Marinette, que tinha ficado inicialmente preocupada e com raiva daquelas fotos, soltou uma gargalhada ao perceber que estavam acusando-a de traição com o próprio namorado. Quase chorando de tanto rir, recebeu outra mensagem de Adrien.

Ué, você estava digitando e do nada sumiu.

Ainda rindo, começou a responder a mensagem.

Desculpa, é que eu estava ocupada te traindo.

QUÊ???

kkkkkkk

Olha isso:

Ela lhe enviou um print da publicação, rindo.

MARINETTE
KKKKKKKKKKKK
Eu não sei se eu rio ou se fico preocupado.

Esse perfil ama demais a gente, não é possível.

Espera aí!
Não acredito que você tá me traindo com o Chat Noir! Que absurdo!

Ela riu ao ler a mensagem e logo recebeu outra.

Tudo bem, dá pra perdoar, ele é realmente irresistível.

Até eu me apaixonaria por ele…

kkkkkk só você mesmo, Adrien.

E você ainda finge que nada aconteceu? Quer saber? Acabou tudo entre nós! Vai lá beijar o Chat Noir vai.

Olha que eu vou mesmo…

Ele beija muito bem, sabia?

kkkkkkkk

A azulada iria responder quando chegaram diversas notificações do grupo que Alya tinha criado. As meninas estavam loucas perguntando o que significava aquelas fotos. "E lá vamos nós de novo…", pensava, lembrando da outra vez que fotos dela e de Chat Noir tinham sido publicadas. Enquanto ainda lia as mensagens do grupo, Alix lhe mandou uma mensagem no chat privado.

Mas genteeeee um dia saem fotos suas com o Adrien e no outro saem com o Chat Noir… 
Já posso dizer que te conheci antes da fama?

"Ok… como vou explicar isso pra ela, ou melhor, pra todo mundo? Realmente parece que eu e o Chat estávamos nos beijando na foto, talvez até estivéssemos mesmo", pensou, rindo, lembrando-se de que Adrien realmente tinha lhe visitado como Chat Noir há alguns dias.

Então…

Começou a mandar a mensagem, mas logo chegou outra de Alix.

Ok…
Você nunca trairia o Adrien e é bem estranho terem postado essas fotos dois dias depois de terem postado a de vocês dois.
Então lá vai minha teoria.
Ou postaram fotos falsas de novo, embora não pareçam, ou essas fotos são verdadeiras e vocês estavam se beijando mesmo.

Ué, você disse que eu nunca trairia o Adrien. Essas fotos devem ser da época que eu e o Chat fingiámos namorar. A primeira deve ser verdadeira, porque nos abraçamos algumas vezes. A última deve ser montagem…

Eu sei que essas fotos não são daquela época, dá pra ver que são recentes porque eu sei que você pintou as paredes da varanda esse mês e nas fotos elas estão pintadas.
E, bom, como eu disse, você nunca trairia o Adrien, embora seja a primeira coisa que todo mundo pensou ao ver essas fotos, inclusive as meninas lá grupo, que estão doidas te perguntando o que está acontecendo.
Ainda bem que, como meu pai diz, eu não sou todo mundo.
Eu sei que não dá pra você trair o Adrien com o Chat Noir porque… bom, o Adrien é o Chat Noir.

Ela lia tranquilamente as mensagens até chegar na última parte.

— Quê? — Ela gritou. — Como ela… — Tikki se aproximou ao ver a expressão atônita de sua portadora. Leu a última mensagem de Alix e entendeu a expressão de Marinette.
— Fica calma, Mari. Por que você está preocupada com isso? Ela já sabe a sua identidade… Tá tudo bem, a Alix sabe guardar segredo, não é? Não foi por isso que você a escolheu pra ser a Bunnix? — Tikki tentava tranquilizá-la, embora estivesse preocupada. Não era para ninguém descobrir.

Seu silêncio já disse tudo kkkkk
Acertei, não foi?

Eu não vou confirmar nada.

