Reade passou mais dois dias com Tasha em Baltimore, ele precisava voltar logo para o FBI, se os outros descobrissem tentariam ajudar e poderiam piorar a situação, ele iria contar para o time quando chegasse pois precisava da ajuda de todos para provar a inocência dela.

 
Reade acordou com barulhos vindo da parte inferior da casa, com certeza Tasha já devia estar acordada, ela sempre era a primeira a acordar. Reade desceu até a cozinha e a encontrou preparando o café, como ele a achava linda em todos os momentos do dia, mas nessa manhã ela está ainda mais, usando um short e uma blusa um pouco larga mas que não deixava de evidenciar suas curvas, a peça mais parecia um vestido na altura das coxas, o cabelo estava num coque bagunçado, ele ficou alguns segundos olhando-a fixamente, sonhava em acordar todas as manhãs e vê-la com aqueles olhinhos negros e o sorriso que iluminava toda a sua vida.

— Ei Reade quer tomar um pouco de café? — Ela falou despertando ele, que ficou um pouco sem graça por ter sido pego em flagrante a observando.

—Eu preciso voltar, ou então a Patterson vai colocar  toda a polícia atrás de mim.

— Vai mesmo! — Ela sorriu. — Mas toma um pouco de café e come alguma coisa, eu fiz algumas torradas, não é bom pegar a estrada de estômago vazio.

— Tudo bem, eu como sim. — Falou sentando-se com ela a mesa.

Os dois fizeram a primeira refeição do dia juntos entre troca de olhares e sorrisos, Reade precisava voltar para sua realidade e para o escritório cheio de burocracias para resolver.

— Tasha, preciso ir agora. — Ele falou um pouco triste enquanto se despediam.

— Tudo bem Reade, se cuida por favor. — Ela falou o abraçando. —  Me manda notícias quando chegar. — Ele não queria soltá-la, aquele abraço era sem sombras de dúvidas o seu lugar favorito.

— Tasha esse celular descartável é o que vamos usar para nos comunicarmos. — Ele lhe mostrou o aparelho. — Eu prometo que não demoro para voltar, o que você precisar me ligue.

— Não se preocupe comigo, estou segura aqui. Eu só quero que você se cuide. — Disse ela. — Quando a Madeline descobrir que eu fugi você e os outros serão alvos dela, eu não me perdoaria se algo acontecesse com vocês.

—  Ei Tash nós prometemos que lutaríamos juntos não foi? Não vai acontecer nada com nenhum de nós.

— Certo, vamos conseguir. — Afirmou ela. — Reade me avise quando chegar lá.

— Aviso! Até logo Tash. — Ele se despediu com um beijo na testa dela, mas o momento mais difícil para os dois foi se desvencilhar do abraço, aquilo era um laço que amarrava não só os corpos deles mais também suas almas.

Reade chegou ao escritório no início da tarde, Patterson estava sozinha pois os outros tinham saído para almoçar, seria esse o momento para iniciar a conversar com ela, porém ele a encontrou bastante nervosa analisando algumas informações em seu sistema.

— Patterson aconteceu algo? — Perguntou ele entrando no seu laboratório.

—  Reade onde você estava? Porque sumiu assim sem mandar notícias? Eu não posso ficar preocupada pensando que aconteceu algo com você! — Ela o enchia de perguntas sem dá tempo para que ele respondesse. — Nós temos um problema enorme para resolver e você desaparece sem ao menos me dizer se estava vivo ou morto.

— Calma Patterson, eu estou bem. O que te deixou tão nervosa? Onde está todo mundo? — Ele tentou acalmá-la.

— Onde você estava? — Ela perguntou novamente.

— Eu avisei que iria sair por um dias.

— Uns dias, não mais de uma semana. Reade o que realmente aconteceu? — Ele não sabia se era realmente hora de contar.

— Está tudo sob controle, me diz o que aconteceu?

— Recebi esse e-mail hoje pela manhã. — Ela mostrou o tablet. — O Pentágono copiou todas as agências de segurança americanas, a Tasha está sendo procurada por associação ao terrorismo.

