Recomeçar escrita por CM Winchester


Capítulo 4
Capitulo 3




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Fui ate meu quarto e vasculhei as minhas coisas, estavam como eu tinha deixado.

Negan era sentimental. De um jeito lunático, mas era.

Tomei um banho tirando a sujeira do meu corpo. Estava mesmo suja. Vesti uma calça jeans, camiseta preta, cachecol preto, jaqueta bomber preta e bota de montaria.

Encontrei com eles no corredor.

— Eu conheço cada parte desse prédio. Procurei por falhas e todas as informações que eu poderia encontrar. Queria fugir sem ser vista, mas tive que agir antes.

— Por que fez aquilo? - Rick perguntou. - Você nem mesmo nos conhecia.

— Uma vez eu implorei por pessoas, ele me levou embora, nunca mais as vi. Não tem um dia que passe, que eu não sinta que eles os matou. Ele não iria parar. Vi o ódio e a dor nos olhos de vocês. Eu não... Não fazia parte daquilo. Não queria estar ali, não queria ver aquilo. - Abri a porta onde estava o escritório do meu pai e segui ate a mesa. - Aquele taco idiota tinha o nome da minha mãe. Lucille era a pessoa mais boa e doce que conheci, aquilo era manchar seu nome, sua honra e dignidade. - Encarei eles. - Ela teve câncer. Era uma lutadora. Tinha orgulho da mulher extraordinária que ela era. - Suspirei antes de mudar de assunto. - Tem armas no deposito. Forcem eles a dar todas as armas e tudo que tiver a vocês. Faça-os provar da mesma moeda. Essa porcaria de terra não produz nada, eles vão sentir na pele os que fizeram vocês passarem. Nem todos aqui são como Negan, nos três dias que vivi aqui estudei as pessoas, quem poderiam se aliar a mim, quem estavam do lado de Negan. Mas não serei eu a apontar dedos. Vocês terão que fazer isso, não quero ter nada a ver com isso.

Algumas pessoas entraram, Daryl apresentou uma por uma. Maggie se aproximou rapidamente me surpreendendo com um abraço.

— Nunca vou esquecer o que você fez. Nem nos conhecia e salvou o Glenn. Muito obrigada.

Glenn se aproximou e me abraçou também me deixando surpresa.

— Obrigado.

— Hum... De nada. Olha eu não sou uma heroína. Eu só...

— Você é. - Maggie falou segurando minha mão. - Graças a você nosso filho vai ter um pai vivo.

Lancei um olhar para a barriga.

— Eu... - Não sabia o que falar então fiquei em silencio antes de sorrir. - Parabéns!

— Quero fazer algumas perguntas. - Rick falou.

— Faça.

— Quantos zumbis você já matou?

— Sei lá. Normalmente eu desviava deles, mas ja matei alguns.

— Quantos homens já matou?

— Sei lá também. Uns 10? 15? Não parei para contar ou pensar no assunto.

— Por que?

— Eram homens do meu pai. Sinto muito tentei matar Negan e falhei nas duas vezes.

— Tudo bem. - Ele apertou meu ombro. - Poderá seguir com a gente para Alexandria se quiser.

— Não sei se vou ser bem-vinda lá. E posso me virar sozinha.

— E a branquela sobrevive sozinha no meio dos zumbis? - Michonne perguntou.

— Já passei meses sozinha entre os zumbis. Não vai ser difícil. - Olhei aquela sala e respirei fundo. - Com o tempo aprendi que viver sozinha é melhor que viver em grupo.

— Mas vai se dar bem lá. - Glenn falou. - Será bem-vinda. Você me salvou. Nos deu uma chance, deu uma chance ao Daryl.

— Ele escaparia sozinho mais cedo ou mais tarde. Bom... Eu acho que posso tentar por um tempo.

Maggie sorriu.

O dia foi só para juntar as coisas. Observei de longe Rick lidera-los. Era um bom líder, eram boas pessoas.

Quando já estava tudo pronto peguei uma mochila com algumas roupas, minha arma e meu taco de baseball. Lancei um olhar para ele. Devia odiá-lo, quebra-lo e queima-lo. Mas não conseguia. Matei alguns zumbis com ele durante minha trajetória.

Entrei no carro com Maggie, Glenn e Daryl. O casal conversava pelos cotovelos.

O carro parou em frente os portões de Alexandria. Estavam todos esperando a volta deles.

Rick me levou ate a casa em que ele dividia com Michonne, seus filhos e Daryl.

