Shoto acordará cedo como de costume. Seus irmãos corriam pela sala brincando de pega-pega, enquanto o garoto apenas observava de longe, com um sorriso bobo enquanto fechava o zíper de seu moletom azul. O garoto tinha uma aparência peculiar, seus cabelos naturalmente meio branco meio vermelho e seus olhos bicolores, das cores cinzas e turquesa, se destacavam dentre todos os seus irmãos. - Shoto! Vem brincar! - Disse Natsuo, um de seus irmãos a quem shoto admirava muito. O bicolor sorriu correndo em direção de Natsuo e dos outros porém foi parado por sua mãe, que o puxou pelo capuz de seu moletom: - Vocês vão se atrasar para a escola... - a mãe das crianças disse, com seu sorriso angelical nos lábios. Shoto observou seus irmãos juntarem seus cadernos dentro da mochila, e se retirarem da casa. Ele sentou no sofá cabisbaixo, sendo seguido por sua mãe, que entrelaçou seus braços no ombro do garoto o fazendo cafuné nos cabelos: - Mãe...porque não posso ir para a escola ainda? Como todos os meus irmãos... - questionou. - Filho, sabes que seu pai está esperando sua individualidade despertar, até lá, é melhor que fique em casa... - mas eu não entendo! Porque? Porque o pap - - Já conversamos sobre isso Shoto... - ela o interrompeu. O garoto acentiu forçando um sorriso, levantou-se deixando sua mãe na sala, ele se direcionou ao seu quarto, arrastando os pés, como se a motivação de sua vida estivesse acabado a muito tempo. Se pôs a olhar pela janela por um longo tempo, seus pequenos olhos bicolores pareciam perdidos em meio o horizonte. Shoto se perguntava o motivo por, Endeavor, seu pai, o prender tanto e ao mesmo tempo colocar sobre si, tanta expectativa. Ele deixou algumas lágrimas rolarem em seu rosto, desejava ser como seus irmãos, desejava poder ir a escola e brincar com crianças da sua idade. Perdido pelo seus pensamentos e lágrimas, o garoto mal percebeu que uma camada de gelo se formava em baixo de sua mão esquerda, congelando a parte da janela em que a mesma estava apoiada, ele se assustou se afastando rapidamente da janela, tropeçando em seus proprios pés, shoto caiu no chão. Ele sentiu suas lágrimas gelarem, tocando sua bochecha esquerda com a mão. O garoto paralisou, sabia exatamente oque aquilo significava, sua individualidade tinha finalemente despertado, oque era já esperado pelo garoto, pois completará seus quatro anos a alguns meses atrás. Shoto sorriu fechando seus olhos, o garoto permaneceu ali, no chão de seu quarto, deixando-se navegar pelo pensamentos novamente, ansioso pela reação de sua familia. 

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— Shoto...Shoto... - uma mão macia, balançava calmamente o corpo do garoto, que se mantia preso em um transe, que achou ser eterno, até recobrar sua conciência e voltar si. - Shoto, olhe ao seu redor - a voz de Natsuo, seu irmão, soou pelos seus ouvidos, fazendo com que os olhos de Shoto se abrissem sem presa. Shoto levantou seu torso, sentando no chão, ele tocou no carpete tradicionalmente bordado a mão, sentiu logo a fina camada de gelo rachar ao toque de seus pequenos dedos, ele sorriu. "Shoto, você também é uma 'falha'? " pensou Natsuo consigo mesmo, olhando para o irmão com ternura, cuidando para que não transbordasse toda a sua preoucupação e anseio, ele segurou a palma da mão de Shoto, que mantia seus olhos no gelo que teria se formado ao seu redor: - parábens... - sussurou, como se tivesse medo do efeito de suas palavras. O bicolor acentiu com um sorriso ladino, seu olhar percorreu todo o quarto, parando novamente para sua janela, vendo que a noite já tomava o lugar do dia, e os feixos de luz da lua, refletiam no gelo ao chão. - Shoto, essa é sua indivi...- Natsuo não pode terminar de ditar suas palavras, quando um homem alto, musculoso e carancudo, apareceu na porta do quarto onde eles se encontravam. A chamas em sua barba, rebatiam com a luz do luar, deixando o quarto ainda mais luminado. - SHOTO! - Sua voz soou estridente pelo cômodo. - Pai, porfavor, ele acabou de despertar! - Natsuo tomou a frente do bicolor. Endeavor apenas ignorou as palavras do ruivo, e empurrou o fazendo cambalear para trás, aquilo assustará Shoto, que sentia lágrimas rolarem, por medo do que o pai poderia querer tão brutalmente.6 Ele pegou o braço esquerdo do garoto e o ergueu do chão sem nenhuma dificuldade, analisou os dedos de Shoto cobertos por gelo. Endeavor bufou irritado, ele pisou forte no carpete, fazendo todo o gelo do chão, quebrar e evaporar no mesmo instante. O Bicolor sentia seu pulso arder, sendo apertado pela mão de seu pai, que quase como se quisesse, a esquentava cada vez mais, fazendo Shoto se encolher de dor por sentir sua pela queimar. - Pai! Porfavor! - implorou Natsuo. Porém, foi ignorado novamente, Endeavor havia saído do quarto, arrastando Shoto consigo, em meio as lágrimas do garoto. ________________, - Pai, onde estamos?

