Além De Um Sonho escrita por Lady Jées


Capítulo 5
Capítulo V - Obelia


Notas iniciais do capítulo

Desculpa gente, sério.
NÃO ME MATEM KKKKK
Nos vemos nas notas finais.



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O festival de Obelia atraia diversas pessoas para as ruas da Capital Imperial. A fundação do Reino Obeliano era comemorada uma vez a cada três anos e tinha como objetivo, celebrar a ascensão da família real de Alger como únicos monarcas absolutos. Havia um motivo para tal façanha. A história contava que os Algers receberam a graça de Deus em um momento de grande desespero. Na época das guerras o continente era assolado por poderosos magos que utilizavam a magia negra através de contratos com demônios. No desespero de uma era sombria, nasceu a família que levaria nas veias o sangue puro e a essência da Mundus Ligno. Com o sangue divino e a magia mais pura, os Algers conduziram o continente a vitória e ao nascimento de uma nova era.

A alegria era estampada no rosto dos cidadãos de Obelia. Por onde se passava, podia-se ouvir as histórias narradas através das bocas dos anciãos. Crianças corriam por entre as ruas da cidade, brincando e recriando as grandes batalhas da Era Sombria. Moças dançavam ao som das flautas e do drum¹, celebrando a grande vitória e o nascimento de um novo ciclo.

Os sons de música eram ouvidos até mesmo dentro da cidade imperial. Os servos preparavam o desfile do Imperador e sua Imperatriz. Era um dia alegre, porém, o coração de Claude e Diana, não compartilhava a mesma alegria de seus súditos. O pesar dos soberanos era dividido pelos seus criados mais leais. Felix Robane e Lilian York manejavam a programação do dia com determinação, mas seus corações choravam junto com seus senhores. O dia que deveria ser celebrado com grande alegria, também era o dia em que a amada princesa Athanasia havia desaparecido.

Apesar da grande tristeza que envolvia a Cidade Imperial, Sua Majestade Claude jamais permitiu que o festival fosse cancelado. Athanasia amava aquela data e a esperança de que a filha visse a celebração motivava o Imperador a continuar o festim. Todos rezavam pelo retorno seguro da estrela do Império.

— Majestade, o relatório dos soldados chegou. Não há problema algum nas fronteiras nem pelas ruas da cidade.

Felix sabia que Claude não se importava com isso no momento, contudo, ainda era necessário o informe. O homem que possuía a alcunha de Cavaleiro Sanguinário suspirou. Seu senhor sequer prestava atenção em suas palavras.

— Há algo que posso fazer por Vossa Majestade?

— Pode trazer Athanasia de volta?

— Majes..

— Se não pode fazer isso, então não. Não há absolutamente nada que possa fazer por mim agora.

Felix encolheu-se. A tristeza inundou o coração do rapaz. Não pelo tom ou pela forma que Claude falou, mas porque entendia o sentimento de desespero. Para Felix Robane, a princesa Athanasia era alguém que ele daria sua própria vida só para salvá-la. Infelizmente, Robane não conseguiu cumprir suas próprias promessas. Ele despediu-se. Em dois dias o desfile real aconteceria e ainda havia coisas para serem preparadas.

Felix caminhou abatido pelos corredores do palácio. Seu coração rezava pela vida de Athanasia e mantinha a esperança de que a informação do Duque Alpheus, desta vez, fosse verdadeira. Robane perdeu-se em pensamentos até o momento em que entrou pelo caminho que levava ao jardim de rosas da princesa Athanasia. Seus pés sempre terminavam ali.

O cavaleiro sempre parava na entrada do jardim, olhava por alguns minutos e depois saia, mas, dessa vez, ele adentrou pelo labirinto atraído por uma voz angelical. A Imperatriz Diana se encontrava sentada no centro do lugar. Em suas mãos uma pequena coroa de formosas rosas vermelhas estava sendo construída. Enquanto as mãos delicadas da Imperatriz trabalhavam com maestria, seus lábios proferiam uma cantiga antiga passada pela família. A canção era uma oração, pedindo a proteção aos deuses antigos para sua criança. Felix pode notar as lagrimas que escorriam pelo rosto de Diana.

Ele não ousou interromper. Sabia que a Imperatriz viera de uma cultura diferente e acreditava nos antigos*. Quando, por fim, Diana terminou a coroa, seu canto cessou.

