Marinette need's help escrita por Miris


Capítulo 4
Recuperação


Notas iniciais do capítulo

O último capítulo data do dia 24/03, às 22h28min.

—---- ♥ -----

Eu devo um pedido de desculpas à todos aqueles que acompanham as minhas fics!

Infelizmente, os efeitos da pandemia finalmente resolveram bater na minha porta. Indisposição, procrastinação, sentimentos negativos, me fizeram incapaz de escrever qualquer coisa nestes últimos meses. Não sai nada com nada.

A @Angel45 / @PinkieBye tem me feito, no último mês, treinar a escrita por conta de uma fic que ela estava louca para escrever — mas, que estou há semanas enrolando pra fazer minha parte. Não consigo, estou totalmente travada. Não saí absolutamente NADA.

Consegui, com muito esforço, fazer este capítulo que vós fala ontem e, nessas últimas duas — ou três — semanas, consegui fazer uma pequena oneshot de Miraculous para atualizar um pouco minha lista e não deixar vocês sem nada.

Boas notícias: tenho até o Capítulo 07 planejado. ✨✨✨

Para quem acompanha Kiss Kiss (a fic do Jovens Titãs), ela NÃO SERÁ mais atualizada. A minha boa amiga, @Angel45 / @PinkieBye , está me ajudando a reestruturá-la e reescrever TODA a história desde o início. Ao menos, vai ficar melhor agora. Amém.

Espero que gostem da fic e tenham um pouco mais de paciência. Estou tentando, juro.

Obrigada! ✨✨✨



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            Na quinta-feira, após o ataque de nervos de Marinette ocorrido no dia anterior, a garota acordou. Era por volta de onze horas quando a azulada começou a abrir os olhos com dificuldade. Sentia-se extremamente exausta. O sedativo finalmente deixará de fazer efeitos há algumas poucas horas.

            Sabine sorriu quando viu que a filha estava despertando do longo sono induzido. Marinette podia ver todo o medo e preocupação estampados nos lábios secos e rachados e das olheiras profundas da mãe. Seu olhar já não tinha o mesmo brilho de antes.

— Olá, querida. — Cumprimentou em voz baixa. — Dormiu bem?

Marinette se manteve calada, estava tentando se lembrar das coisas e recuperar seus movimentos. Olhou ao redor para se lembrar de onde estava e o que havia acontecido. Estou no hospital, pensou.

O-... — Abriu e fechou os lábios com dificuldade. Engoliu, com dificuldade, pois a boca estava seca. — Oi... mãe. — A voz saiu rouca e muito baixa, seguido de uma pequena movimentação nos cantos dos lábios, simulando uma tentativa de sorriso.

— Vou pedir para trazerem algo para comer, já está na hora. — A chinesa avisou, fazendo carinho nos cabelos da filha.

***

[Françoise Dupont, 13h54]

Adrien, Chloé, Sabrina e Kyoko, estavam sentados em um dos vários bancos espalhados no pátio do colégio. Conversavam sobre coisas aleatórias tentando se manterem distraídos.

Depois do ocorrido no hospital no dia anterior, a Doutora Dyami pediu para que os adolescentes cortassem as visitas por um tempo. Marinette ficara muito agitada com a presença deles, então era melhor evitar, até ela fazer as primeiras sessões na psicologia e na psiquiatria. Talvez, poderiam voltar na semana seguinte.

Sabrina pegou o telefone quando a notificou sobre uma nova mensagem. Leu-a com cuidado e sorriu. Digitou algumas coisas e logo virou-se para os amigos.

— A Marinette vai fazer a primeira sessão com a psicóloga hoje, às duas. — Comentou feliz. — A mãe dela acabou de enviar uma mensagem.

— Isso é ótimo, Sabrina. — Kyoko respondeu. — Significa que não vai demorar até podermos voltar a vê-la. — Lembrou os loiros.

— Isso é bom, quero me redimir com ela. — Adrien disse, olhando para o chão.

— Sim, eu também tenho muito o que me desculpar. — Chloé completou.

