“Maktub, particípio passado do verbo Ktab é a expressão característica do fatalismo muçulmano, “maktub" significa:  Estava escrito, ou melhor, tinha que acontecer. Essa palavra expressiva ditas nos momentos de dor ou angústia não é um brado de revolta contra o destino, mas sim, a reafirmação do espírito plenamente resignado diante dos resignos da vida.”

     Fugir, correr ou querer desaparecer. Ter vontade de voltar para casa apesar de não saber se ainda poderia chamar assim, ter seu abrigo de volta, mas o seu único abrigo era o abraço dele, seu ponto de paz na tormenta. Saudade do seu olhar, com apenas um simples gesto ele a acalmava e logo ela percebia que ficaria tudo bem

Se pararmos para pensar, tudo o que nos acontece é uma forma do universo nos ensinar algo, para nos fazer enxergar por um outro ângulo, e dar um novo sentido a algo já existente. Nada é por acaso!

     Uma viagem de algumas horas no jatinho de volta a  Zurique lhe faz refletir sobre seus últimos meses, sobre se o que realmente estava fazendo era o ideal pelo qual sempre lutou; seu mantra: “Não importa onde estamos, a nossa mente sempre será o nosso lar”  já não funcionava como antes, sua mente estava preenchida apenas por uma pessoa e o seu lar eram os braços dessa pessoa, aquele trabalho estava lhe destruindo, a cada dia que se passava ela perdia uma parte de si, e já se perguntava se algum dia poderia juntar todos os seus pedaços novamente e recomeçar. Não tinha mais volta, a missão em voo solo mais suicida que ela já imaginou fazer tinha começado, e não foi quando ela começou a fazer o que os seus princípios iam de encontro, e sim a partir do momento em que ela concordou com Keaton em derrubar a HCI GLOBAL, ela só não sabia que a partir dali sua vida se tornaria uma catástrofe sem prazo para se findar.

Mas aquilo dependia dela, muitos dependiam do trabalho dela, das suas informações, está infiltrada e correr o risco de ser pega nem de longe fazia parte dos seus planos.

Tasha se encontrava no seu quarto, mas uma manhã enviando seus relatórios para Keaton, os primeiros raios de sol já adentrava pela janela do quarto, ela precisaria está pronta, teria que encontrar um dos advogados da empresa para pegar alguns documentos.

Sua primeira tarefa do dia. Pegar? Não seria bem o termo, corretamente aplicado, e sim roubar, pegar para si algo que não lhe pertencia.

Quando por um instante a advogada hesitou em lhe dá o que lhe foi pedido, a bela mulher que trazia consigo um olhar sombrio e carregado de tristeza apenas ouviu o barulho da arma disparar, o sangue já denunciava que o corpo caído no chão já estava sem vida.

— Limpe essa bagunça! — Ordenou aquela megera mulher de voz firme. — Lhe espero no carro, seja rápida.

Ela não poderia imaginar e nem  se dar conta do que estava prestes a fazer, Tasha deixou rastos pela casa, suas digitais agora estavam na maçaneta de uma das portas e no corpo da vítima. Ela acabara de deixar evidências de onde estava, e sabia que ele a procuraria, não tinha certeza dos outros, mas ele com certeza.

     O escritório do FBI em Nova York se dividia entre solucionar alguns crimes e descobrir quem estava por trás da morte de Blake Crawford e de seus associados, descobrindo isso eles matariam a charada de quem estava prestes a assumir a cadeia de comando, foi quando um denominador comum entre esse problema e a investigação interna e sigilosa de onde estaria a agente Natasha Zapata foi encontrado, ela teria trabalhado para Blake e depois da sua morte Tasha teria desaparecido sem deixar rastos.

Após a notícia da morte de uma das advogadas da HCI GLOBAL ter repercutido, Patterson conseguiu acesso a maiores informações sobre o caso, mais precisamente as digitais encontradas pela casa, ela não queria acreditar no que o seu computador mostrara, as digitais combinavam com a da sua ex parceria de equipe, que por muitas vezes ela dividiu não só o seu laboratório como também a sua vida, algo com certeza estaria errado. Reade não suportaria essa notícia, foi a primeira coisa que ela imaginou, porque Tasha estaria envolvida com esse tipo de gente? Se aquilo fosse exposto ela seria presa imediatamente e sabe-se lá o que iria acontecer.
Patterson manteve aquilo por dois dias em sigilo absoluto, pensando na melhor forma de contar a Reade, ela encontrou seu chefe e amigo em sua sala, ouvindo a mesma mensagem de sempre que foi deixada por Tasha em sua secretária eletrônica há algumas semanas.

— Reade?

— Sim? — Ele falou um pouco desnorteado e com a voz embargada. — Aconteceu algo?

— Eu resolvi uma parte da investigação da HCI GLOBAL. — Reade fez sinal para que ela entrasse em sua sala. — Eu tenho duas notícias e não sei se alguma será boa, pelo menos uma delas não esperávamos.

