Clichê escrita por Day


Capítulo 1
I dont need you as much as you need me - jily


Notas iniciais do capítulo

oláaa!!! faz mais de três anos que eu nem entro no nyah, mas, num surto eu pensei nesse plot, de escrever justamente clichês que todos conhecem, fiz edição de capa e os aesthetics e, voilà, nasceu essa fanfic.

eu espero muito muito que gostem, pois eu simplesmente amei escrever o que já tenho feito até agora.

falando sobre o capítulo, comecei com meu casal preferido do mundo e aquele clichê que todo mundo ama odiar hahaha
me empolguei um pouco e o resultado foi mais de 10 mil palavras, então achei prudente dividir em dois pra leitura não ficar tão cansativa.

escrever esse capítulo foi quase um parto, passei o dia inteiro nele e um outro dia todo revisando, espero não ter deixado nada passar hahaha

as pessoas no aesthetic são de fotos aleatórias que eu achei, mas, caso conheçam, por favor falem o nome, pois são a Lily e o James perfeitos!!!!

é isso. boa leitura ♡

PS: nas falas e, principalmente, nas mensagens, eu usei o português comum, ignorando toda a formalidade. os erros nessas partes são propositais.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/792978/chapter/1

Lily estava quase terminando de guardar o material quando ouviu seu nome ser chamado pelo professor. Não fazia ideia do que ele poderia querer com ela, afinal, nunca tinha feito nada de errado na disciplina por todos os quatro anos de ensino médio até ali — pelo contrário, ela era destaque positivo em quase todas as matérias, à exceção, talvez, de matemática.

— Sim? — ela respondeu assim que se aproximou do Sr. Binns.

Sr. Binns era professor de história. Não muito legal ou descolado, mas Lily gostava dele mesmo assim, entendia toda sua aula, ia bem nas provas e era uma das poucas que riam das piadas dele. Talvez seu apreço por Binns e por História, de modo geral, deva-se ao interesse quase imensurável que ela nutria pelo assunto, desde muito nova.

— Receio ter de lhe pedir isso, mas não me ocorre nenhuma outra pessoa que, além de poder se disponibilizar, queira aceitar meu pedido — a resposta era, como tudo o que ele falava, quase um enigma. Frases longas, cheias de pausa e com palavras difíceis que, no fim, tinham um significado simplório. — Creio que esteja familiarizada com James Potter, seu colega nas minhas aulas?

— Sim, estou — Lily conhecia James Potter desde que era muito mais nova, tendo até sido amigos na infância e começo da adolescência. Mas, anos se passaram, os dois cresceram e hoje não podiam ser mais diferentes. — O que tem ele?

— Chegou ao meu conhecimento que Potter esteja interessado em concorrer a bolsas de estudos nas universidades, bolsas para atleta, suponho — suposição com grandes chances de estarem corretas dado o fato de Potter ser jogador no time do colégio. — Contudo, não se consegue tais bolsas sem que se tenhas boas notas, e as dele são... como posso dizer? Péssimas — Lily ergueu a sobrancelha diante daquela frase, expressando toda sua dúvida. — Bom, é aí que você entra, Evans.

— Desculpe?

— Meu pedido é que, se possível, você assessore Potter nos estudos durante o último trimestre do ano. Caso queira, é claro. Só estou lhe pedindo isso, pois sei que é a melhor da turma, ao menos na minha disciplina, e creio que fará um bom trabalho com o garoto.

— Eu... eu vou pensar, professor. Obrigada pela confiança.

— Me dê o retorno até hoje no fim das aulas, ou, no mais tardar, amanhã.

— Certo.

Lily deixou a sala incrédula, repassando mentalmente tudo o que acabara de ouvir. Não conseguia se imaginar sendo tutora, professora particular, ou o que fosse, de James Potter, não da atual versão dele. Mas, não podia negar que gostava do fato de ter sido tão ampla e abertamente elogiada pelo professor, elogios que certamente inflaram um pouco de seu ego.

Assim que chegou ao corredor principal, pôde ver ao longe Potter e seus colegas de time, rindo despreocupados e ele, com toda certeza, sem nem ter ideia de ter sido assunto principal da conversa recente. Lily permitiu-se olhar para ele por um tempo, coisa que há muito não fazia mais, e considerou pela primeira vez aceitar o pedido do Sr. Binns. Não podia ser de todo ruim.

Ou podia.

Potter era o típico, típico, garoto popular de ensino médio. Capitão do time de futebol da escola, namorado da capitã das líderes de torcida, rico e conhecido, muito bom em tudo que fazia, exceto, talvez, estudar. Já tinha deixado de ser o garoto estranho e desengonçado que fora vizinho de Lily dos seis aos treze anos; agora, ostentava porte de atleta e cabelos revoltosos, mas ainda se mantinha com os óculos redondos que ela sempre achou fofo.

Desde que se mudara, há quase cinco anos, nenhum dos dois manteve qualquer contato, e ele parecia ter levado a sério a distância a ponto de fingir que não conhecia Lily quando a viu de novo no primeiro dia do primeiro ano. Se ele quis assim, nada restou a ela se não acatar e agir da mesma forma.