— Agora não adianta ficar desse jeito. — Kyoko lembrou. — Marinette não precisa de pessoas que ficam se lamentando e correndo atrás dela como cachorrinhos arrependidos. Ela precisa de amigos fortes e de alegria, para ajudar na sua recuperação. — Adrien e Chloé sorriram compreensíveis, logo assentindo.

— Tem razão, Kyoko. — O modelo Agreste concordou.

— Devemos conseguir vê-la na segunda-feira. — Sabrina disse lendo novamente o celular.

***

— O senhor e a senhora podem ficar tranquilos. — A mulher disse, dirigindo-se aos Dupain-Cheng. — A terapia vai fazer muito bem a filha de vocês. É só a primeira sessão, não posso dizer a vocês o que ela realmente tem, mas notei sim alguns traços de uma ansiedade e um transtorno depressivo. Mas, vou entender isso bem melhor com mais algumas sessões.

— Doutora, sobre a consulta com o psiquiatra. — Tom Dupain pediu. — Acha mesmo que é necessário?

— Senhor Dupain, vou falar sobre isso com a Doutora Dyami. Ainda não acho que seja o momento ideal de o psiquiatra agir, pois, não tenho um diagnóstico concreto. Na semana que vem, vou vir ver a filha de vocês na terça e na quinta, daí posso dizer com mais precisão.

— Nós agrademos, doutora. — Sabine sorriu.

— Imagina, senhora Dupain. É um prazer poder ajudar. — Logo, afastou-se.

            A psicóloga pediu para que os amigos ainda não fossem visitar a garota Dupain-Cheng por mais uma semana. Enquanto isso, no hospital, Marinette seguia rigorosamente a dieta feita pelos médicos e falava com a psicóloga. Por conta de outros ataques de nervos em momentos surpresa, era comum ver a psicóloga entrando no quarto, ao menos, duas a três vezes por dia. Sem contar os momentos da sessão terapêutica.

A doutora Dyami fazia visitas regulares a garota e sempre checava como ela estava. Em todos esses anos atuando em hospitais, Marinette havia entrado na lista de poucos pacientes que haviam tirado a cabeça da médica do lugar. Se preocupava muito com a garota e, quando os pais não podiam estar por perto, ou ela, escalava uma enfermeira de confiança para vigiá-la. Depois do primeiro ataque de raiva, Dyami presenciou mais quatro. E isso a preocupava muito.

Enquanto isso, Tom e Sabine cuidavam das questões judiciais. Estavam usando esse “tempo extra” com a filha no hospital, para juntarem todas as provas e materiais necessários para dar entrada com o processo judicial. O advogado da família — pago pelo prefeito de Paris, por ordens de Chloé — era um dos melhores do Estado e estava montado suas estratégias argumentativas com muita cautela, gosto e recursos. Havia juntado muita coisa e, prometera a família — e a senhorita Bourgeois — que haveriam de ganhar o caso com toda certeza.

Com o quarteto, as coisas estavam um pouco mais complicadas. O clima de tensão entre as meninas e Adrien contra Layla e os colegas de turma parecia estar a um fio. Era tudo tenso demais e todos pareciam extremamente cansados e estressados. Adrien já fora obrigado a tirar Chloé e Kyoko de perto da italiana várias vezes. Principalmente a japonesa, que parecia ter se esquecido de seu próprio conselho e queria bater na mentirosa.

Na última sexta-feira internada, Marinette recebeu as meninas e o Agreste pela primeira vez desde o acontecido. Agora, estava um pouco mais calma, mas ainda corria risco de se tornar violenta com os adolescentes. Então, os quatro prometeram que iriam ser cautelosos com tudo o que diriam.

— Como tem sido seus dias aqui? — Kyoko perguntou e a azulada abraçou os joelhos.

— Um tédio completo. Não posso ter acesso ao meu celular, só a televisão do quarto. E, não tem muito o que fazer aqui. Às vezes, me deixam andar um pouco no corredor e me levam para tomar Sol, mas não é muito divertido. Quero ir para casa logo.

— E você vai, Mari. — Adrien disse calmamente com um sorriso gentil. — Logo você vai sair daqui e sua vida vai entrar nos eixos.

