Summer Camp escrita por Tahii


Capítulo 7
Coração no Liquidificador


Notas iniciais do capítulo

OIEEEE! Tudo bem por aí? ♥

Pessoal, nem acredito que já é dia 29 e que já estamos no penúltimo capítulo. Passou tão rápido, né? Quero agradecer a todos que estão acompanhando, querendo matar o Alvo, torcendo para o Scorpius ser menos lento e tudo mais, hehehe ♥

Espero que gostem do capítulo!

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[17 DE JULHO, SEXTA-FEIRA]

00:31 AM

Não é necessário dizer que o meu mundo todinho caiu, e um terrível sentimento de frustração tomou conta do liquidificador no qual meu coração tinha sido jogado. Passei anos acreditando que a primeira garota pela qual eu me apaixonei não sentia a mesma coisa por mim, e além de tudo era uma cínica; quando, na verdade, ela nunca recebeu o bilhete, e achou que eu não a correspondia por nunca ter tomado uma atitude. Na época, uma aproximação amigável teria sido o suficiente e a trajetória dos anos poderia nos levar a outro destino — provavelmente um menos patético.

Foi mal, Scorp — Alvo se desculpou ao fim, e pediu para Alice responder as mensagens dele no WhatsApp. 

Toda a discussão na sala da cabana dos monitores se encerrou com isso, e eu fui o primeiro a me retirar, provavelmente com o rosto vermelho de vergonha. Não deveria ter trazido o assunto à tona, não deveria ter passado anos empenhado em esconder o óbvio, não deveria me importar tanto com isso por tanto tempo

Ao me deitar de bruços, virei o rosto para o lado da parede e coloquei o travesseiro por cima da cabeça, tentando evitar a placa neon piscante: Que vergonha! Que vergonha! Que vergonha! Obviamente, não tive sucesso em dormir tão rápido, tampouco de ouvir alguma conversa entre as meninas. Percebi que Rose estava no quarto quando ela ajustou o ventilador antes de se deitar. 

— Scorpius…

— Não quero e não vou falar sobre isso, Weasley

Ela pareceu entender, o que deixou tudo mais, isso mesmo, constrangedor. Se é que era possível.  

Por volta das seis e meia da manhã eu levantei, me troquei e peguei meu celular enquanto esperava dar a hora para acordar as crianças. Como iríamos para o campo aberto, peguei um boné; já bastava meus neurônios estarem esquentando o meu cérebro por conta própria, não precisava da ajuda do sol. 

Sentei na varanda para ver as zilhões de mensagens de Alvo, Adam, Karen, grupos silenciados lotados, duas da minha mãe e algumas notificações no Instagram; pareceu uma boa oportunidade para tirar foto do nascer do sol e colocar alguma frase brega no story, e como eu já tinha perdido toda a minha dignidade, qual diferença faria? Nenhuma. Portanto, respondi a minha mãe, desliguei o celular e fui guardá-lo na minha mochila. Felizmente, Rose estava no banheiro durante o percurso. 

Perto das sete e meia fui acordar os sonserinos e, com o megafone da Hooch, tentei dar um incentivo moral para o dia.

— BOM DIA, SONSERINOS! ESPERO QUE TODOS ESTEJAM DISPOSTOS PORQUE ESSA É A NOSSA ÚLTIMA CHANCE DE CONSEGUIR PASSAR A GRIFINÓRIA NA PONTUAÇÃO PARA A TAÇA DAS CASAS — embora algo dentro de mim dizia que esse feito seria matematicamente impossível. — AGORA DE MANHÃ TEREMOS VÔLEI, PORTANTO, PREPAREM OS JOELHOS. E A TARDE FUTEBOL DE SABÃO. TOMEM CUIDADO PARA NÃO QUEBRAR NENHUMA PARTE DO CORPO.

— O que acontece se a gente quebrar o braço? — Parkinson perguntou com a mão erguida.

— VAI TER QUE PASSAR A NOITE NA ALA HOSPITALAR ENQUANTO TODO MUNDO VAI ESTAR APROVEITANDO A FESTA! ENTÃO, SE EU FOSSE VOCÊS, EU TOMARIA MUITO CUIDADO.

— Entendido, capitão! — Hilliard fez uma contingência, causando alguns risos.

— EU SÓ NÃO VOU TIRAR PONTO SEU PORQUE JÁ ESTAMOS PERDENDO, HILLIARD. VAMOS TOMAR CAFÉ! 