— O que? — Perguntou Reade perplexo.

— A Madeline forneceu informações de que a Tasha planejava explodir um avião de líderes que estariam indo para um congresso na Suíça, eles acreditam que ela pode está escondida orquestrando o ataque. — Explicou a loira. — Ela está fora de controle.

— Isso não é verdade, a Madeline é que está por trás disso tudo.

— Como você sabe disso? Quais informações você tem que eu não tenho?

— Estamos falando da Tasha, sabemos que ela não faria isso? — Reade não queria entrar em detalhes.

— A mesma Tasha que matou a advogada? — Patterson alfinetou.

— Não sabemos se foi ela, não temos provas concretas.

— As digitais dela estão por toda casa, isso não é uma prova concreta? Ela ter desaparecido sem nos dar notícias também não é uma prova concreta? — Patterson estava jogando os fatos.

—  Ela pode está se protegendo e nos protegendo Patterson? — Falou Reade.

— Nos protegendo? De quem? — Patterson perguntou de forma irônica. — Dela mesma?

— Não vamos confiar na Madeline e em nenhuma informação dela, vamos conseguir provar que a Tasha é inocente. — Disse ele tentando fugir do assunto.

— Eu queria ter essa sua certeza, mas não consigo. A propósito, a Tasha está desaparecida, desde o nosso contato ela sumiu de Zurique, nenhuma movimentação dela, ela simplesmente sumiu do mapa.

— Talvez ela deva estar com problemas, e principalmente precisando de ajuda.

— Loira qual o assunto importante que você quer falar? — Disse Rich entrando no laboratório. — Chefe você voltou! — Falou ele lhe cumprimentando. — Como está sua tia?

— O que? Do que você está falando? — Reade perguntou confuso.

— Sua tia! Não tinha ido visitá-la porque ela estava doente?

— Ah sim, ela já está bem. — Reade tentou disfarçar, mas Patterson sentiu que tinha algo mais ali, e que algo não se encaixava naquela história toda.

Ela falou que a Tasha estava desaparecida e Reade agiu tão naturalmente, em outros momentos ele teria ido a um estado de loucura. — Patterson avise o Weitz que precisamos de uma reunião, quero que vocês me atualizem a cada hora sobre o caso da Tasha, quero que vigiem a Madeline 24 horas, ela vai aprontar alguma. Eu estou no meu escritório, me chamem se precisar. — Disse Reade.

— Pode deixar Reade. — Ela respondeu ainda desconfiada. — Ouviram o chefe, temos muito para fazer.

Reade entrou em seu escritório e tratou de ligar para Tasha precisava saber como ela estava e avisar que estava tudo bem com ele, na verdade ele precisava ouvir a voz dela, aquilo lhe dava a certeza de que estava fazendo a coisa da maneira correta.

A ligação não durou mais que cinco minutos, ele tinha medo de quem alguém ouvisse algo, após encerrar a ligação Kurt chegou em sua sala para conversar.

— Você voltou! Estava começando a ficar preocupado, como foi com a sua tia? — Quis saber ele.

— Ocorreu tudo bem com a viagem, vi que vocês deram conta de tudo aqui. — Agradeceu ele.

— Como você está? — Kurt sabia que ele entenderia.

—Estou bem Kurt... — Reade não queria entrar em assunto.

— Em relação a Tasha como você está reagindo? Eu sei que ela é importante de mais para você? Você é como um irmão para mim e sabe que pode contar comigo para qualquer coisa? — Será que Kurt tinha ouvido alguma coisa da conversa que ele teve ao telefone minutos antes? Pensou Reade.

— Nós vamos provar que ela não está por trás disso, e vamos trazê-la de volta. — Disse ele.

— Reade você pode contar comigo pra tudo, e se for para salvar uma amiga principalmente. Ela é inocente e vamos provar isso. — Afirmou ele.

— Obrigado Kurt!

Eles foram interrompidos por uma mensagem de Patterson os convocando para uma reunião urgente.

