Marinette need's help escrita por Miris


Capítulo 1
Help


Notas iniciais do capítulo

Tive essa ideia há cerca de uma semana.

Como Marinette é uma super heroína adolescente com o "mundo nas costas" decidi mostrar a importância de sua saúde mental para se manter sempre determinada ao bem maior.

Neste Universo, por conta de sua depressão e ansiedade, ela acaba se afastando de todos e decidindo desistir de desmascarar Layla Rossi (na versão francesa, Lila Rossi). E, claro, as consequências de uma possível não-aceitação e não-tratamento dos distúrbios em uma heroína tão importante como ela.

Aproveitem ♥ ♥



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Os raios passaram pela janela do meu sótão, o despertador tocou na tela do meu celular e eu abri os olhos marcados pelas leves olheiras. Fiquei ali mesmo, naquela mesma posição, meu corpo tinha uma sensação ruim. Pesado. Fadigado. Durante longos dois minutos eu observei o teto, extremamente desanimada.

Marinette, o café está na mesa. — A voz da minha mãe veio do andar inferior. Me mexi na cama e afundei meu rosto no travesseiro, gemendo de mau gosto.

Era tudo tão difícil!

Com mais cinco minutos de dificuldade, e desânimo, eu pude me sentar na cama e olhar tudo ao redor. Com mais sofrimento, consegui sair do móvel e ir ao andar debaixo para comer. Os desânimos e cansaços estavam cada vez mais frequentes e fortes do que nunca.

— Você demorou, querida. – Minha mãe comentou preocupada.

Preguiça da manhã. – Murmurei enquanto me servia de leite e chocolate em pó. Após beber e comer um pedaço bem pequeno de torta, que faziam meu estômago se revirar – e preocupar minha mãe com minha frequente falta de apetite—, eu voltei para cima.

Em meu quarto, abri meu guarda-roupa e puxei um dos cabides montados por mim aos fins de semana, para evitar trabalho de escolher roupas. Joguei em cima do divã e entrei no banheiro, me despindo enquanto a água caia. 

A água morna caia dentro da banheira, fazendo o cômodo se encher de vapor. Entrei embaixo da queda e deixei deslizar de minha cabeça aos pés, lavando meus fios com muita angústia e vontade de... Expor.

Saí do banho e fiz o mínimo possível. Desodorante, hidratante apenas na pele exposta, pentear os cabelos e tentar esconder as olheiras com muita má vontade. Juntei as coisas na minha bolsa com muita lerdeza e com sensações fortes de fadiga no corpo. 

Com a mochilinha nas costas eu desci para a padaria, onde meu pai me esperava com um saquinho cheio de lanches para mim. Coloquei dentro da bolsa e beijei sua bochecha, dando um sorriso amarelo em seguida. Meu pai me olhava com seu olhar preocupado e eu lhe tentava passar a sensação de tranquilidade, mas, sinceramente, não funcionava há tempos.

Esperei pacientemente o sinal fechar para que eu pudesse atravessar a rua. Enquanto isso, minha cabeça estava em outro mundo, pensando alguma coisa. Só pude acordar quando Tikki mordeu meu dedo que estava no bolso do short-saia preto – que mais parecia uma saia por ser um pouco larguinha e de corte diferente.

Obrigada, Tikki. — Murmurei para a Kwami que estava no meu bolso

            Atravessei a rua e continuei a andar em direção as escadas de entrada do colégio. Eu estava tão cansada e mal humorada que nem me dei ao trabalho de parar e cumprimentar as pessoas. Ninguém sentiria falta disso de toda forma.

            Assim que atravessei as portas do Françoise Dupont me deparei com alguns amigos de turma junto a Layla embaixo da cesta de basquete. O grupo conversava animadamente, como se fossem os melhores amigos do mundo. Eu não me dei, novamente, ao trabalho de cumprimentar ninguém e fui em direção às escadas.

“Como podem ser tão idiotas a ponto de deixarem ser enganados por ela?”— Me questionei internamente quando passei por eles.