Até, aparentemente, agora.

Pelo resto da manhã, Lily revisou prós e contras de aceitar o pedido, tentando se manter o mais neutra possível, embora falhasse algumas vezes. Não podia deixar de pender para o lado positivo em alguns momentos, tampouco para o negativo. Ganharia créditos com Binns — mais créditos, na verdade —, poderia praticar sua habilidade de ensinar, considerando a vontade que tinha de ser professora, e talvez tivesse a chance de saber o que aconteceu para Potter mudar tão radicalmente o tratamento com ela.

Este último motivo, em particular, era, também, a principal razão para recusar aquilo. Talvez, no fundo, ela não quisesse saber o que aconteceu; além, claro, de lidar com o estrelismo dele, ser obrigada a passar momentos a sós com a versão estranha de seu antigo amigo, e, por tabela, ter de interagir com os demais jogadores do time, e a namorada perfeita que Potter tinha.

— Alice, o que eu faço? — Lily tinha jogado a bomba no colo de sua amiga, esperando que ela fizesse a decisão. Alice Fawcett era a pessoa mais racional que Lily conhecia e, por estar alheia às informações sobre a antiga amizade em questão, podia chegar a uma conclusão muito melhor. — Claro que seria bom, eu como professora, ia ver se realmente quero seguir nisso, mas.... amiga, ele é... ele.

— Lily, eu acho que você devia aceitar — a resposta foi direta, muito mais direta do que ela esperava. — Não só por você poder praticar e tal, mas por ele também, por mais insuportável que seja. Eu te conheço bem o bastante pra saber que você amaria fazer a diferença na vida de alguém.

— Argh! Às vees eu odeio o fato de você me conhecer bem o bastante — bufou ela. — Certo, tudo bem, tudo bem. Vou falar com Sr. Binns e, depois, com Potter — revirou os olhos ao dizer o nome dele. — Beijos, Al.

— Beijos, Lil.

A caminho do escritório do Sr. Binns, Lily teve o (des)prazer de encontrar com ninguém mais, ninguém menos do que o próprio James Potter, razão de sua atual frustração. Embora estivesse pensando nele, por razões muito diferentes das que faziam o restante das garotas também pensar nele, não se deu ao trabalho de cumprimenta-lo. Deixou que ele passasse com sua trupe, e com a namorada agarrada ao seu pescoço, antes de continuar seu trajeto.

Ela não podia acreditar no que estava prestes a fazer, não depois de ter mais uma amostra do quão irresponsável e inconsequente era o comportamento de seu futuro aluno, não depois de ter quase sido atropelada por ele e nem ao menos receber um pedido de desculpa, não depois de confirmar de novo que aquele não era o Potter que tinha conhecido na infância.

Prestes a dar meia volta e ir embora para longe dali, ouviu a voz do professor a chamar pela segunda vez no dia. Ele tinha uma clara expressão de ansiedade e expectativa, o que a fez decidir, de uma vez por todas, aceitar. Não podia lidar com o fato de ser a causadora de uma frustração em alguém.

— E então, o que me diz?

— Eu aceito, Sr. Binns — sua voz saiu em quase um sussurro, tamanha descrença que tinha no que estava falando.

— Muito bem, Evans, muito bem. Fica a seu encargo organizar a tutoria, mas peço que tente alcançar algum bom resultado antes do fim de maio, pois as submissões a bolsas começam em meados de junho.

— Tudo bem, professor. Vou falar com ele agora mesmo.

Lá estava ela, seguindo para onde o tinha visto ir há poucos minutos. Podia ouvir as risadas e as vozes exaltadas deles de longe, o que não dificultava em nada a missão de encontra-los. O problema, afinal de contas, não era achá-los, e sim abordar o capitão do time e dizer que era responsabilidade dela melhorar as notas dele para que ele conseguisse entrar na faculdade.

Por um momento, passou-lhe pala cabeça se iria conseguir. E se desse errado? Se o esforço que precisaria fazer não fosse suficiente? Se ele continuasse com notas ruins até maio? Lily não conseguiria viver com o fardo de que falhara na missão. Uma voz na sua cabeça sussurrou que já estaria falhando se nem ao menos fosse falar com ele.

Apertando as próprias mãos, caminhou vacilante até a mesa onde o time estava. Potter estava sentado mais ao alto, em sua costumeira posição de destaque, abraçado à namorada e rodeado dos demais jogadores. Estavam todos tão imersos na conversa que não notaram a aproximação de Lily.

— Hm, Potter, oi, posso falar com você? — perguntou, sentindo todo o sangue de seu corpo subir à cabeça e provavelmente deixando-a tão vermelha quanto seu cabelo. Ele assentiu, sem dizer nada. — A sós.

Ela reparou que a namorada dele não gostou muito do que disse e revirou os olhos em desaprovação. Antes de se soltar do pescoço de Potter, fez questão de beijá-lo com toda a empolgação — mesmo que pouca — que o ambiente permitia.

— Calma, Emme, não vai acontecer nada — ele respondeu, indicando Lily com a cabeça. Desceu da mesa e caminharam juntos até um canto mais afastado. — O que você quer, Evans?

