Em Tempos de Guerra escrita por Slinwood


Capítulo 13
Emboscada




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Apesar de todas as precauções Kazuko estava exausta.

A ideia original era se infiltrar na Vila como uma das outras Raízes após terem "abatido" o inimigo, no entanto as coisas ficaram mais intensas do que o previsto, levando-a a gastar muito mais chakra. Foram clones especiais para distrair as equipes, jutsus de imobilização, batalhas, perseguições... O único alento para a kunoichi era que o plano estava funcionando, e que dali a poucos dias ela conseguiria extrair todo tipo de informação sobre Danzo e o restante dos esconderijos de Orochimaru. O pensamento a fez sorrir para si mesma.

Naquele momento ela, a equipe da Ursa e a equipe da Coelha estavam acampando durante a noite para recuperarem as forças. O clima diante da fogueira era tenso, em especial graças àqueles que foram capturados facilmente. Mesmo vestindo suas máscaras era possível notar o desanimo e a vergonha que sentiam. As conversas que haviam eram poucas e faladas aos sussurros, dando a oportunidade que Kazuko queria para mandar um recado a Jiraiya. Mal ela se levantou suas pernas fraquejaram e por pouco a jovem não caiu de cara na pedra em que estava sentada a um segundo:

—Ei ei, cuidado Risachi, precisa descansar mais - comentou a Ursa. Isso chamou a atenção de todos, que passaram a encarar Kazuko.

—Estou bem, só preciso me aliviar - respondeu ela na sua melhor imitação do falecido Risachi. Assim que ela se retirou do círculo, o Cão, que estava sentado ao lado da Coelha, comentou baixinho:

—Su, esse tal de Risachi deveria ser homem, não é?

—Hm? Que tipo de pergunta é essa? É claro que ele é homem, Gou - a kunoichi respondeu meio distraída, ainda olhando na direção que o ninja havia ido.

—Mas ele tem cheiro de mulher - com isso Su parou e o encarou, sem entender.

—Ele esteve viajando a dias com a Mitsuki, isso explicaria-

—Não não, é diferente. Cada um tem um cheiro próprio, e Risachi tem o dele... ou dela... sei lá - agora as engrenagens na cabeça de Su não paravam de girar.

—... tem certeza disso, Gou? E se ele simplesmente prefere se identificar como homem? - o parceiro balançou a cabeça negativamente antes de responder.

—Não acho que seja o caso... além do mais, ele também tem um cheiro bem forte de cobra, pinica o nariz; é meio azedo, sabe? Muito estranho...

Esse último comentário foi o que fez a Coelha cair em si, fazendo-a lembrar quem era a dona do rosto no clone mais cedo. O rosto de alguém que ela conhecera por apenas algumas horas e a muitos meses atrás, mas que ainda aparecia em sua mente toda noite em que tinha insônia. Um misto de sentimentos incomuns para uma Raíz começaram a borbulhar dentro de Su até que um nome surgisse em sua cabeça: Sasaki Kazuko.

Ela tinha sobrevivido, e decidiu se rebelar contra Konoha.

Num impulso de adrenalina Su se levantou, já formulando um plano completo. Gou e o restante de sua equipe a olharam sem entender, então ela se abaixou e falou no ouvido do parceiro ao lado:

—Diga a Nezumi e Mikan para ficarem alertas. Peça para um deles avisar a Mitsuki o que descobrimos. Assim que aquele ninja voltar puxe assunto com ele e o distraia. Vou enviar uma mensagem as outras três equipes.

X

Apenas uma hora após terem levantado acampamento Kazuko já se sentia esgotada. Estavam correndo em formação pelas árvores, e à noite era preciso o dobro de cautela com possíveis inimigos e animais da floresta. Não demoraria mais do que algumas horas para chegaram à vila, e isso deu alguma motivação para que a kunoichi continuasse sem reclamar.

Su estava liderando a formação, enquanto Kazuko seguia no meio e Mitsuki na retaguarda. Tudo parecia tranquilo e sem nenhuma ameaça imediata até começar uma movimentação incomum pelos flancos. Kazuko, assim como os membros de sua equipe pararam de se mover e observaram ao redor para identificarem a origem do som, mas a equipe de Su havia sumido. Antes que alguém pudesse dizer algo dezenas de kunais com papéis explosivos voaram na direção de Kazuko.

O ataque surpresa fez todos se esquivarem, a não ser pela jovem. Naquele momento o cansaço a venceu e ela não foi capaz de fugir. Uma longa sequência de explosões a atingiu em cheio, fazendo-a cair do alto das árvores como um pássaro ferido por um estilingue. Sua mente só processava dor.

Antes que caísse com tudo ela foi capaz de abrir os olhos em pleno ar e ver o contorno de alguém desferindo um soco potente em seu estômago. Kazuko cuspiu sangue por baixo de sua máscara e notou que o golpe havia acelerado o impacto dela com o terreno. O vento parecia cortar sua pele, e quando seu corpo em flagelos finalmente alcançou o solo o som de múltiplos ossos se quebrando foi o suficiente para fazê-la berrar de dor.

Ao seu redor iam surgindo todas as equipes encarregadas da missão, muitos rostos mascarados empunhando espadas curtas. A última a se aproximar foi Su, que puxando a espada das costas caminhou lentamente na direção de Kazuko até ficar bem ao seu lado.

A visão era terrível; o que antes era uma máscara de raposa havia se tornado madeira queimada com pedaços faltando. Por debaixo dela o alvo ainda gritava. Todo o seu corpo exibia queimaduras sérias além de uma ou duas fraturas expostas. Su pensou que sentiria prazer ou ao menos indiferença naquele momento, mas assistir ao sofrimento da pessoa que a tinha salvado não tanto tempo atrás fez seu estômago revirar e os olhos arderem.

Todos observavam, aguardando a líder da emboscada agir e encerrar de vez a missão. Sem pensar mais, Su se posicionou, levantou a espada e disse baixo o suficiente para que apenas a vítima a escutasse:

—Adeus, Kazuko.

Com um único golpe a lâmina perfurou o peito da jovem, alcançando seu coração. Sangue inundou novamente sua boca e lágrimas quentes mancharam o rosto ainda oculto. Ao arrancar a espada Su pôde escutar Kazuko balbuciar um de seus muitos nomes, deixando claro que ela a reconhecera:

—Mei... isso foi... um erro...

E assim, sem mais respirar, Sasaki Kazuko finalmente estava morta, e quando Su abaixou para apanhar a máscara de raposa a visão do rosto da kunoichi aos seus pés a fez cair de joelhos e chorar como nunca havia chorado por ninguém antes. 

 


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Notas finais do capítulo

Como eu disse: impactante :)



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