— Ele mentiu sobre ela, a Tasha não é assim! — Reade falou assim que todos se encontraram no laboratório.

— Reade nós acreditamos nela. — Jane tentou acalma-lo.
— Nós vamos conseguir Reade. — Disse Patterson olhando novamente as fotos da cena do crime.

—Apenas... Precisamos de tempo. — Disse Patterson com pesar.

— Tempo? É tudo o que não temos. — Ele respondeu triste.

— Reade acha que consegue falar com ela? — Questionou Rich. — Ela atenderia o telefone se você ligasse?

— Não tenho certeza, faz tanto tempo que não nos falamos. Por que?

— Precisaríamos que ela estivesse em linha para tentarmos rastrear ela. Se você passar pelo menos dois minutos com ela ao telefone eu posso tentar achá-la. Já é um bom começo para quem não tem nada. — Disse Rich preparando o seu sistema.

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— São oito meses sem nenhum contato, não sei nem se ela ainda atenderia.

— Você consegue! — Kurt sussurrou incentivando o companheiro.

Já passavam das 16:00 em NY, eles imaginavam que Tasha poderia está sozinha, já eram 22:00 em Zurique.

     O dia dela não tinha sido nada fácil, porém em nenhum momento ela se mostrava fraca ou abatida, e nem podia, ela precisava mostrar a Madeline que ela era forte; ela ainda não tinha ouvido sobre o plano de Madeline, sabia que era algo grande, e que com certeza muitas pessoas seriam atingidas, ela teria que impedi-la. Tasha conseguiu ter acesso a alguns documentos que pegaram na casa da advogada, seriam movimentações bancárias da empresa, informações sobre os investidores entre outros dados, principalmente histórico de voos dos funcionários, mas para que Madeline usaria isso?

Tasha foi deixada em casa pelo motorista, o apartamento onde ela morava era vigiado por vários seguranças, Madeline a monitorava 24 horas, aquilo a estava perturbando. Tasha entrou em casa e novamente se sentiu sozinha, vazia de tudo, eram nessas horas que a saudade a assombrava, seu único conforto era admirar as estrelas pela janela do seu quarto, o celular tocou a fazendo pular da cama,  um arrepio percorreu seu corpo, aquele aparelho vivia na sua cabeceira da cama, e só quem tinha aquele número era o seu antigo time. Ela pensou em não atender, foram oito meses sem aquele celular receber nenhuma ligação e o visor apenas lhe mostrava um número restrito, algo de muito grave deveria ter acontecido.

Do outro lado da linha todos estavam apreensivos, não sabiam se realmente ela atenderia. Após o quinto toque ela atendeu, porém não falou nada, ele apenas ouvia a respiração trêmula dela.

Sem conseguir esperar e com medo que ele desligasse ele enfim falou:

— Natasha... — Ela sabia que algo teria acontecido, ele não costumava chamá-la assim. Porém ela permaneceu em silêncio. — Eu sei que você ainda está aí, eu reconheço seus sons em qualquer lugar.

Aquilo a fez travar, ele realmente a conhecia melhor do que ninguém. Mas ela precisava se mostrar firme mesmo com medo do que poderia vir depois.

— O que você quer? — A voz dela soou distante e fria.

— Onde você está? Eu preciso conversar com você.

— Eu preciso que você me deixe viver a minha vida, não me procure e não vou mais voltar, pensei que tinha ficado claro. — Aquilo partiu o coração dele, foi como se alguém tivesse lhe dado um tiro certeiro, e ela também sofreu com essas palavras, Reade sempre foi a pessoa que ela nunca quis machucar.

— Me deixe ajudar. — Ele insistiu. — Quem está te forçando a fazer essas coisas? É o Keaton que está por trás disso?

— Eu não preciso da ajuda de ninguém! Não quero você e nem ninguém nisso. Entendeu?

— Quem matou a advogada? — Reade quis saber.

— Ela mereceu morrer. — Falando isso ela desligou o celular.

suas lágrimas eram impossíveis de controlar, ele ainda estava lá por ela, mas ela não queria arriscar a vida dele, viu Madeline acabar com a vida de pessoas que poderiam atrapalhar o seu trabalho, e sabia que ela faria o mesmo com Reade, ela não poderia arriscar a vida dele, ele era tudo de mais importante que ela tinha.

