Aretha e a criança de Atena escrita por Chalé de Atena


Capítulo 2
Capítulo 2




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— Quem é você? — Aretha acordou com essa pergunta. Olhou ao redor e viu olhos cinza tempestuosos a encarando de forma desafiadora. Era evidente que a criança dona deles estava com medo, mas era corajosa o suficiente para esconder o máximo possível. 

— Aretha. — Ela sorriu amigavelmente e se espantou ao ver a menina arregalar os olhos. 

—  A do sonho? 

—  Sonho? —  Aretha ficou confusa.

—  Do jardim pegando fogo. —  Os olhos tempestuosos abandonaram o semblante de desconfiança e foram tomados por uma onda de desespero. —  Eu me lembro da mamãe gritando por alguém… Aretha. —  A criança falou como se apenas falar em voz alta pudesse fazê-la ter certeza. —  Ela chamava você. —  Novamente a menina encarou Aretha nos olhos, dessa vez buscando respostas. 

—  Então foi ela, uh? —  Aretha deixou-se tombar em um tronco. 

—  Quem é você? —  A menina continuava ajoelhada e cada vez mais insegura. —  Por que eu estou aqui? Foi você que me trouxe pra cá? E cadê a mamãe? Por que ela não está aqui também?

—  Uau, são muitas perguntas. —  Aretha coçou a nuca. 

— Eu te conheço? —  A menina insistiu.

— Não exatamente.

— Então por que estou com você?

— Bem… — Aretha não sabia como dizer. 

— Você me sequestrou? 

— O quê? Não!

— Então por que estamos aqui? — A menina olhou ao redor, para os galhos, para os passarinhos e novamente para Aretha. — Por que me trouxe para cá? O que aconteceu com a mamãe? 

— Olha… Sofia, certo? A sua mãe, ela… Ela… 

— Ela que me mandou pra cá? -- A menina parecia estar com medo da ideia de ter sido deixada. 

—  Não, não foi isso, ela… —  Aretha abaixou o olhar. —  Ela… Virou uma estrela…? —  A mulher-coruja se praguejava mentalmente. Onde já se viu dar uma notícia dessas dessa forma? 

—  A mamãe… Foi pro céu? —  Os olhos cinza foram inundados por lágrimas. 

—  Sim. —  Aretha suspirou pesadamente. Não havia o que fazer, a menina tinha o direito de saber. 

—  Então… Vou ficar com você agora? —  A menina olhava para o céu como se pudesse, de alguma forma, encontrar a imagem da mãe. 

—  Por um tempo. 

—  Por quê? Por que não posso ficar com a vovó e o vovô? —  A menina olhou para baixo. 

—  Não é seguro. 

—  Por que não? 

—  Porque… —  Aretha pensou no que poderia dizer, chegou mais perto da menina e pensou em pegar a mão dela, mas desistiu quando lembrou que elas não eram próximas assim. -- Sua mãe já deve ter falado de mim para você, não? 

A menina olhou para o rosto de Aretha, que sorriu e abriu as asas. Os olhos acinzentados, ainda que tristes, ficaram arregalados. Como ela não havia prestado atenção nisso antes? 

—  A moça com asas. —  A criança sussurrou. 

—  Então ela já falou. —  Aretha sorriu. 

—  Você é a minha fada madrinha? —  A menina loira perguntou. 

—  O quê? —  Aretha pareceu confusa. 

—  A Aurora tem uma fada madrinha, e ela se parece com você. Você é a minha? —  A voz da garota saía entre soluços, quase impossível de ser compreendida. 

—  É, podemos dizer que sim. —  Aretha tentou se aproximar mais e, quando viu que a menina não iria recuar, sentou-se ao lado dela. 

—  Por isso me salvou. —  A menina deitou a cabeça no colo de Aretha. 

—  Sim. —  Aretha começou a fazer carinho na cabeça da menina. 

—  E por que não salvou a mamãe? —  Aretha conseguia sentir as lágrimas tocarem suas pernas. Seu coração apertou e sentiu vontade de chorar também. 

—  Não era mais possível. —  Disse com dificuldade. 

A menina então começou a soluçar e a chorar ainda mais. Aretha não falou mais nada porque não queria piorar a situação, apenas apertou os olhos para não ceder às lágrimas e continuou a fazer cafuné na órfã.


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