A nova vida de uma alma sem lembranças escrita por DaiKenja


Capítulo 32
Capítulo 32 - Extensas planícies, altas muralhas.


Notas iniciais do capítulo

Postagem: 2020/12/07 21:03
Revisão: 2021/05/16 20:11



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A viagem de Fargath para Vegúrlia foi relativamente tranquila.
Houveram alguns pequenos monstros nos primeiros dia, mas eles eram fracos.
Então depois de 5 dias nós deixamos a região da floresta.
Uma planície enorme se estendeu em minha vista.
Até então eu não tinha visto uma planície, não do chão.
Eu sabia da existência da planície quando voei em Umbaku, mas agora eu estava nela.
A grande planície de Vegúrlia.

No fundo, em direção ao sul, era possível ver uma serra ou então um conjunto de montanhas.
Eram muito longe e ficavam até um pouco turvas à vista.
Também era possível enxergar um dos rios que cruzava essa planície, saindo da floresta e indo em direção à metrópole.
Nos outros lados era impossível enxergar algo além do horizonte.

Depois que entramos na planície, a quantidade de monstros tendeu a zero.
Pelo o que eu me lembro encontramos apenas 2 monstros, mas eles eram inofensivos para nós e mesmo um de nós poderia abater facilmente sozinho.
Eu até pude notar um alívio na expressão de Taime.
Aparentemente a viagem estava basicamente completada, só faltava chegar de fato na cidade.
Os guardas também estavam mais tranquilos.
Eles que eram experientes já sabiam que o perigo havia ficado para trás.

— Vocês estão estranhamente relaxados, está tudo bem ficar assim agora? - Eu perguntei para Louyi.
— Sim, não tem problemas, os arredores de Vegúrlia é tranquilo, pois os cavaleiros e guardas da metrópole mantem a área livre de monstros. - Ele respondeu.
— Além disso existem muitos comerciantes viajando por aqui e seus guardas também eliminam os monstros que encontram, sem contar os "aventureiros" que estão sempre caçando monstros por recompensas e materiais. - Completou Myuka de cima da carroça.
— Entendo. Então estamos seguros agora? - Perguntei novamente.
— Não podemos abaixar completamente nossa guarda, pois pode haver monstros que vem de outras regiões para cá, mas ainda assim podemos ficar mais tranquilos. - Me respondeu Kurio, de dentro da carroça logo depois de bocejar.

Kurio ainda estava um pouco deprimido pelo seu braço que continuava não respondendo aos seus comandos.
A palavra "aventureiros" me chamou atenção.
Perguntei para eles sobre isso e eles me contaram sobre os aventureiros de Oriohn.
Eu traduzi para mim como aventureiro, mas é uma profissão um pouco mais complexa e a tradução da palavra seria mais como "Prestador de Serviços".
Na maioria das vezes eles eram pagos para fazerem serviços solicitados em uma agência específica.
Eu poderia chamar essa agência de agência de serviços, mas eu gravei em minha mente como Guilda de Aventureiros.
Essa profissão era comum para pessoas que não tinha habilidades para ser artesão, fazendeiros, caçadores e outras profissões que exigiam técnica e conhecimento específico, mas possuíam destreza o suficiente para realizar diversas tarefas, entre elas o combate.
Pessoas que precisavam de um serviço um pouco incomum para ser realizado poderia solicitar na Guilda mediante um pagamento.
A Guilda ficava com uma pequena parte do pagamento como comissão e aquele aventureiro ou grupo que realizasse o serviço ficaria com o pagamento.
Um viajante, fosse comerciante ou não, que precisasse contratar uma guarda de carga e ainda não conhecia alguém para o serviço poderia contratar também pela Guilda, era comum isso acontecer.
Caçar monstros, obter plantas, ervas, ovos e objetos específicos em florestas e cavernas eram serviços comuns também.
Haviam também serviços de limpeza, erradicação de pragas e outros serviços estranhos solicitados, mas eram mais incomuns.
Era bem incomum por exemplo solicitar um ferreiro ou construtor em uma Guilda de Aventureiros, pois para isso existia também as agências específicas, como a Guilda dos Ferreiros e Artesões e a Guilda dos Engenheiros e Construtores.
Decidi que daria uma olhada nisso também, talvez eu pudesse encontrar algo que eu gostasse de fazer nessa guilda de aventureiros.

