Criaturas das Trevas escrita por Elliot White
Notas iniciais do capítulo
Boa leitura!!
Chegando até a plantação de abóboras, já estava no fim do dia e escuro, mesmo assim era visível as formas redondas e alaranjadas que estavam crescendo, cercadas por tentáculos verdes e folhas. No centro havia um espantalho grande em volta de muita vegetação.
Jack precisava de um tempo para começar a agir. Pelo menos era meu palpite.
Segundo meus cálculos, devia ter álcool circulando na minha corrente sanguínea.
Se não se importa, Jack agora seria uma boa hora.
Detrás da cabeça redonda e encardida do espantalho, se movia uma silhueta, o homem do regador.
Era muito alto, e estava muito escuro então não vi o seu rosto. As roupas, maltrapilhas eram surradas e de segunda mão. Ele se tornou visível.
O seu regador estava ali com ele, seu olhar estava fuzilando nós dois, não sei de onde ele tirou em silêncio, o instrumento de tamanho anormal, o erguendo como se não pesasse nada.
A ferramenta gigante de tamanho proporcional a de um ser humano vibrava em suas mãos, suspensa enquanto eu jurava que podia ouvir a respiração do homem como um rosnado.
Os seus braços sustentavam a alça. Ele levantou o regador colossal, e inclinou ele vagarosamente, até a água escorrer alcançando o chão. Uma fenda se abriu na plantação, como eu já esperava, mas ao invés de apenas deformar o solo, o líquido aquoso estava fazendo uma neblina gasosa subir no ar, como se fosse ácido.
Jack, quando quiser, me ajude.
A cratera se espaçava no chão, e de dentro centenas de corpos se contorciam, pareciam gente, mas estavam sem roupas, sem cabelo e andavam entre a neblina tóxica como se não fizesse efeito neles.
Jack, preciso de você agora!!
― O que é isso? ― Perguntei a Jepsen.
― Não sei, mas não gosto ― O anão responde ― deve ter algo a ver com o lugar de onde Lúcifer veio, o inferno! ― Ele gritou, sacando uma lâmina, que estava escondida nas roupas. Os corpos estavam escalando as bordas da fenda e subindo, e ele agitava a arma no ar tentando fazer eles se afastarem.
A água continuava saindo do regador. Onde tocava, corroía. Agora o ruído do coração dele batendo estava me perturbando. Foi quando a expressão do rosto dele mudou. Não estava mais se sentindo vitorioso. Estava mudando para amedrontado. Jack? É você? Demorou!
“Não tira onda, criança!”
A voz grave martelou na minha mente. A voz de Jack??
Agora o homem da plantação estava preso em minha telepatia.
*
Telepaticamente, eu vi as memórias do jardineiro.
Tudo que vejo é um menino baixinho de cabelos escuros e pele branca. Seria a versão jovem daquele homem??
― Crianças, digam oi para o seu primo Witwicky. ― Uma mulher ordena. Telepaticamente, vejo uma casa grande e um carro do lado de fora com as malas do infante.
― Oi! ― Três meninos e uma menina dizem em coro, sem ânimo nenhum. Depois vi todos juntos, correndo pela casa brincando de esconde-esconde e pega-pega.
*
Alguns anos depois...
― Você cresceu, Wit. Mas seus pais não mandaram dinheiro, então vai usar essas roupas usadas do seu primo. ― A mesma mulher entregou uma blusa e uma calça ao pequeno, que eram folgadas demais.
A visão muda para o Wit, que deve ser o homem do regador, em um terreno com muita vegetação, sem nada, apenas terra, e ele começa sozinho a plantação, passando muito tempo cuidando do solo, cortando as daninhas e plantando as sementes de abóbora. Ele também faz o espantalho ele mesmo.
― Meus filhos me disseram que você está usando o nosso território para fazer uma plantação sem a minha permissão, então a partir de agora não vou mais fazer a sua comida, entendeu? ― Pergunta a mulher de antes. Deve ser sua tia. O moleque assente com a cabeça em silencio e passa a se alimentar apenas das abóboras.