Definitivamente não era a pessoa que ela tinha conhecido um dia.

— Hoje mais cedo, o Sr. Binns me falou que você quer concorrer a umas bolsas de estudo pra atleta e tudo mais — ele concordou —, ele também falou que suas notas não, hm, não estão nada boas.

— Bom, se minhas notas estão boas ou não, não é da sua conta, certo?

— Certo — ela respondeu firme, de fato concordando completamente com a frase. — Na verdade, ele me pediu para te ajudar. A melhorar, sabe. Suas notas. Se você quiser. As bolsas de estudo.

— Ah, é? Engraçado, aquele velho. E o que você pensou sobre?

— Eu aceitei te ajudar. Ele disse que o prazo é até final de maio porque a inscrição para as bolsas é em junho, algo assim. Então, se você quiser a minha ajuda, é só falar que marcamos. Podemos estudar aqui, na biblioteca, ou, enfim, outro lugar, você que sabe.

— Três meses, huh? — Lily concordou. — É esse meu prazo pra conseguir uma faculdade?

— Aparentemente sim.

— E não adianta contrariar o Binns?

— Não, acho que não — viu que ele rolou os olhos com sua resposta, dando-se por vencido.

— Pega isso aqui — ele tirou um pedaço de papel e caneta do bolso, coisa que ela nem sonhou que teria, e escreveu alguma coisa — e me manda mensagem pra gente, hm, ver direito isso aí. Tchau, Evans.

— Tchau, Potter — murmurou para as costas dele, que já voltava à mesa com os amigos. No papel, tinha um número de telefone anotado de mau jeito, embora ainda desse para ler.

Pelo resto daquele dia, pensou quando, ou se, mandaria mensagem para ele, que pareceu bem menos resistente à ideia do que ela tinha pensado de início. No entanto, nada descartava a possibilidade de Potter realmente estar resistente à ideia e ter dado o número apenas para que acabasse logo. Não seria nenhuma surpresa, de qualquer modo.

Assim que chegou em casa, jogou a mochila sobre a cama e, mais uma vez, encarou o pedaço de papel com o número de telefone. Hesitou algumas vezes, repassando de novo uma lista mental de prós e contras — desnecessária àquela altura, uma vez que já tinha aceitado o pedido do professor e, bem ou mal, estava vinculada ao que se propôs a fazer.

Ah, foda-se, pensou, não sou eu quem precisa de notas melhores.

Decidiu por mandar a tal da mensagem. Se ele aceitasse, bem; se não, amém, a bolsa de estudos dela já estava garantida.

lilyevans

oi james, é a lily...

Ela apagou, parecia informal demais. Há anos não o chamava de James, então qual a razão de chamá-lo assim, agora, por uma mensagem de texto? Começou a digitar de novo.

lilyevans

Oi, Potter. É a Lily. Alguma ideia de como orquestrar isso? Me avise. Até.

Pronto. Agora parecia muito melhor, mesmo que muito formal. Deixou o celular na cama e foi tomar banho, não esperando que alguma possível resposta viesse em tempo curto. Tanto não esperou que foi grande sua surpresa quando viu o nome de James Potter brilhando na sua tela.

Pensou consigo mesma que nunca, desde que voltara a conviver com ele, achou que veria o nome de Potter na tela do seu celular.

jamespotter

e aí evans. nao sei bem o que vc tem em mente p isso

acho que podemos começar depois das aulas. oq acha?

Ela mal pôde crer que tinha escrito tudo do jeito mais correto possível para receber aquilo como resposta. Não tinha porque estar surpresa, não era como se ele fosse mais culto por uma mensagem do que já era pessoalmente.

lilyevans

Acho uma boa ideia, só me fala quando quiser começar. E também onde, pensei na escola ou outro lugar, infelizmente na minha casa não dá.

jamespotter

se tiver afim tem como ser ainda hoje aqui em casa, não tem problema ser aqui, pode ser?

qualquer coisa posso te dar uma carona daqui uma hora mais ou menos

lilyevans

Ok.

Lily não acreditou que tinha acabado de concordar em ir até a casa de Potter depois de todos aqueles anos sem qualquer contato. Parecia quase surreal que isso estivesse acontecendo, mas lá estava ela: arrumando-se para, sim, ir à casa de James Potter. Pelo tempo em que o esperou, pensou como seria rever os pais dele de novo, se deveria cumprimentá-los como a realidade — de que os conhecia — ou se deveria interpretar a esquecida e ser apresentada a eles de novo.

Era o tipo de coisa que só saberia no momento. Se, por acaso, os visse.

Avisou aos seus pais onde iria e o que iria fazer, recebendo respostas positivas. Eles sempre gostaram dos Potter, e sentiram sua partida quando se mudaram; muito provavelmente estavam animados em saber que a filha estaria se aproximando de novo do filho deles — só não precisavam saber as circunstâncias de tal reaproximação, e ela não quis ser a responsável em avisar.