O dia passou, nós andamos o dia inteiro, mas não terminamos de atravessar a planície.
Mesmo sendo possível ver a cidade de longe, a distância era muito grande e parecia que não havíamos andado nada no fim do dia.
A carroça devia andar entre 15 e 20 km/h, além de precisar parar para descansar algumas vezes, então a sensação de que estávamos andando lentamente era muito maior na planície.
Mas Taime contou que deveríamos chegar no dia seguinte, podendo chegar no meio do dia.

Se eu parasse para prestar atenção, eu podia notar o quanto a enorme muralha da cidade cresceu no horizonte.
Como a caminhada era lenta, o crescimento até passava despercebido, mas agora era possível ver com mais detalhes a muralha da metrópole de Vegúrlia.
É difícil descrever a muralha dessa cidade, pois as muralhas dos humanos e Orcs tinham o objetivo apenas de defender contra ataques, mas os dos Elfos das Planícies não, elas eram construídas não apenas para defender, eram obras de artes para demostrar poder e riqueza.
Não havia qualquer muralha na terra que eu pudesse usar para comparar, se eu tivesse que comparar a beleza dessa muralha eu teria que citar as igrejas e catedrais francesas.
Embora a função primaria continuasse sendo proteção, existia uma quantidade enorme de detalhes, formas, metais e pedras preciosas em cada parte da muralha.
Era impossível não se encantar com a beleza daquela construção.

Nessa ocasião minhas frutas Kojo haviam se acabado.
Em Fargath eles não cultivavam essa fruta e eu não havia me lembrado de pegar mais em Khuma.
Então eu passava bastante tempo meditando para remover o excesso de energia do meu corpo.
Também usava magia de detecção o tempo todo, mesmo não precisando muito, para gastar energia.

Então, em um momento eu comecei a sentir uma grande quantidade de presenças.
Uma quantidade que eu nunca havia imaginado antes.
Meus sentidos ficaram tão confusos que eu tive que parar de usar detecção mágica para não enlouquecer.
Então eu olhei para frente em direção onde a carroça ia e avistei pequena fila de carroças e pessoas.
Nós estávamos chegando ao portão de Vegúrlia.

— Dinus, nós precisamos conversar. - Louyi me chamou para perto dele dentro da carroça, colocando Kurio de guarda no meu lugar. - Nós teremos que nos separar temporariamente.
— Nos separar? Aconteceu alguma coisa?. - Perguntei sentando-me ao lado dele.
— Para entrar na capital você precisará de um "Passaporte".
— "Passaporte"?
— Sim, é um desses. - Então Myuka mostrou o dela, parecia ser um documento de identificação gravado em uma chapa de metal, pouca coisa maior e mais grosso que um cartão de crédito, mas não dava para ter certeza pois eu ainda não sabia ler.
— E como eu faço um Passaporte?
— Como você não tem, você será barrado na portaria, lá você dirá que é sua primeira vez entrando na cidade, então eles farão um desses para você. - Respondeu Taime.
— Por isso nós iremos passar pela portaria sem você, vamos nos encontrar dentro de Vegúrlia depois que você terminar, estaremos na estalagem "Sereia-Tímida"
— Todos precisam desse Passaporte? - Eu perguntei.
— Eu e Kurio não precisamos, nós temos nossa "cidadania", pois nós moramos aqui.

