Catarse escrita por WinnieCooper


Capítulo 1
Antes


Notas iniciais do capítulo

A ideia dessa história estava me assombrando faz tempo, precisava escrever. Demorei mais do que o costume por ser um casal que nunca explorei. A fic é dividida em três curtos capítulos. Espero que gostem.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/792455/chapter/1

Jantares na mansão Malfoy sempre foram muito difíceis para mim. Aquele em particular estava me enlouquecendo. Meus pais queriam me casar. Desesperadamente. Desta forma, chamaram a família Greengrass para uma noite que eles queriam transformar em mágica. Queriam que eu namorasse Daphne. Eu não queria namorar, muito menos casar. Eu queria me curar. Tinha pesadelos todas as vezes que fechava meus olhos, sentia-me péssimo pelos meus erros do passado. Estava fazendo terapia, mas não estava resolvendo muito já que eu agredia com palavras minha terapeuta todas as vezes que ela dizia meu sobrenome. Meu sobrenome. Eu tinha nojo do meu sobrenome. Um peso tão enorme para se carregar depois da guerra, depois que Voldemort foi derrotado.

Desta forma, eu só ficava fisicamente presente nos jantares que meus pais ofereciam para pessoas de seu ciclo social que tinham filhas da minha idade. Eu conhecia Daphne, lembrava dela de Hogwarts, não queria namora-la. Ela era orgulhosa, prepotente, rancorosa. E estava com o nariz empinado. Parecia a nora perfeita. Pois minha mãe lhe entregava sorrisos todas as vezes que ela abria a boca para dizer algo e meu pai concordava com a cabeça com tudo o que dizia.

Reparei na irmã mais nova dela. Astoria. Estava alheia a tudo, ao mesmo tempo pareciam ter vergonha dela. Seus pais sempre se desculpavam pela menina, o modo que ela comia, pediam desculpas pelo modo que ela lhe dirigia o olhar, pediam desculpas, quando ela começava a soltar risos pelo nariz quando sua irmã falava, pediam desculpas, quando ela abriu um jornal enquanto comíamos a sobremesa, pediam desculpas. Ela não se importava com nada. Dava de ombros. Só então reparei que o jornal não tinha as fotos se mexendo. Era um jornal trouxa.

— Desculpem-nos Narcissa e Lucius. Nossa filha sempre nos desafia. – dizia a mãe dela. Pegando o jornal rudemente com a mão.

Ela não parecia se retrair pelos pais, ou pela irmã perfeita que tinha. Sorria. Ela ergueu os olhos e me encarou. Pela primeira vez em todo jantar me senti desconfortável, senti como se ela tivesse lendo minha mente e entendendo meu comportamento recluso.

— Desculpem-nos pelo Draco. – disse minha mãe. – Ele anda muito abalado por causa de... Estamos sofrendo retaliações desde que Voldemort perdeu.

Não estava afim de ouvir minha mãe se desculpar pela milésima vez de meu comportamento recluso toda vez que me entregava para uma garota. Não me leve a mal. Daphne era bonita. Loira, corpo modelado, olhos castanhos, a perfeição. Já que trabalhava no setor de mistérios no ministério. Diziam que tinha um futuro promissor. Talvez se tornasse secretaria em algum ministério. Disseram isso com muita frequência no jantar. Como se para me convencer que ela era perfeita. E só precisava de mim para ser seu par perfeito.

Eu não era perfeito. Não suportava olhar para as pessoas e ouvir mentiras. Pedi licença e sai da mesa. Fui até o banheiro social da nossa sala e comecei a lavar meu rosto. Esfreguei com minhas mãos, tentando tirar todos meus remorsos e todas minhas frustrações, sabia que era inútil, já tinha feito tantas vezes. Por fim, enxuguei meu rosto. Estava preparado para voltar pra tortura do jantar quando olhei pra sala e vi-a me encarando. Astoria sorria para mim e balançava a cabeça.

Tinha ainda o jornal trouxa em mãos.

— Não está suportando a perfeição que é minha irmã?

Não respondi. Pelo jeito ela não suportava tudo que sua irmã representava e tudo o que seus pais diziam.

Não trocamos nenhuma outra palavra. Mas naquela mesma noite recebi uma carta dela.

“Que tal um primeiro encontro? Não com Daphne, comigo. A pedra no sapato de meus pais. Sei que você está se mostrando um péssimo filho também. Talvez possamos ser péssimos juntos”.

Ela anexou o endereço de sua casa abaixo do bilhete e dizia que o encontro seria às dez horas do dia seguinte. Ela era maluca. Quem se encontrava com alguém às dez da manhã? Fiquei curioso. Respondi que iria.

E lá estava eu, sem saber o que vestir. Sem saber se precisava de um casaco. Decidi colocar uma camiseta calças e tênis. Um casaco por cima que poderia tirar se o lugar fosse abafado. Falei aos meus pais que ia caminhar. Óbvio que não acreditaram, mas não questionaram. Talvez tivesse esperanças de eu estar me refazendo. Eu tinha esperanças de estar me refazendo.

Aparatei no endereço de sua casa. Ela já estava do lado de fora. Sentada nas escadas da porta lendo o mesmo jornal trouxa da noite anterior. Ela levantou os olhos e me olhou. Sorriu. Seus olhos eram verdes, seu rosto tão pálido e seu cabelo negro como a noite. Estava com um sobretudo preto e botas também pretas. Se aproximou de mim e segurou minha mão.

— Não é muito longe daqui, podemos ir de metrô. – ela anunciou sem me cumprimentar, pegou minha mão e me guiou para longe de sua casa.

Andamos por alguns minutos até ela descer uma escada na rua da Londres trouxa e pagar bilhetes com dinheiro trouxa. Me guiou e ensinou como colocar os tickets em um aparelho, me mostrou como descer escadas que tinha os degraus que se mexiam. Me guiou para dentro de um trem moderno dos trouxas que corria muito rápido.

Não falei nada desde a hora que a vi. Mas gostava de reparar em todos seus detalhes. Ela permanecia com o jornal em mãos e o lia sentada no trem ao meu lado. Parecia natural aquele percurso para ela. Não fazia ideia de onde ela me levava, mas suspeitava que não fosse nada comum. Ela levantou a cabeça assim que uma voz saiu dos alto falantes dizendo o local que estávamos. Ela me puxou pela mão e eu a segui. Sem dizer nada como estava fazendo o tempo todo.

Andamos mais um pouco, subimos para as ruas acima de nossas cabeças. Ela começou a andar de encontro a um grande portão de ferro. Onde se via um campo com grama e árvores. Começou a caminhar mais rápido e quando cruzamos o portão eu vi que estávamos em um cemitério.

— É... Acho que errou o caminho. – disse pela primeira vez.

Ela olhou pra mim sorrindo. Olhou novamente o jornal, depois seu relógio de pulso. Puxou minha mão.

— Venha! – eu a segui. Porque já estava enfiado de cabeça naquela história toda e estava curioso.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Então gente, não sei se estou escrevendo esse casal da maneira certa, todas minhas referencias de Drastoria vem das fics da Lu Peabody, me digam o que estão achando please...