para deixa-la se prestar a isso. Não podia, nem devia, deixar que as horas que passou chorando fossem por agua abaixo permitindo-se ignorar o que tinha prometido a si mesma: nunca mais falar com James Potter.

Contudo, no dia dos resultados, lá estava ela, quase como se esperasse para saber também. Observava-o à distância, cuidando de seus movimentos, aguardando até o momento em que pudesse se aproximar. Momento este que parecia nunca chegar, fossem os amigos que não o deixavam ou fosse a loira que parecia estar permanentemente grudada ao pescoço dele. Lily não se sentia nem um pouco confortável de estar tão próxima daquelas pessoas.

Quando ele, enfim, ficou sozinho, ela soube que podia ir até lá.

— E aí? Conseguiu, não conseguiu? Eu sabia que ia conseguir.

James, ao invés de responder qualquer coisa, avançou até ela e a puxou para um abraço forte, apertado. Mas, não bastava apenas abraçá-la, ele precisava de mais do que aquilo. Não pensou no que estava fazendo, só no que queria estar fazendo, não se importou caso vissem — o que seria difícil, pois estavam em um local pouco movimentado da escola —, nem ao menos ligou para o que poderiam pensar. A opinião dos outros há meses tinha deixado de ter importância.

Afastou seu corpo do dela por um único segundo antes de colar sua boca à dela e, finalmente, descobrir que os lábios de Lily eram tão macios quanto eram convidativos. Por um momento, hesitou em continuar, mas durou só até sentir que os braços dela rodeavam seu pescoço e suas mãos o traziam para ainda mais perto. Ela correspondia ao beijo com tanta necessidade e urgência quanto ele a beijava.

Deixou que uma de suas mãos descesse até a cintura dela, aniquilando, por fim, qualquer distância que ainda podia existir entre eles, enquanto a outra se perdia nos cabelos ruivos. Beijá-la era como voltar à adolescência, nos anos em que eram os amigos mais próximos um do outro, era um sentimento de certeza, de que era certo e de que deveria ser feito. Sim, deveria ter sido feito há muito tempo.

Separou suas bocas, distribuindo beijos rápidos pela mandíbula, queixo e uma parte do pescoço. A pele clara era tão convidativa que James chegou a cogitar beijar ali com um pouco mais de força. Lily voltou a abraçá-lo forte, apertando seu corpo contra o dele, quase como se pudessem gravarem-se um no outro.

Quando a realidade voltou a atingi-los, nenhum dos dois soube exatamente o que dizer, e como dizer. Ele queria poder falar há quanto tempo tinha vontade de fazer aquilo, como tinha sido bom e, mais uma vez, se desculpar por falar as coisas horríveis que tinha falado. Ela, por outro lado, queria falar que tinha sido bom, muito melhor do que imaginava, que ansiava por aquele momento há meses, e que, sim, o desculpava por tudo; Potter tinha se mostrado uma pessoa melhor do que suas palavras.

— Evans, eu... — ele começou, sem saber direito até onde sua fala iria. — Eu sinto muito por antes.

— Tudo bem, James. Não foi a primeira vez que eu ouvi, e também não será a última.

Ele separou-se dela e sorriu ao ouvir seu nome. Soava tão bem, muito melhor do que o habitual Potter de todo aquele tempo. Viu que ela refletia o sorriso, deixando seu semblante próximo do angelical. Evans era incrível demais para deixar que falassem desse jeito com ela; James ao menos se arrependia, e muito, mas tinha certeza que os outros que falavam coisas parecidas nem ao menos sentiam uma ponta de remorso.

— Nunca deixe que falem assim com você. Entendeu? Nunca.

Lily assentiu sem dizer nada, sorrindo. Tinha os braços ainda rodeando o pescoço dele, sem se dar conta de onde estavam e de que podiam ser vistos. Por Deus do céu, ninguém podia vê-los ali, agarrados daquele jeito, ou diriam coisas muito piores e, de certo modo, com razão. Soltou-se dele quando se deu conta disso por completo, ajeitando parte de sua roupa que tinha sido desalinhada nos minutos anteriores e deu um jeito no cabelo bagunçado. Ele, por outro lado, ainda mantinha a aparência de sempre; ela pensou em retrocesso se Potter sempre parecia ter acabado de beijar alguém.