Você acabou de confirmar só com essa mensagem kkkkkk

Tá bom, tá bom, você acertou…

AAAAAAAA
Não acredito que Adrinette, Ladynoir e Marichat são a mesma coisaaaa
Isso é muito coisa de fanfic
Eu tô feliz demaissss

Espera, você lê fanfic?

kkkkkkkkk

E para de ficar com essa cara de preocupada que eu sei que você está.
Pode confiar em mim pra guardar mais esse segredo, viu? ❤

❤

Marinette sorriu, apesar da preocupação que insistia em atormentá-la. Sabia que podia confiar em Alix e, se alguma coisa acontecesse e a amiga fosse akumatizada — o que era seu maior temor naquele momento — tinha certeza de que ela e Adrien dariam um jeito, como sempre davam.
Ouviu o toque de notificações do celular, indicando uma mensagem de Adrien dessa vez.

Marinette? Você sumiu de novo kkkkk
Tá tudo bem? Está preocupada com as fotos? Quer que eu vá aí? Acho que a Nathalie já está dormindo…

Estava respondendo a Alix aqui, acredita que ela estava em um grupo que a Alya criou pra combinar planos para juntar nós dois? kkkkkk

kkkkkkk sim, isso é bem a cara da Alya mesmo. A Kagami me contou isso hoje na esgrima, até ela está nesse grupo.

A Alix disse que a maioria dos planos dessas últimas semanas vieram da Kagami kkkkkk 

Até mandei mensagem pra ela agradecendo.

Então você está tranquila mesmo com essas fotos, né?

Agora eu estou, apesar de estar recebendo várias mensagens me perguntando como fui capaz de te trair, mal sabem eles kkkkk

Quero ver amanhã na escola o que vamos fazer…

Seja o que for, vamos enfrentar juntos, my lady.

Com certeza, gatinho ❤

❤

***

Marinette recebeu alguns olhares tortos ao chegar na porta da escola, mas, para a surpresa de todos, Adrien logo veio abraçá-la.
— Será que ele não sabe? — Ouviram alguém cochichar, mas caminhavam abraçados até a sala de aula, ignorando todos os olhares e comentários.
— Ei, espera. — Marinette falou antes que entrassem na sala.
— O quê?
— Cuidado pro chifre não bater na porta, gatinho. — A azulada falou baixo. Ele riu e roubou-lhe um beijo, deixando todos os alunos que o encaravam com pena totalmente confusos. — Já falei pra você como o Chat Noir beija bem? — Ela sussurrou em seu ouvido e o loiro lançou-lhe um sorriso provocante.
Seus colegas de turma logo compreenderam que aquela história de traição era mentira, caso contrário Adrien e Marinette não estariam tão bem assim.
Mas os alunos de outras turmas não pareceram ter pensado nisso e, na hora do intervalo, algumas garotas abordaram o casal. Estenderam o celular para Adrien, mostrando as tão comentadas fotos que achavam que provavam a traição de Marinette.
— Se afasta dele sua… — Uma das garotas dizia e a azulada sentiu que perdia um pouco a tranquilidade que sentia naquela manhã. Sabia que aquele tipo de comentário deveria estar se repetindo muito nas redes sociais. Não gostava muito do fato de que vários desconhecidos comentassem sobre seu relacionamento.
Logo, diversos alunos surgiram ao redor deles, cochichando entre si.
— É briga? — Ouviram alguém dizer.
— Ainda não, mas vai virar se essa… garota continuar perto dele. — Escutaram outra pessoa comentar.
Um pouco distante dali, uma certa jovem sorria com a confusão que tinha ajudado a formar. Certamente aquilo geraria muitos sentimentos negativos e, consequentemente, akumatizados.
— Ei! Qual é o problema de vocês? — Adrien gritou, com uma expressão que ninguém ali tinha visto nele, nem mesmo Marinette. — Vocês ainda não perceberam que a maioria das notícias que aquele perfil posta é falsa? Ninguém percebeu como foi estranho saírem fotos minhas e da Marinette em um dia e, dois dias depois, saírem fotos dela com Chat Noir? Alguém está querendo se aproveitar disso. A Marinette nunca me trairia. — Ele voltou-se para ela, sorrindo. Todos os olhares estavam fixos no loiro, até que um inspetor, ao ver uma possível confusão no pátio, caminhou até lá e os alunos se afastaram.
— Ah, deixa ele… Tem gente que não aceita que é corno… — Adrien e Marinette ouviram alguém comentar.
E, ao contrário da azulada, que começou a rir da situação, — afinal, a acusavam de trair Adrien com Chat Noir e os dois eram a mesma pessoa! — o loiro saiu do local irritado, sem dizer nada.
— Adrien? O que foi? — Marinette perguntou, confusa. Ele parecia tão calmo aos olhos de todos, o que tinha acontecido?
O loiro caminhava apressadamente até a biblioteca, talvez seria um dos poucos lugares em que conseguiria isolar-se. Ouvir todos aqueles comentários não o irritaria em dias normais, na verdade até riria da situação, assim como a namorada. Mas o problema é que ele tinha percebido como estava sempre sujeito a comentários daquele tipo sobre coisas de sua vida pessoal e como sempre tinha que fingir que estava tudo bem. Qualquer reação diferente fazia com que as pessoas o estranhassem. 
Aquela sensação era nova para ele. Embora fosse modelo de seu pai meio que por obrigação, nunca tinha se incomodado a esse ponto. Foi então que percebeu que não era apenas isso que o incomodava. Era todos os problemas que estava guardando para si mesmo. Lembrou-se do conselho de Kagami de compartilhá-los com alguém, porque guardar tudo para si não seria bom nem para ele e nem para os outros. E agora conseguia entender o que ela quis dizer.
Sentindo o sangue queimar suas veias, socou a mesa da biblioteca.

