Além De Um Sonho escrita por Lady Jées


Capítulo 4
Capítulo IV - Adhara


Notas iniciais do capítulo

BOA NOITEEEEEE.
GENTE, POR FAVOR, LEIAM AS NOTAS FINAIS.

Boa leitura ❤️❤️❤️❤️



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O mago havia notado uma pequena insígnia como broche na capa que o homem estava usando. Além desse pequeno detalhe, também viu brevemente uma cicatriz coberta pelo capuz do manto. Era o suficiente para Lucas definir onde começar as buscas sobre a magia que prendia Athy. Por esse motivo, ele se deu o momento de aproveitar a garota em seus braços. Agora, ambos estavam sentados em grandes almofadas que traziam conforto ao corpo tenso e cansado. Athy ainda estava abraçada a ele enquanto as mãos do mago cercavam o corpo frágil da garota, a mantendo protegida em seu peito. A loira havia parado de chorar a apenas alguns instantes atrás, logo após uma sequência de palavras de Lucas. Ele prometeu que a tiraria dali e a faria livre, agora era hora de cumprir sua palavra; com isso em mente, o mago se preparou para abordar o assunto, todavia, isso se tornara difícil. 

— Você ira partir logo, não é? – Por sorte, foi Athy quem o abordou. 

— Sim. – Confirmou. – Mas apenas por agora, quero permanecer assim. 

Athy sorriu, afinal, Lucas não costumava ser tão gentil. Sua amizade se resumia em provocações, brincadeiras, brigas e comida. Ao lado dele, a garota se permitiu ser alguém que jamais foi, enquanto o mago descobria lados dele que nunca pensou que teria. Todos os momentos o trouxeram ao agora, formando o vínculo de confiança que os permitiam ter esperança. Estarem apaixonados era o bônus. O melhor de todos. 

— Tudo bem se tiver que ir – falou alguns minutos depois. – Estou bem agora. 

— Você está me mandando embora? – Lucas perguntou fingindo estar machucado e fazendo Athy rir levemente. 

— Não, não estou. Na verdade, não quero que você vá, mas sei que é necessário. Você planeja seguir aquele homem, não é? – Athy perguntou quando levantou a cabeça para olha-lo.

— Sim – assentiu. – Eu tenho uma leve ideia de onde ele vai, então não se preocupe. Posso ficar mais um tempo. Não sei quando poderei ver você de novo, mas, com certeza, dá próxima vez virei para leva-la comigo. 

Lucas sorriu calorosamente, sendo retribuído pela loira. Os olhos de joia não deixaram o rosto do mago um momento sequer e o coração batia apressado. Ele conseguia tirar de si as reações mais belas e reconfortantes. Athy não hesitou em tomar os lábios do mago em um breve beijo. 

Aproveitariam o momento o máximo que podiam, pois sabiam que, ao amanhecer, estariam separados por um longo tempo. 

Deixa-la lhe custou um grande esforço. Para o mago que estava unicamente comprometido com a magia, ter alguém ao seu lado tornava tudo mais bonito, até mesmo sua magia era mais incandescente e fluida. Os meses que passou ao lado da garota o acordaram para um sentimento que jamais imaginou sentir. Antes de partir, Lucas deu a Athy um pequeno presente, um colar quase imperceptível, mas que atenderia alguns de seus pedidos. Ele moldou o colar em volta do pescoço alvo, colocou nele magia de proteção e magia de invocação, assim, quando Athy desejasse, ela poderia se alimentar sempre que sentisse fome, apenas tocando o colar e pensando no alimento. Lucas planejava voltar o mais rápido possível, todavia, sabia que imprevistos poderiam acontecer. Com esse intuito, a magia de proteção seria ativada caso o homem que ele seguiria tivesse algum comparsa que viesse para lhe fazer mal. Era também um sinalizador, Lucas poderia encontrar Athy em qualquer lugar que ela estivesse. Aquele colar o levaria até ela. 

Sentindo-se um pouco mais reconfortada, a garota logo adormeceu, deixando para trás o mago que sorria de forma acolhedora. Ele não ousou sair de seu lado até a primeira hora do dia. Quando os raios de sol invadiram através dos vidros do relógio, Lucas beijou-lhe ternamente a fronte de Athy, desaparecendo logo em seguida. 

Era hora de resolver isto de uma vez por todas. 

...

