A nova vida de uma alma sem lembranças escrita por DaiKenja


Capítulo 33
Capítulo 33 - Controle de imigração.


Notas iniciais do capítulo

Postagem: 2020/12/07 21:04
Revisão: 2021/05/16 20:12



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/792845/chapter/33


Eu acompanhei um outro guarda de armadura para um cômodo no interior da muralha, na lateral do portão.
Em minha mão estava a carta de recomendação de Taime ainda com o lacre.
Nem adiantava eu abri-la, pois eu ainda não sabia ler, mas o lacre era importante para a validade das informações da carta.
Meu arco estava na carroça e minha espada confiscada pelo guarda que me acompanhava.
Esse guarda usava uma lança com uma lâmina na ponta, como uma Alabarda, e em sua cintura também havia uma espada embainhada.
O primeiro guarda que nos interrogou usava uma brilhante armadura prateada com detalhes dourados, mas esse usava uma armadura mais simples, com couro e malha de metal, com apenas algumas placas de metal em regiões específicas do corpo.

— Afaeor, senhor! Temos um estrangeiro para fazer o passaporte. - Disse o guarda que me acompanhava ao parar na porta de uma sala, enquanto fazia uma pose que parecia um tipo de continência.
— Sim! Podem entrar. - Respondeu um elfo de cabelo cor de bronze que estava sentado em uma mesa dentro da sala.
— Com licença, senhor. - Eu disse ao entrar na sala.
— Por favor, sente-se, logo um "fiscal" irá... - Ele disse ao se levantar para me cumprimentar, mas seus olhos pareceram perdidos quando ele viu minha pequena figura se aproximando. - Espera! Uma criança?
— Sim, senhor! - Respondeu o guarda que estava ao lado da porta na sala. - Ele diz ser um guarda de carga e responsável por si.
— Entendo. Que... Incomum. - Ele comentou, enquanto fazia uma expressão difícil e coçava sua bochecha. - De qualquer maneira, sente-se. Eu mesmo farei a "entrevista".

Ele curvou-se com o braço estendido em direção da cadeira que estava do outro lado da mesa.
Essa sala tinha uma estrutura um pouco diferente do visto no exterior da muralha.
Era mais simples, com móveis em madeira, pedra e argila.
Havia uma mesa no centro de tudo, mas haviam várias prateleiras e armários, havia um balcão e também uma quantidade de cadeiras separadas de lado. Tudo era fabricado com a mais perfeita destreza em suas linhas retas, mas eram simples visualmente, sem detalhes extravagantes.
Na sala havia outro guarda armado, com o mesmo tipo de armadura que o que me acompanhava.
Eu não havia visto um Elfo da planície até então, pelo menos não sem um capacete.
Eles eram relativamente baixos, mais baixos que os Elfos negros e da floresta.
Mas eles eram bem mais musculosos que nós.
Seus músculos assemelhavam-se aos dos humanos que havia encontrado até então.
A ponta de suas orelhas curtas apareciam para fora de seus cabelos lisos, pois essas orelhas faziam uma curva para fora, e seus olhos também eram cinza parecendo aço.
Eu cumprimentei-o de volta e sentei-me na cadeira enquanto pedia licença, enquanto em sua face havia uma mistura de expressão de espanto, confusão e dúvidas.
Em minha frente, no canto da sala havia um guarda armado com uma lança simples, enquanto em minhas costas havia o outro guardar que me acompanhou até a sala.