— Por favor, não fique aí parado Felix. Adoraria a companhia de um amigo agora. – Felix pigarreou antes de se aproximar.

— Glórias e Honras a Lua² de Obelia. Como está, Majestade? – Diana suspirou. Apesar da dor que sentia, seu coração agradecia a compaixão que Lilian e Felix tinham para com ela.

— Estou bem. – Felix notou a mentira. – Fiz para Athanasia, o que acha?

Diana levantou a coroa feita delicadamente. Era como um mantra, fazer coroas com flores enquanto entoava uma canção a mantinha firme. A esperança de que Athanasia a usaria em breve jamais a abandonou. Felix pegou o objeto nas mãos e sorriu.

— É maravilhoso, minha Senhora. Tenho certeza de que a princesa ficara encantada.

— Ela sempre gostou de rosas. Lembro de como ela corria por esses corredores enquanto brincava.

Felix lamentou mais uma vez. Sua mente sempre vagava pelas memórias antigas, se perguntando onde Athanasia estaria, o que estava fazendo e se estava sendo bem cuidada. Embora fosse difícil, tentava não pensar que o pior havia acontecido, permitindo-se ter esperanças de encontrar a princesa sã e salva.

— Onde quer que esteja, ela ficara bem, Majestade. A princesa herdou as melhores qualidades de Vossa Majestade Claude e da Senhora. Tenho certeza que a encontraremos. Ela sempre foi uma garota esperta.

Diana assentiu sorrindo, mesmo que não fosse verdadeiro.

— Quero ela de volta Felix. Quero Athanasia de volta em meus braços.

E novamente Diana pôs-se a chorar. O desespero da Imperatriz inundou o coração do cavaleiro. Ele se aproximou, com a intensão de consolar a amiga, todavia, a voz de Lilian York foi ouvida um pouco mais ao fundo.

— Majestade, por favor, venha imediatamente. O Duque Alpheus acabou de chegar ao palácio com informações.

Lilian apareceu suando. Pela expressão no rosto da donzela, Felix deduziu que, desta vez, as informações não eram triviais. E, assim como ele, Diana também percebeu.

...

— Ei, tome mais cuidado.

Lucas ralhou com uma criança que havia topado com ele. Barulhento. O mago estava bastante irritado agora. Fazia três dias que estava em Obelia, mas não conseguiu achar nenhum rastro que levava ao paradeiro do mago mercenário conhecido por Carax. Ele também não podia simplesmente sair perguntando para todo mundo, ninguém em sã consciência iria responder uma pergunta tão suspeita.

Enquanto estava ali, reparou que a cidade se preparava para um grande festim. Sabia do que se tratava, afinal, seu antigo mestre havia lhe contato a história da criação do reino de Obelia. Isso atrapalhava um pouco seus planos.

O fluxo de pessoas que entrava e saia da cidade era enorme e dificultava o rastreamento de alguém em especifico. Suspirou. Estava cansado e queria retornar para Athy o mais rápido possível, mas não podia voltar sem ter a solução para tirá-la daquela torre.

O adolescente não se importava realmente com o festival, todavia, algo chamou a atenção. Na praça central, um grupo de pessoas rodeava a grande ponte, Lucas notou que aqueles que ali estavam, pareciam fazer uma oração. Ao redor, viu que mais e mais pessoas se aproximava e cada uma tinha em mãos pequenas velas acesas. O barulho das vozes que gritavam tantas coisas diferentes começou a cessar pouco a pouco e, quase como uma reação em cadeia, todos fecharam os olhos e permaneceram em silêncio.

Um ancião entoou uma velha canção em língua antiga. Lucas prestou mais atenção em suas palavras.

I'r hen rai gweddïwn;

[Aos Antigos rogamos;]

Gofyn am amddiffyniad a chryfder;

[Pedindo proteção e força;]

I'n plant ddychwelyd i'w cartref;

[Para que nossas crianças retornem ao seu lar; ]

Cryfhau calon yr hyn a gymerwyd oddi wrthym;

[Fortaleça o coração daquela que nos foi tirada;]

Dewch â hi yn ôl i'n hochr ni;

[Traga-a de volta para nosso lado;]

Amddiffyn enaid ein plentyn;

[Protejam a alma de nossa criança;]

Tywys eich camau ar y ffordd adref.

