E se...(naquele dia) Betty e Armando escrita por MItch Mckenna


Capítulo 1
Capítulo 1 Adeus, Armando Mendoza


Notas iniciais do capítulo

E se...
Betty tivesse abandonado a Ecomoda antes



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Era mais um daqueles dias, Betty havia trabalhado a noite inteira nos relatórios. Estava com sono e dormiu na cadeira de sua mesinha, afinal, não era de ferro. Ao ser chamada por Armando, para entregar os relatórios, prontamente apressou-se para atendê-lo, mas estava cansada e um pouco mais atrapalhada que de costume. Logo, não reparou no arquivo de mesa que estava fora do local de costume. Então, ao sair de sua sala para a sala de seu chefe, tropeçou no mesmo e quase caiu em cima de Armando, que estava em pé, ele prontamente a segurou

—Ai, desculpa, doutor!

 Mas o livro de caixa com todos os relatórios dos últimos anos e o atual que ela segurava era pesado, então, ele se desequilibrou e como a estava segurando ainda, os dois aterraram no sofá da sala da Presidência. E se olharam, como nunca haviam olhado antes. Betty olhou dentro dos olhos dele, seus óculos haviam caído com a queda. Sentiu seu perfume. Olhou para os lábios dele e sentindo uma forte e irresistível atração, teve vontade de beijá-lo. Nunca estivera tão perto dele assim.

‘É agora ou nunca!” -pensou

Embora fosse feia, e fora dos padrões exigentes dele, Betty o amava, e o fato de ele ter ficado imóvel olhando para ela, ao invés de gritar com ela, ou empurrá-la, cobrava-lhe alguma ação.   Betty já estava se aproximando os lábios dos dele, de olhos fechados, enquanto ele permanecia imóvel. Quando, subitamente alguém entrou na sala.

Era Mário Caldeirón.

—Ah, desculpe, atrapalhar o romance de vocês!

—Romance? Que romance? -Armando tentando se desvencilhar dela.

—Ai, desculpa, doutor!

—Esta maluca...   -Ele estava vermelho pela primeira vez em sua vida  -caiu em cima de mim!

—Sei... Ah, o amor, o romance...

—A culpa é sua de deixar estas coisas no meio do caminho! -brigou com Mário que havia deixado o arquivo ali, ao procurar umas pastas - Ela caiu por causa da sua bagunça!

 Betty sai correndo para sua sala, morta de vergonha.

—Agora vai defender sua namoradinha me acusando?

—Que namoradinha coisa nenhuma!

—Só porque ela é feia você não quer assumir?

—Que assumir o quê? Betty é uma excelente profissional, uma grande amiga,  mas nem que fosse a única mulher do mundo teria algo com ela.

—Eu também não! A coitadinha é muito feia! -riu-se Mário

—Sim.  Mas fale baixo, não quero magoá-la.

Tarde demais, Betty ouviu e embora soubesse não fazer o tipo de Don Armando tinha verdadeira paixão por ele. E pôs-se a chorar, pois quase o beijou e tinha certeza que ele esperava que ela fizesse isto quando estavam ali sozinhos.  Mas ficou decepcionada com os comentários de Mário e dele sobre sua pessoa. Esperava que ele a defendesse como sempre fazia.

Enquanto Armando e Mário conversava, Marcela adentrou a sala,

—Oi, que alegres! Aposto que falam sobre suas novas conquistas!

—Ah!

—Não!

—Na verdade, Mário falava, eu não, sabe que estou comprometido contigo.

—Sei...  (beijo)

—Eu falava ao Armando que quando era adolescente tinha uma menina que gostava de mim e fazia todos os meus deveres, trabalhos, mas eu não dava a menor bola para a coitada. Era tão feinha, coitada!

Armando começa a ficar irritado com aquela história

—Ai, Mário! Você lembra de cada coisa! Ela era tão feia quanto a Beatriz? -Marcela divertindo-se com a história

—Aí também, não, Marcela! -riu-se Mário

—Vamos parar com estas coisas! -Armando já um pouco irritado

—Ela está aí? -perguntou Marcela

—Lógico que está!  -respondeu Armando

—O que importa? -Marcela atiçando, e nem ligando para a cara de raiva de Armando.

