BOIN - Amor das Profundezas escrita por AJFrancklyn
De frente com o espelho, Melissa passava a maquiagem, se preparando para ir à boate. Havia um pouco mais de animação com o que viveu dias atrás:
— Toma um banho e volta logo. — O rapaz pediu, lhe afagando os cabelos.
Tinha tempo que ela não se sentia tão cortejada. Galanteios e sedução que começaram logo que se encontraram perto de um bar. Ele se aproximou pedindo uma informação e logo estavam indo para o apartamento dela.
Foi com satisfação que Melissa respondeu:
— Agora mesmo.
E foi para o banheiro. Frente ao espelho se olhava, analisando o reflexo, a maquiagem e o penteado.
“Banho…” — Repetiu mentalmente.
Do lado de fora, cuidadosamente, o rapaz fazia “um limpa” nas poucas coisas que Melissa tinha: roupas, sapatos, celular, tv, bijuterias. Amarrou tudo no lençol da cama e fez uma grande trouxa. Quando botou a mão na maçaneta, ouviu o som da arma sendo engatilhada:
— Mais um movimento e terei que gastar dinheiro pintando as paredes.
— Espere! Espere! Calma! Não é bem isso o que você está pensando.
Ele se virou lentamente, depositando a trouxa no chão.
— Mas eu não estou nem me esforçando para pensar algo. — Sinalizou com a arma para que ele saísse de perto da porta. — Agora, tira tudo.
— Como é que é?
— Isso o que ouviu! Eu quero tudo!
A contra-gosto ele retirou relógio, aliança, celular, carteira.
— Pronto!
— O resto! Seu idiota!
— Que resto?
— Camisa, paletó, sapatos.
— Até isso?
— Anda logo!
Ela pegou a carteira, retirou cartões e documentos e jogou no chão.
— Cata! — Ele recolheu e Melissa foi direta. — Se eu te ver perto daqui eu acabo contigo. Se você me denunciar, não será difícil que me transforme em vítima, pois tenho quase certeza de que não fui a primeira com quem você fez isso. Some, babaca!
Rápido, ele correu pela porta.
Melissa trancou a fechadura e passou os ferrolhos. Pegou os itens recém conseguidos e foi para a cama contabilizar os ganhos. Nada muito ruim. Algumas peças até de grife.
“Deve ter enganado muita gente.”
Terminou a maquiagem, desligou as luzes, passou pela porta e a trancou.
“Quem não trabalha não tem direito ao pão.” — Repetiu para si enquanto caminhava para a parada de ônibus.
Mas aquela não deixou de ser mais uma noite frustrante no estabelecimento.
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