            Sinceramente, eu deixei de ligar a muito tempo. Toda vez que Layla mente para ganhar a atenção, eu não tento contestar ela. Não faz sentido ficar mais brigando para tentar acordar a todos, eu sempre termino muito nervosa. Então tudo que ela fala, e me coloca no meio, eu apenas sorrio e concordo com a cabeça. Logo depois, eu volto a minha atenção para outra coisa qualquer.

            Parece até um absurdo, mas, desde que comecei a fazer isso eu tive paz. Ser a Ladybug, ter que cuidar de milhares de parisienses e de Hawk Moth, e ainda tentar ter uma vida de estudante adolescente normal, já cansa demais. Então, para quê eu vou me preocupar com Layla? Além do mais, eu comecei há ter mais tempo para descansar, já que todo mundo gasta seu tempo livre aqui ao redor dela.

            Um exemplo clássico. Quando Layla voltou com aquela história de zumbido no ouvido esquerdo – e depois disse direito—, ela esperou que eu a contestasse para me fazer “pagar de vilã” na frente de todos. Naquela época, eu já me sentia... Assim. Estranha.

— É tão ruim! – Ela sempre reclamava com voz manhosa, vitimando-se.

— Layla, você deveria ir ao médico. – Disse e isso chamou a atenção de todos. – Não é bom você ficar sofrendo com esses zumbidos. Com certeza existe um medicamento que possa aliviar isso.

— Ah, claro. – Ela havia ficado surpresa com a minha falta de interesse em desmenti-la. – Eu farei isso Marinette! – Ela sorriu e todos os olhares ainda recaiam sobre mim, e isso estava me deixando muito desconfortável.

— Vou pegar um copo de água para você. – Inventei a melhor desculpa que pude para poder sair da sala de aula e fugir dos olhares de todos. Isso me incomodava tanto.

            Não demorou a que eu começasse a fazer o mesmo que todos para que me deixassem em paz e não me acusassem de “ciúmes obsessivos”. Tudo que Layla dizia e me metia no meio, eu só sorria e concordava. Era tão fácil e, rapidamente, as pessoas perdiam o interesse em mim.

            O tempo foi passando, as coisas e as obrigações iam se acumulando, eu comecei a me sentir cada vez pior. E aqueles que se diziam meus amigos, estavam cada vez mais distantes de mim para estar com Layla. Mas eu não me importava mais, depois de tanto chorar por isso de madrugada. Eu agora tinha muito tempo para descansar e dormir.

            Dentro da sala de aula, olhei para o lugar que ocupava antigamente. Por conta dos “zumbidos” de Layla, nós trocamos de lugar. Ela agora se sentava ao lado de Alya e atrás de Adrien e Nino. Eu me sento lá atrás, depois de Juleka e Rose, na última fileira, completamente sozinha.

            Coloco a minha mochila no lugar e deito minha cabeça em meus braços. Eu só queria dormir e nunca mais acordar. Um sonho perfeito que nunca será realidade.

— Ah, aí está você! – A voz de Layla me fez sentir um ódio extremo e uma vontade de jogá-la das escadas. Levantei a minha cabeça e a vi nas escadinhas da sala.

— O que precisa? – Fui direta.

— Vou dar uma festa hoje à noite, na minha casa.

Hm. Parabéns. – Voltei a deitar minha cabeça entre meus braços.

— Eu vou te entregar o convite, mas-.

— Mas não quer que eu apareça e que invente uma desculpa para se alguém perguntar. – Levantei a cabeça, interrompendo seu raciocínio.

— Garota esperta. – Ela debochou e jogou o cartão em cima de minha extensa e solitária mesa. Dei o meu melhor sorriso debochado com os lábios.

— Bom dia para você. – Disse e voltei a me deitar, ouvindo seus passos se distanciando de mim.

Cobra.

            Voltei a descansar sobre meus braços, sentindo meu corpo, finalmente, relaxar. Parecia melhorar um pouco toda vez que tentava dormir, mas era a mais pura e doce ilusão. Quando eu estava no traje de Ladybug, a magia da joia e da Tikki fazia com que todos os meus sintomas desaparecerem. Mas, até mesmo me transformar em Ladybug ou pensar que os vilões estavam atacando e que eu tinha milhares de vidas para cuidar, me dava sintomas.