Betty já chorava.  Para os outros parecia não ter amor próprio, mas a moça tinha. Sabia da sua força interior, sabia da sua capacidade de amar, sabia que seu querido chefe não amava Marcela, que ela não era a mulher da vida dele. Sabia que se tivesse uma única chance com ele, iria mostrar a ele que apesar de feia, era a mulher da vida dele.  E naquela tarde, se Mário não tivesse aparecido, teria dado-lhe um beijo. Não sabia como ele reagiria, mas não iria perder a chance.

Os três saíram da sala, parece que foram à produção e Betty ficou lá trabalhando. Quando Armando retornou, parecia estranho. Bem diferente daquele chefe que fôra nos últimos dias. Naqueles dias ele fôra confidente, amigo, contou a ela seus medos, suas pretensões. Agora, estava frio, distante.

—Não vê que este escritório está uma bagunça? Não só faz bagunça na sua salinha, mas na minha também? Qual é seu problema, Betty?

—Ai, doutor! Me perdoe! Eu não pude dormir à noite, pois fiquei...

—Não me interessa os problemas que teve! Aqui é uma empresa e não pode trazer seus problemas para cá! Tem que ter mais atenção no que faz! Não pode sair por aí tropeçando e eu tendo que te segurar para não cair!

—Mas...

—Mas nada!

Naquele dia, Betty ficou tão perturbada que nem quis almoçar com as meninas no Correntazzo, deu desculpas que teria trabalho. O motivo é que Mariana avisara que iria ler mais uma vez as cartas e para quê isso? Armando, quem queria, a estava tratando pior que nunca.

Como não tinha nada para fazer, aproveitou que Armando saíra para almoçar com Mário e ficou procurando vagas no jornal. Analisava seu e-mail, procurando respostas às vagas para as quais havia se inscrito. Desde que entrara na Ecomoda não procurou mais nada. Mas decidira que era hora. Com certeza, Armando percebeu seu interesse nele, assim como Mário e por isso a estava tratando mal. Ninguém gosta de ser querido por uma mulher tão feia. Enquanto procurava, uma visita apareceu:

—Oi, Betty!

—Oi, Dona Catalina!

—Ainda nesta salinha, Betty?

—Seu Armando queria que eu mudasse para o que era do Seu Olarte, mas preferi ficar aqui...

—Ai, Betty! Só você! E o Armando nem o Mário estão?

—Eles saíram para almoçar!

—E você?

—Eu não tenho fome!

—Percebo que não está bem. Andou chorando, Betty?

—Ai, Dona Catalina...

Catalina a abraça e vê que está procurando emprego

—Está procurando emprego, Betty? Pretende sair da Ecomoda?

—Ai, Dona Catalina... (Ela fica envergonhada)  Sabe que amo trabalhar aqui, mas estou com uns problemas uns dias para cá... Prefiro ir embora, antes que complique. Não quero prejudicar ninguém!

Catalina pensa ser com Marcela ou Patrícia os problemas.

—Tenho certeza que você arrumará trabalho em qualquer lugar, por ser tão competente!

—Não é tão fácil!

—Eu te empregaria! Inclusive, estou precisando de uma assistente, mas não creio que Armando te liberaria, ele gosta muito de você!

Ela lembra de como Armando anda tratando-a ultimamente, depois do quase beijo, repreendendo-a por erros que nem são dela, embora ainda a defenda perante Marcela e Patrícia.

—Sinceramente acho que seria melhor para ele! Causo problemas entre ele e Dona Marcela.

—Você que sabe.... se tiver coragem, fale com ele e peça suas contas. Este é meu telefone. Precisarei de uma assistente nas próximas semanas. Não pago ruim não.

—Obrigada, Dona Catalina.

Betty guardou o telefone, e esperou por um milagre. Quem sabe o humor de Don Armando melhoraria. Até melhorou perante os outros, a defendia como sempre. Mas quando estava com Mário, Armando fazia questão de brigar com ela, como se a repreendesse constantemente por algo.

