A nova vida de uma alma sem lembranças escrita por DaiKenja


Capítulo 38
Capítulo 38 - A Casa dos Galafar.


Notas iniciais do capítulo

Postagem: 2021/01/09 21:27
Revisão: 2021/06/13 19:41



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Eu não havia reparado no tempo que passou, mas já era quase metade da tarde quando saímos da mansão da família de Kurio.
Eu ainda estava desnorteado com tudo que eu tinha acabado de passar.
Fui extremamente sortudo de conseguir certa estabilidade para estudar sem preocupações.
Ou será que eu deveria considerar isso um resultado de meus esforços?
Enquanto eu estava perdido em pensamentos Myuka me perguntou se eu gostaria de visitar a casa de Louyi.
Então nós fomos para a casa da família Galafar.

No caminho, Myuka me contou que os Galafar foi uma família nobre muito influente no passado, uma das mais poderosas da região, mas que hoje eles já não tinham tanta força como antes.
A mais de 40 anos a família Sangue-de-Prata adquiriu terras ao sul de Vegúrlia e começou a administrar uma grande fazenda de gado, mas o chefe de família era muito inteligente e um grande político e acabou conseguindo se destacar e se posicionar na nobreza do reino.
Mesmo assim, a família Galafar era a mais influente da região, porém a aproximadamente 5 anos a avó de Louyi e chefe da família faleceu, deixando seu grandioso legado na mão de seu filho mais velho, tio de Louyi.
O novo chefe da família também era um bom político e um bom nobre, mas ele foi atacado diversas vezes por manobras políticas de seus irmãos e irmãs para tomarem dele o posto de chefe.
A mãe de Louyi, primeira filha da família Galafar não visava o posto e aliou-se e ajudou seu irmão mais velho o tempo todo, e juntos eles conseguiram vencer os avanços de seus irmãos mais novos, porém a um grande custo de riquezas e poder, tirando-os da posição de mais influente do reino.
Se tudo ocorrer como previsto, a prima de Louyi um dia se tornará chefe da família, e se Louyi quiser, poderá se unir a ela para manter-se na nobreza, tentar enfrentá-la pela liderança ou então abandonar essa disputa entre nobres e se tornar um plebeu.

Eu sinceramente não faço ideia de o que Louyi pensa sobre isso e qual caminho ele deve seguir.
Nem fazia ideia de que a nobreza era tão complicada e disputada.
Eu tinha uma ideia diferente e mais simplista sobre os nobres, mas parece que é um campo de batalha arriscado e perigoso.
Eu pensei bastante a respeito disso, mas acho que não teria interesse na nobreza.
Para me tornar um nobre eu teria que me estabilizar em alguma região, mas eu tinha vontade de viajar e conhecer o mundo todo, pelo menos naquele momento.
Além disso, toda essa disputa e conflito político me parecia dar mais dor de cabeça do que enfrentar monstros.

Enquanto eu pensava sobre isso, nós chagamos à casa dos Galafar.
Era uma mansão.
Tão grande e majestosa quando a dos Sangue-de-Prata.
Com um visual totalmente diferente.
O visual me lembrava construções árabes.
Mais precisamente, construções históricas da antiga Pérsia.
Mas só lembrava mesmo, pois de algum modo era diferente.
De qualquer maneira, isso me era estranho, pois a etnia de Louyi era claramente algo africano, já que todos os traços indicavam isso, com exceção à cor de sua pele, que era um pouco mais clara que um africano Terrestre.
Por isso eu esperava uma arquitetura diferente.

Diferente do grande terreno que ocupava a mansão dos Sangue-de-Prata, a mansão da família Galafar não tinha um grande jardim e um grande portão, a entrada da mansão estava na rua.
Nós batemos em sua porta com a grande aldrava com a face de um falcão nele.
Nesse momento, antes de sermos atendidos, me surgiu uma dúvida.

