A nova vida de uma alma sem lembranças escrita por DaiKenja


Capítulo 37
Capítulo 37 - Família Sangue-de-Prata.


Notas iniciais do capítulo

Postagem: 2021/01/09 21:25
Revisão: 2021/06/13 19:40



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Um grande homem entrou na sala.
Ele não vestia uma armadura como eu esperava, mas nobres vestimentas luxuosas.
Ele foi a primeira pessoa que eu vi vestindo uma capa até então.
A capa era roxa, suas roupas tinham detalhes em verde e azul claros, mas a maior parte era roxa e branca.
Em sua cabeça havia uma tiara prateada com pedras azuladas.
Seus olhos eram idênticos ao de Kurio, assim como a cor de seu cabelo e sua barba.
Mas ele era mais alto que Kurio, apesar de ter o ombro mais fino e menos músculos nos braços e pernas.
A maior diferença era em sua expressão facial.
Faror era muito sério e tinha um olhar amedrontador.
Eu pensei que seria jogado em uma cela apenas por ter cruzado olhares com ele no momento que todos estavam abaixados.
Além do olhar, sua barba era curta e bem aparada, como seu cabelo que era bem curto na maior parte, mas tendo uma parte comprida com uma trança, na grossura de um dedo aproximadamente.
Nessa trança também havia alguns adereços de prata com joias.
Em sua cintura havia uma espada, da qual eu não conseguia enxergar direito de onde eu estava.

— Seja bem vindo de sua viagem irmão Faror. - Disse Kurio ainda abaixado, mas com o rosto levantado e encarando seu irmão.
— Também lhe digo, bem vindo de sua viagem irmão Kurio. - Respondeu rigidamente o irmão mais velho, encarando-o de volta com os olhos serrados.

Um tempo de silêncio tomou a sala.
Eu posso jurar que eu podia escutar a respiração das pessoas de tanto silêncio que fazia naqueles instantes.
Meu próprio coração parecer fazer muito barulho naquele momento, enquanto eu suava frio.

— Venha Kurio! Você não dará um abraço em seu irmão? - Gritou Faror, agora com um sorriso no rosto e com uma postura mais brincalhona com os braços abertos.
— E eu poderia ficar sem abraçá-lo? - Respondeu Kurio saltando em direção aos braços de seu irmão.
— Como você está? E esse seu braço? - Faror perguntou, já que Kurio abraçava-o com apenas o braço bom. - Fui informado que você enfrentou Renegados em sua guarda.
— Sim irmão! Uma batalha honrada! - Respondeu Kurio com um grande sorriso. - Fiquei muito feliz em lutar de igual contra um Renegado. Foi uma grande luta!
— Que bom, que bom! E esses dois? - Ele então se virou para mim e para Myuka. - Essa deve ser Myuka, muito prazer, mas quem é esse garoto?
— Muito prazer! - Myuka se levantou, mas em seguida curvou-se com respeito, com uma mão no peito, para cumprimentá-lo. - Uma honra estar em sua presença.
— Vamos garoto! Apresente-se ao meu irmão. - Disse Kurio, concluindo com uma piada. - Ele não irá te morder.
— Meu nome é Dinus. - Eu me levantei e me curvei copiando Myuka no movimento. - De Khuma. Muito prazer.
— Levante seu rosto garoto, deixe-me dar uma olhada em você. - Disse Faror, aproximando-se de mim, enquanto eu levantava meu rosto e olhava em seus olhos. - Um elfo negro? Que... Incomum. Eu nunca vi uma criança de sua raça fora de suas vilas.
— Dinus é uma criança excepcional. Ele sobreviveu à doença de Estil e é proficiente em combate e magia. - Kurio colocou sua mão boa em meu ombro e disse. - Embora lhe falte prática e expertise, ele já provou seu valor como um guarda de carga.
— O sobrevivente então? Espere um pouco. Você está dizendo que ele...? - Uma pequena expressão de espanto surgiu no rosto de Faror.
— Sim, irmão. Ele lutou conosco contra os Renegados. - Kurio respondeu, deu uma pausa e continuou. - Além disso, ele e Myuka salvaram minha vida.
— Eu não... - Depois de Faror me encarar por um momento, eu fiquei perdido e não soube o que dizer. - Quero dizer... Myuka fez a maior parte do trabalho... Eu só...
— Não seja tão modesto, Dinus. - Myuka entrou na conversa. - Se não fosse por você, nós poderíamos nem estar aqui hoje.
— Eu vejo. - Faror levantou-se novamente, ficando com sua postura majestosa novamente, mas pensativo. - Isso é... Bem difícil de acreditar. Tenho certeza de que vocês não estariam brincado com uma coisa séria dessas.
— Eu juro... - Kurio colocou sua mão boa no peito e fechou seus olhos. - Pelo meu escudo.
— Entendo... Se esse é o caso, algo precisa ser feito a respeito. - Faror voltou a me encarar com um olhar pensativo. - Diga garoto, há alguma coisa que você deseja como recompensa?
— Recompensa? Não! Eu não quero algo assim. - Eu fiquei perdido novamente, não sabia o que dizer. - Eu não poderia fazer outra coisa, Kurio é meu colega de guarda e... Meu amigo... Eu tinha que...
— Escuta aqui garoto. - Faror abaixou-se novamente e colocou suas duas grandes mãos em meus ombros. - Acho que você não entendeu direito. Por salvar a vida do meu irmão, você não tem o direito de recusar essa recompensa.