—Com certeza, ele não precisa mais de mim! Já tem o plano de metas, apresentou o primeiro relatório. Aparte disso, está na cara que Dona Marcela me odeia e estou perturbando mais que ajudando. Está na hora de deixar Seu Armando.

Ao chegar em casa, com o coração apertado, declarou;

—Mãe! Vou deixar a Ecomoda!

—Mas minha filha você gostava tanto do emprego!

—Ninguém lá gosta de mm, mãe!

—Nem seu chefe? Você dizia que ele gostava e te defendia.

—É exatamente este o problema, mãe!

A mãe desconfia

—A noiva dela, os pais dele, ninguém gosta de mim! Está um inferno lá! Me chamam de feia, estúpida.

—Que horror, minha filha!  Se seu pai sabe disso...

—Melhor não, mamãe. Olha, esta senhora presta serviço para Ecomoda e ela disse que teria uma vaga para mim! -mostra o cartão

—E você teria coragem de sair, filha?

—Não sei, mãe! Ela me deu até a outra semana para pensar.

Betty fica pensando a respeito. No dia seguinte, Armando a trata um pouco melhor, mas ainda é frio.

 Já no outro dia:

—Mas que cruz! Será que você não vê que só me atrapalha, Beatriz? (Ele não queria falar isto para ela, mas sentia-se nervoso quando estava perto dela, principalmente, quando ela sem querer tropeçava nele.)

Ela não queria atrapalhá-lo, enquanto era amiga e confidente sentia-se bem.  Mas aquela semana, ele estava diferente com ela, como nunca foi. Começou a achar que aquele dia do quase beijo quando sentiu seu perfume e o calor de seu corpo não foi uma coisa boa. Afinal, agora estava pagando caro por isto. Ele devia saber, com a experiência que tinha com as mulheres que ela o amava e odiava ser amado por uma mulher tão feia assim. Devia sentir repugnância dela. Logo, o melhor era se afastar dele. Assim, ela redigiu a carta de demissão. Colocou em envelope a carta, o balancete da Ecomoda, instruções para fazer o próximo, com números reais ou maquiados, a transferência de titularidade da Terramoda em aberto (a Ecomoda ainda não estava embargada)  bem como, sua agenda pessoal.

Naquele dia, Armando havia ido ao Clube, Betty pensava em esperar outro dia, mas não podia recuar. Sabia que, Armando iria falar para deixar de besteira e continuar trabalhando, pois precisava dela ali, mas ela não iria aguentar continuar a ser tratada com na última semana. Bertha viu Betty entrar na sala de Gutierrez e ficou curiosa, mas ela disse que precisava fazer algo para Seu Armando, e como ela não conseguiu ouvir nada, comprou a história.

—Mas, my lady, quem te contratou foi Seu Armando. Não é melhor esperar e entregar primeiro para ele?

—Não, Dr. Gutierrez. Deixei uma cópia da carta de demissão na mesa dele. Não sejamos hipócritas. Será melhor para todo mundo! Para o senhor, para dona Marcela, para Patrícia, e para o doutor, também! -uma lágrima cai, no canto da boca, ao pensar em Armando

—E para as do quartel?

—Ora, com elas me entendo, Dr. Gutierrez!

—Acho melhor ligar para Seu Armando. (Gutierrez tenta, mas Armando não atende, pois quando está no clube desliga o celular)

—Eu vou sair de qualquer forma, Doutor Gutierrez!

Desta forma, Gutierrez é obrigado a aceitar. Betty aproveitou que era hora de almoço do quartel, recolheu suas coisas, deixando um bilhete de despedida para suas amigas. Não podia encontrá-las, elas iriam pressioná-las a fim de contar o porquê de sua decisão. E precisava ir.

Antes de sair, deu uma última olhada em sua salinha, sentindo nostalgia por algo que não viveu. E depositou um beijo na cadeira de Armando.

—Tchau, meu doutor! Sempre, sempre irei te amar!

 

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Notas finais do capítulo

Conseguirá Armando continuar sua gestão sem ajuda de Betty?

E Betty conseguirá esquecer Armando?



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