Tremedeira, transpiração, batimentos acelerados, falta de ar, dores de cabeça, impaciência e problemas de concentração. Tudo isso estava no pacote “pré-transformação da Ladybug”. Às vezes, acontece. Às vezes, não. Às vezes, só alguns. Algumas vezes, acontecia do nada e, quando estou no meio da aula, preciso dar meu jeito que não chamar atenção de ninguém.

Meu cansaço está me dando tantos sintomas estranhos...

— Marinette? – Sou despertada por Chlóe Bourgeois.

— Ah, oi. – Disse enquanto coçava o olho de sono. Chlóe havia se tornado uma visita rotineira em meu cantinho de conforto.

— Tudo bem? – Ela mantinha um tom indiferente. Havia virado hábito ela vir me perguntar como estou todos os dias. E eu sempre respondo a mesma coisa.

— Tudo ótimo! E você? – Um sorriso e uma animação falsa. Eu havia repetido esse teatro tantas vezes, mentido tantas vezes, que havia se tornado uma regra. Saia no automático.

— Sim, claro. – Nessa hora sua voz sempre mudava para um tom desconfiado e preocupado. – Vi que recebeu o convite da Layla. – Ela olhava o cartão. – Vou te ver lá hoje?

Ah, não!

— Infelizmente não, Chlóe. – Eu tinha que inventar uma mentira. A das últimas vezes foi “ajudar meus pais” ou “estou doente”. – Eu fui mal em Física, preciso estudar e fazer um trabalho de recuperação.

— Sério? Que pena! – Ela parecia chateada com isso.

— Pois é... – Disse com desinteresse.

Por favor, vá embora! Eu só quero ficar sozinha!

— A gente – ela parecia meio perdida – se fala então.

— Claro. – Eu sorria enquanto ela ia embora da sala.

            Eu não menti de toda forma. Eu realmente havia ido mal à última prova de física e recebi um trabalho de recuperação. Mas, em algum momento, eu estava bem e pude fazer o trabalho de uma vez e com tranquilidade.

            Quando a aula começou, eu estava colada a janela e observei todos entrarem com sua duplinha. Todos falavam tanto e isso me irritava tanto. Eu sentia tanta vontade de gritar para se calarem e chorar. Custava todos eles entrarem em silêncio e sem esses sorrisos idiotas na cara?

            Por algum milagre, eu pude assistir à aula com tranquilidade e me concentrar para fazer as anotações necessárias para não me perder depois. Quando o sinal do intervalo tocou, todos saíram desesperados da sala para o pátio. Peguei minha bolsinha e coloquei ali os fones de ouvido e o celular no meio dos docinhos.

— Você não deveria comer tantos doces, Marinette. Você só come isso. – Tikki me avisou. – Li uma vez que doces são depressivos, precisa comer coisas saudáveis.

— Não se preocupe comigo, Tikki. Eu estou ótima. – Sorri da melhor forma que pude e saí de sala.

            Todos os alunos do Françoise estavam espalhados pelo pátio e corredores. Me dava tanta angustia ver todas aquelas pessoas ali, amontoadas, por mais distantes que estivessem. Desci as escadas respirando bem fundo, tentando conter as vontades malucas que se passavam por minha cabeça.

            Uma vez, pisando no chão do pátio, vi todos os meus amigos ao redor de Layla mais uma vez. Que canseira! Expeli todo o ar em meus pulmões e me sentei no cantinho da escada, colocando os fones de ouvido e fechando meus olhos quando repousei a cabeça no corrimão de metal.

            Toda vez que pensava que tinha que comer os doces que havia trago na minha bolsinha, meu estômago se revirava e eu sentia fortes enjoos. Talvez, Tikki estivesse certa. Eu deveria parar de comer só doces e forçar outras coisas para dentro de meu corpo. A melodia de natureza com sons de cachoeira que tocava em meus fones era uma das poucas coisas que me acalmavam atualmente.

            Minha tentativa de ter paz acabou quando Layla surgiu na minha frente, tampando um pouco do sol que me aquecia e me fazia sentir melhor. Não acreditei que ela resolveu me incomodar justo agora.

— Aah, Mari – odeio quando ela faz isso para aparecer – porque você anda tão afastada? Todos nós estamos preocupados! – Ela apontou para a minha turma que estava do outro lado do pátio nos observando.