Nesse momento eu gelei.
Engoli a seco a saliva que estava em minha boca.
Um calafrio subiu pela minha espinha.
A expressão facial de rigidez dele parecia penetrar minha alma como o frio de inverno.
Embora eu ainda não tivesse experimentado o frio de inverno.
Então eu pensei um pouco.
O que eu queria, mas que não fosse pedir muito e abusar da boa vontade da família de Kurio?
Em pouco tempo eu cheguei na resposta.

— Eu gostaria muito de estudar.
— Estudar? - Respondeu Faror com espanto.
— Sim, eu sou analfabeto, mas gostaria de aprender a ler e escrever, também gostaria de aprender sobre história e geografia. - Eu não sei se existia uma palavra para geografia no idioma de Oriohn, mas eu disse algo que pudesse ser entendido como. - Mas eu não sei quanto tempo eu levarei para terminar, então eu não sei se terei dinheiro para me hospedar enquanto estudo.
— Entendo aonde quer chegar. - Respondeu Faror, levantando-se novamente em sua postura nobre. - A família Sangue-de-Prata patrocinará sua estadia enquanto você estudar.
— Não! Não é isso que eu quero. - Então eu concluí meio sem jeito e sem graça, com um sorriso um pouco forçado. - Se for possível, eu gostaria de um emprego.
— Emprego? - Faror começou a rir, enquanto todos olhavam com cara de espanto. - Que figura você encontrou, meu irmão. Mesmo com meus contatos e status, eu duvido que eu conseguiria arranjar um emprego para você. Não me leve a mal, mas ninguém contrataria uma criança de 12 anos.
— 8 anos, irmão. - Kurio respondeu por mim. - Dinus tem apenas 8 anos.
— 8 anos hein? - Faror gargalhou novamente. - Acho que eu já me surpreendi demais por hoje. De qualquer maneira, vamos acordar o seguinte então. A família Sangue-de-Prata arcará com as despesas de estadia até que você consiga um emprego ou termine seus estudos, qual vier primeiro. Também recomendaremos seus serviços sempre que necessário.
— Eu... Eu agradeço profundamente por sua oferta. - Eu me curvei, agradecendo Faror.
— Não. - Faror ajoelhou-se em uma perna e abaixou sua cabeça em minha direção. - Eu que sou humildemente grato por salvar a vida desse meu querido irmão tolo.

Eu acabei ficando sem palavras e envergonhado, e não disse mais nada.
Kurio me ofereceu o quarto dele para que eu ficasse hospedado quando ele estivesse trabalhando como guarda de carga.
Eu recusei, dizendo que o ambiente da casa dele seria muito diferente para mim e que eu preferia ficar hospedado da Sereia-Tímida, onde eu teria também minhas refeições de acordo com os meus costumes.
Não sei se é verdade, pois eu poderia acabar me acostumando com a vida na casa de Kurio, mas eu não queria atrapalhar nem incomodar seus familiares.
Myuka também recebeu recompensa pela vida de Kurio.
Ela pediu uma carta de alguma coisa que eu não entendi, pois não conhecia as palavras que usaram e também não queria incomodar ninguém perguntando sobre.

— Então, se vocês não se importam. - Faror voltou a falar com uma voz mais alta, como um chefe de família nobre. - Eu gostaria de ter uma conversa com o meu irmão.

Então nós deixamos a casa dos Sangue-de-Prata.


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Notas finais do capítulo

Caso encontre algum erro gramatical ou de digitação, fique à vontade para me enviar a correção.
Agradeço profundamente qualquer apoio.



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