— O que aconteceu Patterson? — Kurt foi o primeiro a cruzar a porta do laboratório seguido por Reade.

— O pentágono confirmou a informação que eu já suspeitava mais cedo, a Zapata está desaparecida, estão fazendo uma varredura em Zurique atrás dela. — Disse a loira.

— A Zapata é muito esperta, se ela sabe que estão atrás dela ela está escondida, é uma coisa que ela sabe fazer muito bem. — Disse Rich.

— Eu não acho que ela está em Zurique ainda. — Afirmou Patterson.

— Não? E onde mais ela estaria? — Reade questionou queria saber a cientista sabia de algo.

— Minha primeira opção seria o México ou qualquer outro país que ela pudesse passar despercebida, se a Tasha teve ajuda ela também pode ter fugido para um país que ela não possa ser deportada.

— Nova York seria uma opção? — Perguntou Rich.

— Só se realmente ela quisesse ser presa, ela sabe que seria o primeiro lugar que procurariam por ela, e que todos nós estaríamos sobre vigilância. — Disse ela.

— Patterson você falando assim parece até que estamos tratando deu uma criminosa, é da Tasha que estamos falando! — Repreendeu Jane. — Eu tenho certeza de que ela tem uma boa explicação para isto tudo.

— Jane tem razão, vamos focar em encontrar uma forma de provar a inocência dela, eu vou tentar trazê-la de volta. — Falou Reade.

— Não estou falando que ela é uma criminosa, são as evidências que temos que falam isso. — Reade apenas a repreendeu com um olhar, sabia que as duas precisavam concertar o passado.

A semana tinha sido bem difícil para todos no escritório, tiveram uma reunião com Weitz onde Reade quase perdeu a cabeça, precisou ser contido por Rich e Kurt para não bater nele pelas coisas que ele falou sobre Tasha, além disso ele ainda precisava ver uma forma de conversar com Patterson, precisava da ajuda dela com o pendrive, porém ela parecia convicta que Tasha não era inocente.

    Como o combinado, Reade saiu na sexta feira do escritório direto para Baltimore, o caminho foi tranquilo, sua ansiedade era tanta que ele chegou a dirigir a cima do limite permitido em alguns momentos.
Encontrou apenas as luzes do andar de baixo acesas, entrou em casa e ela estava esperando por ele com a mesa posta e tudo, como ele torceu para ter aquela cena todos os dias em que saísse do escritório, ou melhor, que toda vez que saíssem juntos do escritório pudessem voltar juntos, para uma casa só deles.

— Que bom que chegou! — Ela falou toda sorridente.

— Você está diferente, mexeu no cabelo? — Céus ela nem cogitou que ele iria reparar nisso.

— Eu só cortei um pouco as pontas, nada de mais, foi só para mudar um pouco.

— Continua linda. — Era impossível ele não se apaixonar por cada detalhe dela.

— Reade eu fiz aquela carne que você gosta, eu lembro de como você falava e achei a receita. — Disse ela.

— Uau! O que eu fiz pra merecer isso? — Perguntou ele sem disfarçar a felicidade.

— Você está fazendo bastante por mim, isso é o mínimo que eu deveria fazer. Trouxe meus livros?

—  Sim, estão no sofá, e trouxe mais alguns que acho que você irá gostar.

— Eu tenho certeza que vou. — Ela agradeceu sorridente. — Vem que o jantar está esfriando.

Os dois tiveram um jantar agradável, Reade contando as aventuras que tinha quando criança morando naquela casa, fez Tasha quase se engasgar de tanto rir, ela contou que tinha ido a um supermercado próximo, mesmo Reade dizendo que era perigoso sair sozinha.

— Tasha deixa que eu lavo os pratos. — Falou ele retirando a mesa.

— Claro, fique à vontade. Eu cozinhei agora você lava tudo. — Ela gargalhou.

— Estamos quase virando um casal.  — Aquele comentário espontâneo dele fez ela corar e o coração agora batia em ritmo acelerado, decidiu buscar um outro assunto para conversar.

— Falou com a Patterson e o restante do time sobre o que está acontecendo, eles já sabem que eu estou aqui? — Quis saber.