— Como é seu nome, garoto? - Perguntou Afeaor ao se sentar em sua cadeira, do outro lado da mesa, ficando de frente para mim.
— Chamo-me Dinus de Khuma, senhor. - Respondi com seriedade e o tom que Louyi usava para falar com o guarda.
— Ah! Não precisa de tanta formalidade... Nem do "senhor". Pode ficar mais tranquilo ao conversar comigo. - Disse Afaeor com um sorriso no rosto.
— Sim, senh... Sim!.
— Khuma, hein? E quem são os seus pais? - Perguntou ele enquanto escrevia algo em um papel usando uma pena e tinta.
— Sou filho de Miena de Maali e Targo de Khuma. - Respondi, mas com um tom mais normal e relaxado.
— Targo? O caçador? - Ele perguntou enquanto anotava, provavelmente os nomes de meus pais em seu papel.
— Isso! Você conhece meu pai? - Perguntei de volta, tentando dar uma descontraída.
— Não conheço, mas já ouvi sobre suas caçadas. - Ele respondeu com um sorriso. - Qual a sua idade, Dinus?
— Tenho 8... Não! 9 anos. - Respondi, mas não tenho certeza se já havia passado a data de meu aniversário, pois havia perdido a noção do tempo durante a viagem.
— Certo... 9 anos? - Ele perguntou com um pouco de espanto. - Você parece mais velho.
— Senhor! O senhor não usará a esfera? - Perguntou o guarda que já estava na sala.
— Sim, usarei. Acabei ficando avoado e me esqueci. - Então Afeanor arrastou uma esfera que já estava na mesa para próximo de mim. - Coloque sua mão encima disso.
— Sim, senhor! - Eu respondi, colocando minha pequena mão na esfera branca, que eram grande o suficiente para caber a mão de um adulto inteiro nela.
— Isso é uma esfera da verdade, ela ficará escura se você mentir. Entendeu? - Eu acenei com a cabeça. - Então novamente. Qual o seu nome?
— Me chamo Dinus de Khuma. - Eu senti um pouco de magia sendo emitida pela esfera, mas ela permaneceu branca.
— Qual são os nomes de seus pais?
— Miena de Maali e Targo de Khuma. - Novamente a esfera continuou branca.
— Certo. Qual a sua idade?
— Eu tenho... - Eu pensei um pouco antes de responder. - Oito anos. - A esfera permaneceu branca.
— Por que você demorou para responder? - Ele perguntou um pouco mais sério.
— Eu farei 9 anos em breve, mas eu não sei em que dia.
— Entendo. - Então ele voltou a relaxar um pouco. - O que você faz em Vegúrlia?
— Estou acompanhando o comerciante Taime como um guarda de carga. - A esfera permaneceu branca, enquanto Afaeor encarava a esfera por um tempo, parecendo esperar ela mudar de cor.
— Certo. - Ele respondeu com um suspiro de alívio. - Quais são suas intenções em Vegúrlia?
— Eu... - Eu não entendi muito bem a pergunta, então pensei um pouco antes de responder. - Eu tenho vontade de conhecer e explorar Vegúrlia sem nenhuma intensão maldosa. - Aproveitei que estava com a esfera para provar que não tinha nada que temerem de mim.
— Certo. - Então ele passou um tempo anotando algumas coisas no papel. - Você pode me apresentar seu registro de aventureiro?
— Eu não tenho isso. - Respondi.
— Você tem como provar seus serviços como guarda de carga?
— Sim! Aqui está. - Então eu me lembrei da carta e entreguei para Afaeor.

Ele rompeu o lacre da carta e começou a ler.
Sua expressão de espanto apareceu algumas vezes enquanto lia.
Então assim que ele terminou de ler ele deu um riso e disse.