Eles foram confabulando planos sobre como distrair os adversários para poderem marcar ponto nos sets de vôlei, já que aparentemente a maioria não sabia jogar muito bem. Embora o dia não tivesse começado da melhor forma, o café da manhã estava ótimo e interessante o suficiente para que eu prestasse mais atenção nele do que nas minhas queridas colegas monitoras. 

Talvez eu devesse ter sentado com o grupo do bolo de dragão de novo. 

— Está animado com o vôlei, Scorpius? — Alice perguntou amigavelmente, visto que Roxanne parecia ocupada demais falando coisas aleatórias para aliviar o clima.

— Não. 

— As crianças da lufa-lufa estão, elas disseram que adoram.

— Mais uma perda para a sonserina — qual a relevância de um pum quando já está todo cagado, não é? Dei ombros, fingindo não me importar. — O lado bom é que não vamos encarar a grifinória hoje. 

— Suas cobrinhas são muito ruins competindo, Malfoy — Roxanne deu risada, virando o copo de suco de laranja.  

— É — e eram mesmo; eu me incluí no grupo. 

— Mas ainda tem o futebol de sabão… Eles devem ser bons escorregando… Por pontos… — apesar da boa tentativa de parecer otimista, Alice falhava  miseravelmente. — Vai dar tudo certo. Né? 

— Se esses dois pararem com o climão, talvez — respirei fundo antes de olhar para a Roxanne, com a minha melhor cara de paisagem. — Preferimos vocês se provocando positivamente do que quietos, só isso. 

— Isso! Rox tem razão. Não vamos estragar o último aqui por causa de uma… 

Uma…? — incentivei Alice, cruzando os braços sobre a mesa. 

— Discussão. Vocês sempre brigam, não é como se fosse o fim do mundo, não é? 

— Eu concordo — Roxanne ergueu os braços, rendida, não surtindo nenhum efeito nem em mim, nem em Rose.

Certas ou erradas, me concentrei nas atividades do dia para não fazer um buraco no chão e enfiar minha cara.

Os sonserinos pareciam animados e sedentos por pontos. Fizemos um alongamento com Hooch antes de irmos para o campo aberto, que ficava no extremo oposto da quadra do Lago de Esmeralda. A grifinória e a corvinal ficariam por lá, com sorte, pelo resto do dia, e as probabilidades de nos encontrarmos no refeitório durante o almoço não eram das maiores. 

Tentei dividir as crianças de uma forma estratégica para que não perdêssemos de lavada. Madson, Rebecca e Parkinson pareceram consideravelmente boas jogando no mesmo time; Wilson e Travers foram apenas figurantes. Dos oito sets que jogamos, ganhamos cinco, o que rendeu quase setenta pontos, mas não foi o suficiente para apagar o fogo deles para o futebol de sabão da parte da tarde. Quando chegamos para o almoço, a corvinal e a grifinória ainda não estavam, mas a alegria não durou por muito tempo. Engoli minha comida o mais rápido possível apenas para sair logo dali e ir ajudar Baldrick a encher duas arenas infláveis de futebol de sabão e, claro, preparar o tal do sabão. Se Alice achou o handball perigoso, provavelmente iria morrer do coração vendo as crianças se matarem na água escorregadia. 

— CUIDADO PARA NÃO CHUTAREM A CABEÇA DO AMIGO! — foi o seu jargão, o que só me fazia gargalhar enquanto eu deveria estar focado para não arbitrar errado. 

Segundo as contas finais do professor Baldrick, as casas empataram nos pontos. As crianças ficaram um pouco decepcionadas, mas pareceram esquecer quando eu disse que jogaria uma partida com elas. Minhas habilidades com futebol não eram das melhores, como já era de se esperar, o que me levou a vários tombos que fizeram eles dar risada e jogar água em mim. 

Voltamos para o marco-zero quando já passava das cinco horas, todos animados com a contagem dos pontos antes do início da festa e com os doces que ouviram dizer que teria (Roxanne deixou escapar sobre uma possível fonte de chocolate). Eles passaram pelas duchas externas e se revezaram no banheiro das cabanas; as garotas pediram para eu ajudar a passar um gel com glitter no cabelo. Eu nem sabia que existia gel com glitter, mas aceitei a tarefa. Roxanne deixou eu tomar banho primeiro na condição de eu adiantar algumas coisas para a festa; eu aceitei. O que eu mais queria era ficar ocupado. 