Recebeu mais uma mensagem de Potter, perguntando seu endereço e, depois de passar, esperou por ele. Sabia que tinha um carro, afinal, dinheiro não lhe faltava, mas ela nunca nem imaginou que, um dia, estaria no tal carro. Minutos depois, lá estava ele, parado à frente de sua casa, em um modelo esportivo preto novo e, com certeza, caro. Lily respirou fundo, alcançando sua bolsa com livros e cadernos, e caminhou até lá.

— Fique à vontade.

— Obrigada.

O caminho foi silencioso, preenchido apenas pela música que tocava em uma rádio qualquer. Nenhum dos dois ousou dizer nada, não porque não queriam, mas porque não faziam ideia do que falar. Lily imaginou se ele tinha se lembrado que aquela casa onde a tinha buscado era a mesma da qual tinha sido vizinho, ou ainda se tinha reconhecido a própria casa onde morou, a poucas quadras de distância. Pensou apenas, não falou nada.

Ela constatou que os Potter tinham se mudado para um lugar melhor assim que chegou à atual casa dele. Maior, mais espaçosa e, definitivamente, melhor. Lily olhou admirada a construção de dois andares e pensou consigo mesma quais as chances de, nos fundos, ter uma piscina. Grandes, muito grandes.

Ele saiu primeiro, chamando-a para segui-lo. Andaram em silêncio de novo, até que tivessem entrado.

A sala de estar era ampla e arejada, com móveis em cores claras, que combinavam com o tom pastel das paredes. Ao lado da televisão, Lily notou, havia alguns porta-retratos com fotos de família; ela pensou se tinha alguma foto dele ali do tempo em que moraram próximos. Permitiu-se olhar ao redor, chegando a girar nos próprios pés para ver tudo em 360 graus. Quando voltou a vê-lo, não deixou de notar que ele tinha um sorriso presunçoso, consciente do lugar em que morava.

— Meus pais ainda estão trabalhando, sempre chegam tarde. Teremos um ambiente calmo até lá.

— Tudo bem. Eles lembram de mim? — Lily se arrependeu no exato segundo de ter dito o que disse, quando viu o olhar de Potter.

— Hm, não sei, mas acho que sim. Por quê?

— Nada — sua resposta não parecia tão segura quanto deveria ser. Por um tempo, ficaram se encarando até que ela achou a situação toda insustentável. Limpou a garganta antes de voltar a falar: — Então, onde quer fazer isso?

— Lá fora, é melhor.

As grandes chances que ela pensou se concretizaram. A piscina que tinha nos fundos era enorme, com a água cristalina, acompanhada de algumas espreguiçadeiras e uma pequena — Lily supôs que fosse uma — hidromassagem. Pelos céus, era a casa mais chique em que já tinha posto os pés. Imaginou se algum dia na vida teria a chance de morar em um lugar como aquele.

Sentou-se em uma das mesas dispostas na área e organizou o material que havia levado. Torceu para ter se lembrado de pegar tudo que precisaria, desde as canetas até os livros e suas anotações das aulas. Pela primeira vez desde a manhã, se deu conta de que não fazia a menor ideia de como conduzir aquilo tudo, afinal, não era a mesma coisa do que fazer uma revisão antes de uma prova; meio que dependia dela o sucesso de Potter para ingressar na faculdade.

Dar-se conta disso colocou um peso enorme sobre seus ombros.

Foi tirada de seus pensamentos pelo copo de água colocado à sua frente e Potter, agora sentado do seu lado.

— Se quiser beber outra coisa é só falar.

— Água tá ótimo — respondeu, dando um gole na bebida. — Pensei em começarmos com história, já que é a matéria do Sr. Binns e ele me pediu isso e tudo mais. Estamos vendo sobre a Segunda Guerra Mundial, o que você sabe sobre o tema?

— O Holocausto — ela concordou. — Hitler e tudo mais. Muitos judeus morreram. Foi na Alemanha. Auschwitz, não é, o campo?

— Isso — Lily não esperava grandes respostas, não mais do que aquela. — Na verdade, foi bem mais do que isso, embora o que você disse seja o principal. Ah, e Auschwitz é na Polônia, mas entendi seu raciocínio. Vamos repassar desde o começo usando minhas anotações, e você deve perguntar se tiver qualquer dúvida, entendeu?

— Entendido, Evans.

≡≡≡

Já faziam quase duas horas que eles estavam estudando. Estudando. James não podia crer nisso. Não era sua atividade favorita, mas ele precisava admitir: ela era boa. Explicava bem, de maneira clara e conseguia fazê-lo entender com muito mais rapidez e facilidade do que o decrépito do Binns jamais conseguiria.

Precisava admitir que, quando a viu vindo em sua direção, jamais imaginou que seria para aquilo. Não era como se tivesse pensado que seria para outra coisa qualquer, já que há anos não se falavam. Evans conseguia sempre boas notas, focada nos estudos e dedicada em tudo fora da sala de aula a que se dedicava. Era de se esperar que os caminhos deles se afastassem.

