Make You Wish I Was Dead escrita por Rhea


Capítulo 1
Chapter one - Freedom.




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POV: Lily.

 Nem sei que horas eram quando acordei, mas sabia que devia ser muito cedo. Minha casa por algum milagre estava silenciosa e eu conseguia ver o sol nascer pela minha janela. Sentia uma pontada de animação e medo em meu estomago, hoje era o dia que eu deixaria tudo para trás. Era engraçado, quando era criança eu sempre pensava que nada poderia dar errado em minha vida pelo fato de que independente de tudo, eu era uma Potter. Mal sabia eu que esse maldito sobrenome viria a ser o motivo dos meus anos em Hogwarts serem um verdadeiro inferno. Irônico, não?

 Suspirei e voltei a fechar os olhos. Eu não era fraca por estar indo, eu dizia para mim mesma todos os dias desde que decidi que estava pronta. A verdade é que eu tinha aturado muita coisa, eram piadas, brincadeiras e comentários que eu ouvia desde sempre e que por algum motivo, sempre achei que merecesse. Por que eu não era tão carismática e talentosa como James? Ou tão inteligente e bonita como Alvo? Era sempre a mesma coisa, os dois filhos incríveis de Harry Potter e a caçula que não tinha nada demais.

 Bufei e joguei o travesseiro em meu rosto, nem havia reparado, mas o sol já havia saído. Pude ouvir uma porta se abrir e fechar no corredor, mamãe devia estar indo fazer o café o que significava que em questão de minutos ela começaria a gritar para que levantássemos. Encarei o teto por mais um tempo e logo comecei a ouvir os berros usuais de Gina Weasley do andar de baixo, dei uma risada e resolvi levantar.

 Joguei a coberta por cima de minhas pernas e caminhei até minha cômoda, peguei uma muda de roupa e me virei para o espelho. Analisei meu reflexo com cautela. Cabelos irritantemente ruivos e totalmente opacos, confere. Olhos castanhos sem graça que não se sobressaiam em um rosto cercado de sardas, temos também. Espinhas enormes nas partes do rosto sem sarda, bingo. Quase quinze anos com corpo das meninas do primeiro ano, perfeito. Senhoras e senhores, aí temos a receita perfeita para a fazer a ruiva mais sem graça e sem carisma da família Weasley. Dei uma risada irônica e virei as costas.

 Sai do quarto e caminhei até o banheiro, tomei um banho rápido e me arrumei para descer. Hoje iriamos passar o dia na Toca já que seria o último fim de semana antes do embarque de volta ao inferno –vulgo, Hogwarts– e por isso teríamos um fim de semana em família.

 Cheguei a cozinha e me sentei ao lado de meu pai, Alvo estava a minha frente lendo jornal e mamãe ao seu lado conversando com meu pai. James chegou logo em seguida e sentou ao meu lado. Ele me olhou de cima a baixo e logo um sorriso zombeteiro apareceu em seu rosto.

  - Preparada para causar inveja na criançada do primeiro ano Lil? Eu esperava que fosse ter uma mudança esse verão, não foi o que você falou? – questionou ele olhando para mim, minha mãe lhe deu um tapa.   

  - Está tudo bem mãe. E respondendo sua pergunta. Sim, eu não vejo a hora de deixar todas as crianças do primeiro ano morrendo de inveja do fato de eu estar no terceiro ano e ser mais poderosa que meu irmão do quinto. Com certeza eles vão amar saber – falei, ele fechou a cara.

 Obviamente eu não era mais poderosa que ele, afinal James e Alvo são bruxos extremamente talentosos. Eu, no entanto, ganhei de James num duelo no ano anterior. Foi besteira, nós estávamos brincando e bem.... Acho que não fez muito bem para o ego dele. O que eu posso garantir é, o que me falta em beleza me sobra em inteligência. Eu era a melhor aluna do meu ano e me destacava em todas as aulas, e além disso era mais avançada que todos do meu ano.

 Papai me olhou e deu um sorrisinho de canto e mamãe voltou a tomar seu café. Alvo me olhava como se estivesse se divertindo com toda a situação.

  - Vocês terminando nós saímos. - avisou mamãe retirando as louças sujas da mesa e levando-as para a pia.