Calma, Marinette! Calma! Entra no joguinho dela.

— Está tudo bem, Layla. Só estou com um pouco de dor de cabeça – Menti. Ela queria que eu perdesse a linha. E ia conseguir, aí sim falaria umas boas verdades. Doa a quem doer!

— Você quer um remédio? Posso te ajudar? – Respirei bem fundo e soltei o ar de meus pulmões. Levantei e a olhei no fundo dos seus olhos.

Dá. Um. Tempo.— As minhas palavras saíram mais rudes – e altas— do que eu imaginava e isso era ótimo. Curta e grossa. Deixei-a assustada e saí andando em direção ao banheiro, eu estava prestes a socar a cara da primeira pessoa que viesse me incomodar.

            Passei pelos armários e fui diretamente ao banheiro feminino. Entrei no último Box à esquerda, onde eu sempre costumava a usar para me esconder. Tranquei a porta e me sentei no vaso. Com todo aquele estresse e adrenalina, eu abri minha bolsinha e fui pegando todos os doces que eu podia. Comecei a morder com violência e comer com raiva, batendo os pés no chão ritmicamente.

Eu estava tão nervosa...

            A cada vez que o doce entrava na minha boca e eu engolia, só tinha vontade de comer mais para acalmar esse nervosismo que me atingia. Eu queria socar tudo ao meu redor. Me jogar nas paredes com violência e me machucar. Machucar para sentir. Sentir que ainda estou viva!

— Marinette, se acalme. Não coma tantos doces assim. – Tikki avisou preocupada com meu estado.

— Eu estou bem, não se preocupe. – Disse puxando os fones do celular e guardando na bolsinha. Continuava a comer com muita inquietação.

            Tikki ficou ao meu lado, fazendo carinho em meu rosto enquanto me olhava com um semblante triste e preocupado. Minhas emoções estavam tão confusas e bagunçadas. Eu só queria... Sumir.

            Minha paz foi embora quando a porta do banheiro foi aberta e eu ouvi risadas de uma pessoa. Layla. Ela andou pelo banheiro e, acredito que estava me procurando. Liguei meu celular e ativei a gravação de voz, como sempre. Eu os ouvia a noite para pensar.

— Aah, Marinette – ela começou com sua voz brincalhona nojenta – eu sei que está aqui. Sempre corre para cá quando está assustada e com medo, feito uma ratinha. – Ela andou e bateu a mão na minha porta, me fazendo fechar os olhos rapidamente. – Sei que está aqui.

— Dá para me deixar em paz? – Respondi de forma monótona. Ela me cansa.

— Seus amigos estão todos lá fora, no pátio. Inconformados com o que fez comigo. Como você é malvada, hein? – Continuei fitando a porta com desinteresse.

— Com toda certeza, você deve ter aumentado um pouco a história. – Layla riu.

— Sim, sim. Disse que você me ofendeu e que era para deixa-la em paz, pois roubei seus amigos. – Olhei para o meu chocolate.

— Até que você não aumentou muita coisa. – Comentei.

— É. Eu fiquei com um pouco de dó. – Fiquei surpresa quando gotas d’água caíram em minha mão. Grossas gotas.

— Eu, realmente, não sei qual é o seu problema comigo. – Disse, enquanto meus dedos iam em direção aos meus olhos. De repente, eles ficaram tão embaçados que não me permitiam ver nada.

— Você é uma pedra no meu caminho, desde que tentou me desmentir várias vezes na frente dos outros.

— Que graça tem a sua vida, hein, Layla? – Minha voz era tão fria e sem interesse.

— Como? – Ela havia ficado ofendida.

— Que vida mais desprezível é a sua, que precisa inventar milhões de mentiras para ser... Vista. Várias mentiras para ter amor e atenção de pessoas que nem se importam com você de verdade. – A ouvi engasgar.

— Você não faz-...

— Eu tenho pena de você. – A interrompi. – Sua existência é tão... Nojenta e insignificante. Sua vida é tão vazia e cheia de nada. – Ri, de forma debochada, ainda com grossas lágrimas descendo por meu rosto. – Eu tenho pena— forcei e dei ênfase as minhas palavras – da vida horrível que você terá. Das mentiras que vai contar. E, no final, quando todos ao seu redor descobrirem. – Ri amargurada. – Ninguém vai ficar ao seu lado, porque você é uma mentirosa compulsiva.