É. — Marinette concordou, olhando para os joelhos. — Acho que sim.

— E a comida? — Sabrina lembrou. — É muito ruim? — Uma pequena risada anasalada saiu da boca de Marinette, que logo deu meio sorriso de canto.

— Não é tão ruim assim. — Confessou, já se sentindo extremamente desanimada e cansada. — Meio sem tempero, mas é boa. — Marinette parou de falar e seu olhar fixou nos braços. Um longo suspiro e sua face endureceu, numa expressão fria e distante. O cômodo ficou em silêncio total.

            Ninguém ousava dizer uma só palavra. A azulada fechou seus olhos e assim ficou por alguns instantes. Parecia até ter se esquecido que tinha visita. Apenas os barulhos das máquinas ligadas em seu corpo soavam no quarto. O bip era constante e possuía um pequeno intervalo de dois segundos.

            Ninguém fazia ideia do que acontecia dentro da Dupain-Cheng. Algo estava crescendo ali. Algo ruim e que afastava a todos. A janela bateu e mais um bip foi ouvido. A coberta hospitalar voou para o lado esquerdo e Marinette jogou-se para a direita, em direção a máquina que soava o barulho. Estava furiosa e gritava as piores palavras em raiva. A azulada pegou um pequeno banco de metal ao lado da maca e o levantou, ameaçando lança-lo contra a tecnologia que marcava os seus batimentos cardíacos, que estavam acelerados e marcavam na tela.

            Adrien se afastou da porta e correu, Sabrina puxou Chloé e Kyoko saltou por cima da cama como se fosse apenas uma pequena cerca. Adrien retirou, com pouca dificuldade, o móvel das mãos de Marinette e Kyoko virou a garota para si, logo a abraçando. Os nós dos dedos da garota estavam brancos pela força e pressão que fazia no metal do pequeno banco.

            O abraço foi como um soco no estômago da Dupain-Cheng. De repente, lágrimas brotaram em seus olhos e Marinette desabou em um choro repleto de dor e sentimentos, enquanto abraçava a única amiga fiel que havia se mantido ao seu lado durante todo esse tempo. A azulada segurava Kyoko como se sua vida dependesse disso. Abraçava como se segurasse para que a japonesa não pudesse escapar. Agarrava ela num pedido de socorro silencioso, mas desesperador. Estava implorando para que não fosse abandonada por mais ninguém, pois estava cansada. Não tinha forças para continuar. Não tinha forças para pedir ou gritar. Marinette estava cansada de tudo e não queria que seu ponto final fosse ali, naquele momento. Naquele lugar. Naquela idade.

            Marinette, apesar de não suportar mais nada, não queria que fosse seu fim. Queria fazer muitas coisas ainda. Queria tomar mais um suco de laranja com Kyoko. Queria dizer a Sabrina mais uma vez que a Chloé se aproveitava dela. Queria brigar com a Chloé mais uma vez. Queria ver Adrien na esgrima ou na passarela mais uma vez. Queria ver a Tikki e os outros Kwamis mais uma vez. E, queria do fundo de seu coração, ver Chat Noir e ouvir suas piadas ridículas — porém, amadas — mais uma vez.

Ela queria viver mais uma vez.

Está tudo bem, Mari. — A voz de Kyoko soou leve em seu ouvido e Marinette acordou. Lembrou de que estava viva e com eles. Viu o olhar culpado de Adrien, o choro de Sabrina e a preocupação da Chloé.

M-me... Me desculpem... — Pediu, num sussurro cheio de dor e emoção. Lágrimas voltaram a abrotar grosseiramente de seus olhos enquanto voltou a apertar Kyoko contra si, num implorar silencioso de “não me deixe também”.

            O final de semana foi um pouco mais tranquilo. Durante o sábado e domingo de visitas das amigas e de Adrien, Marinette se manteve mais estável e presente mentalmente. Os amigos tentavam a alegrar a todo custo, tirando pequenos sorrisos e risadas dela.