Enquanto ela colecionava glórias acadêmicas, ele colecionava vitórias no campo. Nunca foi segredo seu agrado pelos esportes, em especial pelo futebol. Por isso, lá atrás quando ainda estava no primeiro ano, inscreveu-se para o time e, secretamente, nem ficou surpreso ao ter sido escolhido. Jogo após jogo, foi recebendo cada vez mais destaque até se tornar o capitão que era atualmente.

A posição, claro, vinha com prêmios além das próprias vitórias em si. Tivera sua cota de casos, algumas noites sem compromisso, até seu caminho cruzar com Emmeline Vance. Líder de torcida, loira, corpo bem definido, linda. Era o certo que os dois namorassem, fossem o casal modelo para a escola, que fizessem sucesso nas competições. E foi exatamente o que aconteceu. Há quase um ano, estava preso — para usar a palavra certa — no seu namoro com Vance, namoro este que há um tempo deixara de ser bom. O que era um segredo absoluto.

O que mais o assustava não era o fato de Binns ter pedido à Evans que o ajudasse — na verdade, nem o surpreendia, dados todos os fatos —, tampouco era que ela tivesse aceitado, sendo que era a pessoa mais educada e prestativa que ele conhecia — ou, pelo menos, a versão dela que ele lembrava. O que mais o deixava desconcertado era como as coisas estavam indo surpreendentemente bem entre eles.

Era uma surpresa boa se dar tão bem com Evans, mesmo depois de anos, mesmo que de início ela tenha se retraído. Depois de quase uma hora, já até conseguiam fazer piadas. Por um momento, era como se não tivesse passado tempo nenhum.

— Potter, atenção, por favor — ela pedia depois de terem rido de alguma coisa que ele disse. Seu rosto ficou sério de repente, os olhos fixos nele. Lily Evans não era, como diziam, alguém desagradável, muito pelo contrário. Ele só não podia admitir isso em voz alta. — Qual foi uma das justificativas mais fortes para a Segunda Guerra, além do ideal suprematista de Hitler?

James a encarou sem dizer nada, preso no verde dos olhos dela. Sorriu de lado ao perceber que suas bochechas adquiriam um tom avermelhado, pelo tempo em que foi observada.

— Potter!

— Desculpa, qual a pergunta? — ela repetiu, visivelmente de mau grado, lembrando-o que tinham visto isso há poucos minutos. — Hm, ok, além do ideal do doente do Hitler, foi a caçada a comunistas, certo?

— Certo! — Evans levantou a mão e bateu na dele, em comemoração. Parecia feliz, e ele esperava que estivesse.

Antes que pudessem voltar a ler e debater o que quer que fosse sobre a Segunda Guerra, ele sentiu seu celular vibrar com alguma mensagem. Xingou mentalmente quem o interrompia naquele momento e, sem se surpreender, viu o nome de Emmeline Vance na tela.

emmelinevance

mozi onde vc ta? sdds, faz mais de uma hora que vc não pega esse celular

jamespotter

ocupado. falo com vc depois. bj

— Algo importante?

— Não — ele respondeu, deixando o celular longe. — Você tem hora pra ir embora?

Era a primeira vez que se davam conta que já não era dia, o sol estava perto de desaparecer por completo e a noite assumir sua posição. Tinham estado ali por tempo suficiente para perder a noção do tempo.

— Na verdade, não, mas não acho que devo voltar muito tarde, meus pais podem achar ruim.

— Tudo bem. Se quiser, podemos ir agora, não acho que vou absorver mais nada hoje.

— Certo.

Diferente da ida, na volta eles conversaram bastante. Era muito mais fácil conversar com ela do que ele jamais podia ter imaginado, desconsiderando a versão mais nova de Evans que tinha conhecido. Em sua mente, era nítido que pessoas mudavam, e as chances de ela ter mudado também eram grandes. Acontece que, diferente de seu pensamento, Lily Evans mantinha-se a mesma. E isso era bom.

Quando chegou à casa dela, viu que os pais pareciam espera-la do lado de fora e, por um segundo, não soube se deveria descer e dizer oi ou apenas acenar de dentro do carro. Evans o olhou e, sem falar nada, o convidou para descer também.

— James! Quanto tempo, como você cresceu, garoto! — Amy Evans, mãe de Lily, deliberadamente o abraçou, sem qualquer cerimônia.

— Oi, Sra. Evans, como vai? — ele respondeu um tanto sem graça, antes de cumprimentar o pai dela. — Sr. Evans, tudo bem?

— Claro, claro. Quer entrar, ficar para o jantar? — Thomas Evans deveria ser o homem mais generoso que James já conhecera, além, claro, de ser a versão masculina de sua filha mais nova, com os mesmos cabelos vermelhos e olhos verdes. O convite era quase irrecusável, e assim seria se ele não sentisse o celular vibrando, de novo, com o que provavelmente eram novas mensagens de sua — tão insistente, ciumenta e possessiva — namorada.

— Hoje não, talvez na próxima. Obrigado, Sr. Evans.