— Você está lou-...

— Vai ficar sozinha, Layla. E sem ninguém para lhe apoiar e ajudar, todos vão apontar para você e dizer o quão vazia e nojenta você é!

— CHEGA! – Ela bateu as mãos na porta, nervosa.

— Eu falei muitas verdades de uma vez só? – Debochei, com um sorriso amarelo em direção ao chão. Vi suas botas e vi uma gota cair em cima de uma delas. – Está chorando, Layla? Foi muita verdade em tão pouco tempo?

— Eu vou ACABAR com a sua vida, Marinette. Você está ferrada. Ninguém irá estender a mão para você, ninguém terá pena de você.

— Ah, Layla. – Balancei a minha cabeça. – Nada do que faça, pode me atingir agora. Você já me tirou tudo, nada mais faz falta.

— Ah, é mesmo? – Ela debochou. – E se eu contasse que Luka está apaixonado por mim e que Adrien nem se lembra de você? Sua melhor amiga não se lembra de você. Ninguém se lembra de você. – Ela dizia furiosa e com uma risada nervosa.

— Nada além do que eu já sabia. – Minha voz saiu tão calma. – Vai lá. Inventa outra mentira para eles e me faça ser esquecida de vez. Estou esperando. – Respirei fundo e fechei meus olhos, sentindo aquela cachoeira em meus olhos descer com força. – Uma hora, você vai cair e todos irão te odiar.

— Saia daí agora, eu vou te dar uma lição! – Ela bateu na porta e minhas lágrimas ficaram mais intensas. Meu corpo começou com seus sintomas, novamente. – Anda. Saí daí!

— CHEGA! – Me assustei com a voz. – Saí de perto daí agora, Layla. – Era a voz da...

— Chlóe?! – Layla se assustou. – Olha, eu...

— Some daqui agora ou vai sofrer as consequências. Você não quer enfrentar a filha do prefeito de Paris, não é? – Era a voz da Sabrina.

— E vocês duas vão me obrigar a sair daqui? – Layla havia deixado sua máscara cair.

— Se elas não conseguirem, eu consigo. – Essa voz... Kyoko.

— K-kyoko?! – Layla tremia diante a garota. Ninguém tinha coragem de bater de frente com a Kyoko, nem mesmo Chlóe.

— Ou você saí por bem, ou eu vou te tirar por mal. – Ouvi ela estralar seus dedos. Layla rosnou nervosa e saiu batendo o pé.

— Obrigada, Kyoko. – Chlóe agradeceu e ouvi a porta ser trancada.

— Pronto. Ninguém vai nos incomodar. – Sabrina disse.

            De repente, havia três pares de sapato do outro lado da porta. Elas estavam em silêncio e ninguém sabia o que dizer.

— Mari... Está tudo bem? – Era a voz de Sabrina.

— Clar-... – Minha voz engasgou com um soluço de choro. – Claro. – Tentei me corrigir.

— Marinette, abre a porta. Por favor! – Foi à vez de a Chlóe pedir. – Vamos conversar.

— Não, eu estou bem. Eu só... Quero ficar sozinha.

— Marinette. – Kyoko me chamou. – Você me disse uma vez que éramos amigas.

— E somos. – Confirmei com uma voz tão fraquinha.

— Então, se somos mesmo, abra a porta para vermos você. – As lágrimas pioraram. – Abra Marinette.

Eu... E-eu...— Minha voz não queria sair.

— Mari? – Sabrina me chamou.

— Eu não consigo. – Minha voz estava muito chorosa. – Eu não posso me mover, estou travada. – Estava desesperada e ofegante.

— O que você está sentindo, Mari? – Chlóe perguntou.

— E-eu... Sinto uma tremedeira. Estou suando frio, meu coração está muito acelerado. – Eu estava tão ofegante, cada palavra dita era um sacrifício. – E... Muita falta de ar.

— Kyoko, arromba essa porta! – Sabrina disse. – Ela está tendo uma crise de ansiedade, pode desmaiar.

