A nova vida de uma alma sem lembranças escrita por DaiKenja


Capítulo 60
Capítulo 60 - Dias calmos em Oriohn parte 1.


Notas iniciais do capítulo

Postagem: 2021/06/19 21:39
Alteração: 2022/05/03 22:17



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/792845/chapter/60


Depois do incidente que me aconteceu durante a campanha, os caçadores decidiram que eu deveria aprender todas as magias de fogo possível.
Então eu passei a ter um treinamento mágico intensivo.
Era muito incomum uma magia que eu não aprendesse a usar sem encantamento.
Eles me ensinaram a atear fogo da flecha e na lança, que depois que aprendi a usar ela na espada também e acabei criando um golpe de fogo único, parecido com o golpe de vento, mas do qual aquecia a espada.
Ela não era muito útil na maioria dos casos, pois corria muito o risco de estragar a lâmina e cauterizar um corte em um oponente muitas vezes era pior do que deixá-la aberta.
Mas eu guardei esse golpe caso encontrasse algum monstro com poder de regeneração, talvez eu pudesse usar a cauterização para impedir uma regeneração.

Também me ensinaram as magias de disparo de fogo e bomba de fogo.
Elas eram as mesmas magias de flecha de fogo e bola de fogo dos RPGs comuns da terra, mas elas eram chamadas assim pois não fazia sentido nenhum uma bola explodir ao tocar o alvo, mas uma bomba sim, então era o lógico para o idioma de Oriohn.
O disparo de fogo era chamado assim pois flecha de fogo era o nome da magia de atear fogo na flecha, e também porque o disparo de fogo saía da mão de quem conjurou, então no idioma daqui não faria sentido chamar de flecha, uma vez que não havia um arco.
De qualquer maneira eu aprendi as magias de fogo básicas de caça com facilidade e podia lançá-las sem usar o encantamento.
Assim como o esperado, elas também eram muito mais potentes do que se lançadas por outros Elfos Negros, mas eu também estava aprendendo a manipular a quantidade de poder que eu colocava na magia quando eu não usava o encantamento, então eu já conseguia fazê-los ficar mais fraco ou mais forte conforme eu quisesse.

Mesmo com esse treinamento intensivo eu ainda não podia caçar, pois meu corpo ainda não estava totalmente recuperado.
Como lançar magias não precisava de muito movimento físico, eu podia aprendê-las enquanto me recuperava, mas eu ainda teria que treinar na prática caçando monstros com elas.
Um dia meu pai me levou para a floresta com um grupo de caçadores.
Eles disseram que seria a magia mais forte que eu aprenderia, e que pelo fato de tudo ficar mais potente na minha mão, ela era muito perigosa.

Ela se chamava "cometa".
A palavra eu nunca havia ouvido.
Era uma magia extremamente difícil de se usar e precisavam de duas pessoas encantando ao mesmo tempo, mas os encantamentos eram diferentes.
Um deles precisaria ter afinidade com magia de terra, mas era normal os Elfos Negros terem essa afinidade.
Os dois apontaram as mãos para cima e encantaram a magia juntos.
Uma enorme rocha flamejante se formou no céu, bem no alto, e então, quando o encantamento terminou, ela foi atirada ao chão, causando grande tremor e algo parecido com uma explosão.

— Essa é nossa magia mais poderosa, ela gera um pedaço de "estrela" caindo. - Meu pai disse depois que tudo se acalmou. Ele usou a palavra "Khadji", que significava Sol e também Estrela.
— Ela é incrível. - Eu respondi, com os olhos brilhando. - Mas o encantamento é muito longo e demorado.
— Sim. Além disso, as pessoas que usam essa magia ficam exaustas. - Ele falou, então eu olhei para os dois caçadores que encantaram a magia e eles estavam sentados e ofegantes, como se tivessem corrido uma maratona.
— Então ela não é muito útil, não é? - Eu perguntei.
— Mais ou menos. Ela seria útil se nós tentássemos invadir um castelo ou baluarte, por isso nós a chamamos de magia de "cerco" e ela só seria usada em uma guerra, mas nós nunca entramos em guerra contra nenhum outro povo.
— Minha professora me disse que existia uma regra de que os humanos não poderiam pedir ajuda de Elfos Negros aliados em uma guerra, mas ela não sabia o motivo dessa regra, então deve ser por isso que essa regra existe. - Eu respondi, lembrando das aulas de história e geografia com a Mayuna em Vegúrlia.
— Isso mesmo, nós não podemos usar essa magia em uma guerra de humanos contra humanos, mas mesmo esse tipo de guerra é incomum, pois os Renegados são uma ameaça maior e não ninguém pode se dar ao luxo de perder recursos e soldados em algo tolo como isso. - Meu pai disse sério.

Então é isso.
Apesar de existir reinos, impérios, exércitos e grandes habilidades militares, não era comum guerrear em Oriohn e todo o conhecimento militar era usado contra os Renegados.
Mesmo com tantas similaridades com a idade média terrestre, existia essa diferença na paz e na harmonia entre os povos.
Afinal, todos se uniram para enfrentar um mal maior.
De qualquer maneira, como essa magia poderia destruir parte de um exército de Renegados, eu acabei tendo que aprender.
Foi quando eu parei para pensar.
Se eu consigo lançar uma magia sem usar o encantamento, apenas repetindo as sensações que tenho quando eu uso, será que eu poderia lançar duas magias ao mesmo tempo?
A magia Cometa na verdade era uma mistura de duas magias lançadas ao mesmo tempo por duas pessoas.
Uma delas criava uma grande rocha no céu, a outra encandecia e dava a propriedade explosiva para essa rocha, transformando-a em uma grande bomba.
Eu conseguia reproduzir as duas magias sem encantamento, então eu acabei tentando usar as duas juntas em simultâneo.