Despediu-se de todos com um aceno e voltou para o carro. Alcançou o telefone, já preparado para a enxurrada de mensagens que o esperava.

emmelinevance

alô? esqueceu de mim?

jam? cadê vc amor?

me responde james potter onde vc ta

com quem vc ta? é aquela nerdzinha?

puta que pariu james cadê vc

infernooooo

jamespotter

oi!!!! tava estudando até agora, acredita?

já to indo pra casa, se quiser passa lá hahaha

emmelinevance

INDO pra casa? onde diabos vc tá?

jamespotter

dei uma carona pra Evans até a casa dela mas ja to voltando

te espero lá baby. bj

Talvez ele se sentisse culpado de pensar o que pensava de Emmeline para, em seguida, chama-la para sua casa. Mas, se ela fosse, era uma certeza de que transariam e era só o que James precisava naquele momento. Sabia que, assim que Vance pusesse os pés em sua sala de estar, teria de explicar tudo o que fizera desde o término das aulas naquele dia, sabia que ela perguntaria a mesma coisa diversas vezes e de diversas maneiras diferentes para ter certeza de que não mentiria e muitas outras coisas.

O ciúme dela começava a sufocar James de uma maneira que há tempos já não sufocava. No início, achava estranha a obsessão da namorada, mas permitiu-se acostumar, até que, nos últimos tempos, passou a ver tudo com maus olhos de novo. O motivo pelo qual ela desconfiava mortalmente dele ainda permanecia desconhecido.

≡≡≡

— Quem é aquele gostoso que veio te trazer aqui? — Lily quase caiu para trás tamanho o susto que sua irmã lhe deu assim que abriu a porta do quarto. — Nunca imaginei que caras assim te trariam até em casa.

— Petunia, pelo amor de Deus! Era James, James Potter, que foi nosso vizinho há um tempo, lembra dele?

— Lembro... lembro sim. Um magricela de óculos. Estou genuinamente chocada que tenha crescido e ficado daquele jeito. Se soubesse, teria sido mais legal com ele antes.

— Ah, me poupe dos seus comentários — tudo o que Lily não precisava era sua irmã babando por Potter, só seria mais uma a entrar para o clube de fãs dele. Clube este que ela nunca entrou e esperava nunca entrar.

Deixou suas coisas sobre a cama e tomou um banho longo e, de preferência, gelado. Queria que a baixa temperatura da água batesse contra seu corpo e retesasse seus músculos, forçando-os a relaxar. Ficou sob o chuveiro tempo suficiente para repassar todo seu dia, desde a proposta do Sr. Binns, o tom firme de Alice, o momento nada bom em que deixou Potter saber de sua jornada e, finalmente, as horas em sua casa.

Primeiramente, nunca achou que teria qualquer conversa particular com ele de novo, mas, mesmo se tivesse, também nunca achou que seria tão boa quanto tinha sido. Pensou sozinha o porquê de terem se afastado naqueles anos, do porquê não podiam ter continuado amigos, como tudo era. Imaginou como seria seu ensino médio se, ao invés de ser quase invisível para ele, fosse alguém realmente próxima. E se ela ocupasse o posto que, hoje, era de Emmeline Vance?

Não! Não, não, não. Não tinha motivo para pensar essas coisas, não podia se deixar levar por uma ilusão dessa, nem ao menos existia a menor chance de acontecer. Lily precisava focar no que era real, no que podia acontecer. No que iria acontecer, ela e Potter, no dia seguinte, por mais um tempo sozinhos, estudando alguma outra coisa que o ajudasse.

Saiu do banho, não demorando para vestir seu pijama. Precisava pensar no que faria depois, organizar sua mente, suas coisas e sua rotina, agora que tinha um aluno para ensinar. Seu tempo livre já não era grande, e agora parecia reduzido a quase nada. Montou uma pequena tabela com horários, matérias e conteúdos, e dividiu o tempo que tinham entre revisar e praticar. Parecia perfeitamente adequado.

lilyevans

Oi. Organizei nosso tempo e conteúdos, vou te mandar pra você acompanhar também.

Pensei de usarmos de duas horas por dia, acho que é um tempo bom e suficiente.

PLANEJAMENTO.DOCX

jamespotter

uauuuuu!! parabéns pela organização, ficou mt bom

desculpa não ter ficado hoje, precisei voltar pra resolver umas coisas p meus pais

na próxima prometo que fico hahaha

lilyevans

Tudo bem.

— Eu não esperava que você ficasse mesmo — ela disse para o celular, sem digitar aquelas palavras.

Lily não sabia por que, mas tinha uma boa sensação quando entrou na escola no dia seguinte. Não esperava que seu dia fosse ser diferente do que eram todos os outros, mas algo dentro de si parecia levá-la para o lado onde jazia os pensamentos mais positivos. Procurou pelos corredores por Alice, encontrando-a, sem qualquer surpresa, agarrada ao namorado, Frank. Ele era um bom garoto, inteligente, dedicado, estudioso e, sobretudo, completamente apaixonado por sua amiga.

As duas conversaram brevemente antes de iniciar as aulas, Alice desejando todos os detalhes do dia anterior, o que Lily nem ousou em negar. Omitiu, apenas, o convite frustrado de seu pai para que Potter ficasse para jantar — não que ela acreditasse que, em alguma realidade, ele ficaria.