Eles nasceram uma cidade ao norte do continente, nós estamos no norte. Faz sentido.
De qualquer maneira, nós entramos na fila para a "vistoria" para entrar na cidade.
Os guardas eram soldados que usavam armaduras de metais brilhantes, prateadas com detalhes em dourado e branco, e eram armados com lanças e espadas.
Existiam alguns soldados em partes mais altas da muralha portando grandes arcos.
Os guardas que faziam a vistoria não usavam tal armadura, eles usavam coisas mais simples, porem também com metais em várias partes vitais do corpo, como o peitoral e coxas.

Haviam muitas pessoas de raças diferentes na fila.
Orcs, elfos, humanos, e até alguns seres que pareciam monstros, como feras humanoides.
A maior parte da fila era composta por humanos, das mais variadas etnias.
Viajantes, aventureiros e comerciantes eram a maior parte de quem estava entrando na cidade.
A fila andava relativamente rápido e logo chegou nossa vez.
Quando chegou nossa vez Louyi me entregou um pedaço de papel enrolado que ele havia pego com Taime anteriormente.

— Aqui. Essa é seu papel de "recomendação". - Disse Louyi me entregando.
— Papel de "recomendação"?
— Isso! Você precisará disso para declarar que é um guarda de carga prestando serviços para o Taime. Aqui está a avaliação sobre seus serviços prestados escrito por Taime e por nós também. Com isso você poderá fazer seu Passaporte sem muita burocracia. É só você dizer que quer entrar na cidade como guarda de Taime que estará tudo bem. Só não fale coisas desnecessárias.
— Entendi. Muito obrigado. - Então eu fiquei olhando para o papel enrolado.
— Não se preocupe, nós escrevemos que gostamos muito dos seus serviços. - Disse Myuka com um sorriso no rosto.

Uma carta de recomendação! Ainda por cima descrevendo meu desempenho como guarda.
Eu estava muito feliz e ansioso. Uma pena que eu não sabia ler.
Então chegou nossa vez.
Alguns guardas sem armadura metálica inspecionaram o interior da carruagem, enquanto outro com armadura pediu nossos "documentos".
Nós ficamos em fila, com exceção de Taime que teve que ficar na carroça o tempo todo. Eu fiquei por ultimo, para poder avisar que eu não tinha documento.
Quando o guarda chegou em mim ele se virou para Louyi, que estava do meu lado, e perguntou.

— Você é o responsável por essa criança?
— Não senhor. - Respondeu Louyi com seriedade.
— Onde estão os pais dessa criança? - Perguntou o guarda.
— Essa criança viajou conosco sem seus pais, senhor. - Louyi respondeu novamente.
— Quem é o responsável por essa criança? - Perguntou novamente o guarda.
— Senhor, sou responsável por mim mesmo. - Eu respondi, com a mesma intensidade de voz que Louyi estava respondendo.
— Você é responsável por si? - O guarda abaixou-se e aproximou seu rosto de mim. Eu não havia notado anteriormente pois o capacete dele não deixava, mas seus olhos eram de um cinza que parecia serem de metal. - Então mostre-me seu passaporte.
— Eu ainda não tenho passaporte, preciso fazê-lo.

Então o guarda se levantou novamente, com uma expressão corporal de questionamento.
Após resmungar algumas palavras para si mesmo e me medir com os olhos. Ele me perguntou a minha idade e após minha resposta e resmungar mais um pouco, ele chamou outro guarda que estava próximo e disse "Leve-o para um fiscal, é um estrangeiro para fazer um passaporte."
Após isso a expressão do guarda ficou mais aliviada e ele cumprimentou Louyi e Kurio de maneira mais descontraída, dando às boas vindas a todos os outros à cidade.


— Garoto. - Louyi falou comigo. - Nos separamos aqui por enquanto. Lembre-se, estaremos na Sereia-Tímida.


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Notas finais do capítulo

Caso encontre algum erro gramatical ou de digitação, fique à vontade para me enviar a correção.
Agradeço profundamente qualquer apoio.



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