Olhou em volta com seus olhos marejados, não havia janelas, nem mesmo alguma saída de ar, o lugar era quente e abafado, as manchas de fuligem, denunciavam as queimas feitas naquele local. Era apertado, era assustador. Endeavor estava parado, escondendo atrás de si, oque parecia ser o único portão do local. - Shoto... - Papai, Oque está acontecendo? Que lugar é esse? - o garoto enxugou suas lágrimas com o ante-braço. - Sabe, eu escolhi sua mãe, para gerar a criança perfeita, a individualidade perfeita... Endeavor se aproximava devagar de Shoto, com os braços cruzados, ele permanecia serio, e indiferente para com as lágrimas de seu filho. - Eu coloquei todos as minha fichas em você, não me decpicione, eu ainda acredito que você não será uma falha, acredito que juntos vamos alcançar meu objetivo. Por isso você está aqui Shoto, para fazer isso acontecer! Você será o número um... Mais um passo, Endeavor estava cara a cara com Shoto. O garoto sentiu suas pernas falharem. - Vamos me mostre do que é capaz! Shoto curvou-se, sentindo a dor passar de sua barriga para todo o restante do corpo, seu pai havia lhe acertado um soco na região do abdômem, de maneira tão forte que fez o menino cambalear desnorteado. - Não abaixe sua guarda! Fraco! Endeavor esticou sua perna, dando um rasteira na criança, que já desnorteada, caiu no chão, batendo sua cabeça com força. aquilo fez a visão de Shoto escurecer, sua respiração pesada, era seguida pelas batidas desconpassadas de seu coração. Ele não entendia o por que de tudo aquilo, tão pouco conseguia pronunciar alguma palavra. Sentiu sua conciência se esvaziando, até ser puxado pelos cabelos e erguido no ar, sobe os olhar tenebroso de seu pai: - Me mostre Shoto! Fique com raiva! Queime! E foi arremessado na parede, o gosto metálico do sangue que sentiu na boca, o fez querer desaparecer, ou sair correndo, mas as pernas o traíram. Ergueu o olhar com dificuldade encarando o seu pai, ambas as mãos do mesmo queimavam em chamas enormes que ele mirou em Shoto: - Vamos! Sei que tens esse poder Shoto, sei que tem! - Endeavor tinha um tom de esperança em sua voz, que quase ficou abafada pela raiva - Use seu poder! Seja o melhor! Shoto esticou seus braços a altura do ombro, e forçou seus músculos fechando os olhos. Em seu braço esquerdo, flocos de neve cobriam seus dedos, até formarem pequenos espinhos em toda a sua mão. - Use seu fogo! Suas Chamas! - Ordenou Endeavor - Mas e-eu não s-sei como - soluçava, sentindo dores por todo. - Então me ataque! Agora! Medo, era oque se resumia a mente do bicolor, sem pensar muito ele correu até seu pai, erguendo seu punho, tentando desferir-lhe um soco na perna, porém seu pai era muito mais ágil e se abaixou agarrando a mão de Shoto à apertando. - Fraco! Fraco! Fraco! - Repetia irritado, aumentando cada vez mais a pressão sobre a mão de Todoroki. Endeavor soltou a mão de Shoto, depois de ouvir o som de seus ossos rachando. O garoto gritou de dor, chorando desesperadamente, enquanto olhava para sua mão deformada: - P-porque? P-pai...minha individualidade...eu não posso usar f-fogo... - Veremos - deu as costas. Não disse mais nada, Endeavor apenas abriu o pequeno portão de ferro, que rangeu enferrujado. Ele saiu do pequeno cômodo. Olhou uma última vez para Shoto que soluçava amedrontado. Era certo que nunca tiverá muito amor por parte de pai, mas aquilo já era demais, em um dia Endeavor nem olhava para ele, em outro o espancava sem dó, exigindo dele algo que mal sabia usar, ou se ao menos tinha, exigia fogo. - Treine... Bateu o portão com força em um estrondo enssucersedor, uma nuvem de poeira se formou após o impacto. Shoto juntou as últimas forças que tinham sido guardadas a sete chaves pela seu subconciente, e se pôs a chutar o portão, implorando socorro e ajuda. Vendo que ninguém o entendia, ele parou escorregando pelo portão, assim ficando de joelhos. _________, O garoto perdeu a noção do tempo, não lembra a quanto estava ali, mas para ele pareceram dias. Sua barriga roncava e sua mão quebrada o atormentavam sem deixa-lo esquecer da dor. Tinha rasgado sua camiseta para enfaixar a própria mão, em um nó desajeitado. Por algumas vezes sua visão escurecia, desmaindo-o e o acordando, como um looping eterno e infernal. "E-eu vou morrer" resmungava consigo mesmo, havia chorado tanto, que seus olhos avermalhados não eram mais capazes de produzir lágrimas, tão pouco se manter abertos. O garoto se limitava a fazer pequenos pedaços de gelo e espera-los derreterem, para que pudesse beber da água, evitando uma desindratação eminente. E desmaiou novamente... ________,