Os primeiros horários correram mais rápido do que normalmente corriam e, antes do que imaginavam, estavam livres para o intervalo. Seria o caos e inferno de sempre. O time de futebol ocupando boa parte do refeitório, acompanhados das líderes de torcida, espalhando-se em várias mesas, conversando alto e rindo como se não houvesse mais uma viva alma ali além deles.

Ela odiava com todas as suas forças ter que dividir qualquer ambiente com os jogadores, à exceção, talvez, do dia anterior, quando Potter se comportou muito melhor em duas horas do que em todos os anos do ensino médio.

Como se pudesse atrair o que pensava, viu-o sentando não muito longe de onde estava. Baixou os olhos para o que comia, dando mais atenção à amiga sentada ao seu lado do que para o capitão do time à sua frente. Não esperava que ele fosse falar ou fazer qualquer coisa, e não estava disposta a ter qualquer interação com ele além do que era necessário. Também, não esperava que ali, na frente de seus amigos e admiradores, ele fosse correspondê-la.

— Ele tá te olhando — Alice falou, de repente, fazendo-a olhar para onde ele estava. Sim, James Potter a estava olhando, e sorriu ao ver que ela olhava de volta. Lily também sorriu. E só. — Quando vão se encontrar de novo?

— Hoje, na biblioteca depois da aula.

— Por que lá, e não na casa dele?

— Porque lá é onde se deve estudar, Al. Só fui até a casa dele ontem porque ele decidiu de última hora que seria bom começarmos ontem. E mais, aqui temos todos os livros que podemos precisar, o que é a maior e melhor vantagem nessa situação.

— Você sabe que vai pro céu por ajudar alguém como ele, não sabe? — Lily riu do tom debochado da amiga. — É sério, ele e os coleguinhas de time devem ter um QI, somado, de pouco mais de 150, e não é tão longe assim da média para uma pessoa! Aposto como só pensam naquela bola idiota e meios de fazê-la chegar até o outro lado do campo, sem contar essas lambisgoias que ficam rondando eles — o tom de Alice ia subindo a cada frase, genuinamente irritada com o que dizia.

— Amiga, fica calma. Eu sei que vou pro céu, relaxa, não precisa falar tudo isso.

— Desculpa, só quis desabafar tudo que eu penso.

Lily riu de novo, abraçando-a sem dizer mais nada. Era compreensível a raiva que Alice sentia, com motivos muito bem estruturados e dos quais ela própria compartilhava um pouco.

≡≡≡

DOIS MESES DEPOIS

Faltava pouco tempo para que o prazo de Evans com James acabasse, e ele começava a ficar nervoso com aquilo. Mesmo que no começo não tenha levado muito a sério, não tenha colocado fé de que daria certo, agora podia dizer que não podia ter estado mais errado. Lily Evans era uma professora muito boa, com uma paciência quase sobre-humana e uma inteligência definitivamente fora do comum.

Há semanas que se reuniam, diariamente, na biblioteca por duas horas após o fim das aulas. Algumas vezes ele até cogitou estar gostando daquelas horas, de estar estudando, mas, sobretudo, de passa-las na companhia da ruiva. Até mesmo os treinos do time ele reagendou, deixando sempre para os horários mais tardios, de modo que não os atrapalhasse.

Para todos, era só dedicação para conseguir uma boa bolsa que o colocasse em uma boa universidade com um bom programa esportivo. Até James acreditou naquilo, nos primeiros dias e não mais. Passou a gostar de ter Evans por perto, de ouvir a voz dela, sentir o perfume adocicado que usava, de ver como estreitava os olhos quando estava concentrada em alguma coisa.

Era preocupante, em certo grau, sentir tudo isso por ela, quando não sentia por Emmeline. Emmeline que, há dias, parecia ter esquecido que namoravam; não ligava, não mandava mensagem, era evasiva e furtiva quando estavam juntos e, por vezes, até mesmo recusava qualquer contato físico que ele oferecia. Era mais do que estranho, era definitivamente preocupante, levando em conta o comportamento que ela normalmente tinha.

Mas, James não parecia disposto a dar atenção para isso, não quando teria prova de história em alguns dias e, agora, parecia mais necessário do que nunca que se encontrasse com Evans e estudasse o máximo que seu cérebro conseguisse. Evans, é claro, não parecia tão preocupada, já que dispunha de nota suficiente para precisar apenas do mínimo agora.

— Como você consegue? — ele perguntou, de repente, depois de mais do que as duas horas costumeiras de revisão. — Parece que não cansa de ler a mesma coisa, escrever a mesma coisa.

— Ah, não sei. Talvez do mesmo jeito como você não cansa de chutar a mesma bola, correr pro mesmo lugar, fazer sempre o mesmo movimento — respondeu e sorriu. James podia jurar que era o sorriso mais bonito de toda aquela biblioteca. — É costume, Potter, você acostumou a jogar e eu acostumei a estudar.

Naquele dia, pela primeira vez, ela foi assistir ao treino. Quis ver para entender o que tanto o atraía, o que tinha de tão interessante que fazia com que mais de vinte pessoas corressem, se derrubassem e, às vezes, se machucassem por uma única bola. Sentada no alto da arquibancada, longe do campo e da visão de todos, Lily passou despercebido por todos, exceto pelo único que sabia de sua presença, o capitão do time.