*

Nathalie sentiu o miraculous da borboleta lhe avisar uma nova emoção negativa.
Sentia raiva, mas ao mesmo tempo tristeza e solidão. Eram sentimentos fortes, dariam um akumatizado muito poderoso. Mas ela hesitava, lembrando de suas últimas reflexões. Recusara o pedido de Gabriel porque não queria machucar Adrien e nem a namorada dele, que parecia ser uma boa garota. Mas quantas outras pessoas ela não estava machucando com aqueles vilões?

 "Eu quero as jóias para ter minha família de volta, Nathalie. Ter nossa felicidade de volta…"

A conversa que tivera com Gabriel há mais de um ano repetiu-se em sua mente.

"Você sabe o que deve fazer"

Ela lembrava-se das palavras das poucas cartas e mensagens que Gabriel lhe mandava desde que saíra de Paris.
Mesmo indecisa, Nathalie caminhou até o esconderijo e se transformou.

*

— Adrien? — A azulada gritou na biblioteca e recebeu pedidos de silêncio dos alunos que ali estudavam. Envergonhada, pediu desculpas, e procurou o namorado com o olhar. 
Não entendeu por que ele tinha ficado tão irritado de repente, desejava saber o que tinha acontecido e ajudá-lo. Não queria que aquela distância que ela criou entre eles desde seu pesadelo com Chat Blanc acontecesse de novo.
Soltou um suspiro de alívio ao ver o loiro sentado em uma das mesas, afastado de todos. Ela caminhou até ele, mas, em um segundo, viu todos os temores que tinha conseguido vencer a afetarem de novo.
Um akuma e um amok aproximavam-se de Adrien.
— Não! Por favor, não! — Gritou, correndo até ele e sentindo o desespero tomar conta de todo seu corpo. Aquilo não podia estar acontecendo.

*

Nathalie ainda hesitava quanto ao akuma e ao amok. Ao mesmo tempo em que pensava em suas últimas reflexões, sabia que não podia desperdiçar emoções tão fortes e… estranhamente familiares.
Ordenou que a borboleta e a pena parassem por um instante, seguindo sua intuição, mas ao lembrar das palavras de Gabriel e do dia em que prometera ajudá-lo, pediu que continuassem.
Logo, o akuma e o amok encontraram sua próxima vítima.

*

— Não, não, não! — Marinette gritava, chorando ao ver que era tarde demais. Conseguia ver o símbolo de Hawk Moth e Mayura ao redor dos olhos do namorado. — Adrien, por favor, não! — Falava com a voz já fraca de tanto chorar. — Adrien, me escuta, por favor. Você não… você não pode… não escute-os, Adrien. Por favor… — Sussurrava, abraçada ao namorado e sentindo as lágrimas desesperadas molharem seu rosto. Não conseguia acreditar que seu pior pesadelo estava se tornando realidade.

