Lua Crescente escrita por Starfall


Capítulo 3
Lendas


Notas iniciais do capítulo

Oie! Como vocês estão?
Trago mais um capítulo, e acho que vão perceber umas coisas... explicarei mais nas notas finais.
Gostaria de dizer também que Bella não está gravida.
Minha ideia no inicio era de que estivesse, mas o rumo que decidi dar para a história foi outro. Aproveitem o capítulo e nos vemos nas notas finais! :)



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         O dia passou rápido, o que me surpreendeu. Antes do que esperava estava a caminho da praia, junto com Emily. Ela dirigia minha caminhonete. Paramos para pegar outra pessoa, Kim, no caminho e então chegamos até a praia. Uma fogueira com um brilho azulado, causado pela lenha ser composta de troncos que foram trazidos pelo mar, estava no meio da areia, cercada por troncos maiores. Assisti, em choque, enquanto Paul levava sem esforço outro tronco enorme e o deixava no ultimo lugar disponível. Balancei a cabeça e permiti que Emily, com o braço enroscado no meu, me levasse até o calor.

         Jacob já estava lá, ajudando Billy a se ajeitar no tronco. Ver Billy me lembrou de Charlie. Charlie! Não tinha avisado que eu passaria o dia na reserva, nem que estaria aqui até a noite. Mas então lembrei: ele não estaria em casa, de qualquer forma. Com os desaparecimentos acontecendo de forma cada vez mais frequente ele passaria a noite na delegacia, trabalhando. Balancei a cabeça e me aproximei de onde eles estavam.

— Todos estão aqui. – disse Billy – podemos começar.

         Ao lado de Billy podia ver Harry, amigo de Charlie com quem sempre ia pescar, e outro homem também velho demais para estar junto de adolescentes em um sábado a noite. Sam sentou-se no tronco em frente aos três homens e puxou Emily para seu lado, abraçando-a de lado. Jake sorriu tímido para mim e eu percebi, chocada, que seu cabelo estava curto. Seu lindo cabelo se fora.

— O que aconteceu com seu cabelo? – perguntei enquanto minhas mãos iam até seu cabelo, de forma inconsciente.

— É mais fácil ter o cabelo curto, aparentemente. – ele deu de ombros – Vamos, Billy vai começar.

         Deixei que Jacob me levasse pela mão até o tronco caído em que Embry se encontrava, encolhido. Jacob sentou no meio, me puxando para seu lado e deixando seu braço apoiar em meus ombros. A sensação que isso me trouxe foi de segurança e eu suspirei. Era como se ele nem sequer existisse mais na minha cabeça.

— Há muito tempo, não éramos lobos – começou Billy – Há muito tempo atrás, nossa tribo contava com a proteção de guerreiros espirituais. Homens que podiam, quando era necessário para a proteção de nossa tribo, abandonar seus corpos e juntar-se aos ventos e às arvores, seus espíritos livres do corpo humano se comunicavam com os animais, que os ajudavam em tempos de necessidade, quando outras tribos tentavam tomar nossas terras.

         “Porém, com o tempo, as histórias de nossa tribo se tornaram conhecidas e poucos tentavam nos atacar. As tribos com terras próximas as nossas, os Hohs e os Makahs firmaram uma trégua, para que não nos atacassem e nós também não ataquemos a eles. Mas nessa época um dos guerreiros espirituais era ambicioso demais e queria utilizar nosso dom contra nossos aliados. Seu nome era Utlapa.

         O chefe da tribo, e dos guerreiros, era Taha Aki. Ele era justo e vetou a vontade de Utlapa, dizendo que as tribos eram nossas aliadas. Um dia, quando estava em sua forma espiritual, Taha Aki sentiu que Utlapa se juntar a ele no mundo espiritual. Por conseguirem se comunicar nesse mundo através dos pensamentos, Taha Aki percebeu que Utlapa iria fazer algo horrível e tentou chegar até seu corpo o mais rápido possível, mas não conseguiu. Utlapa tinha tomado o corpo do líder para si e assassinado o próprio corpo, impedindo que Taha Aki tivesse como escapar.

         Utlapa tomou o lugar do chefe e fez muitas mudanças na tribo, inclusive proibiu que qualquer um entrasse no mundo espiritual dizendo que tinha visto algo perigoso, quando na verdade só evitava que descobrissem a verdade sobre o verdadeiro chefe.

         Após muito tempo, um lobo enorme, maior do que todos que já tinha visto, sentiu a dor de Taha Aki por estar preso nesse mundo que não era seu. A pedido de Taha Aki o lobo tentou atacar o impostor que utilizava seu corpo, mas em vão.

