Tales of Star Wars escrita por Gabi Biggargio


Capítulo 4
Saudade (Obi-Wan x Satine)


Notas iniciais do capítulo

Olá, queridos e queridas!

Confesso que esse conto não era o planejado para agora. Ia ser um mostrando a amizade da Padmé com uma das damas de companhia dela (vai ser o próximo, então hahaha). Mas ontem, zanzando no Tumblr, eu descobri que estamos em plena Obitine Week 2020, então eu precisei passar esse conto na frente de outros por motivos de força maior hahaha

(Inclusive, se vocês gostam de obitine, o Tumblr e o AO3 estão BOMBANDO de fanfics dos dois e tem algumas que são SENSACIONAIS! Vou deixar uma das minhas favoritas nas notas finais).

Essa eu escrevi como uma continuação para o conto do capítulo 1.

Alías, queria sugerir de lerem essa fanfic escutando uma música. Chama "I belong to you", de uma cantora chamada Caro Emerald. Sempre achei que essa música combina horrores com Obitine hahaha Se gostarem da experiência, me contem nos comentários e eu posso separar outras músicas para os próximos contos, se quiserem.

Boa leitura ;)



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Forever is a word that cries

That I belong to you
That endless nights are far away
Are gone and you
Could never love another
And I love you too
I see it up above and now I feel the truth

 

("I belong to you", Caro Emerald)

   

Talvez fosse uma ou duas da manhã, mas ele não conseguia dormir. Desde que se deitara no quarto que lhe fora cedido no palácio real em Sundari, o Padawan apenas olhava para o teto, incapaz de relaxar o suficiente para adormecer. Nem mesmo as mais profundas técnicas de meditação ensinadas por seu Mestre tinham lhe sido úteis: milhares de pensamentos atravessavam sua mente a cada segundo e ele era incapaz de chegar a uma conclusão para qualquer um deles. No fundo, sentia-se frustrado por não conseguir aproveitar adequadamente aquela que poderia ser a sua primeira noite de sono decente em muito tempo, uma vez que passara os últimos meses dormindo no chão ou em construções abandonadas de diversos planetas, enquanto ele, seu mestre e ela precisavam fugir para proteger a vida dela.

Ela. Ele sabia exatamente que ela era a causa de toda essa inquietude.

Sabendo que jamais conseguiria dormir sem resolver aquele problema, Obi-Wan Kenobi se levantou de sua cama e vestia sua túnica antes de se lançar ao corredor do palácio. Vazio, como esperava que estivesse em plena madrugada. Era quase inacreditável imaginar que, menos de um dia antes, todo o palácio era palco de um intenso combate, cujo resultado definiria qual grupo ocuparia a liderança de Mandalore. Felizmente, foram poucas as mortes que ocorreram, mas Obi-Wan pôde ver nos olhos dela o quanto ela ficou horrorizada com as cenas que viu. Nada e nem ninguém precisava lhe dizer que algo dentro dela havia mudado: ela nunca fora uma pessoa a favor do uso de violência e, a partir daquele ponto, era esperado que ela radicalizasse esse discurso. Não que isso não fosse algo bom, é claro.

Mancando levemente devido ao ferimento em sua perna esquerda (um tiro que recebera ao final do combate), Obi-Wan avançou pelo corredor, sem saber com certeza para onde ia, mas esperando que a Força o guiasse até seu destino. A questão era que, em sua inquietude, ele já não tinha certeza se conseguiria entender o que a Força tentava lhe dizer. Atravessou escadas e corredores a esmo, sentindo sua ferida pulsar de dor cada vez mais intensamente conforme caminhava. Não fazia idéia de quanto tempo lhe foi necessário, mas, por fim, chegou em frente a uma grande porta que era protegida por dois soldados mandalorianos.

Obi-Wan levantou a mão direita em direção aos dois.

— Vocês não vão me impedir – proferiu. – Vocês não se importam com a minha presença.

Em coro, os dois soldados disseram:

— Não vamos te impedir. Não nos importamos com a sua presença.

Feliz em obter sucesso, Obi-Wan avançou até a porta. Ele girou a maçaneta e, no instante seguinte, estava no interior do quarto de Satine Kryze, a recém-nomeada duquesa de Mandalore.     Era um espaço amplo, oval e com uma grande janela e uma porta de vidro ao fundo, dando acesso a uma varanda que permitia uma extensa visão da cidade. Ao centro do quarto, ficava a cama, cujas cobertas estavam perfeitamente colocadas, sem uma dobra sequer, como se não tivessem nunca sido utilizadas. E Satine não estava ali.

Decepcionado, Obi-Wan avançou até a varanda. Apenas queria ter uma chance de conversar com ela. De se justificar. Caso contrário, jamais conseguiria deixar Mandalore na manhã seguinte, sabendo que talvez jamais retornaria. Sabia que, se fosse o caso, as palavras ficariam entaladas em sua garganta pelo resto da vida e jamais se perdoaria pela sua covardia.