A cidade de Adhara¹ era famosa por seu comércio local. Viajantes de várias cidades e continentes passavam por ali para oferecer suas mercadorias e foi nesse ambiente que Lucas se encontrava. Ele havia visto o símbolo de uma pequena guilda de mercenários encrustada no broche que o homem – ao qual apareceu na torre do relógio – usava. Sabia a quem pertenciam, assim como sabia que a guilda mantinha uma célula na cidade mercante. Não demorou para o jovem mago encontrar o símbolo dos Venatores². 

Lucas atravessou as portas da taverna aparentando ser mais velho. Ele costumava, de tempos em tempos, usar magia para envelhecer a aparência, assim era conveniente principalmente em ocasiões como aquela, onde precisaria reunir informações. Homens e mulheres não davam crédito a sua verdadeira forma, uma vez que, ninguém imaginaria que um adolescente fosse capaz de fazer muita coisa. Mas o assunto era diferente quando ele aparentava vinte e poucos anos. 

O mago podia sentir os olhares lascivos que as mulheres daquele lugar lhe ofereciam. Bufou, se perguntando o que elas pensariam se soubesse a verdade sobre seu disfarce. O cheiro de bebida e cigarro impregnou as narinas, fazendo com que Lucas desejasse desesperadamente voltar para o lado da sua garota. Ela sempre cheirava a rosas e baunilha, não importando o estado em que estava. Pensar nela fez com que o mago expressasse, brevemente, um semblante agonizado. 

O olhar carrancudo do atendente não intimidou Lucas. Os olhos cansados do homem analisavam o mago da cabeça aos pés. Ele podia ver que Lucas não viera ali apenas para beber um drink. 

— Não oferecemos serviços para o seu tipo, rapaz. – Exclamou quando Lucas se aproximou. 

— E você sabe que tipo de serviços procuro? – O jovem mago rebateu, igualando o olhar altivo do homem. Ele não respondeu por um tempo, apenas se virou e continuou a limpar os copos. Nesse momento, enquanto Lucas decidia se atacava o homem ou não, uma garota jovem apareceu. Ela aparentava ter dezesseis anos. O cabelo acastanhado era liso e bem cuidado e no olhar esmeraldino notava-se certa inocência. Ela sorriu. De certa forma, a garota não parecia combinar com o lugar. 

— Desculpe os maus modos de meu pai. – A jovem proferiu enquanto curvava levemente a cabeça. – Não estamos acostumados a receber pessoas como você, por isso, papai está arredio. 

— Pessoas como eu? – Lucas perguntou simplesmente. – O que quer dizer?

— Jovens magos. Normalmente só recebemos viajantes e comerciantes que estão de passagem pela cidade. 

Lucas percebeu a mentira, todavia, a jovem também não escondera a verdade. Tudo não passava de um jogo ao qual as duas partes deveria reter suas informações. O mago analisou mais atentamente a garota, os olhos carmins tentaram enxergar algo que não era visível a olho nu. E foi aí que ele viu. O fluxo de mana na garota era turbulento como uma tempestade enegrecida. O mais impressionante foi ver que a jovem aparentava estar bem e saudável, mesmo com a quantidade de magia escura que o corpo supria. 

— Eu vejo – Iniciou Lucas. – Sua natureza é tempestuosa. Me admira o fato de que pode contê-la. 

— Obrigada – Sorriu docemente – Me custou algum tempo, mas no fim, consegui. – Agora era ela que o analisava. – Mas vejo que você possui mais mana do que magos comuns. Me diga, por acaso o jovem mago esteve em Mundus Ligno³? 

— E porque acha que eu lhe diria essa informação? 

Lucas a olhou interrogativamente. Aquela garota com certeza sabia como jogar e, muito provavelmente, ela queria tirar informações dele antes que ele conseguisse alguma coisa. Todavia, o mago não queria perder tempo. 

— Ora ora, nada é conquistado sem pegar o devido preço, não é? – Retomou a jovem. – O que acha disso, se você responder algumas de minhas perguntas, responderei as suas, o que me diz, heim? – Lucas ponderou um pouco antes de responder. Ele poderia se esquivar das perguntas e dar respostas evasivas, contudo, ela poderia fazer o mesmo. Se quisesse informações ali, Lucas teria que jogar limpo. Com esse pensamento ele, por fim, concordou. 

A sala para onde se dirigiram era o contraste completamente oposto à recepção da taverna. Lucas a seguiu silenciosamente, mas manteve sua guarda alta, afinal, era uma usuária de magia da escuridão ali. 

— Não se preocupe, não pretendo ataca-lo, até porque, se eu fizesse isso, com certeza seria condenada. Sua mana é limpa, mas posso sentir o tamanho do poder que possui. 