         Com inveja da forma física do lobo, Taha Aki teve uma ideia. Pediu então que o lobo dividisse seu corpo com ele. E, dessa vez, ao chegar na aldeia em forma de lobo Taha Aki não atacou ninguém, tentando uivar canções de seu povo. Um dos guerreiros mais velhos percebeu algo de estranho, humano, nos olhos do lobo e decidiu quebrar a ordem do chefe e visitar o mundo espiritual. Foi então que ele soube do que Utlapa havia feito.

         Utlapa chegou para assistir a cena quando o guerreiro mais velho estava voltando a seu corpo e o matou. Taha Aki, dividindo sua forma de lobo, sentiu dor pelo guerreiro morto injustamente, sentiu raiva, indignação – emoções humanas demais para que o corpo do lobo conseguisse entender. E então, bem em frente a todos, o corpo do lobo tremeu e se transformou em homem. O homem foi prontamente reconhecido por todos os guerreiros que estavam presentes, era igual a forma espiritual de Taha Aki.

         Nessa forma humana que veio do lobo, o verdadeiro chefe era mais forte, mais rápido, e conseguiu matar o impostor antes que esse fugisse para o mundo espiritual. Depois de anos, Taha Aki descobriu que seus descendentes também podiam se transformar em lobos quando chegavam a forma adulta.

         O corpo de um transmorfo, como vocês são, é mais forte, mais resistente, mais rápido do que um humano pois é a combinação de homem e lobo. É por isso também que vocês podem se comunicar mentalmente em suas formas de lobo, é um resquício do que um dia foi a comunicação dos guerreiros espirituais. Lobos se recuperam mais rápido e são mais quentes do que o normal.”

         Billy terminou a história e minha cabeça girava. Não deveria ser tão difícil assim aceitar isso tudo afinal eu aceitei eles, entendi quem eram, o que eram e não entrei em choque por isso.

— Mas – continuou Billy, largando uma caneca ao seu lado – Isso não é tudo. Com o tempo uma nova ameaça surgiu: os sangue frios.

         Estremeci ao lembrar de quando Jacob me contou essa história, o que parecia ter acontecido há anos atrás. De como isso me fez chegar até a verdade, até o fato de que os Cullen eram vampiros. Estremeci de novo e Jacob me olhou preocupado. Passou seus braços por mim, me aquecendo. Sem pensar, levei minha mão até a cicatriz em meu pulso direito. Balancei a cabeça e percebi que todos me olhavam.

— O que? – perguntei, olhando em volta confusa.

— Os Cullen, Bella. – disse Sam em uma voz seria, grave – Foi a volta deles à Forks que fez com que nós voltássemos a nos transformar.

— Ah. – disse sem olhar para ninguém em especial, Jacob apertando seus braços em volta de mim – Mas eles não estão mais aqui. Porque não parou? – disse, sentindo dificuldade para respirar.

— Pois há outros. Dois. – continuou Sam – Um macho de cabelos longos de dread e uma fêmea ruiva. Estão por aqui, atacando inocentes. Tentando entrar em nosso território.

         Eu o olhei chocada, tudo voltando a girar. O enjoo que senti mais cedo voltou com tudo. Levantei da onde estava, tonta. Me afastei somente alguns passos antes de, pela terceira vez hoje, esvaziar meu estômago. Sentia como se todo o ar tivesse sumido, como se eu estivesse naquela sala de espelhos novamente. Victoria estava aqui. Pensei, em pânico. Eles estavam em perigo. Senti uma mão em minhas costas e gritei, em pânico.

— Hey, calma. – disse a voz reconfortante de Jacob – Sou eu, Bella. O que aconteceu? – deixei que Jake me guiasse até o grupo que me observava com curiosidade.

— Eu os conheço. – disse, quase que num sussurro – Eles... – parei de falar enquanto me sentava no tronco novamente – Victoria me caçou primavera passada. – disse, finalmente – junto de James.

— Então eles voltaram atrás de você? – Sam perguntou, cauteloso

— Não – ri com a ironia – Pelo menos não James. – senti Jake tremendo ao meu lado – James está morto. Edward o matou. – tremi, segurando meu pulso de novo.

— Então a outra está atrás de você – disse Harry, com um brilho de reconhecimento nos olhos – Em nossas histórias, vampiros perdem todo o controle quando seu parceiro é morto. Assim como acontece quando o objeto de imprinting de um lobo é machucado ou morto. – completou, olhando para Sam.

Imprinting? – perguntei

Imprinting é quando um lobo perde toda e qualquer ligação que tenha existido antes de se transformar, é quando um lobo olha para uma mulher pela primeira vez e tudo se resume a ela. A gravidade não o segura mais à terra, e sim ela. Ela se torna sua razão de existir. Isso acontece desde os primeiros guerreiros espirituais – explicou Sam, acariciando a cicatriz de Emily com um olhar doce – É o que tenho com Emily, e o que aconteceu com Jacob ao olhar para você após a transformação. O que aconteceu quando Embry olhou para Kim após ter se transformado também.