***

            A tão aguardada terça-feira havia chegado. Marinette completou seis semanas no hospital e, para a felicidade de todos, a doutora Dyami disse que ela poderia voltar para casa naquele dia. A palavra Felicidade não era o bastante para descrever o sentimento que todos aqueles que amavam Marinette sentiam no momento.

— Nós vamos nadar juntas toda semana no Hotel do papai. — Chloé disse quando Marinette saiu do banheiro com a roupa que os pais haviam trago. — A doutora disse que você precisa tomar Sol porque é essencial para seu tratamento e para a saúde. Mas, sempre o antes das 10h e o depois das 15h. — Explicou o horário lendo o papelzinho em mãos, logo olhando a azulada. — Os exercícios físicos vão te ajudar a melhorar muito, garanto. E, vamos ficar fabulosamente bronzeadas. — Disse mexendo o cabelo.

— Claro, Chloé. Vai ser um prazer. — Mari disse num sorriso, cruzando os braços.

— E nós duas vamos fazer ioga juntinhas! — Sabrina disse animada, batendo palminhas. — A meditação é super indicada para ajudar na ansiedade e no controle emocional. Vamos trabalhar a nossa paciência e um pouco da elasticidade do corpo. — Sabrina explicou ficando apoiada em um só pé, com todo o corpo esticado. — Minha irmã mais velha é instrutora de ioga, vamos fazer com ela.

— Parece maravilhoso. — Marinette disse meio hesitante, mas com um sorriso, enquanto Sabrina voltava ao normal e sorria.

— E eu vou te ajudar com esgrima, é divertido e você tem bons reflexos. Lembra da nossa aula, juntos — Adrien sorriu para a amiga, que se lembrou do episódio. No mesmo dia, teve seu primeiro contato com a amiga, Kyoko.

— Lembro, sim. — Concordou, sorrindo. — Foi como conhecemos a Kyoko.

— E eu vou te ensinar as técnicas milenares de defesa pessoal da minha família. — A japonesa disse. — Com isso, você vai aprender o básico que vai te servir por toda a sua vida.

— Isso é bom. — Disse meio pensativa. Lembrava-se do episódio do banheiro, quando as meninas a salvaram. — Essas técnicas teriam sido muito bem-vindas há alguns meses. — Comentou de maneira fria, se abraçando.

‘Tá tudo bem, Marinette. — Adrien disse. — Não pudemos te proteger antes, mas vamos agora. — A azulada olhou todos e Adrien fez o mesmo. — A gente promete. — Mari assentiu com a cabeça, comprimindo os lábios.

Certo. — Respondeu. Não queria dizer nada, mas estava insegura. Medo de ser abandonada de novo.

— Vamos! — Sabrina disse animada, assustando todos. — São dez horas e todos nós vamos almoçar no Hotel da Chloé para comemorar a sua melhora! — Sabrina dava pulinhos animados e Marinette riu.

— Vamos.

— Já falei com os seus pais. — Kyoko avisou. — Hoje serei eu que vou levar você até o consultório da psicóloga. Depois, vamos fazer uma leve caminhada, para você renovar as energias com o pôr-do-Sol. — Marinette sentia-se querida com os cuidados que cada um planejou para si.

***

            Como era de se esperar, a comida no Hotel do prefeito Bourgeois estava maravilhosa. O homem tinha a sua disposição os melhores cozinheiros da cidade para fazer tudo do bom e do melhor — e, isso, incluiu Marinette naquele almoço.

            Sentar-se à mesa com seus pais, amigas e amigo, estava sendo um sonho. Um sonho do qual Marinette não tinha vontade de acordar. Estava tudo perfeito. A comida que, mesmo sendo de melhor qualidade, não fugia de sua dieta, seus amigos e parentes que faziam companhia e comiam o mesmo que ela para encorajá-la e, o ambiente calmo e tranquilo.

            A sobremesa, em pouca quantidade, mas deliciosa fez Marinette sorrir com a explosão de sabores em sua boca. Conseguiu sorrir, rir, conversar e se divertir. Muitas pessoas pensam que uma pessoa com depressão e ansiedade, fica sempre para baixo. Mas, não é assim que funciona. Ela tem seus picos de tranquilidade e felicidade, assim como os de tristeza e fúria — que acabam se tornando mais constantes e presentes em sua vida, trazendo outros sintomas e sentimentos.