— Tasha eu queria falar isso com você mais tarde...

— Você tá me deixando preocupada Reade. — Disse ela.

— O pentágono está atrás de você. Madeline disponibilizou algumas informações para eles sobre um possível ataque que você iria executar...

— Reade você sabe que eu não fiz nada e nós temos provas disso, vamos usar! — Pediu ela. — Liga para a Patterson, ou vamos até lá levar o pendrive, ela vai saber como usar.

— Tash calma... Eu ainda não falei com ela, preciso primeiro que ela confie em você novamente.

— Então ela acha que eu fiz isso mesmo? Todos eles acham?

— Não, estão todos do nosso lado, só vamos com calma, a Patterson ainda tem aquele problema mal resolvido com o Borden, aos poucos ela vai entender que não foi você.

— Eu tenho medo de não conseguir, não por mim, mas principalmente por você. — Confessou ela. — você está arriscando a sua carreira.

— Tasha eu sou capaz de largar a minha carreira por você, eu faria qualquer coisa para proteger você. — Disse ele.

Ela o olhou assustada, não era só ela que tinha guardado os sentimentos em um local seguro, ele também, desde  Zurique Reade dava indícios que ainda sentia algo por ela.

Ela queria tanto que dessa vez desce certo, mas aquele não era o momento ideal para isso, ela estava sendo procurada, e se sumisse novamente Reade não iria suportar, ela também não suportaria viver longe dele. Ela tratou logo de afastar esses pensamentos.

— Reade quero que leve tudo para a Patterson, vocês não podem se prejudicar por minha culpa.

— Tash eu vou provar que você é inocente. — Jurou ele.

— Eu sei que vai. — Ela forçou um sorriso. — Vamos assistir a um filme? Vai passar um na TV. — Ela não queria preocupa-lo com seus pensamentos.

Era uma comédia romântica, e Tasha estava sorrindo bastante pelas cenas, ele estava adorando vê-la feliz.

— Quando você ficou tão romântica Tasha? — Perguntou ele zombando.

— Ah o que foi? Você não gosta de filmes assim?

— Gosto sim. — Confessou ele.

No final do filme Tasha estava apoiada em Reade, ele a abraçava sentindo o cheiro dos cabelos dela.

— Não quero subir. — Ela falou com a voz manhosa.

— Acho que podemos ver mais um filme. — Sugeriu ele.

— Ou podemos só aproveitar a felicidade de estarmos aqui juntos. — Disse ela, ele pensou se realmente estavam falando sobre a mesma coisa. — Reade mesmo com um furacão ameaçando a gente, eu estou feliz por você está aqui. — Ela não sabia o porquê aquilo estava falando sobre esse assunto, mas ela sentia que ele precisava ouvir aquilo dela. — Eu não tenho ideia de como estaremos daqui a uma semana ou um mês, mas quero que você saiba o quanto você é importante para mim, você é a minha família. 

Ele levantou o rosto dela com cuidado, seus olhos estavam cheios de lágrimas que ameaçavam desabar a qualquer momento.

— Tash eu amo muito você, eu tenho tanto medo que algo aconteça e que eu não consiga te proteger... Eu tenho medo que você vá embora novamente. — Confessou ele.

— Eu não vou... Reade eu não vou a lugar nenhum sem você. — Disse ela. — Mas eu quero que as coisas entre a gente aconteçam com calma, sem pressa. Eu quero aproveitar cada etapa com você sem medo de nada.

— Você quer tentar novamente? — Ele perguntou um pouco tímido.

E recebeu a confirmação através de um sorriso dela, o seu preferido.

O abraço foi só o complemento que antecipou o beijo, no começo um pouco tímido, explorando um território já conhecido por ambos, mas depois ganhou intensidade demonstrando o que eles tinham guardado por tanto tempo com medo de se machucarem.

Dessa vez os dois tinham certeza do que queiram, e do que enfrentariam pela frente e ainda sim decidiram que seriam feliz mesmo em meio a tanta turbulência.