—Patterson por favor fale logo! — Pediu ele

— Madeline Burke, ela está por trás da nova diretoria, recentemente uma das advogadas da empresa foi assasinada em sua própria casa, recebi as digitais parciais. — Patterson engole seco, pronunciar aquele nome e naquela situação era de mais para ela. — Reade, as digitais encontradas na casa eram da agente Zapata.

— Impossível! — Ele protestou se levantando da sua mesa. — Ela nunca se meteria com essa gente.

— Reade... Eu sinto muito, não queria que fosse dessa forma, mas são da Tasha as digitais.

—Patterson se essas informações forem verdadeiras... eu não sei de quem você está falando, mas eu sei que não é a mesma Tasha.

— Ela já não era mais a mesma desde de que voltou da CIA, não era mais a nossa Tasha.

— Já informou isso aos demais?

—Eu preferi falar primeiro com você! — Explicou ela.

 — Certo, reúna o restante no laboratório e ligue para Keaton, eu mesmo vou falar com ele, precisamos tirar essa história a limpo.

— Porque chamá-lo? — Quis saber Patterson.

 — Você realmente acha que Tasha está fazendo isso por conta própria? — Ele nem esperou ela responder. — Se ela está nisso ele que a colocou.

Após uma longa reunião com o time do FBI todos decidem que o melhor a se fazer seria investigar, todos conheciam bem a Tasha, sabiam que ela jamais faria isso sem um motivo. Porém eles estavam de mãos atadas, teriam que ter provas na inocência dela, mas quanto mais procuravam, mais evidencies sobre a culpa da agente apareciam. Keaton chegou e estava na sala de reunião do FBI, enquanto Reade tentava se acalmar, aquelas notícias logo no início do dia tinham sido muito fortes.

— Onde pensa que vai?  — Kurt o questionou.

— Keaton chegou! — Reade respondeu. — Nós vamos conversar com ele.

— Reade você é o meu amigo, e sei que se estivesse no meu lugar faria o mesmo por mim.

— Do que você está falando? — Reade perguntou alterado pelo calor do momento.

—  Fica na sala com a Patterson, deixa que eu e a Jane conversamos com ele. A Tasha é alguém importante para a gente e mais importante ainda para você, se você entrar na sala você não vai se controlar.

— Está dizendo que eu não sei ser profissional?

— Estou dizendo que iríamos deixar nossas emoções falarem, no seu lugar eu também iria querer socar a cara dele. — Explicou Kurt tentando acalmar o amigo.

Reade deu um longo suspiro, ele estava muito perturbado com a situação e sabia que Kurt estava totalmente certo.

— Ela é inocente Kurt. Eu sei que ela não matou aquela mulher. — Falou Reade com pesar.

— Eu sei disso, é a nossa Tasha! Ela jamais faria isso, precisamos achar logo essas respostas.

— E se realmente ela estiver com eles?  — Ele perguntou com os olhos fixos numa parede, sua mente vagava em algum lugar.

— Nós a traremos de volta. — Kurt o respondeu, o deixando sozinho.

— Porque demoraram tanto? Eu tenho coisas a fazer!  — Falou Keaton assim que viu Jane e Kurt entrarem na sala.

— Keaton vou ser bem direto, Madeline Burke? Como explica o que está acontecendo? — Questionou Kurt.

— Eu não sei sobre o que você quer falar? Se o caso é de vocês como acham que a CIA pode ajudá-los? — Ele se fez de desentendido.

— Onde está a Tasha? O que você fez com ela?  — Foi a vez da Jane, ela desde o início estava tentando se manter calma, mas sabia das coisas que a CIA era capaz.

— Eu não sei se vocês estão lembrados, mas ela foi demitida há mais oito meses, então eu não sei nada sobre ela, ou o que ela anda aprontando.

— Keaton fale a verdade!  — Pediu Jane.

— A verdade? — Ele questionou de forma irritada. — A amiga de vocês está muito encrencada, eu não sei o que deu na cabeça dela para fazer essas loucuras, a CIA está procurando ela, e quando a acharem não vão  poupar esforços para que ela pague pelos seus atos. — Avisou ele.

—Nós não acreditamos em você!

— Certo Kurt, sabemos que você e seus amigos costumam acreditar em criminosos e se associar a terroristas, olha só com quem você se casou!  — Kurt precisou se controlar para não acertar a cara dele, Jane lhe lançou um olhar de não se preocupe e ele logo entendeu.

— A amiga de vocês está bem encrencada, se acharem ela avisem! Vocês sabem meu número.

Ao ouvir aquilo o corpo de Reade estremeceu, ele sabia quem era a sua Tasha e sabia que Keaton estaria mentindo sobre ela.

Ele precisou ser controlado por Patterson e Rich, pois os seus planos eram descer e quebrar a cara dele.