— Myuka. Você é de alguma família nobre também? - Perguntei para Myuka enquanto esperávamos.
— Nobre? Eu? - Ela riu. - Não... Acho que não existe isso de nobreza entre nós Elfos da floresta. Todas as aldeias que eu conheci não tinha algo como isso.
— E de qual aldeia você é? - Eu ainda estava curioso.
— Eu sou de Florádia, uma aldeia na floresta do sul daqui. - Então ela abaixou para se aproximar de mim. - Até onde eu sei, é a maior aldeia élfica de...
— Como posso ajudá-los? - Louyi atendeu a porta, vestindo roupas de um nobre Persa, com cores entre bege e amarelo e algum tipo de chapéu ou touca em sua cabeça.
— Ora, olá Lou'a. Como vai? - Respondeu Myuka, mas aquele era definitivamente Louyi. - Louyi está em casa?
— Olá Myuka, quanto tempo. - Lou'a respondeu e cumprimentou Myuka. - Está sim. Aguardem um momento que eu chamarei meu irmão.
— Esse não era Louyi? - Perguntei baixinho para Myuka depois de Lou'a ir.
— Não, é seu irmão mais novo, Lou'a. - Então ela sorriu. - Eles são muito parecidos, né? Mas a íris de Lou'a é um pouco mais escura que a de Louyi, dá para diferenciar por isso.
— Irmão mais novo? Eles parecem ter a mesma idade. - Eu estranhei a enorme semelhança sendo que nem eram gêmeos.
— Eles têm apenas 1 ano de diferença. - Myuka respondeu com outro sorriso.
— Olá Myuka! Como vai, garoto? - Louyi apareceu na porta, usando as roupas mais leves que ele usava frequentemente, mas que ainda eram peças de sua armadura.
— Louyi. Nós visitamos Kurio. - Myuka se levantou rapidinho para conversar com Louyi.
— E como foi? - Louyi ficou sério e concentrado instantaneamente.
— Boas notícias. Os médicos estão conseguindo resultados e ele já recuperou um pouco da sensibilidade dos dedos. - Myuka respondeu um pouco entusiasmada.
— Que ótimo! - Um grande sorriso apareceu no rosto de Louyi. - Vocês aceitam um chá? Vamos, entrem.
— Eu aceito. - Myuka aceitou rapidamente. - Com licença.

Nós entramos na casa de Louyi.
Era muito bela por dentro.
Muito mais iluminada que a de Kurio.
Mas também era mais simples.
Não haviam estatuas de mármore.
Não haviam grandes quadros.
Nem grandes lustres.
Mas haviam alguns tapetes belíssimos pendurados na parede.
O primeiro cômodo era muito bem iluminado pela luz natural.
Não sei como ficaria durante a noite, mas durante o dia, era muito agradável.
Louyi nos levou em uma sala de convidados, mais ou menos no mesmo esquema da de Kurio, mas os móveis eram de uma madeira bem clarinha e amarelada, enquanto os de Kurio a madeira era de um marrom bem escuro.
Também não haviam quadros desse cômodo, mas havia um tapete em uma das paredes.
Igual ao cômodo anterior, essa sala era muito bem iluminada pela luz natural.
Louyi falou baixinho com uma mulher que parecia ser uma empregada e então nos pediu para nos sentarmos nas poltronas de convidados.
Eu aproveitei para contar sobre o patrocínio de Faror, o irmão de Kurio, e que estava pensando em trabalhar em alguma coisa mais comum na cidade.