Minha roupa para a grande festa consistiu numa calça jeans, chinelo e uma camiseta verde. Se a sonserina não vencesse, pelo menos eu ensinaria alguma lição sobre fraternidade ou algo do tipo. Infelizmente, vi Rose entrando na cabana quando eu estava saindo; ela estava encharcada. De água. O que só me incentivou a ajudar o pessoal da cozinha a levar os aperitivos para o salão, arrumar o som junto com a Hooch e, claro, verificar se os pestinhas estavam vestidos e ajudar as garotas com o gel. 

— Você não sabe fazer trança, Scorpius! — Rebecca reclamava olhando o que eu tentava fazer com seu cabelo. Madson se aproximou, suspirando. 

— Divide em três e vai colocando as laterais no meio — a ruivinha explicou, apontando para os meus dedos. Ela não estava com uma feição muito feliz. Tentei me concentrar na sua instrução e comecei conseguir, aos poucos, um penteado de qualidade mediana. 

— O que você tem hoje, Mad? 

— Nada — deu ombros, me estendendo o gel com glitter. 

— Vocês se desentenderam de novo?

— Não. É que o Hilliard — ri, negando com a cabeça — me irrita. 

— Hm, e o que ele fez? 

— Não quero falar disso — ela foi em direção a uma das camas e sentou, desanimada. 

— Posso te dar um conselho? — assentiu. — Não estrague o último dia do acampamento por causa de uma…

— Uma…? 

— Discussão. Vocês sempre brigam, não é como se fosse o fim do mundo. Né? — usei as palavras de Alice durante a manhã, que pareciam fazer muito mais sentido. 

— Scorpius tem razão — Rebecca concordou comigo. — Quer dizer, ele sempre tem razão. 

As garotas riram, e eu também. Conversamos um pouco sobre o fato universal de que meninos são idiotas, principalmente aos onze anos. 

Terminamos de nos arrumar — porque elas insistiram em pentear meu cabelo — por volta das sete horas; chamei os garotos e fomos para o salão, que aos poucos começou a encher por crianças falantes. Sentei num banco para esperar Hooch fazer a contagem, e logo tive Roxanne perto de mim. Não me senti tão desleixado ao vê-la com um short, uma camiseta preta e chinelos vermelhos. 

— E aí? Quem ganha? — provocou, escorando-se no meu ombro. 

— Se acontecer um milagre, a sonserina. 

— Ainda bem que você é realista, Malfoy — maneei com a cabeça, focando na imagem de Madson dando uns tabefes em Hilliard. — Você falou com a Rose?

— Não.

— Está considerando a hipótese?

— Talvez. 

— Seria legal. Não que você esteja errado de alguma coisa, mas ela também não está. Um pouco de diálogo não faz mal pra ninguém. 

— O que acha que eu devo dizer? — ficamos em silêncio alguns instantes, e calhou de eu ver Rose entrando com as crianças da corvinal. Para variar, estava linda demais com um vestido curto azul. 

— O que você quer dizer? 

ATENÇÃO! ATENÇÃO! CHEGOU A HORA DE SABERMOS QUAL CASA VAI LEVAR A TAÇA! — a voz animada de Hooch preencheu o salão, causando gritinhos e assobios. 

— Não sei se ainda tem algo a ser dito. Eu poderia pedir desculpas pelas coisas não terem dado certo, por ter evitado ela o dia todo, pelos episódios de irritação extrema, talvez? — levantei-me do banco para andar até a sonserina. — Mas… Se tudo não aconteceu, o que eu posso fazer?

GOSTARÍAMOS DE PARABENIZAR TODOS VOCÊS PELO EMPENHO, TRABALHO EM EQUIPE E JOGO LIMPO DURANTE TODO O ACAMPAMENTO! 

— Tentar de novo, Malfoy, é isso que a gente faz quando as coisas não dão certo: tentamos de novo. 

O IMPORTANTE NÃO É GANHAR, MAS SIM COMPETIR. QUANDO DAMOS O NOSSO MÁXIMO, NÃO HÁ ARREPENDIMENTOS! 

— Você acha?

— Modestia parte, tenho certeza — ela me jogou uma piscadela, se distanciando. Passei os braços pelos ombros de Wilson e Travers ao me aproximar, eles não pareciam tão nervosos como os demais, embora os olhos não desgrudassem de Hooch. 