[Guiem seus passos para o caminho de casa.]³

A canção era uma oração aos antigos deuses, embora algumas palavras foram adaptadas. Lucas estava intrigado. Olhando ao redor, viu que algumas pessoas derramavam lagrimas com rostos marcados por uma grande tristeza. Quase como se alguém muito querido tivesse partido. O mago não compreendeu bem, pelas histórias, ele sabia que aquela era uma oração que o povo antigo costumava cantar para seus filhos que partiram para guerra, mas, neste tempo, não havia guerras e sequer rumores de uma. Quem, então, havia partido?

Alguns minutos se passaram desde que o ancião começou a entoar a oração, as pessoas que carregavam as velas, aos poucos, se aproximaram do grande chafariz e depositaram a vela sobre a água calma. De pouco em pouco, as pessoas retornaram as suas atividades. Foi quando Lucas abordou uma moça, perguntando sobre o ocorrido.

— Nossa princesa foi levada de nós. Não sabemos onde está, porém, ainda mantemos a esperança de que ela retorne um dia.

— Fazem isso todos os anos? – Lucas perguntou ainda mais curioso.

— Todos os anos que o festim acontece.

— Porque somente no festim?

— Porque foi nesse dia que a princesa Athanasia desapareceu. – Respondeu a moça, abaixando o olhar entristecido.

— Princesa Athanasia?

— Sim, nossa estrela do Império. Desde que ela desapareceu a nove anos, o Imperador e sua esposa sofrem pela perda. – A jovem pegou o cesto com pães, preparando-se para continuar o caminho. - Nunca deixaram de procura-la, mas aonde quer que esteja, pedimos para que seu coração e sua alma estejam seguros. E para que os deuses a tragam de volta para casa.

Lucas assentiu, agradeceu pela informação e prosseguiu. De alguma forma, aquela história o atraiu mais do que qualquer outra coisa. Seu coração martelava tão fortemente que poderia jurar que estava quase saltando para fora. Porque isso o intrigava tanto? Apesar da curiosidade pela princesa perdida, o mago decidiu voltar para o caminho, procurando seu alvo.

Foi quando sentiu. Aquele fluxo de magia negra repugnante. O homem que Lucas procurava a dias, finalmente, estava perto. O mago não tardou em procurar pelo mana nojento, perseguindo-o até o bosque fora dos limites da cidade de Obelia.

...

Não demorou para que Lucas chegasse na fonte do mana. Usando a magia de teletransporte, logo, o jovem se encontrava rodeado pelas grandes árvores do bosque. Seguiu o caminho onde o fluxo era intenso e adentrou na parte mais selvagem do lugar. Se sentiu nauseado. A magia negra presente ali, era muito mais forte do que em qualquer outro lugar que visitara.

O mago estudou o lugar por alguns segundos, notando entre as árvores, runas antigas. Tinha quase certeza que se tratava de alguma magia de selamento, porém, a confirmação veio segundos depois. Lucas não se deu conta de que havia uma pequena runa escondida no solo, o que acabou fazendo com que o mago pisasse sem se dar conta. As letras brilharam com uma forte luz arroxeada, formando um círculo mágico em volta do adolescente. Infelizmente, uma vez dentro do limite traçado, é quase impossível alguém conseguir quebrar o selamento.

Lucas praguejou. Fora descuidado com algo simples. Estava tão focado nas letras a sua frente que esqueceu de olhar para os lugares menos óbvios. O círculo tinha um padrão único. Com letras formando as frases de um antigo canto ancestral. Linhas traçavam e se interligavam umas às outras como um emaranhado de fios. A luz roxa se tornou mais intensa e do círculo surgiram contornos que lembravam a Lucas os elos de uma corrente. 

O mago estava preso, além de sentir que sua magia estava, de alguma forma, sendo drenada.

Enquanto Lucas praguejava e buscava em suas memórias formas para se livrar da magia, um homem trajado com vestes escuras se aproximou. O adolescente, então, o encarou. Aquela cicatriz e a mana nojenta em seu corpo tornava fácil a identificação.

— Porque está me seguindo? – Rápido e sem demora. Não estava com paciência para lidar com aquilo. Lucas também preferia ir direto ao ponto.