Mesmo que não entendesse nada de futebol, não soubesse porque corriam de um lado para o outro e não compreendesse quando e porque eram marcadas faltas, ela assistiu ao treino todo. Comemorou algumas vezes quando viu que a bola de fato cruzava o campo, tomando aquilo como positivo. Alice não poderia sonhar, mas Lily gostou do que assistiu, e garantiu a si mesma que assistiria à partida para a qual estavam treinando.

A final seria na próxima semana, e precisavam dar o máximo de si naqueles últimos treinos, para que não existisse a menor chance de falhar. James coordenava os demais jogadores, dando ordens e gritando o que deveriam fazer, mas, principalmente, o que não deveriam fazer. Tinha um bom time, eram entrosados entre si e compartilhavam uma sintonia boa para saberem, sem precisar dizer, o que fazer na próxima jogada.

Isso, com certeza, era uma vantagem.

Depois do que pareceu uma eternidade, James dispensou os demais e deu como encerrado o treino. Todo seu corpo doía, cansado e a ponto de colapsar; não só seus músculos tinham sido forçados, mas também sua mente, levando-a a um limite que nem ele próprio sabia que existia.

Viu, descendo a arquibancada, um ponto ruivo que chegava cada vez mais perto, até que fosse possível ver que sorria. Lá estava de novo, o sorriso que James descobriu que tanto gostava. Não acreditou quando ela disse que iria assisti-los e, talvez por isso, sua expressão fosse de incredulidade ao se dar conta de que, sim, ela não só os assistira, como tinha ficado até o final. E parecia ter gostado.

— Bom jogo.

— Isso não foi nada, será bem melhor quando estiver valendo a taça — respondeu, tirando a camisa. Não deixou de perceber que o olhar dela baixou rapidamente para seu tronco, e deixou escapar um sorriso nos lábios — Eu só vou tomar uma ducha e te levo embora, pode ser?

— Sim, claro. Vou esperar aqui.

Assim que ele deu as costas, Lily se amaldiçoou em todos os idiomas possíveis por ter olhado, por ter baixado os olhos para o peitoral dele. Por quê? Por que fazer isso? Fazer tão explícita e deliberadamente que ele notou, ele até riu. Não devia ter se deixado fazer isso, não havia qualquer motivo para fazer, até porque no mês seguinte James Potter voltaria ao estado inicial de ignorar totalmente sua existência.

Era mais do que óbvio que ele só a tratava bem pelo interesse de entrar em uma universidade, nada mais. Depois de junho, voltaria a ser o capitão do time — talvez vencedor do campeonato estadual —, maioral no colégio e, como sempre até então, inalcançável para ela. Ele voltaria para sua namorada perfeita, de pele e cabelos invejáveis, com os olhos mais azuis que existia, e a deixaria para trás, no título de ajudante e nada além disso.

Lily odiava se dar conta dessas coisas, de pensar no óbvio e concluir o que já era claro. Não sabia por que, mas estava chorando. Chorando, pelo amor de Deus! Chorando por Potter? Era o fundo do poço mais fundo em que ela já tinha estado.

— Aconteceu alguma coisa? — ouviu-o perguntar de repente. — Por que tá chorando?

— Nada, nada. Vamos embora.

— Evans, não. Você tava bem quando eu saí e agora tá assim, o que houve?

— Ah, Potter, você não entenderia. Deixa pra lá, já falei. Podemos ir agora.

— Eu fiz alguma coisa? — a voz dele era carregada de preocupação genuína, verdadeira. Era o mesmo tom que Alice usava, desprovido da curiosidade comum que se tem quando alguém é visto chorando.

Dando-se por vencida, ela falou. Falou tudo o que tinha pensado, todas as suposições que fazia sobre o presente, mas principalmente sobre o futuro. Potter a ouviu em silêncio, não deixando de esconder o quão incrédulo estava por cada palavra que saía de sua boca. Nem mesmo Lily acreditava no que dizia, mas já que tinha começado, teria de ir até o fim.

— E aí, no final de tudo, você vai voltar a esquecer que eu existo. Como já fez uma vez. Eu sinceramente nem sei porque aceitei entrar nisso tudo!

— Eu não te esqueci, Lily! — ouvir seu nome, ao invés do Evans usado até então, era estranho, mas estranho bom. — Quanto mais ficava perto de você, mais me perguntei porque não somos mais próximos como antes.

— Ah, é? Que lindo, Potter, eu fico feliz em saber. Então me diz porque, em todos esses anos estudando juntos, na porra da mesma sala, você nunca nem se deu ao trabalho de ir falar comigo?

— Pessoas como eu geralmente não falam com pessoas como você.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

espero que tenham gostado, comentem o que acharam, assim trago a continuação logo.

revisei e revisei, mas, se acharem erros, podem apontar. críticas [construtivas] também são bem vindas, ok?

meu tt caso queiram @thisissrenata, avisa aqui que seguiu pra eu retribuir :)

até mais xx.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Clichê" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.