*
A visão muda para três meninos e uma menina, correndo pela plantação, mais crescidos, W não estava no lugar, devia estar na escola, e o grupo que provavelmente eram seus primos, começa a despejar um líquido por tudo, rindo maldosamente molhando todas as abóboras. Eu não sabia o que era, mas deveria ser veneno.
A visão muda de novo, para o jovem encontrando suas abóboras mortas. O pivete chora muito, revoltado vendo todo o seu trabalho envenenado. Mesmo assim, Witwicky limpa todo o terreno e planta de novo novas sementes, e a plantação com o tempo cresce de novo.
*
Um tempo depois...
― Quer um cigarro, Witwicky? ― Um garoto apareceu, junto de outros dois rapazes.
― Não obrigado. ― O menor continuou manejando a terra ignorando os três.
― Sabe, você devia sair mais, fazer outra coisa além de ficar só nesta droga de plantação. ― O mais alto deles disse, soltando um bafo de fumante.
― Eu gosto daqui. Sempre gostei. ― Witwicky fala.
― Eu sei, mas você não tem amigos. ― O mais baixo diz, aspirando um cigarro e fungando.
― Por que não começa a andar com a gente? ― O primeiro deles pergunta, e descarta um dos cigarros e o joga na plantação, só que ele ainda não estava apagado, e as fagulhas acabam acendendo, enquanto isso ocorria o pequeno apenas ignorou o trio e continua afofando a terra.
A chama se expande, queimando uma abóbora inteira, e incendiando suas raízes que eram como tentáculos, e isso fez o fogo andar de fruto a fruto até a plantação inteira.
― Fogo! ― Gritou Witwicky ― vou buscar água para apagar!
― Não, pivete. ― Um dos rapazes impede o baixinho, segurando o seu corpo. ― Vai ser melhor, sem essa plantação boba você vai ser menos ridículo.
― Façam alguma coisa! Apaguem o fogo antes que eu perca tudo! ― O infante exclamou, entre lágrimas, as abóboras eram importantes para ele. O trio o conteve, ele revidou tentando se soltar, agitando seu corpo em vão até que o incêndio aumentou drasticamente. Witwicky finalmente consegue se livrar dos três, mas ele tropeça e cai direto nas chamas, os jovens ficam olhando para a merda que fizeram, sem reação e depois fogem.
O pequeno corpo queimou em tentativa de salvar sua plantação, a dor o fez gemer alto, sua voz trovejando e ecoando no terreno até que enfim morreu.
Quando morreu, o jovem achou que iria para o céu, afinal nunca tinha feito mal a ninguém.
Isso não aconteceu. Ele foi para o inferno. Quando chegou, Lúcifer o recebeu com um sorriso.
*
O ex-jardineiro cresceu até a idade adulta no submundo.
*
― Qual seu nome? ― Ele perguntou assim que o encontrou no inferno.
― Jack. E o seu? ― Respondeu o recém chegado. Isso aconteceu quando ele morreu, foi para o inferno, e antes que o diabo o enviasse ao limbo...
― Witwicky ― disse o homem do regador. Os dois passam algum tempo juntos no inferno antes de se separarem.
― Por que está aqui? ― Perguntou Jack.
― Ah, porque Lúcifer quis. Puseram fogo em mim, eu morri, e vim para o inferno. Sorte a minha. E você? ― Ironizou Witwicky. A verdade era que ele não sabia o que o diabo queria com ele, mas em breve saberia.
― Enganei o diabo. Não é tão esperto quanto parece. ― O jardineiro ficou a par da história de Jack.
― Promete que quando conseguir sair daqui vai me levar junto? ― Pediu o homem do regador.
― Claro. Por que acha que vou conseguir sair? ― Jack fez a pergunta.
― Se enganou ele antes, então deve conseguir fugir. ― A promessa foi feita, mas antes que pudesse cumprir, Lúcifer o mandou para o limbo. Witwicky esperou, quando ele reencarnou, e reencarnou que ele iria lembrar de sua promessa, viajaria até o inferno e o tiraria dali. Isso não aconteceu.
“Você nunca voltou, Jack.”
“Você me deixou sozinho.”
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