"Não dá pra 'apagar' o passado quando se comete os mesmos erros…"

"Foi o nosso amor que fez isso com o mundo, my lady."

*

Mayura teve outra crise de tosses, mas conseguiu se controlar. Mesmo que tivesse suas dúvidas, precisava focar em sua próxima vítima. Precisava fazer aquilo, não mais pela felicidade de Gabriel, mas pela de Adrien. O garoto parecia tão solitário e triste naquela casa desde que sua mãe desaparecera e, agora, devia estar sentindo tudo de novo em relação ao pai. Ele devia sentir um misto de decepção, tristeza e solidão. Os mesmos sentimentos do akumatizado… 
Nathalie precisou se apoiar ao perceber quem seria seu próximo vilão. "Por isso as emoções parecem tão familiares… é o Adrien!", pensava, sentindo que iria cair novamente. Apoiou-se em uma das paredes e tentava se recuperar.
— Não! Eu não posso fazer isso! — Gritou e, ordenando que o akuma e o amok se desfizessem, jogou-se de vez no chão frio de seu esconderijo.

*

— Por favor… não… — Marinette tentava falar, entre soluços. Os alunos que estavam na biblioteca se reuniram ao redor dela.
— Marinette? — A azulada hesitou antes de olhar para ele, temendo que encontrasse Chat Blanc, mas sentiu um misto de surpresa e alívio ao perceber que Adrien estava bem. Ainda chorando, o abraçou. — O que foi? O que aconteceu? — Adrien perguntava, confuso.
— Você… quase… akuma… pesadelo… eu… eu não… — Marinette mal conseguia falar e o loiro, ainda confuso, a abraçou e pôde ver, não muito longe dali, uma pena e uma borboleta branca voando.

***

Adrien e Marinette não voltaram para a aula, permanecendo na biblioteca até depois de o sinal tocar. A azulada, depois de beber vários copos de água, parecia um pouco mais calma. Os dois estavam abraçados, ainda tentando absorver o que tinha acontecido, mas não se atreveram a falar sobre a quase akumatização de Adrien, o que parecia ter abalado Marinette daquela forma.
— Olha, a Alya acabou de postar no blog. — Adrien falou, mostrando-lhe o celular. A morena tinha publicado que o possível retorno de Marichat era mentira e que aquelas fotos eram antigas, da época em que os dois estavam mais próximos. E pediu, mais uma vez, que seus leitores não acreditassem em tudo o que liam na internet e que parassem de mandar mensagens maldosas para Marinette. Não demorou muito para que a conta que tinha postado as fotos fosse denunciada por várias pessoas e excluída.
— Alya me salvando como sempre. — Marinette comentou e o loiro percebeu que seus lábios ainda tremiam. Iria tocar naquele assunto quando ela o interrompeu. — Como você falou, parece que alguém fez isso de propósito, como se fosse para criar emoções negativas.
— A Mayura?
— Talvez… — A azulada falou. Aquele era outro assunto que achou que tinha superado, mas que, pelo visto, tinha voltado para atormentá-la.
— Você acha que ela se daria o trabalho de criar uma conta só pra espalhar ódio por aí e criar emoções negativas? As pessoas normais já fazem isso de graça… — Ele comentou, rindo sem humor.
— É… parece que era tipo… um ajudante, aliado, ou algo assim. — Nesse momento, Chloé passou pela porta da biblioteca, sozinha e com um olhar cabisbaixo, talvez até… arrependido. Adrien e Marinette se entreolharam. — Você acha que…
— Por que ela faria isso? Sei que ela tem seus defeitos, mas eu e ela somos amigos de infância!
— Eu não sei, mas desde aquele dia da batalha dos miraculous ela está estranha. Nem com a Sabrina ela tem conversado… Senta sozinha na sala e no intervalo, não deixa ninguém se aproximar. Hoje ela estava mais estranha do que o normal, olhando pra gente de longe. E, bom, considerando que ela decidiu ajudar o Hawk Moth na batalha dos miraculous por livre e espontânea vontade e depois falou aquilo tudo pra mim… — A azulada nem precisou terminar de falar. Os dois já estavam convencidos de que seu próximo destino seria o Hotel Le Grand Paris.