Eles se sentaram enquanto uma xícara de chá foi servida. A jovem ainda mantinha uma expressão solene no rosto, como se estivesse falando com um velho amigo. De certa forma, isto irritou Lucas. 

— Então... – recomeçou a moça. – O que quer saber? 

Lucas estranhou, mas manteve-se quieto. Ele precisava encontrar o ponto que a garota queria. 

— Não precisa ser tão cauteloso. Para que você veja que não pretendo mentir, direi primeiramente o que quero. – A jovem bebericou o conteúdo do chá, antes de retomar a fala. – Posso sentir o item valioso que você carrega. Eu o quero. 

— Você realmente acha que a informação que procuro vale tanto assim? – Lucas riu em escárnio. Ele não daria isto a ela. – Posso encontrar aquele que procuro sem a ajuda de vocês. 

Os olhos esverdeados encararam os de rubi, pela primeira vez, Lucas notou que não havia traços de gentileza naquele rosto feminil. A jovem endureceu suas feições, mas ainda mantinha uma calma gélida. 

— Sim, você provavelmente poderia... – suspirou. – Contudo, quanto tempo levaria? Desculpe, mas acredito que esteja com muita pressa, afinal, qual outro motivo o faria vir diretamente para uma de nossas bases, sem ao menos solicitar o chamado pelos nossos informantes?

Lucas calou-se. Ela tinha o ponto. Ele não poderia demorar muito já que não sabia quando o homem voltaria para atormentar Athy. O mago encarou a garota por alguns momentos. Sua mente mantinha-se revoltosa em pensamentos sobre o que fazer. Lucas levara muito tempo para conseguir aquele item. Valia a pena trocá-lo apenas por uma simples informação?

De repente, como se fossem sinos soando ao vento, a voz de Athy abrandou sua mente, fazendo-o lembrar das doces conversas e brincadeiras que compartilhavam durante os meses que estiveram juntos. E então, a resposta veio.

Por ela, Lucas entregaria até mesmo seu coração. 

— Certo. – Cuidadosamente, o mago retirou uma pequena lasca de madeira de dentro do manto que vestia. Era do tamanho do polegar e, visto por olhos comuns, não passava de um pequeno toco de árvore. Mas para as duas pessoas ali, aquilo tinha mais significado e poder do que poderiam imaginar. Lucas colocou a lasca sobre a mesa, mas não a passou para jovem. Não ainda. Ele precisava da informação. 

— Quem você procura? – Ela indagou.

— Um de seus venatores. Um homem que possui uma cicatriz no lado esquerdo do rosto. – Lucas falou, lembrando-se vagamente da cicatriz que viu de relance e que estava praticamente encoberto pelo capuz do homem. – Ele usa uma capa amarronzada e a natureza mágica... Sua natureza mágica baseia-se em magia de selamentos. 

A garota parou pensou por alguns segundos. Os olhos esverdeados olharam brevemente para a lasca de madeira, como se estivesse avaliando algo. Então, ela prosseguiu:

— Muitos dos nossos possuem cicatrizes e você sabe, o manto é muito comum. – Ela o olhou com o semblante franzido. – Perdoe-me por perguntar, mas porque acredita que eu venderia um dos nossos?

— Não brinque comigo, conheço a filosofia que compartilham. Apesar de serem um bando de infratores que aceitam pedidos por dinheiro, há limites ao qual não passam. – Retorquiu. 

— E você está me dizendo que esse venator passou dos limites?

Era um teste, Lucas sentiu no olhar da garota. 

— Tenho certeza que tortura e cárcere de inocentes não fazem parte da índole dos Venatores. 

Ele estava certo. Os Venatores é uma guilda que trabalhava com recompensas e pedidos de velhos nobres ou para quem pudesse pagar o devido preço. Mas sequestro e cárcere de pessoas inocentes não fazia parte de seus serviços. Não negavam que até aceitavam pedidos de assassinatos, mas os pedidos nunca envolviam pessoas de bom coração. 

A jovem sorriu minimamente. Talvez o rapaz de cabelo negro a frente fosse a solução para um de seus problemas.

— Tudo bem. Não nego que você está certo. – Falou com certa admiração. – Então, direi a você, uma vez que, essa pessoa tem nos causado muitos problemas ultimamente. 

A jovem levantou-se e se dirigiu para a cômoda atrás de si. De lá, tirou um pequeno objeto arredondado e entregou a Lucas. Ele a olhou impaciente, mas conteve os resmungos. 