 Tomei meu café tranquilamente e subi para terminar de me arrumar. Escovei os dentes, arrumei meus cabelos e dei uma última olhada no espelho. ”Melhor do que está não fica”, pensei dando de ombros e sai em direção ao andar de baixo.

 Papai estava conversando com Alvo em frente a lareira enquanto esperavam que chegássemos. Me juntei a eles e logo James chegou acompanhado de minha mãe que carregava um pequeno pote cheio de pó de flú.

  - Lily, pode ir primeiro querida. – disse ela me estendendo o pote, peguei uma boa quantidade do material e entrei na lareira.

  - A toca – gritei claramente, logo senti as chamas me envolverem e fechei os olhos, abrindo-os depois de uns segundos avistei uma casa muito conhecida por mim.

  - Ah Lily querida, como vai? - perguntou vovó Molly me dando um abraço, retribui.

 Caminhei até o quintal e logo vi que tia Mione já estava lá, sorri e acenei de longe para ela que retribuiu. Voltei para dentro e percebi Rose sentada no sofá lendo algum livro, tio Rony conversando com vovô Arthur e Hugo. Cumprimentei a todos e me sentei ao lado de Rose.

  - Oi Lily! Tudo bem? - perguntou ela sem tirar os olhos do livro.

  - Tudo. - foi só o que respondi.

 Assim que Alvo chegou e se sentou ao lado de Rose, vi ela fechar o livro e virar para conversar com ele. Observei-os por um tempo, somente imaginando como alguém poderia ser assim tão rude a ponto de ignorar alguém completamente. Depois de alguns segundos me levantei e caminhei até o jardim. Eu não tinha uma relação muito próxima com meus primos, na verdade, eu costumava ser muito próxima de Hugo antes de entrarmos em Hogwarts. E então a realidade veio. Ele era popular, eu não. Ele era bonito, eu não. Ele quis me usar para passar de ano, eu não deixei. E desde então, ele não fala mais comigo.

 Não é que eu não gostasse deles, é apenas que não tínhamos nada em comum. Eu era próxima de Dominique e Roxanne, apenas. O resto? Bem; Victoire quase nunca estava nas reuniões de família; Louis era muito legal, mas preferia ficar com os garotos; Molly era muito nova; Lucy estava sempre discutindo alguma coisa com tio Percy; Fred só fica com os garotos; Rose não fazia questão de ser legal com ninguém que não fosse Alvo e Hugo me odeia. Entenderam? E as coisas ficam ainda piores.

 Eu, Anne, e Dom não temos muito em comum com nossos primos e as pessoas pareciam nos excluir da linhagem “Weasley-Potter”, tudo por que todas as pessoas tinham uma certa imagem da nossa família. Um padrão para ser mais exata, que nós não nos encaixávamos. Por exemplo; Anne era a gêmea de Fred e deveria ser conhecida pelas pegadinhas ou coisas assim, mas só era vista como a gêmea gordinha do pegador Fred Weasley. Já Dom, deveria ser conhecida por ser tão linda e carismática quanto a marcante Victoire Weasley, mas só era vista como uma cópia mais feia da irmã, com problemas de temperamento. E eu, deveria ser vista como a linda e popular filha caçula do famoso Harry Potter exatamente como os irmãos, mas era vista somente como a “sabe-tudo” e sem graça irmã do pegador James Sirius Potter. Era como se as pessoas dissessem que não éramos boas o bastante para fazer parte da nossa família.

 Um barulho de algo quebrando e um grito de repreensão me despertou de meus devaneios, olhei para dentro e sorri quando vi de quem se tratava.

  - Dominique, olhe por onde anda! - ralhava tia Fleur, enquanto Dom se desculpava com a vovó.

 Vi ela olhar ao redor até seus olhos pararem em mim, sorri e correu em minha direção.

  - Como vão as coisas ruiva?  - perguntou ela, sorri.

 Mesmo que Anne e Dom fossem um ano mais velhas éramos inseparáveis.

  - Nada muito diferente do normal. E você, ficando louca com os gritos contínuos da sua mãe? – respondi. Ela deu uma risada e concordou.