— Posso acabar acertando ela, não posso arriscar. – Kyoko rebateu.

— Marinette, por favor. – Chlóe me chamou. – Concentre-se no que está sentindo e pense o porquê disso tudo. Eu sei que parece impossível, mas tente controlar isso.

C-chlóe...— Eu chorava.

— Eu estou aqui. Nós três estamos. – Sua voz mostrava toda sua preocupação. – Sabrina, o que ela precisa fazer?

— Muito bem, vamos com calma. – Sabrina se aproximou mais da porta. – Marinette, vamos fazer um exercício de respiração. Todas nós vamos. Certo?

S-sim. Sim.

— Vamos inspirar por dez segundos, segurar o ar por cinco e, depois, soltar tudo em dez segundos. Vamos fazer isso até você se sentir melhor.

— E isso vai dar certo? – Kyoko questionou.

— Funcionava com as minhas crises de pânico. – Chlóe confessou.

— Vamos lá então. – Sabrina avisou. – Inspira. – Todas fizeram juntamente comigo. – Conte cinco segundos. – Todas pararam um pouco. – Agora, vamos expirar com calma. – Nós quatro fizemos em conjunto. – Mais uma vez Mari.

E-eu não consigo!— Minha voz mostrava a angustia que eu sentia em meu corpo todo. Queria me jogar nas coisas.

— Calma, Mari. Precisamos de paciência. – Kyoko avisou. – Vamos fazer aos poucos até se sentir melhor.

            Eu precisei de meia hora fazendo esse exercício com as meninas, até conseguir ter controle sobre um dos meus braços e poder, finalmente, abrir a porta. A angustia era tão grande sobre meu corpo e minhas lágrimas continuavam a descer sem controle algum.

            Assim que a porta se abriu, Kyoko veio até mim e me ajudou a me levantar e me manter de pé. As meninas me ajudaram a lavar o rosto e nos sentamos no chão do banheiro. Ali, pude me encostar sobre Chlóe e sentir conforto com as meninas ao meu redor. Kyoko estava no nossa frente, segurando a minha mão e, Sabrina ao meu lado fazendo cafuné.

— Há quanto tempo está tendo isso? – Kyoko me perguntou depois de um tempinho mexendo em minhas mãos.

— Três ou quatro meses. – Respondi. – Pode ser mais. Eu não sei exatamente. É tudo muito confuso.

— Está lidando com ataques de ansiedade e depressão sozinha, a todo esse tempo? – Chlóe me questionou muito preocupada.

— Não, eu não tenho isso. – Tentei argumentar.

— Nós reconhecemos depressão e ansiedade, Mari. – Sabrina confessou. – Já faz mais de dois meses que eu e Chlóe estamos te observando. Seus sintomas são claros e, depois de hoje, nós só temos certeza disso tudo. – Mais lágrimas desceram.

— Você está muito sobrecarregada com as coisas. – Kyoko disse. – E a aura negativa da Layla só piora as coisas para você.

— É, ela já estava inventando coisas sobre você para o pessoal da turma. – Sabrina confessou, chateada.

Eu só quero dormir.— Confessei monótona.

— Sua depressão, ela faz isso com você. Alterações de humor e sono. – Sabrina analisou.

— Marinette precisa de ajuda. – Kyoko disse para as meninas, enquanto eu era tomada por um forte sono.

— E nós três iremos ajudar você. – Sabrina me olhou sorrindo.

— É uma promessa, Mari. – Chlóe sorriu para mim.

Não estou...— Minha voz estava ficando fraca. – Me sentindo...— Minha visão foi escurecendo e eu comecei a ser tomada por um ambiente escuro.

— Liguem para uma ambulância. AGORA! – Pude ouvir Chlóe desesperada e mais algumas coisas sem nexo.

                Vamos te ajudar... Eu prometo!

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Notas finais do capítulo

Espero que vocês tenham gostado da temática dessa história. Foi um prazer imenso escrever sobre e, eu trouxe algumas das experiências corporais que a maior parte dos "pacientes" tem quando estão tanto com depressão, quanto com ansiedade.

Vejo vocês nos comentários! ♥



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