— Preciso ir, sua namorada logo deve voltar, ou seus amigos. Não acho que eles vão querer me ver aqui.

— Namor...? Ah, Vance. Nós terminamos um pouco depois do treino que você assistiu, há umas semanas.

— Sinto muito — respondeu no automático, porque na realidade não sentia muito coisa nenhuma. Pelo contrário. — Por que ela ainda ficou aqui, grudada em você um tempão?

— Força do hábito, acho. Não me importo, ou pelo menos não me importei até agora — ela não sabia exatamente o que ele quis dizer com aquilo, mas acabou sorrindo em reflexo ao sorriso dele. — Aliás, você estava me monitorando?

— Esperando você ficar sozinho, na verdade. Não quis vir falar com você rodeado de outras pessoas.

— Não é como se você tivesse falado muita coisa — Lily bateu com força no braço dele assim que a frase acabou. — Você sabe que é a verdade.

Ela o beijou de novo, e de novo, e de novo, até se cansar, ou até descobrir que não se cansaria tão fácil dos beijos dele.

≡≡≡

UM ANO DEPOIS

A faculdade não era as mil maravilhas que Lily imaginava, mas também não era tão ruim. A pior parte, com certeza, era passar tanto tempo longe de casa, dos seus pais, de Alice e, acima de tudo, de James. Não podia acreditar na sua sorte — ou na falta dela, a depender do ponto de vista — em, finalmente, ser namorada dele, e ter de ser a vários e vários quilômetros de distância, contentando-se com mensagens de texto e vídeo chamadas.

Quando punha os olhos em James pela tela do computador, só o que pensava era em como podia atravessar aquilo e se materializar diante dele para que pudessem repetir os beijos dos últimos dias de aula e, então, ir adiante com aquilo. Mas, a distância novamente se impunha entre os dois e os forçava a esperar por um encontro que só aconteceria dentro de mais ou menos um mês.

Se já tinham sido capazes de manter a relação à distância por um ano, um mês a mais não podia ser capaz de matá-los

lilyevans

posso te ligar?

jamespotter

agora não posso

já te ligo

desculpa :(

logo mais já to disponível

Lily bufou em frustração, como sempre fazia quando os planos de ligarem um para o outro davam errado. Era em momentos como esse que ela se arrependia amargamente de nunca ter feito nada nos quatro anos em que estudaram juntos, de nunca ter tido uma iniciativa ou tomado a frente na hora de falar. Parte dela sempre esperou que James fizesse o primeiro movimento, mas, no fim das contas, não foi nem um e nem outro.

Precisaram de um homem com idade para ser avô deles para que as coisas, enfim, acontecessem. Desde o dia em que ele recebeu o resultado da bolsa de estudos — aprovadíssimo com louvor! —, história tem sido a matéria preferida de Lily. Sem esta, talvez nunca tivesse o que tinha.

— Tem uma pessoa esperando por você lá embaixo — sua colega de quarto anunciou, só com a cabeça para dentro da porta. Lily revirou os olhos diante da frase, odiando ter que receber visitas estando tão longe de casa.

— Quem é?

— Não sei, mas tenho certeza que é melhor você levantar essa sua bunda daí e ir lá ver — Marlene não era a pessoa mais delicada do mundo, mas Lily aprendeu a conviver com isso, agora até sabia que, na grande maioria das vezes, a intenção não era ser grosseira, como acabava parecendo.

Lily levantou, meio a contragosto, e foi até a entrada de seu dormitório, pensando quem poderia estar a esperando. Seus pais e sua irmã não seriam, até porque nenhum deles tinha comentado nada e ela sabia que não apareceriam ali sem avisar. Alice também não podia ser, já que estava ocupada fazendo a sua própria faculdade, e eternamente entretida no namoro com Frank. Por fim, ela tinha certeza que não era James, afinal, há um minuto atrás tinham combinado de se ver por vídeo.