— Faror agiu dessa maneira? Que incomum. - Disse Louyi com uma expressão pensativa. - Mas que bom que dará tudo certo para você também. Espero que você tenha muito sucesso na sua vida.
— Não diga assim. - Eu respondi, tentando descontrair um pouco. - Eu ainda quero trabalhar com vocês novamente. Só gostaria de aprender a ler e escrever antes. Falando em trabalhar, você poderia me ajudar a arrumar algum emprego?
— Emprego? - Novamente Louyi fez uma expressão pensativa. - Acho difícil.
— Não entenda errado, Dinus. - Myuka também falou. - Mesmo que nós saibamos que sim, será difícil alguém acreditar que você, com a sua idade, seja habilidoso o suficiente para trabalhar.
— Geralmente as crianças que trabalham desde cedo, trabalham com seus pais, não com outras pessoas. - Louyi concluiu.
— Eu entendo. - Então eu sorri. - Mas caso apareça alguma coisa, eu estou disponível.

Acho que aquela frase espantou os dois um pouco.
Mesmo eles já me conhecendo, aquela frase não deve ser comum em Oriohn.
Myuka e Louyi me olharam com uma expressão difícil, então se entre olharam.
Mas depois de um instante eles começaram a rir.
Foi quando o chá chegou e Myuka e Louyi começaram a conversar sobre seus assuntos, enquanto eu fiquei um pouco mais quieto.
O tempo pareceu passar bem rápido e logo eu notei que o pôr-do-sol mudar a iluminação da sala onde estávamos.
Lou'a apareceu na sala e nós fomos formalmente apresentados um para o outro.
A semelhança era enorme, mas agora um ao lado do outro eu pude notar uma diferença na altura e na cor da íris.
Foi um dia incomum para mim.
Levando em conta a rotina que eu estive no último mês.
Eu sempre estava atento, andando, caçando, de guarda e protegendo Taime.
Foi um dia calmo demais para o que eu já havia me acostumado.

— Louyi! - Foi então que lembrei de algo. - Desculpe interrompê-los.
— Diga, garoto. - Louyi me encarou, mas com uma expressão suave.
— Existe algo como uma... Escola de Espada? - Eu queria dizer esgrima, mas não sabia essa palavra.
— Há! - Louyi riu. - Você quer ficar mais forte, garoto?
— Eu... Eu acho que me falta técnica. - Eu respondi, mas Louyi e Myuka riram disso.
— Claro! Acho que você pode melhorar também. - Louyi respondeu com um riso no rosto.

Ele me contou sobre existir uma escola militar.
Seria um pouco difícil para eu estudar lá, por conta da minha idade e tamanho.
Mas eu dei a ideia de tentar contratar um professor de lá para dar aulas particulares.
Eles se surpreenderam com a minha ideia, mas perceberam que era uma boa ideia e Louyi me prometeu ajudar com isso.
Depois de mais um pouco de conversa, chegou nossa hora de ir embora.
Louyi nos levou até a porta com toda a educação.

Naquele momento já estava tarde demais para passar novamente na escola, então nós voltamos para a estalagem.
Eu e Myuka jantamos e conversamos mais um pouco.
Ela me contou que Faror, que conhecemos na casa de Kurio, era um cavaleiro importante no reino, o capitão do 11º batalhão de cavalaria pesada e um dos regimentos mais forte do exército do reino.
Mas o tempo passou rápido e ela queria fazer mais uma coisa na cidade, até me convidou para ir junto, mas eu não queria incomodar mais ela, pois já havia alugado ela o dia todo.
Então eu fiquei sozinho no meu quarto.
Aproveitei para conferir direito minha bagagem, já que foi tudo muito corrido e eu não pude prestar atenção até então.
Estava tudo em ordem.
Também contei o dinheiro que eu recebi do pagamento.
Eu havia comprado na feira da cidade uma bolsa de dinheiro maior e iria devolver a bolsa de Louyi.
Quando eu já estava sem nada para fazer, eu comecei a meditar.
Mas não durou muito, pois Myuka já havia voltado e nós conversamos mais um pouco antes de ir dormir.

Nessa noite eu e Myuka não dormimos juntos, então eu dormi feito uma pedra.


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Notas finais do capítulo

Caso encontre algum erro gramatical ou de digitação, fique à vontade para me enviar a correção.
Agradeço profundamente qualquer apoio.



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