Assim que deixei minha mochila no quarto sai em direção a cozinha.

Mas esbarrei em alguém. Era um garoto alto, com cabelos grandes e uma atadura em um olho.

— Não precisa se assustar. É uma atadura. - Resmungou.

— Não me assustei disso. Só não esperava mais alguém dentro da casa. Achei que estavam todos no andar debaixo.

— Sou Carl. Estou com a minha irmã. - Abriu a porta do quarto onde havia uma menininha brincando de boneca.

— Que linda. - Falei sorrindo.

— Judith.

Ela nos encarou e sorriu. Os cabelos castanhos claros caindo nas costas. Era linda. Levantou e veio correndo ate nós.

Abraçou minhas pernas me deixando surpresa. Abaixei e a peguei no colo.

— Qual seu nome?

— Carly. - Respondi e ela sorriu, virei para Carl. - Então ferimento de luta? - Apontei para a atadura.

— Sim.

— Legal.

— Acha mesmo?

— É claro. Sem falar que deve ter doido a beça. Você é muito corajoso.

— Esta falando comigo como se eu fosse uma criança.

— Estou falando a verdade. Gosto de cicatrizes. E tem varias garotas que acham isso sexy. - Sorri o deixando desconfortável.

— Ai. - Virei para Daryl que estava mancando.

Devia ter errado o degrau e tropeçado.

— Tudo bem? - Perguntei.

— Sim. Quer comer algo?

— Sim. - Desci as escadas e fui para a cozinha segurando Judith no colo.

Todos me encararam surpresos. Devia ser por que eu estava segurando a criança no colo na maior naturalidade.

— O que? - Perguntei.

— Nada. - Rick respondeu. - Se alimente e descanse. Vou sair para resolver algumas coisas.

Michonne levantou e o seguiu para fora junto de Daryl. Ficamos em silencio enquanto comíamos.

— Então você é a filha do Negan? - Carl perguntou quebrando o silencio desconfortável.

— Infelizmente sim.

— Sinto muito, papai o matou.

— Alguém tinha que fazer.

— Você fala como se não sentisse.

— Eu sinto, mas o que adianta? Ele foi um idiota com todos vocês. Não era meu pai ali. Parecia... Parecia como se tivesse sido possuído por demônio. Mas isso seria arrumar uma desculpa pelos seus atos. E ele só estava sendo ele.

— Quando minha mãe morreu dando a luz a minha irmã. - Lançou um olhar para a menina sentada em meu colo brincando com as coisas em cima da mesa e mastigando um pedaço de bolo que era meu. - Eu tive que fazer. Ela não era perfeita. Tinha cometido vários erros, mas era a minha mãe.

— Ninguém é perfeito Carl. Todos nós cometemos erros. É isso que nos faz humanos. Por que erramos, aprendemos, nos arrependemos, perdoamos. E o principal somos capaz de amar. Como irmão, como amigo ou como namorados. Não podemos deixar isso acabar por que tiraria nossa humanidade. E foi o que aconteceu com o meu pai.

Ele ficou me encarando.

— Sabe... Você é bem legal. - Sorri.

— Você também é. Seu pai é o líder daqui?

— Mais ou menos isso. Meio que decidimos tudo junto, mas todos seguem ele. Ele era xerife antes de tudo isso acontecer.

— Devia ser um xerife honesto então. - Assentiu.

— Daryl é seu braço direito assim como Michonne, Maggie e Glenn. E tem os outros. Os que sobreviveram depois de tudo. Antes do Negan aparecer já tínhamos perdido muitas pessoas. Há muita gente ruim.

— Já existia antes. Eles só pioraram.

— Vai ficar com nós?

— Acho que devo seguir meu caminho.

— Aqui vai ser um bom lugar para viver agora. Podemos plantar. As comunidades se uniram. Pela primeira vez desde que isso começou vejo esperança.

— Certamente será um bom lugar Carl, mas não para mim. Não me encaixo em lugar algum. Antes disso acontecer eu era uma garota normal como qualquer outra. Mas agora... Prefiro ficar afastada.

Ele ficou em silencio só me observando enquanto eu comia e dividia com Judith. Entreguei a ele a menina depois subi para o que seria meu quarto.

Deitei na cama. Não sabia quando tinha sido a ultima vez que deitei em algo confortável. Meus músculos relaxaram, me senti protegida.

Deixei o cansaço me vencer e apaguei.


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