Ventava forte em Mandalore naquela noite. Uma vez na varanda, Obi-Wan sentiu um calafrio na espinha enquanto o vento gélido se chocava com força contra seu rosto, fazendo suas bochechas arderem e seus lábios ressecarem. Mas enfrentar o frio valeu a pena: do alto da varanda, ele pode ter uma ampla visão dos jardins do palácio. E lá, observando a cidade debruçada em uma beirada de pedra, estava Satine.

A reação de Obi-Wan foi imediata: virou-se e disparou para fora do quarto, descendo uma infinidade de degraus sem sequer se importar com a dor latejante em sua perna. Chegou aos jardins mais rapidamente do que imaginara que conseguiria e, com certeza, mais rapidamente do que a sua condição física lhe permitia. Satine não havia notado a sua presença.

— Também não consegue dormir?

Satine se virou velozmente, assustada, uma vez que acreditava ser a única pessoa ali. Ao ver quem era o recém-chegado, ela voltou a se virar para a cidade.

— Me deixe em paz, Kenobi – ela disse.

Havia dor em suas palavras, mas ainda mais dor empalou o coração de Obi-Wan ao ouvi-la lhe chamar pelo sobrenome de forma tão ríspida, como se ele não fosse nada mais do que um dos Jedi que vieram auxiliá-la e protegê-la.

— Satine, por favor, deixe que eu me explique... – ele estava implorando.

— Você não precisa se explicar – ela rebateu. – Se eu tivesse que escolher entre você e o meu dever, eu também escolheria o meu dever. Agora, vá embora. Por favor.

Mas Obi-Wan não atendeu ao seu pedido. Sem saber o que dizer, ela apenas se aproximou dela. Lentamente e com o cuidado que faria caso se aproximassem de um animal arisco. Sabia que a personalidade forte de Satine podia deixá-la... explosiva... quando estava nervosa.

— Satine, por que está fazendo isso?

Dessa vez, ela voltou o rosto para Obi-Wan, sem girar o seu corpo, mas sendo o suficiente para que ele visse lágrimas se formando em seus olhos, refletindo a luz noturna.

— Você não entende, Obi-Wan... Eu não estou brava com você. Eu, apenas... Eu... Eu não quero mais sofrer por você. Apenas isso.

— O que está dizendo?

Nesse momento, Satine se virou completamente e, mais próximo dela, Obi-Wan pode ver seu rosto plenamente. Avermelhado e com um rastro de lágrimas percorrendo a sua face, indicando que estivera chorando desde muito antes de ele chegar ali. E isso lhe cortou o coração. Queria abraçá-la, queria consolá-la. Mas ao mesmo tempo, não sabia dizer o quanto o seu toque lhe seria reconfortante ou se ela ainda o acharia repugnante.

— Estou dizendo que talvez nunca mais vamos nos ver – ela respondeu. – E mesmo que nos vejamos, “nós” nunca vai acontecer. Porque eu sou uma política e você é um Jedi. Nós pertencemos a mundos muito diferentes e nossas vidas seriam sempre incompatíveis.

Ela levou a mão ao rosto e, inutilmente, enxugou suas lágrimas, que logo foram substituídas por outras.

— Nós somos incompatíveis – ela continuou. – Nunca daríamos certo. Mas eu continuo te amando. E ter que olhar pra você apenas me faz lembrar disso tudo e isso me faz sofrer mais do que você pode imaginar.

Talvez não fosse a intenção dela, mas Satine estava quase aos berros.

Inconsolável, ela se sentou ao chão. Já não mais tentava lutar contra seus sentimentos e começou a chorar plenamente, sem nem tentar esconder. Para Obi-Wan, aquele era o limite. Não suportava vê-la daquele jeito. Ele se aproximou e se sentou ao lado dela. Para sua surpresa, ela não ofereceu nenhuma resistência. Principalmente quando ele passou o braço ao redor dela.

— Eu também te amo – ele disse. – Mais do que eu achei que era capaz de amar alguém. E eu também estou sofrendo com tudo isso, acredite.

— Eu acredito – ela respondeu.

Nesse momento, ela se apoiou sobre ele, e Obi-Wan pode trazê-la para mais perto dele, em um abraço caloroso e aconchegante.

— Em um mundo em que eu não fosse política e você não fosse Jedi, você acha que nós daríamos certo? – ela questionou. – Acha que teríamos alguma chance?

Obi-Wan respirou fundo antes de expressar a sua mais sincera opinião.

— Nesse mundo, nós talvez jamais teríamos nos conhecido.

A verdade atravessou os corações dos dois como uma lança.

— Eu te amo, Satine – ele continuou. – Te amei desde o dia em que te vi e vou te amar até o último dos meus dias. Não vai haver um único dia em que eu não vou pensar em você, e vai ser sempre com saudade.

— A saudade é a prova de que o passado valeu a pena – ela disse, finalmente levantando o rosto e encarando-o nos olhos por um rápido instante antes de depositar um beijo tímido em seus lábios. – E eu também vou sentir muita saudade de você, Obi-Wan Kenobi.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Podem comentar, eu não mordo hahaha

E podem me mandar prompts! Estou sempre aberta ;)

Aqui o link da fanfic que falei nas notas iniciais. Mas no Tumblr tem MUITO mais (e tá tendo muita fanart linda lá também).

https://archiveofourown.org/works/24880813

Beijinhos e até a próxima.



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