COM 215 PONTOS, A GRANDE VENCEDORA DO ACAMPAMENTO DE VERÃO DE HOGSMEADE É A… 

— Ai, Scorpius, está me dando dor de barriga! — Hilliard disse com a voz trêmula, roendo as unhas. 

GRIFINÓRIA! 

Não parecia ser uma grande surpresa, pelo menos não para nós da monitoria que realmente estávamos contando os pontos; no entanto, para as crianças, foi um saco ver os leõezinhos do mal vencerem e, pior, comemorarem. Batemos palmas, tentei consolar a sonserina e dizer que o desempenho deles havia sido bom — 185 pontos parecia um sonho perto dos 120 e 95 da Lufa-Lufa e da Corvinal, respectivamente —, mas o verdadeiro consolo foi a concretização do boato de Roxanne: tinha uma fonte de chocolate real e em cores para eles degustarem. Ajudei Baldrick a colocar as bandeiras da grifinória no salão antes de poder pegar alguma coisa para amenizar a devastadora situação do meu estômago. 

Apesar da não-vitória, a maior parte dos alunos pareciam estar se divertindo ao som de Hipogrifos Nervosos. Fiquei observando as dancinhas esquisitas enquanto comia um sanduíche triangular — o primeiro de três —, e desejei que Alvo estivesse ali para dar risada comigo e me ajudar a decidir o que fazer em relação a sua irritante prima ruiva. Provavelmente ele diria para eu falar com ela; Alvo sempre foi um entusiasta a scorose

Passa dia, passa noite e eu só penso em scorose! — ele cantarolou pela primeira vez na metade da oitava série.

Scorose?

Scorpius e Rose. Você me força a pensar sobre vocês todos os dias… chega nela e fala que gosta dela, caramba. Ela não vai te matar nem nada do tipo.

Como você pode ter tanta certeza? 

Porque está na cara que ela gosta de você também! — lembro de ter lhe encarado incrédulo. — Tudo bem, não tão na cara assim, mas… 

Levando em consideração a perspectiva de que eu não tinha absolutamente mais nada a perder — nem a minha recém-enterrada dignidade —, comecei a procurar onde Rose poderia estar e, ao achá-la, peguei um copo de coca-cola e segui em direção ao meu precipício. Ela estava com os braços cruzados, segurando uma bolinha de queijo nos dedos, sorrindo para as crianças que tentavam lhe impressionar com alguns passos especiais. 

Rose notou minha aproximação e, um pouco sem jeito também, me estendeu o copo cheio de outros salgadinhos. Peguei um, é claro, para quebrar o gelo. 

— Eu queria falar com você — falei depois de um tempo. 

— Tá bom. Lá fora? Acho que aqui fica meio difícil por causa da música — ou pelo fato de estar repleto de crianças que não precisavam assistir a cena patética que logo se iniciaria. Concordei, dando meia volta em direção à entrada. 

Além de estar mais fresco, a sensação de não ter os tímpanos corrompidos pela música contemporânea era revigorante. Em passos lentos, andávamos sem uma direção muito bem definida, e minhas costas suavam só de pensar na possibilidade de abrir a boca e deixar escapar alguma besteira. 

— Então… — tomei um gole do refrigerante. — Eu não sei bem o que dizer, mas… talvez eu tenha que pedir desculpas pelo grande mal-entendido. O fato de nunca ter vindo uma resposta de você sempre me deixou muito, hmmm, chateado, e você nunca tocar no assunto só piorava as coisas na minha cabeça. 

— Eu senti isso também — ela riu, mordendo o salgadinho. — Porque você nunca falou nada sobre aquele beijo. No começo fiquei chateada, depois senti muita raiva e, no final das contas, implicar com você se tornou um hobby. 

— Idem. 

— Quase morri de ódio quando você começou a namorar a Karen, me senti um lixo. Tipo… O que ela tem que eu não tenho, sabe?

— Ela respondeu as minhas cantadas — dei ombros, me rendendo a um sorriso na medida em que percebi que ela não estava brava. — Também não vivi em paz quando você começou a namorar o Wood. Ou, pior, quando saiu aquele boato na oitava série que você tinha beijado ele. 

— Não era bem um boato, mas... Eu queria te provocar de alguma forma. 