— Você tem a chave de algo que desejo. Só vim para pegá-la. – Embora estivesse selado e com a mana sendo drenada, o adolescente não pareceu desesperado. Isso chamou a atenção de Carax.

— E como tem tanta certeza que essa chave está comigo? Por acaso tem alguma prova?

— Não há necessidade de algo assim. Sua mana nojenta está rodeado por todo o lugar. Além do mais, lembro claramente do seu rosto.

Carax observou o adolescente por alguns segundos. Ele jamais tinha visto uma criança com tanto poder mágico assim, tirando, é claro, os membros da família real de Obelia. Lucas, porém, não possuía traços que o ligavam ao sangue real. Quem era aquele garoto, afinal? E o que exatamente queria de si?

Por mais que fosse um mago mercenário experiente, Carax não possuía um cérebro dos mais inteligentes, lhe custava ligar certos pontos. Mas como mago e combatente, sua força era, deveras impressionante.

— Você me conhece? Tenho certeza que me lembraria de alguém como você. Me diga, onde nos encontramos?

Lucas manteve a calma, precisava ganhar tempo enrolando Carax até que achasse um meio de quebrar o feitiço. Sua mente trabalhava de três formas. A primeira mantinha sua boca falando para que Carax pensasse que ele não podia fazer nada; a segunda buscava na memória contos e histórias antigas onde uma magia como aquela já tivesse aparecido e a terceira, se concentrava em manter o mana em seu corpo estável para que não fosse consumido rapidamente.

Lucas era mesmo um gênio. Mesmo em tenra idade. Ele não só nasceu com uma quantidade absurda de mana, como também teve sucesso ao encontrar a Mundus Ligno. A quantidade extra de mana obtido após devorar os ramos de uma deidade¹’ o tornavam, talvez, o mago mais forte da história. Ele não seria vencido por um selamento assim.

— Não importa onde nos encontramos. Eu só quero uma coisa e você me dará isso.

— ... não acha que está sendo muito presunçoso para alguém que logo irá morrer? – Carax o olhou com uma expressão divertida. Mesmo que o adolescente tenha uma grande quantidade de mana, o selamento seria capaz de detê-lo e logo esgotaria a fonte de energia do jovem mago. - Tenho certeza que percebeu que esse feitiço sugara toda a mana em seu corpo. Você morrerá em breve.

— Sabe, estou curioso... – Iniciou Lucas para ganhar tempo. – Como alguém como você, conseguiu força suficiente para executar esse tipo de magia?

— O que quer dizer? – Carax indagou o adolescente com certo furor.

— Alguém com uma mana tão podre como a sua, não seria capaz de capturar nem mesmo um pequeno coelho inofensivo. – Lucas o avaliou e, em seguida, riu sarcasticamente. – A verdade é, você sequer tem uma quantidade razoável de mana, contudo, aqui estou eu, preso em uma magia de selamento. Certamente não seria capaz de fazer isso, a magia em seu corpo não é suficiente para me prender, mas agora percebo que não há magia negra nessas runas. Me diga, como conseguiu?

A expressão no rosto do homem endureceu. Carax havia passado anos de sua vida ouvindo que era alguém incompetente e incapaz. O ódio fez com que recorresse a formas mais obscuras de poder, levando-o a selar contratos com espíritos das trevas, vendendo até mesmo sua alma. O coração do homem estava tão cego pelo poder e pela força que, conforme os anos se passaram, sentia cada vez mais prazer em ceifar vidas inocentes apenas pelo bel prazer de ouvir os gritos e os pedidos de misericórdia. Carax não aceitava que era fraco, não aceitava que sua força não provinha dele e acreditava que toda a mana que roubava, pertencia unicamente a ele.

— Para alguém que caiu tão facilmente nessa armadilha, você está se achando demais, não acredita nisso, garoto? – Ele retirou o capuz, revelando, pela primeira vez, o rosto completo do agressor de Athy. O olhar era escuro, como se fossem duas esferas de carvão. O rosto continha pequenas rugas, evidenciando que, muito provavelmente, o mercenário estava na casa dos quarenta anos. Lucas então notou a cicatriz. Não era pequena. O corte tinha início no queixo e seguia profundamente pela lateral direita do rosto até a testa. Certamente Carax teria perdido a visão, mas de alguma forma, o objeto que deixou aquela marca errou o ponto sensível por milímetros. Por último, Lucas notou o cabelo longo e de tom verde musgo, preso em uma fita branca rente a nuca. 