  - E além disso; Victoire não para mais em casa, o que é muito bom. Minha mãe fez questão de apontar a cada segundo que eu não sou nada parecida com minha irmã mais velha e meu pai desistiu de me dar uma vassoura nova. - disse ela, não segurei a risada.

  - Bom; mas a sua mãe sem gritar não é nada. – ouvimos uma voz dizer, logo vimos uma cabeleira morena conhecida. Anne se sentou ao nosso lado.

  - Olá amoras - disse ela.

  - Então, já que não ficou surpresa com o resumo nada previsível das minhas férias, diga. E as suas, como foram? - perguntou Dom, voltei meu olhar para a morena que agora ria.

  - Eu confesso que foi até que divertido. Joguei muito quadribol e..... Perdi quatro quilos. – falou Anne sorrindo orgulhosa, batemos palmas.

 Um silêncio reinou entre nós e embora não estivéssemos exteriorizado todas sabiam o que as outras estavam pensando.

  - Estão nervosas? Por que eu juro que eu estou à beira de ter um ataque. – questionou a loira.

  - Todas estamos. Mas acredito que não conseguimos mais levar essa vida – Anne falou.

  - Almoço! - ouvimos tia Mione gritar.

 Os meninos que estavam jogando quadribol desceram da vassoura e seguiram para dentro e nós fizemos o mesmo. Sentamo-nos uma ao lado da outra e logo começamos a nos servir.

  - Roxy, não devia comer tanto assim vai ficar mais gorda - disse James, todas as crianças a mesa riram e Fred deu um tapa em sua cabeça.

  - Ignora ele Ann, come o que você quiser – ouvimos Fred dizer.

  - Seu irmão é um babaca. – ouvi Dom sussurrar em meu ouvido.

  - Você acha? Tenta morar com ele. – respondi, ela gargalhou e derrubou um pouco da comida no chã acidentalmente.

  - Opa. – disse ela ainda rindo.

  - Por Merlim, onde estão seus modos Dominique - falou tia Fleur. A loira revirou os olhos.

  - Se você fosse como a Vicky ou o Louis, talvez... - começou minha tia limpando a bagunça do chão.

  - Nem tente - cortou-a a loira. Tia Fleur deu um suspiro frustrado e voltou a se sentar.

 O almoço terminou tranquilamente e depois de estarmos satisfeitas nos retiramos novamente para o quintal para conversar.

  - Cada vez que eu penso que é melhor ficar tem um idiota para me lembrar o porquê de eu estar fazendo isso – resmungou Anne se lembrando do ocorrido da mesa. Um silêncio reinou.

  - Então é isso - falei

  - Partimos hoje à noite – disse a morena.

  - Tudo bem – concordou a loira.

 Passamos o resto da tarde conversando e mais a noite, lá pelas oito horas Dom foi embora e não muito tempo depois Anne também. Papai estava entretido conversando com tio Rony e vovô Arthur, mamãe e tia Mione ajudavam vovó a limpar a cozinha enquanto James conversava com Hugo, Alvo e Rose. Sentei-me em uma poltrona mais isolada e fiquei ali pensando em como seria estar longe de tudo que eu conhecia. Olhei as horas e senti uma onda de desespero se apossar de mim, já eram onze horas. O que significava que em menos de uma hora eu tinha que estar em um trem indo para a França. Suspirei tentando me acalmar. Daria tudo certo, eu tinha deixado minha mala improvisada pronta, mas mesmo assim...

  - Harry querido, acho que já está na hora de irmos. Estou com sono e as crianças parecem cansadas também - disse mamãe.

  - Tudo bem - concordou papai.

 Nos despedimos e caminhamos até a lareira, retornando via flú para casa. Eram onze e vinte quando chegamos, fingi um bocejo.

  - Bom; não sei vocês, mas eu estou exausta. Boa noite. – desejei dando um abraço rápido em meus pais e subindo.

 Senti meus olhos marejarem e um aperto me veio ao peito. Dei um longo suspiro. Você precisa manter o foco Lilian. Limpei os olhos e peguei minha mochila, ouvi portas se batendo ao meu lado e a minha frente. Abri a porta de fininho e passei por todas as portas dos quartos murmurando “Abafiatto”. Desci a escada e olhei o relógio, eram onze e cinquenta. Sai de casa em silêncio e caminhei até estar longe de minha casa, em seguida ergui minha varinha. Uma locomotiva chegou e em entrei.