            Após o almoço, Marinette finalmente pode voltar para sua casa. Quando chegou no prédio, correu em direção ao seu quarto, onde encontrou Tikki e os outros Kwamis, que haviam preparado uma pequena faixa de quarenta centímetros com os escritos: Bem-vinda de volta, Marinette!

            O prazer da azulada foi jogar a mochila com roupas no chão e ir abraçar cada um dos pequenos seres mágicos e sentir os deliciosos aromas mágicos que vinha de cada um. Marinette não pôde descrever o sentimento de felicidade ao abraçar Tikki e sentir, próximo ao rosto, o cheirinho doce que a Kwami da Criação emanava. Lágrimas, abraços, beijos e palavras de felicidade e consolação preencheram o ambiente. Sem contar, com os inúmeros pedidos de desculpas de Marinette por permanecer tanto tempo fora e não ter cuidado dos seus “pequenos amorzinhos”.

— Eu sinto muito! — Marinette disse mais uma vez e Barkk e Trixx a abraçaram.

— Está tudo bem, Marinette. — Trixx disse beijando-lhe a bochecha.

— Nós estamos tão felizes por você estar bem! — Barkk abraçava a Guardiã na bochecha e soltou para olhar em seus olhos.

            Marinette passou o máximo de tempo possível com os adoráveis Kwamis. Todos os pequenos seres mágicos contaram para a Guardiã sobre o que estavam fazendo durante o tempo que havia ficado fora e o quanto sentiram sua falta. Estavam muito empolgados com a sua volta.

            Às três horas, a campainha de sua casa tocou e Marinette desceu correndo com sua bolsinha e Tikki dentro dela. Ao abrir a porta, encontrou-se com Kyoko que trajava suas roupas normais.

— Pronta? — A japonesa perguntou. — Sua consulta é daqui vinte minutos. O Tatsu vai nos levar e, nós vamos voltar a pé.

— Estou prontinha. — Marinette sorriu e seguiu a amiga para fora do prédio.

            Marinette passou pela padaria e se despediu dos pais com um beijo, logo saindo pela porta da frente. A azulada sabia que nesse horário, muitos alunos estariam saindo do Françoise Dupont, então preferiu apenas se lançar no banco traseiro sem olhar para o prédio. Tinha medo de paralisar em medo. Seu coração já batia tão forte que chegava a doer.

            Kyoko sentou-se ao seu lado e segurou a sua mão, dando todo o apoio que a amiga precisava. O trajeto foi silencioso, pois Marinette não parecia muito aberta para conversas. A japonesa respeitou e preferiu ficar mexendo em seu smartphone.

            Treze minutos e estavam em frente ao prédio onde se localizava o consultório da psicóloga. Kyoko e Marinette subiram para o terceiro andar do enorme prédio e logo foram recebidas pela atenciosa recepcionista. Esperaram um pouco e, logo a porta se abriu revelando a psicóloga e um paciente saindo com um sorriso e olhos vermelhos e inchados. Se despediram e a terapeuta logo chamou a azulada.

— Como você está? — Perguntou a mulher, sentando-se na poltrona.

— Estou bem. — Marinette disse, num sorriso. — Saí hoje do hospital.

— Que ótima notícia, não? — Marinette assentiu. — Me conte um pouco sobre você desde a nossa última sessão.

            Durante cinquenta minutos, a Dupain-Cheng contou a conhecida psicóloga sobre os acontecimentos desde sexta-feira. Contou sobre a crise nervosa e o sentimento que teve sobre tudo. Contou sobre como se sentiu acolhida com a amiga que a abraçou — que por coincidência, era a mesma que a levara até ali — e sobre os outros que sempre estão ali, assim como os pais.