     Reade não sabia mais como reagir aquilo, ele tinha perdido a sua Tasha, ele não podia fazer nada para ajudar. A ligação foi encerrada mas ele permaneceu imóvel.

— Tenho a localização exata da Tasha! — Rich exclamou.

— Parem de pesquisar, ela não quer ajuda! Você estava certa. — Ele direcionou o olhar para Patterson. — Ela não é mais nossa Tasha.

Todos ficaram surpresos ao ouvir aquilo, ele seria o único que não desistiria dela.

Ao desligar o celular, uma nova onda de lágrimas corriam o seu rosto e ela se sentia péssima por tudo que ela falou, mas não podia arriscar perder ninguém, ele principalmente.
Uma semana já tinha se passado desde a última vez que ouviu a voz de Reade por telefone, ela não queria lembrar desse momento nem tampouco das palavras que ela tinha lhe dito, porém aquilo era necessário, se realmente ela tivesse lhe dado a verdade Reade iria atrás dela, e o seu maior medo era que algo acontecesse e ela não pudesse evitar.

    Reade teve um dia muito agitado, algumas reuniões no escritório e o caso da HCI Global, que até o momento não tinham ideia de onde iriam parar, essa noite ele decidiu ir para casa, diferente das outras duas noites que ele passara no escritório, ao chegar o único barulho que existia no seu apartamento era o da sua respiração cansada, a exaustão não era só física, seu psicológico estava totalmente esgotado. Ele sabia que dormir não eram os planos naquela noite, quando seu celular tocou ele pensou em ignorar, tinha decidido que tiraria a noite de folga do escritório e não pretendia desistir.

Por insistência ele enfim atendeu, só pôde ouvir um soluço do outro lado da linha.

— Tash... — Ele ficou sem acreditar.

— Me perdoa Reade! — Ela falou depois de um bom tempo em silêncio, com dificuldades enquanto tentava controlar suas lágrimas. — Mas não pode me ligar.

— Onde você está? Eu vou te buscar?

— Não faça nada Reade, eu preciso que você fique seguro, e se você estiver comigo isso não vai acontecer.

— Como assim? O que você está fazendo? Me deixa pelo menos cuidar de você, Tasha eu preciso ter notícias suas. — Ele pediu, estava nervoso.

— Se cuida...

Ele ainda conseguiu ouvir o suspiro dela quando a ligação foi encerrada. Ela não estava bem e ele sabia disso, mas sabia que não poderia contar com a ajuda de muita gente. E também não queria que ela se machucasse, sabia que algo de muito errado estava acontecendo, mas ela não iria lhe contar.

Reade solicitou uma licença de alguns dias do escritório, pediu para Kurt lhe substituir. Ele estava saindo do escritório quando Patterson o abordou.

— Reade já vai?

— Sim, precisa de algo?

—  O que você vai fazer? — Patterson perguntou como se soubesse de algo.

— Como? — Reade suspirou, não poderia falar muito se não todo o seu plano iria de água a baixo. — Já falei, minha tia está muito doente e eu decidi visitá-la, será por pouco tempo.

Patterson desconfiava  que Reade não estaria lhe falando a verdade, mas ela não tinha como provar, a única vez que Reade tirou uma licença foi quando estava muito mal devido o caso Jones, mas ela não tinha como afirmar isso, preferiu aceitar o argumento dele.

— Tudo bem Reade, se precisar me ligue.

Se despediram mais uma vez, ele se sentia mal por esta mentindo para ela, mas não poderia comprometer o trabalho da sua amiga, algo que ela sempre amou, já na garagem Reade recebeu o telefonema de uma empresa privada.

— Sr. Edgar Reade?

— Sim, sou eu! — Disse ele já sabendo do que se tratava.

— Estou ligando apenas para confirmar, sobre o aluguel de um jato particular para hoje à noite.

— Confirmado! Eu chego aí em uma hora.

— Sua viagem para a Suíça levará em torno de oito horas. Suponho que já tenham explicado tudo.

— Sim, estou ciente. Já estou próximo do local de embarque.

Reade confirmou algumas informações do voo e se estava tudo em ordem com a sua mala. Teria tempo suficiente para pensar o que realmente iria fazer.