— É por isso que eu consegui voltar ao normal tão rápido – Jacob disse ao me olhar – Porque estava preocupado com você.

— É por isso que me sinto bem perto de Jake? - Respirei fundo, apertando a cicatriz em meu pulso – Mas não faz sentido, pois já me sentia assim antes... antes disso. – completei, não conseguindo falar a palavra em voz alta.

— É um dos motivos, mas temos algo que precisamos falar. – o homem que não reconhecia disse, com uma voz alta – Se essa vampira, Victoria, está atrás de você... quem é o outro?

— Laurent. – disse, sentindo o torpor voltar e se apossar do buraco em meu peito – Ele nos ajudou, quando James estava atrás de mim – respirei fundo, fechando os olhos – Ele nos avisou. Avisou a eles para me esconderem. Mas foi em vão... James chegou até mim. – continuava de olhos fechados, lutando para conseguir respirar, apertando cada vez mais meu pulso – Ele chegou até mim e me mordeu.

— Como você ainda é humana, então? – Sam perguntou, a respiração rápida, as mãos tremendo.

— Edward impediu que a transformação acontecesse. – disse, sentindo o buraco em meu peito abrir ainda mais ao dizer seu nome – Eles foram embora, imagino que não queriam mais ter que lidar com uma humana fraca.

— Acho que isso já está bom por hoje. – Billy cortou o silencio que se seguiu – Jacob, porque não leva Bella até em casa? Charlie vai ficar preocupado se chegar e ela não estiver lá.

— Claro. – Jacob levantou, visivelmente perturbado – Vamos?

— Tchau, Bella. – Emily veio até mim e me deu um abraço delicado – Foi um prazer te conhecer. Não se preocupe, vai ficar tudo bem. Você é parte da família agora. – ela deu um aperto em meu braço e se afastou, indo em direção a Sam, com um sorriso tranquilo.

         Jacob e eu não falamos nada enquanto caminhávamos até minha picape, não conversamos os 15 minutos de viagem até a minha casa e ficamos sentados no carro parado em silencio pelo que pareceram horas.

— Bella... – ele começou – Espero que nada mude entre nós. – suspirou, recostando a cabeça no banco e me olhando.

— Não vai. – respondi, segurando meu pulso – Mas estou com medo, Jake. Victoria... é assustadora. Você não tem ideia.

         Jacob não disse nada, só me abraçou forte. Se afastou com um beijo em minha testa. Ainda sem falar nada, deixou que sua mão tocasse minha cicatriz. A cicatriz em forma de meia lua em meu pulso direito, em que minha pele sempre era alguns graus mais fria.

— Vai ficar tudo bem. – ele levou meu pulso até os lábios e beijou – Nós vamos te proteger, Bella.

— Não quero que se machuquem. – disse, baixinho. Senti uma lagrima correr por meu rosto, pingando em nossas mãos juntas em meu colo.

— Não vamos. – ele afirmou – Eu sei que Sam protege a todos com uma força absurda, e como Emily disse, você é parte da família agora. O tempo que estava em forma de lobo – balançou a cabeça, parecendo ainda surpreso com a situação – É como se nada nem ninguém pudesse ser mais rápido, mais forte, do que eu. É uma sensação assustadora, mas me senti invencível. Nós vamos ficar bem.

         Não disse nada. Jacob me levou até a porta de casa. Quando estava entrando, ele me puxou pelas nossas mãos ainda juntas e me abraçou. Senti seu cheiro amadeirado, quente, reconfortante e acreditei no que disse. Ele se afastou com um beijo em minha testa e correu até as árvores que cercam minha casa. Tremi com o vento gelado agora que sua presença quente não estava mais por perto e fechei a porta, trancando-a em seguida.

         Segui até a cozinha e vi um bilhete de Charlie agradecendo pelo almoço e desejando melhoras a Jacob, falando que iria chegar somente de madrugada do trabalho. Balancei a cabeça. Parecia que dias haviam passado desde que tinha saído de casa com um pote com sopa para um Jake com febre. Senti fome, meu estomago se revirando. Fiz torradas com ovos e comi tudo ainda quente, indo até meu quarto. Não me preocupei em trocar de roupa e muito menos ir até o banheiro, só fechei a janela e deitei na cama. Estava exausta demais para qualquer outra coisa.


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Notas finais do capítulo

Como vocês devem ter percebido, estou juntando fatos e situações de lua nova e eclipse. Agora devem ter entendido o motivo de Bella não estar grávida, certo? Eu achei que faria mais sentido Jacob sofrer o imprinting pela Bella. Vocês vão entender, espero, com o tempo.
Até logo!



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