  - Caldeirão Furado - falei jogando o dinheiro para o motorista.

 Sentei-me e fechei os olhos, pensando no que estava fazendo. Eu estava com medo, mas não conseguia deixar de pensar que era a coisa certa a ser feita. Em questão de minutos eu estava parada, olhando Anne e Dom, sentadas em um banco com mochilas em seus colos.

  - Até que enfim! - exclamou a loira.

  - Obliviate – disse uma pessoa apontando a varinha para ele.

 Olhei para o lado e vi uma mulher incrivelmente bela me olhando com um sorriso gentil. Ela era alta e esguia, seus olhos eram de um lindo tom de azul e seus cabelos muito loiros, ela era incrivelmente parecida com a tia Fleur.

  - Vamos querridas. Está ficando tarrde e Pierre está nos esperando – apressou ela, olhei para Dom e ela concordou.

 Caminhamos com a mulher até um carro e ela então nos disse.

  - Chegarremos a Frrança em algumas horras. Podem dorrmir se quiserrem – falou ela.

  - Vai dirigir até lá? – perguntou Dom, Gabrielle deu uma risada.

  - Tecnicamente, nós vamos voar. – respondeu ela sorrindo divertida.

 Ela deu partida e o carro logo começou a se locomover. Olhei para fora e em questão de minutos estávamos sobrevoando Londres. As meninas, assim como eu, olhavam tudo encantadas. Sem que eu nem percebesse, acabei caindo no sono.

 Acordei sentindo alguém me balançar, abri os olhos e me deparei com a cabeleira castanha de Anne me caindo no rosto.

  - Chegamos! – exclamou ela sorrindo. Olhei ao redor e senti meu queixo cair na mesma hora. Dizer que o lugar era maravilhoso não era o suficiente.

  - Venham querridas, vamos tomar café - uma voz chamou.

 Descemos do carro e caminhamos até a mulher loira que estava abraçada a um homem muito bonito.

  - Deixe eu aprresenta-las! Querrido, essas são Lily Potter, Roxanne Weasley e bem... A Dominique você já conhece – disse Gabrielle.

  - É um prazer conhece-las, sintam-se em casa e saibam que são muito bem-vindas para ficarem o tempo que precisarem. Aliás, é muito bom ver você Nicky – disse ele, a loira riu.

  - Bom ver você também tio Pierre. – respondeu ela, nós agradecemos e eles nos guiaram para dentro da casa.

 O lugar era enorme e muito elegante, as janelas eram enormes e se encontravam abertas, fazendo com que a leve brisa da manhã deixasse o local arejado.

  - Agorra, nós precisamos converrsar. – disse Gabrielle nos levando até uma sala.

 Nós entramos e nos sentamos de frente para ela, a mulher nos analisou e pediu educadamente para que nós explicássemos a situação a ela e então o desabafo começou. A cada coisa que falávamos ela parecia mais horrorizada, e ao fim de tudo ela parecia em choque.

  - Pois bem.... Vou ajudarr vocês. Ninguém devia ter que passar por esse tipo de situação, especialmente na idade de vocês. Não se preocupem, eu consegui as vagas que me pediu Dominique e não contarrei nada para seus pais. Agorra, vão descansar mais um pouco antes de irmos comprar os materiais. Ok? – falou ela, ainda meio em choque com tudo que tinha ouvido.

 Nós concordamos e nos levantamos, ela seguiu e deu um abraço em cada uma de nos murmurando palavras de conforto em nossos ouvidos. Engraçado dizer, que só depois que ouvi, percebi o quanto eu precisava delas.

 Uma moça chegou e nos acompanhou até onde seriam nossos quartos, nada muito grande, mas um para cada. Depositei minha mochila na cama e deitei, caindo no sono logo em seguida.


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Notas finais do capítulo

Primeiro capítulo ai galera, o que acharam? Se quiserem comentar vou adorar saber a opinião de vocês.

Obrigada :)



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