A expressão no rosto de Carax era medonha. Exalava um ar frio e cortante. O adolescente só pode imaginar o quão assustada Athy estava durante todos esses anos. A raiva o inundou quando as memórias do tratamento que Carax havia dado a sua garota, voltaram como uma bomba. Ele podia botar medo em muitos, mas não em Lucas.

— Um momento de distração, eu admito. Mas deixe que eu lhe conte um segredo... – A voz de Lucas se tornou mais sombria. Carax o encarou por alguns segundos, tentando imaginar o que o mago faria para se livrar da armadilha, porém, quando se deu conta, já era tarde demais. – Magia negra jamais irá funcionar em mim. Além do mais, a magia que você implantou nessas runas não pertence a você. Talvez você tivesse mais sucesso se utilizasse uma mana pura. Mas esse seu pequeno erro, custará sua vida.

Ao terminar a frase, faíscas de eletricidade começaram a vazar do círculo mágico. A força era grande demais para serem contidas pela magia de selamento, fazendo com que as inscrições fossem se partindo uma a uma. Carax usou magia protetora para barrar a mana que vazava e que, certamente, o machucaria se o acertasse. Olhar para Lucas era difícil, o adolescente sorria com uma certeza invicta de que era muito mais poderoso. E ele, de fato, era.

Em todas as suas quatro décadas de vida, Carax não havia conhecido mago tão excepcional. O fascínio pelo adolescente o fez se esquecer momentaneamente de que Lucas estava ali como inimigo. A ganância pelo poder começou a cegá-lo novamente. Talvez, se ele conseguisse esse poder, poderia realizar seus desejos.

Quando Lucas livrou-se por completo do selamento que o prendia, Carax deteve a magia protetora e, com entusiasmo, indagou Lucas, que não tardou em ignorá-lo.

— Magnifico... Que força maravilhosa. Me diga, qual o seu nome criança? – Perguntou o homem com entusiasmo.

— Porque lhe diria isso? – Lucas o fuzilou. – O que o faz pensar que tem o direito de pronunciar meu nome? Me enoja só em pensar saindo dessa boca imunda.

—Vamos, não seja assim. O que acha de ser meu aprendiz? – Carax não desistiria simplesmente, mas logo percebeu que Lucas não seria alguém que dobraria tão facilmente. – O que diz de ser meu ajudante então? Podemos conquistar muitas coisas, juntos poderemos chegar ao topo desse mundo. O que acha, heim? Podemos até mesmo conquistar Obelia, tomar o trono daquele imperador medíocre e darmos início a uma nova era.

O cenho de Lucas franziu-se. Por mais que não gostasse das pessoas em geral, não significava que preferia fazer um massacre. Além do mais, quando Carax falou sobre o imperador daquela maneira, algo em Lucas o incomodou consideravelmente.

Lucas não precisava de muito para juntar as peças e notar o plano de Carax, além, é claro, de estar quase completando o quebra-cabeça que envolvia Athy.

Uma jovem presa em uma torre longe de olhares e com sua mana selada.

Uma princesa perdida.

Um imperador com a linhagem azul. Desesperado em encontrar sua preciosa filha.

Athy... não. Seu nome completo era Athanasia de Alger Obelia. A princesa perdida. Herdeira de Obelia e portadora da magia mais pura existente.

Lucas precisava traze-la de volta para sua família.

— O que o faz pensar que desejo isso? – A indiferença na voz de Lucas confundiu Carax. Afinal, quem não desejaria poder? – Eu não preciso de mais poder, não desejo o trono, muito menos criar uma nova era.

A expressão em Carax se tornou mais fria.

— Tudo o que sai de você é um monte de merda sem sentido. Então, porque não cala essa maldita boca? – Lucas sorriu. – Você jamais chegará ao topo.

A raiva efervesceu Carax. O homem não se conteve e lançou um ataque destrutivo na direção de Lucas, mas a magia de proteção do adolescente era muito mais poderosa.