— Isso é... Impossível! - Um dos caçadores comentou espantado.
— Ele fez sozinho... - Outro caçador falou.
— Você está se sentindo cansado? - Meu pai se preocupou comigo primeiro, mas ele não parecia feliz com o fato de eu conseguir lançar aquela magia sozinho, ele não estava sorridente como de costume.
— Estou bem sim. Depois que parei de comer a fruta eu não tenho sentido mais falta de magia em mim.
— Que bom, mas me prometa não usar essa magia, ela é muito perigosa para uma pessoa sozinha poder usar. - Ele disse às pressas, então ele se virou para os caçadores que estavam conosco. - Vocês ouviram? Ninguém pode saber que Dinus pode usar Cometa sozinho.
— Sim senhor. - Os caçadores responderam.

Então nós retornamos à Vila, mas fomos direto para a casa do líder.
Meu pai reportou o que aconteceu e me fez prometer na frente do líder e de sua filha que eu nunca usaria essa magia sozinho.
Eu jurei na frente de todos que não faria, até porque eu entendia muito bem o quão arriscado poderia ser.
Se eu cometesse uma pequena falha e atingisse algum lugar sem querer, até mesmo se ela caísse próximo de mim e do meu grupo, seria um desastre.
Era uma magia exageradamente poderosa e provavelmente eu poderia destruir uma cidade inteira se eu quisesse.
No fim meu pai disse ao líder "Dinus ainda é jovem, mas é sábio, ele não cometerá esse erro." e terminou tudo bem.

Eu havia aprendido uma grande quantidade de magias de fogo e terra.
Algumas delas eu não achei muito úteis, mas havia algumas que os Elfos não usavam com frequência pelo tamanho do encantamento e o tempo que levava ser uma desvantagem, mas eram muito boas para mim, que podia usar rapidamente.
Parede de Terra era uma delas.
Os Elfos usavam apenas para construir, mas eu poderia usar para me proteger de ataques à distância.
Outra era o Lamaçal, que os Elfos usavam nas plantações, mas eu poderia usar para atrapalhar o movimento dos inimigos.

Depois de quase nove dias de calmaria em Khuma, quando eu já estava voltando a fazer atividades físicas e os exercícios que Necifran me instruiu, uma unidade de soldados imperiais montados apareceram em Khuma.
Eles chamaram por Targo e por mim e informaram que o Imperador estava solicitando uma audiência conosco e nos entregaram um papel enrolado como um pergaminho.
Eles também nos disseram o dia que deveríamos estar no palácio imperial em Vegúrlia para os preparativos.
Meu pai recebeu os dois pergaminhos e eles rapidamente desapareceram de nossas vistas.
Eu tentei ler o pergaminho meu e do meu pai, e até entendia muita coisa que estava escrito lá, mas haviam palavras que eu não conhecia.

Os pergaminhos não eram muito grandes, deviam ser do tamanho de um papel A5, e estavam escritos em paisagem.
A escrita compactada era usada em toda a extensão da escrita, inclusive em nossos nomes.
Estavam escritos assim:

~
Caro Capitão Targo/ Caçador Dinus (O do meu pai estava um e o meu estava outro).

Pelos acontecimentos no evento conhecido como "Batalha do Covil da Floresta-Negra" e sua participação no mesmo, o Imperador Perius Moris Vegúrlia solicita sua presença no Palácio Imperial "Khadji Branca" no dia 01/09/2030 para reportar os acontecimentos em sua presença.
~



Não era dito muita coisa naquela carta, apenas essa pequena informação, mas era o suficiente para entender que o Imperador queria falar pessoalmente conosco.

— Dia 01/09 hein? - Meu pai comentou, então se virou para Meiron e perguntou. - Que dia é hoje?
— Hoje é dia 17/08. - Meiron respondeu prontamente.
— Então nós temos 12 dias. - Meu pai se virou para mim e finalizou. - Nós sairemos de Khuma 5 dias antes da audiência.

Fazia tempo que eu não contava mais os dias, eu também não sabia que dia era hoje.
Então hoje era 17/08.
Espera um pouco...
Isso significa que eu já fiz dez anos.
Há dezesseis dias atrás, onde eu estava?
Eu estava no covil, foi o dia anterior ao meu resgate.
Eu fiz aniversário inconsciente.
Isso é meio triste, não é? Mas não tem muito o que eu possa fazer.
Nós ficaríamos mais 7 dias em Khuma antes de sair para Vegúrlia.
Vou usar esse tempo para passar com minha irmã e com minha mãe.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Caso encontre algum erro gramatical ou de digitação, fique à vontade para me enviar a correção.
Agradeço profundamente qualquer apoio.
Aproveite e siga a página no Facebook. Pesquise por "A nova vida de uma alma sem lembranças"



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A nova vida de uma alma sem lembranças" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.