ARDES escrita por AJFrancklyn


Capítulo 10
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— Sua irmã não gosta de mim!

— Não tem sido fácil para ela, nem para nossa família — explicou.

— Mesmo em tempos difíceis, é justificável que ela tenha tais atitudes?

— Rainen, é claro que não! Mas considere que tínhamos uma vida diferente dessa. — Ela fez uma pausa, recordando-se, e sorriu. — Da nossa família, Bruna foi quem mais sentiu.

— Você é sempre tão bondosa assim? — o rapaz a olhava com profunda admiração.

— Acho que são os seus olhos… — Renata sentiu certo acanhamento.

— Só podem ser, pois neles eu só vejo vo…

Ele foi interrompido com um safanão no braço e a voz misturada com uma risada:

— Aê, Rainen! Mais tarde levaremos o carro lá.

Era Lendoval, um colega de turma.

— Ok! Aguardo!

— O que vocês têm aprontado por aí? — Renata perguntou, sorrindo.

Ele ficou tímido, mas sentiu que poderia lhe contar.

— Estou trabalhando em uma oficina mecânica.

Ela sorriu e, transbordando de felicidade, o abraçou:

— Parabéns! Parabéns!

Por alguns instantes, sentiram o calor um do outro, as fragrâncias, e a demonstração de carinho demorou mais que o esperado. Quando se soltaram, mesmo não querendo fazê-lo, Rainen foi o primeiro a falar:

— Vou arrumar uma novidade todos os dias só para ganhar um abraço desses.

Ela riu, respondendo:

— É certeza que ganha…

— Chega!

Nervosa, Bruna apareceu e ficou entre os dois, mas sequer olhou para o rapaz.

— O que você está dizendo?

— Exatamente o que você ouviu. Vamos embora! — ela falou ainda mais alto. — A van chegou!

— Preciso me despe…

— Esquece isso! — E saiu arrastando Renata pelo braço. — Quando chegarmos em casa teremos uma conversa!

De longe, Renata acenou para Rainen, que permanecia imóvel, sem entender direito o que aconteceu.

Durante a viagem, as duas permaneceram caladas e, ao chegarem em casa, encontraram um bilhete na mesa da sala:

Fomos ao banco, voltaremos por volta das 16h.

— Não podia ser melhor! — esbravejou Bruna, jogando a mochila no sofá.

— O que você tem?

— O que eu tenho? O que eu tenho?! Você fica de conversinha com um Zé ninguém e vem me perguntar o que eu tenho?

— Não fale assim do Rainen.

— Meu Deus! Já até decorou o nome dele?

— E o que tem isso? — Renata estava na defensiva.

— Não vou permitir que você enterre o seu futuro se relacionando com um vagabundo daquele.

— Você não sabe sobre o que está falando. Ele trabalha!

Cada vez que Renata o defendia, era como se jogasse pimenta nos olhos de Bruna, que vociferava:

— E ele é o quê? Presidente de uma empresa? Dono de algum empreendimento?

Pouco intimidada, Renata respondeu:

— Mecânico! Ele é mecânico!

— Você precisa de tratamento. Não pode estar bem da cabeça. Você arrumou um comedor de graxa?!

— Quem precisa de ajuda é você, Bruna. Desde quando se controla o que há no coração?

— Que sentimentalismo é esse, Renata? Aonde isso vai te levar?

— Espero que até algo que aumente a minha felicidade.

Bruna riu para depois falar:

— Só me diga como. Morando nos fundos de uma garagem? Com a mesa do café da manhã coberta de ferramentas? Com o cheiro de gasolina entranhado em suas roupas?

— É melhor você se calar. O que farei ou não, cabe a mim decidir.

— Ainda não entendeu? Nós somos o futuro de nossa família. O que você vai fazer, vivendo com aquele coitado dentro de um muquifo?

Cansada da discussão, Renata foi para a cozinha almoçar, enquanto Bruna pensava:

“Eu não permitirei que ele acabe com sua vida, minha irmã.”


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