— Louyi, hein? Isso é interessante. - Ele me devolveu a carta e anotou mais algumas coisas. - Então você usa arco, espada e magia, certo? Como você é um elfo negro devo assumir que a magia é de fogo.
— Não, senhor. Eu não posso usar magia de fogo ainda. - Eu respondi, então ele parou de escrever rapidamente e me olhou com estranheza.
— Como assim? Não pode usar? - Ele perguntou olhando para a esfera.
— Sim, eu tenho... Uma doença e não posso usar magia de fogo. - Então a esfera ficou escura.
— Você está mentindo?
— Eu posso corrigir? - Perguntei e ele respondeu que sim com a cabeça. - Devido minha doença minha magia de fogo pode ser perigosa. - A esfera voltou a ser branca.
— Entendo. Você poderia me explicar melhor isso? Pois é realmente estranho um elfo negro com problemas com magia de fogo.
— Eu nasci com Estil, mas foi identificado antes de causar minha morte, então com a ajuda da minha professora de magia eu aprendi a controlar a quantidade de magia no meu corpo e evitar algo ruim de acontecer, mas por conta dessa doença o poder dessas magias de fogo são multiplicadas e ficam descontroladas. - Eu evitei usar o nome da Mayi, pois eu lembrava que e o pessoal de Trucia ficava meio abalado quando falava o nome dela.
— Entendi. - Então ele anotou mais algumas coisas. - Você sabe alguma magia de fogo que pode colocar Vegúrlia em perigo?
— Eu sei apenas a magia de aquecer água, mas ela não causará nenhum perigo. - A esfera permaneceu branca.
— Certo. Certo... - Então ele se levantou da mesa com o papel, pegou algumas ferramentas que estavam em uma prateleira na sala e trouxe a mesa. - Você pode fazer seu passaporte de madeira gratuitamente ou poderá pagar 20 moedas de prata para um passaporte de prata, que são mais duráveis.
— Eu posso trocar depois? - Eu perguntei e ele respondeu que sim com a cabeça. - Então eu vou querer a de madeira por enquanto.

Então ele pediu para eu colocar a mão encima da ferramenta enquanto colocava uma pequena plaqueta de madeira na ferramenta.
Afaeor conjurou uma magia curta e a ferramenta começou a brilhar.
Consegui sentir um pouco de magia sendo sugada da minha mão e um pouco de magia sendo emitida dele para a ferramenta.
Então, como se fosse um laser gravando em uma placa de madeira, algumas palavras apareceram na plaqueta.
Depois de completo, Afaeor removeu a minha mão e a plaqueta da ferramenta e guardou-a na prateleira onde estava.

— Aqui está. Esse é seu Passaporte para Vegúrlia. Outras cidades da região também aceitam ele, mas não todas. - Então eu peguei minha plaqueta do tamanho de um cartão de crédito da mão de Afaeor. - Esse é gratuito, mas se você perder ou quebrar, será cobrado 5 moedas de cobre por outro de madeira. E se você for pego pelas "autoridades" sem seu passaporte você poderá ser expulso de Vegúrlia ou até ser "preso".
— Entendido. Muito obrigado Afaeor. - Havia algumas palavras novas que ele disse, mas eu consegui entender o contexto e imaginei o que elas significavam.

Afaeor me cumprimentou formalmente e guardou a folha que ele preencheu em um armário cheio de pastas e outras folhas. Então eu fui liberado da sala.
O mesmo guarda me acompanhou novamente, só que agora ele estava mais relaxado, enquanto eu andava admirando minha plaqueta.
Perguntei ao guarda o que estava escrito nela e ele me disse que eram meu nome, idade, vila de origem e profissão. A plaqueta era encantada para atualizar a idade sozinho.

— Existe algum lugar que eu possa aprender a ler e escrever? - Eu perguntei ao guarda.
— Sim, nós temos algumas "escolas" de conhecimentos básicos.
— E quanto custaria para estudar lá?
— Quanto custaria? Não, nós não cobramos pelo ensino básico. Apenas escolas de especializações cobram pelo ensino.
— Sério? Aprender a ler e escrever é gratuito?
— Sim. Mais de 90% da cidade é alfabetizada. Nós acreditamos que se o nosso povo sabe o básico, nossa economia pode crescer mais facilmente.
— Mas vocês ensinam estrangeiros como eu?
— Ensinamos também, pois muitos vem com a intensão morar em Vegúrlia, então é como um incentivo para atrair as pessoas.
— Entendi. Isso é incrível. Muito obrigado.

Ao chegar novamente ao portão de entrada da cidade, eu pedi ao guarda que me acompanhava informações de como chegar na Sereia-Tímida, enquanto ele me devolvia a minha espada.
Ele me explicou e era relativamente fácil chegar nessa estalagem, pois ela ficava logo no começo da cidade, em uma travessa da rua que vinha do portão.
Então eu coloquei meus pés na metrópole de Vegúrlia.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Caso encontre algum erro gramatical ou de digitação, fique à vontade para me enviar a correção.
Agradeço profundamente qualquer apoio.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A nova vida de uma alma sem lembranças" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.