— Acho que as chamadas de vídeo são muito chatas — ele disse quando a viu no topo da escada. — Surpresa.

Sem pensar direito, Lily correu pelos degraus que faltava e se jogou contra ele em um abraço que poderia levar os dois ao chão. James a abraçou em retorno, beijando qualquer parte do corpo dela que pudesse encostar, respirou fundo o perfume adocicado que ela sempre usava e gravou na memória aquele cheiro, agora como seu preferido.

Ela tocou no rosto e corpo dele, como se a qualquer momento pudesse desaparecer e aquilo não ser nada além de fruto da sua imaginação. Lily sorria, tão abertamente quanto era possível, ao se dar conta de que sim, ele estava ali e era real, não era mais um dos vários sonhos em que ela se via vivendo aquele exato momento.

— Senti saudades — conseguiu falar antes de beijá-lo com toda urgência que a situação exigia. Não se importou que outros alunos estivessem passando e nem que fossem vistos, ela queria mais era que fossem mesmo; queria mostrar a todos o quão feliz estava e desfrutar dessa felicidade tanto quanto fosse possível. — Por que não me avisou que vinha? — perguntou assim que se separaram.

— Não quis te deixar ansiosa ou coisa assim. Minhas aulas acabaram mais cedo, então resolvi vir até aqui ficar com você uns dias antes das suas férias.

— Você devia ter me dito. Eu tava louca pra te ver, falar com você e você “ocupado” — ela disse fazendo aspas.

— Posso ir embora, se você quiser.

— Não! — Lily gritou, atraindo atenção de alguns outros alunos. — Não — agora falava mais baixo —, fica aqui. Daremos um jeito, e você pode ficar no meu quarto. Até parece que Marlene iria se importar de dormir com Sirius, de qualquer modo. Ela já passa a maioria das noites lá mesmo.

— Ótimo, porque eu não quero dividir o quarto com ninguém além de você — ela o encarou séria ao ouvir aquilo. Era a primeira vez em que ele fazia qualquer menção daquele tipo e não soube o que, nem como, responder. — Calma. Eu só vou fazer alguma coisa, qualquer coisa, se você quiser.

— Mas eu quero — a resposta o deixou desconcertado, fazendo-a rir. — É sério, eu quero e quero logo.

James concordou e não disse mais nada. Voltou a passar os braços ao redor dele, trazendo-o para si de novo. Queria poder morar naquele abraço e não sair nunca mais. Parecia certo que ficassem daquele jeito, juntos, qualquer que fosse a hora ou lugar, contanto que não estivessem separados. Ele beijou o topo da cabeça ruiva dela, murmurando de novo que sentiu saudades.

Naquela noite, Marlene foi despachada para outro quarto — nem ao menos reclamou—, mas não sem antes fazer uma série de comentários nada discretos a respeito de James. Os dois ficaram sozinhos pela primeira vez em muito tempo e, se dependesse deles, ficariam daquele jeito por muito mais tempo. Lily aconchegou-se perto dele, beijando-o pelo rosto e pescoço, enquanto tinha uma parte de sua própria pele beijada.

Momentos como aquele eram bons, muito melhores do que ela podia ter sonhado algum dia.

— Você tem certeza disso? — James perguntou, quebrando a trilha de beijos.

— Absoluta.

— Eu te amo — disse, sorrindo. Ela o encarou sem saber o que responder e, olhando-o nos olhos, soube que não precisava dizer nada em resposta. Não naquela hora.

Lily sabia que também o amava, só não sabia desde quando.


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Notas finais do capítulo

comentem o que acharam ahahha, até um simples "gostei" já vale muito ♡ aproveitei que era pra ser clichê e fiz ser clichêzão mesmoooo ahahaha

a quem possa interessar, tenho algumas outras jilys postadas, podem se sentir livres para visitarem hehehe

próximo casal é blackinnon, que eu descobri que amo tanto quanto jily rs

até o próximo!

meu tt caso queiram interagir @thisissrenata [só avisar que seguiu pra eu seguir de volta]