            Marinette chorou. Chorou muito quando falou de Layla e da escola. Dos seus amigos. Ex-amigos. Contou sobre o medo de retornar e ser julgada. Medo de olhar para eles e para a italiana. Contou que, só de pensar em rever a mentirosa, seus musculosos gelavam e se comprimiam. Eles não respondiam as suas ordens, que vinham depois de alguns minutos de pavor. Pânico.

            A terapeuta interviu como pôde, como manda a área de atuação a qual era fiel. Conversou, explicou e acalmou um pouco do coração de Marinette. Aos poucos, ainda cheia de lágrimas para pôr para fora, a azulada foi se acalmando e entendendo que seu medo era natural. Mas, que o medo que sentia não era Ela. Ele não a definia.

            O momento com a terapeuta acabou passando um pouco do tempo, pois Marinette precisava se acalmar. Uma boa terapeuta nunca deixa seu paciente sair completamente desnorteado de uma sessão. E a azulada tinha perguntas, que foram respondidas. Assim como, a principal resposta era: Não, uma verdadeira profissional não conta para os pais o que é conversado na sessão. Ela pode conversar sobre comportamentos e dar sugestões de melhora aos responsáveis, mas nunca dizer o que se fala ali. Uma “exceção à regra” é se a jovem, ou o jovem, estiver “correndo riscos” e pondo sua segurança — e a de outros — em perigo.

            Quando Marinette saiu da sala, foi logo recebida com um sorriso e abraço de Kyoko. Ambas se despediram da psicóloga e saíram. A azulada precisou ir ao banheiro para lavar o rosto e se acalmar, antes de irem embora a pé.

            Kyoko guiou a amiga para fora do prédio e andaram um pouco até a azulada ser surpreendida. Adrien, Chloé e Sabrina estavam esperando as duas algumas ruas abaixo do endereço. Sabrina gritou surpresa e abraçou a mais nova amiga.

— O que estão fazendo aqui? — Marinette perguntou curiosa. Tinha um sorriso enorme no rosto.

— Viemos levar você para tomar um sorvete. — Chloé disse.

— Para você ver que nunca vai estar sozinha, Mari. — Adrien disse. — De agora em diante, somos nós para sempre.

— É uma promessa. — Kyoko disse, colocando a mão no ombro da amiga. — Toda vez que você vir na terapeuta, um de nós vai te acompanhar e, na volta, vamos fazer um programa juntos.

— Hoje é o Dia do Sorvete! — Sabrina disse muito animada.

— Eu preferia o Dia do Suco de Laranja. — Kyoko confessou.

Pessoal... — Marinette chamou o novo grupo, com os olhos cheios de lágrimas, prontas para rolarem. — Eu amo vocês. Obrigada por tudo!

Awn! — Todos fizeram em coro e abraçaram a garota simultaneamente.

            Passaram meia hora procurando André, o Sorveteiro dos Apaixonados. Felizmente, ele estava no Jardin Du Trocadéro, atendendo um casal de rapazes. Cada um pegou uma casquinha para si, pagando em seguida, e seguiram andando pelo ambiente aberto. Subiram até o alto e se viraram para ver a Torre Eiffel.

            Chloé, Sabrina e Kyoko estavam discutindo alguma coisa, pois estavam muito concentradas em sua conversa. Já Adrien e Marinette, estavam um pouco afastados, tomando seus sorvetes com calma e assistindo a grande Torre e seu céu serem tingidos pelas maravilhosas cores do pôr-do-Sol.

            Mesmo quando os doces gelados acabaram, todos permaneceram no lugar. Adrien e Marinette trocavam poucas palavras sobre o lugar, pessoas diferentes e situações inusitadas. Céu bonito. Olha aquela criança. Lindo pôr-do-Sol! Nossa, ele caiu! A Torre Eiffel está linda. Você viu aquilo? Olha, é o Sr. Ramier dando comida aos pombos.

Marinette. — Adrien chamou num sussurro, enquanto olhava a paisagem.

Hum? — A azulada o olhou.

— Fico feliz que esteja bem. — Os orbes do Agreste encontraram o céu de Marinette.

— Também estou. — Confessou. — E vou ficar melhor ainda. — Disse com alguma determinação na voz. Adrien sorriu.