O carrasco não parou, tentava magias cada vez mais fortes, mas Lucas as parava facilmente. A mana do homem começou a se esgotar e isso o fez praguejar. Teria que recorrer a magia negra. Apesar do perigo, Carax não se importou. A bola negra começou a ser formada nas palmas de suas mãos, fazendo Lucas se lembrar de certas questões.

— A propósito, estou curioso sobre algo. Um usuário de magia negra como você, não aguentaria muito tempo sem recorrer alguns truques para viver. Então, como consegue manter essa magia sem pagar o preço? Tenho certeza que não possui nenhum contrato com demônios. Eles certamente ficariam longe de alguém tão repugnante como você.

— Isso não é da sua conta, moleque. – Carax lançou mais uma esfera negra de mana, contudo, Lucas a destruiu facilmente. Estava ficando cansado de conversar com esse verme. – Porque...? Porque não consigo acertá-lo?

— O quê? Realmente acha que vou te contar qualquer coisa relacionado a mim? Esqueça.

— Por mais forte que você seja, há limites para a mana de um mago aguentar. Você já deveria ter, pelo menos, estar manchado, porque não consigo fazer dano?

— Isso é porque você é estupido! Um idiota como você nunca conseguirá fazer qualquer dano em mim.

Carax irritou-se ainda mais. Nada do que fazia parecia adiantar. Por mais poderosa que fosse o feitiço, seus atos eram inúteis contra aquele garoto. Nunca vira mago tão forte assim, só em histórias, onde narravam que magos ancestrais obtinham poder da Mundus Ligno, mas eram apenas isso. Histórias.

Com um estalo, o homem, enfim, percebeu a verdade diante de seus olhos.

—... Você.... por acaso, você....

— Oooh, parece que sua mente decrépita finalmente funcionou um pouco, não é? – Lucas se aproximou. Suas mãos estendidas eram um sinal de que ele terminaria isso com uma simples magia. – Agora, me faça um favor e pare de tentar coisas inúteis. Você não pode mais fazer nada.

Um padrão avermelhado surgiu ao redor. Logo em seguida, feixes de luz azulada dançavam por todos os lados e se concentraram na figura de Carax. Ele foi atingido por diversas ondas de pura mana, Lucas desejava a morte daquele homem, porém, a conversa que tivera com a garota em Adhara o fez se controlar. Ela estava certa, ele jamais conseguiria matar aquele homem. Athy merecia mais do que um assassino.

Pegou o aparato mágico oferecido por ela. Gastar mais tempo ali era desnecessário. Era hora de descobrir os segredos que Carax escondia e, finalmente, libertar sua garota.

Athy esperava por ele.

...


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Notas finais do capítulo

EU NÃO BETEI O CAPÍTULO AINDA, ENTÃO PERDOEM OS ERROS.

Drum¹ = espécie de tambores

Antigos* = Seriam deuses ancestrais que antecederam o deus adorado agora em Obelia. É tudo do enredo, por isso não coloquei nomes e nem criei uma mitologia em volta disso.

Lua de Obelia² = Claude, como imperador, é considerado o Sol de Obelia, Diana, por ser sua esposa e se estivesse viva na novel, seria chamada de Lua de Obelia, assim como Athy é considerada a estrela do reino no original. Acho que era meio obvio, mas coloquei mesmo assim aushuash

Cantiga antiga³ = Foi totalmente criada por mim, a língua usada é Galês.

Deidade¹' = isso é uma informação da novel original. A Árvore do Mundo é uma deidade com consciência.

Geeeeeeeeeeeeente como eu demorei. Peço imensas desculpas por isso, estou sem internet em casa e meu celular está praticamente morrendo. Além de ficar com um pequeno bloqueio na parte do encontro entre Carax e Lucas. Mas, pra tentar compensar, fiz o maior capítulo da história até agora. Espero mesmo que gostem.
Tenho novidades.

Estou postando essa história no Wattpad agora;

Estou trabalhando em dois novos enredos;

E

ESTOU TRADUZINDO OS SPIN-OFFS DE WHO MADE ME A PRINCESS ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥

Bom, contarei com mais detalhes quando terminar essa história, espero que leiam até o final aushasuhs

Além do mais, creio que farei um capítulo a mais do que tinha planejado. Não fiquem bravos kkkkkkk

Milhões de beijos e abraços. Amo todos vocs ♥ ♥



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