— É um dispositivo de captura. Estou lhe entregando como parte da informação e também para lhe pedir um favor.

— Um favor? – Bufou. – O preço que estou pagando não é o suficiente?

— Sim, de fato é... – Respondeu a jovem. – Porém, isso é um pedido dessa jovem para o mago. Os Venatores ficarão lhe devendo um favor. O que me diz?

— Você me dará um nome?

— Darei a informação que possuo no momento. – Lucas pensou por um tempo e então assentiu. – O homem que procura provavelmente seja Caracks. É um mago que usa magias proibidas e selamentos. Há alguns anos Caracks aceitou um pedido, contudo, depois disso ele se tornou mais ambicioso e, desde então, nunca mais o vimos em nossas bases. 

— Eu o vi em Sirius.¹*

— Ele desenvolveu uma magia capaz de ocultar sua mana e deixá-lo irrastreável. Caracks sabe como nossa guilda funciona, com isso, pode se manter pelas sombras para que não possamos interferir. 

— A pessoa para quem ele aceitou o pedido, você sabe quem é?

— Não, eu não sei. – Ela mentia, Lucas viu em seus olhos, porém, também viu o aviso silencioso. Era alguém poderoso com quem eles não podiam lidar ainda. – Quando o encontrar, use o dispositivo. Ele foi desenvolvido para selar magos com natureza como a de Caracks. Quero que o entregue para nós.

— Isso está fora de questão. – Lucas proferiu friamente. – Esse homem. Caracks. Eu o matarei assim que tirar o que quero dele.

A garota o observou por um tempo. Ela podia ver o ódio avassalador que ele exalava, mas também podia ver que o mago possuía um coração brando e suave. Havia muito que ele poderia perder. 

— Se fizer isso... – ela respondeu suave e calmamente. – Acha que poderá salvar aquela que deseja? 

Lucas permaneceu em silêncio. 

— Eu vejo o ódio em você, mas seu coração não está pronto para tirar uma vida. Por mais que a ame.

— Cale-se, você não sabe de nada. – Os olhos carmesins olhavam para figura feminina enraivecidos. 

— Sim, você está certo, eu não sei. – A garota ainda mantinha a calma. – Mas compadeço por você. Por favor, deixe que nós cobremos o preço pelos pecados de Caracks.

Lucas demorou em responder. Ele ponderava entre matar o homem encapuzado e aceitar o pedido da garota. Por fim, apenas assentiu concordando. 

— Obrigada. – O mago arrastou a lasca de madeira até ela e se levantou para sair. – A propósito... – Lucas se virou. – Obelia... é um lugar muito curioso. Quem sabe o que podemos encontrar por suas ruas? – Sorriu sendo correspondida com um leve acenar de cabeça. Lucas, antes de sair da sala, pode ouvir um sussurro quase inaudível da garota. 

Obelia. Lucas sabia seu destino e, como a garota acabara de proferir, os venatores sempre cobravam um preço. 

Lucas cobraria o dele.  

...

 


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Notas finais do capítulo

NOTA: ¹Adhara - Segunda estrela mais brilhante da constelação do Cão Maior. O nome também é um termo sânscrito que significa suporte, além de servir para representar o Muladhara Chakra.
² Venatores - Caçadores em Latim.
³ Mundus Ligno – Árvore do Mundo em Latim
¹* Sirius – Outra das estrelas mais brilhantes e maiores da constelação do Cão Maior. Também é uma das estrelas mais próximas da terra.
...

Gente, seguinte, eu normalmente gosto de soltar capítulos somente quando já tenho outro pronto, porém, terminei de escrever o capítulo 4 as 3 da manhã e isso sugou todas as minhas energias para escrever o 5, como resultado, vou começar a escrever o 5 amanhã, mas não sei se postarei no mesmo dia, a não ser que eu tenha, pelo menos, metade do capítulo 6 pronto.
Felizmente, eu já tenho o planejamento, então não vai demorar kkkkkk

Aliás, vcs viram? ALÉM DE UM SONHO GANHOU UMA RECOMENDAÇÃAAAAO AAAAAAAAAAAAAAH
Eu tô MUITO feliz, então o capítulo é dedicado ao Nicolas (eu sei seu nome real, nunca duvide das habilidades dessa autora hahahaha).

Espero que tenham gostado do capítulo.
E me digam suas teorias nos comentários, eu adoro ver se vcs estão certos ou não kakakakaka

KISSUS ❤️❤️❤️❤️❤️❤️



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