— Eu sei disso. E eu vou te ajudar, assim como as meninas.

— Sou muito grata a elas. — Mari confessou num sorriso, olhando elas de longe.

— Olha — Adrien chamou a atenção da azulada tirando um pequeno embrulho azul-marinho do bolso — tenho algo para você. — Disse estendendo o presente. Rapidamente, o trio de garotas começou a prestar atenção nos dois.

— O quê é? — Perguntou curiosa.

            Rapidamente, desfez o laço branco que o envolvia por todos os cantos e o guardou no bolso da jaqueta. Abriu a caixinha com cuidado e ficou encantada quando viu do que se tratava. Um pequeno anel da coleção de primavera de uma joalheria famosa, com uma Flor de Lótus cheia de zircônias e banhada em ouro rosê.

— Gostou? — O Agreste parecia tenso.

— Adrien — Mari estava boquiaberta — é lindo! — Rapidamente experimentou e o anel lhe serviu perfeitamente. — Eu amei! Obrigada. — Agradeceu olhando no fundo dos olhos do amigo.

— Sabia que ia gostar. — Adrien sorriu.

— A Flor de Lótus é muito importante na Ásia, significa pureza espiritual. Sabia? — Contou ao amigo, enquanto olhava admira o anel que brilhava, refletindo a luz do Sol nas pedrinhas.

— Eu pesquisei bastante. — Contou. — No Antigo Egito, e acho que hoje também, a Flor de Lótus está associada ao renascimento. E, eu pensei exatamente em você, quando descobri isso. Afinal, você está renascendo. — Marinette sorriu, grata e encantada pelo gentil gesto do amigo.

— Eu adorei. — Ressaltou novamente com um sorriso. — Obrigada! — Marinette abraçou o Agreste sendo correspondida rapidamente. Ambos se abraçaram por bastante tempo e, não perceberam o novo trio de amigas se balançando para lá e para cá com as mãos formando um coração.

***

            À noite, Marinette tomou outro banho e trocou de roupa. Vestia um pijama de inverno grande, quente e confortável. Seus pais fizeram um maravilhoso jantar — como mandava a dieta — para comemorarem o retorno da filha para casa. A menina havia ficado seis semanas num hospital e isso não deixava ninguém animado.

            Conversaram sobre diversas coisas e fizeram Marinette se animar mais um pouco após a caminhada e o dia divertido. Jantaram, comeram uma pequena sobremesa de frutas e se sentaram no sofá após organizarem a cozinha. Passava um filme qualquer na televisão, mas a azulada não estava prestando atenção. Sua cabeça estava em outro mundo. Pensando sobre tudo e, ao mesmo tempo, sobre nada.

— Marinette, querida. — Sabine a chamou, fazendo-a despertar do devaneio.

Sim, mãe? — Respondeu baixinho.

— Precisamos conversar, querida. — Foi a vez de Tom Dupain falar.

Claro. — Marinette se arrumou na poltrona e puxou para mais perto a pequena manta que cobria seus ombros. — O que houve? — Pai e mãe se sentaram no sofá e respiraram fundo, logo se entreolhando. Nervosismo era algo bem óbvio em cena.

— Querida — Sabine começou — quando você esteve em coma, suas amigas nos contaram algumas coisas que... — A mulher não sabia como falar. — Que nos incomodaram. — O coração de Marinette estava agitado e gelado.

— Como assim? — Marinette ficou tensa e o casal percebeu a mudança de postura da filha.

— Marinette, por favor, fique calma. — Tom pediu e a garota iniciou rapidamente seu exercício de respiração. Em poucos minutos já estava mais calma. — O que sua mãe quer dizer é que nós já sabemos sobre o que está acontecendo no colégio. E estamos preocupados. Você nunca disse nada.

Não queria preocupar vocês. — A garota inclinou um pouco a cabeça enquanto mexia nos dedos.

— Nós não sabíamos o que estava acontecendo, mas sabemos agora. — Sabine se inclinou para frente e segurou as mãos agitadas da filha. — E nós vamos te proteger. — Marinette sorriu.