— Você conseguiu, diga-se de passagem. 

— Só que aí é que está o problema — ela parou de andar e se virou para mim. — Você nunca teve nenhuma reação. Nem aqui no acampamento você não… Teve muitas reações. 

— Como eu poderia ter? Ninguém gosta de tomar uma atitude e não ser correspondido. 

— Eu super dei em cima de você aqui. Quer dizer, não literalmente — gargalhei vendo seu sorriso. — E o que você fez? Me beijou uma vez e não olhou mais na minha cara. 

— Porque achei que seria péssimo te encarar. Na minha realidade, você nunca me deu moral, então não seria legal eu super mergulhar de novo nessa quedinha não superada pra, no fim, você fazer cara de paisagem. 

— Isso passou pela minha cabeça quando percebi que viríamos pra cá juntos. Eu cheguei a falar para a Rox que eu ia te beijar nesse acampamento, e iria acabar com você caso não tivesse nenhuma reação.

— Eu me senti bem acabado na nossa discussão calorosa — suspirei, vendo-a assentir. — De qualquer forma, me desculpe por tudo isso. 

— Tudo bem. Eu também tenho que pedir desculpas. 

— Tudo bem também — ela não hesitou em me abraçar pela cintura, encostando o rosto no meu tórax. Respirei fundo, voltando a sentir as coisas boas que ela sempre despertou em mim: borboletas no estômago, tremedeira de liquidificador, calor infernal. 

— Scorpius?

— Sim? 

— O que você escreveu de tão importante nesse bilhete? — distanciando-se um pouco, ela passou as mãos pelo meu pescoço. Comecei a sorri na medida em que meu rosto fervia mais. 

— Ah — ri de nervoso —, era uma pergunta... Se você gostava de mim.  

— Por todo esse escândalo, pensei que era uma declaração de amor de cinco páginas! — apertei ela nos meus braços e a ergui do chão, deixando nossos rostos na mesma altura. 

— Prometo me esforçar mais da próxima vez. 

— Eu te beijaria se...  — dei um selinho interrompendo-a, antes de soltar seu corpo. — Não tivéssemos uma mesa de salgadinhos para tomar conta.

— Ela provavelmente está vazia a essa altura. O que me lembra que eu estou devendo algumas danças para as minhas cobrinhas. 

— Elas estão certas. Quem não quer dançar com o monitor bonitinho? — passei meu braço pelos seus ombros, dando meia volta. — O nosso acampamento teria sido mais legal se o Flitwick fosse mais charmoso.

— Eu me lembro que a McGonagall tava inteirona naquela época — Rose gargalhou. — Nada suficiente para me distrair de você. 

— MALFOY! — ouvi o grito de Roxanne do lado de fora da cabana. — O HILLIARD PEDIU PARA CHAMAR VOCÊ. ELE ESTÁ NO BANHEIRO FAZ UM TEMPO! DOR DE BARRIGA, PARECE! 

Embora soasse como uma zoeira, não era. 

Depois do anúncio da Weasley dois, Rose foi cuidar da mesa dos salgados e eu fui verificar o paradeiro do pestinha. Hilliard realmente estava com dor de barriga, sendo esta o aparente resultado entre decepção e uma bolinha de queijo com chocolate. Fiz companhia para ele pelo lado de fora do banheiro, ouvindo uma história descabida que ele tinha tido com os garotos. Depois de seu quadro ficar estável, as crianças tentaram me ensinar alguns passos especiais da nova coreografia da terrível banda que atormentava meus ouvidos desde que chegamos em Hogsmeade. 

A festa teve seu fim por volta da meia noite, e foi então que o trabalho de deixar tudo arrumado teve início. Era estranha a sensação do último dia ter chegado e, pior, dele ter ido embora. O que restou para o fim da noite foi uma conversa na cabana dos monitores sobre nostalgia, preocupações com a manhã seguinte, e alguns beijos que só deixaram aquele cubículo claustrofóbico ainda mais quente. 

 


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Notas finais do capítulo

Bom, agora nos resta torcer para que ninguém esqueça — ou deixe — alguma coisa em Hogsmeade, né?

Amanhã sai o último capítulo. Estou um pouco triste pelo acampamento ter chegado ao fim, mas feliz pelos dias que passamos juntos ♥ Espero que tenham gostado desse capítulo!

Um grande beijo pra vocês ♥ ♥ ♥