— Queremos ser honestos com você. — Tom explicou. — Seus amigos encontraram seu Diário Escolar e os áudios gravados no celular. — Marinette pulou no assento, horrorizada.

— Não! — Agitou-se.

— Acalme-se, querida. Por favor! — Sabine pediu docemente, preocupada com a filha. Ambos se assustaram quando viram que a jovem estava chorando muito, sem conseguir controlar as lágrimas que desciam. Rapidamente, ambos levantaram e abraçaram a filha. — Está tudo bem, meu amor.

— Estamos aqui agora, princesinha. — Tom disse abraçando a filha. Marinette chorava e fungava sentindo o perfume de flores da mãe e o bigode do pai roçando em sua testa. Sentia-se segura e acolhida. Era como se nada no mundo pudesse fazer mal algum a garota.

            Após minutos de choro incessante, fungadas e palavras desconexas e sem sentido, Marinette pôde, enfim, respirar. Limpou as lágrimas com a ajuda da mãe, que lhe dava apoio e conforto, e com o bom humor do pai, que lhe dizia coisas engraçadas, melhorando seu humor e esquecendo a tristeza.

— Queremos que entenda que nós vamos te defender, filha. — Tom disse se abaixando ao seu lado. — Nós temos o seu diário, o relato dos seus amigos e os áudios. Vamos proteger você. — Marinette manteve-se em silêncio enquanto pensava no que havia escutado.

O que vão fazer com isso tudo? — Perguntou num sussurro rouco.

— Querida, nós vamos fazer o que é certo. — Sabine explicou. — Você é de menor e, é dever de nós, pais, cuidarmos e defendermos você. — Marinette focou na mãe. — Nós decidimos, após conversarmos muito e falar com alguns advogados, que o melhor a se fazer é entrar com um Processo Judicial contra a Layla Rossi por bullying, difamação, agressão, xenofobia. Pelos crimes que ela cometeu e o advogado explicou para nós. — As lágrimas voltaram a brotar vagarosamente no rosto da jovem.

— Querida, não se preocupe. — Tom disse limpando as lágrimas da filha, fazendo-a olhar para si. — Não estamos fazendo nada de errado. Estamos no nosso direito, como diz a Lei. — Sorriu para a filha. — Vamos fazer isso por você e por outras pessoas. Pensa... Se nós não pedirmos justiça, essa Layla vai pensar que pode fazer a mesma coisa que fez com você, com todo mundo que cruzar a vida dela. E se ninguém denunciar, ela só vai machucar mais e mais pessoas inocentes. Até causar o pior na vida dessas pessoas. — Tom explicou com muita calma e serenidade. — Se denunciarmos, ela vai ter que responder judicialmente com os pais e vai aprender que todos os nossos atos têm consequências. Vamos “cortar o mal pela raiz” para te proteger e, consequentemente, podemos estar protegendo todas as pessoas que, no futuro, cruzem o caminho dessa menina. — Tom olhou nos olhos da filha. — Afinal... — Disse devagar para que Marinette entendesse.

— Afinal, todos os nossos atos têm consequências, podendo ser boas ou ruins. — Marinette disse pausadamente junto aos pais, que logo sorriram para ela. Marinette respirou fundo e começou a assentir. — Vocês têm razão. — A azulada concordou. — Eu apoio a decisão de vocês. A gente tem que parar a Layla, de uma vez por todas. E, isso só vai acontecer quando envolvermos os pais dela, nisso.

— Exatamente! — O pai concordou.

— Vai dar tudo certo, querida. Mamãe promete. — Sabina abraçou a filha.

— E papai também promete! — Tom disse animado, abraçando firmemente as duas mulheres de sua vida.

            O pesadelo estava, finalmente, mais um passo próximo do fim...

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Notas finais do capítulo

Obrigada a todos que leram até aqui! ♥

Obrigada a @Angel45 / @PinkieBye por me apoiar e me ajudar sempre quando preciso. ♥♥♥♥

Obrigada por não desistirem de Marinette need's Help. ♥

Até o próximo capítulo... ♥✨



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