Vapor escrita por Downpour


Capítulo 3
3. Como estragar uma noite


Notas iniciais do capítulo

boa leitura!
* música citada do i wanna know - arctic monkeys



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/792108/chapter/3

CAPÍTULO 3

como estragar uma noite



alissa fontes



Alissa se sentou no carpete do quarto e acabou pegando a garrafa de uísque que Calum Hood tinha deixado para trás. Estava se sentindo péssima por ter cedido a ideia idiota de ir para aquela festa, sentia que tinha deixado de estudar matérias extremamente importantes para perder seu tempo ali. Estava tão estressada que não viu problema em dar alguns goles na garrafa, ao menos ela estava bebendo uísque caro sem ter que pagar nada. E de toda forma, Calum Hood era um idiota.

— Alissa — Steice resmungou se ajeitando na cama — não acredito que ele… você…

A castanha franziu o cenho vendo que a garota ainda não conseguia formular frases.

— Conversaram… Calum Hood…

— Steice tem alguém que eu possa chamar para cuidar de você? Marina deve estar me procurando feito uma louca por aí.

A caloura fez uma careta.

— Tem a minha ex, mas tudo o que eu menos queria era que ela me visse assim.

Alissa  não hesitou em ligar para a ex-namorada de Steice, sabia que a garota não estava em condições de ficar sozinha mas também não poderia passar a festa inteira presa naquele quarto. Mesmo assim, ela só saiu dali quando a ex, uma garota que ela não conhecia, prometeu cuidar de Steice.

Por fim, ela saiu do quarto sentindo o seu corpo ficar quente, ciente de que era efeito da bebida e resolveu começar a procurar por Marina. Tudo o que ela mais queria era ir para casa dormir. E se a amiga não aparecesse, bem, então ela iria para casa sozinha, bêbada e a pé.

— Oi Ali! — foi surpreendida pelo irmão de Marina no meio do caminho. — Você está linda hoje.

— Oi! Você sabe onde a Marina está?

Ele balançou a cabeça negativamente e enquanto dançava no ritmo da música disse algo como “Harry” o que a fez entender que Marina estaria namorando em algum canto da casa.

Traidora, foi tudo o que ela pensou.

— Quer um pouco? — ele estendeu seu copo e a garota não hesitou de dar um bom gole na bebida, só foi perceber que era uma mistura de vodca com energético quando sua boca amargou.

— E a Louise, você sabe onde ela está? — ela disse mas mesmo assim o garoto não a escutou, toda a atenção das pessoas na casa tinham se voltado para sua frente.

A garota se virou, deparando-se com a banda do Hood. Era óbvio que eles iriam tocar alguma coisa porque tinham abaixado a música e todos tinham ficado em silêncio.

— Ei queria agradecer vocês por terem vindo na minha festa, — Calum disse sorrindo, pela sua voz era visível que ele não estava lá muito sóbrio — sei que todo mundo aqui teve uma semana de merda porque a porra da semana de provas está chegando então queria dizer que o resto das bebidas são por minha conta.

As pessoas começaram a se agitar, gritando alto ao ponto em que Alissa não entendia mais nada do que eles falavam.

— Iremos tocar Do I Wanna Know do Arctic Monkeys. — Michael Clifford gritou e as pessoas ao redor pularam gritando de volta em aprovação.

Logo Alissa foi engolida pelo som do rock lento e pela voz melancólica de Luke e Calum, que fez os pelos de seu braço arrepiarem contra sua vontade.

Quando olhou novamente, Gonzalez sumiu de sua vista, então lhe restou apenas apreciar o som enquanto bebia aquela mistura mal feita de vodca com energético.

 

Crawling back to you

Me arrastando de volta para você

 

Ever thought of calling when you’ve had a few?

Já pensou em ligar quando tomou umas?

 

‘Cause I always do

Porque eu sempre penso

 

Maybe I’m too busy being yours to fall for somebody new

Talvez eu esteja muito ocupado sendo seu para me apaixonar por outra pessoa

 

Seus olhos se fecharam, quase como se ela estivesse começando a sentir a música. Alguns flashes de memórias passavam pela sua mente e ela poderia jurar que se não estivesse em uma casa lotada, as lágrimas já estariam escorrendo pelo seu rosto. Era como se ela pudesse se sentir no seu terceiro ano do ensino médio, somente aquela música e a voz de Luke mesclada na de Calum… somente aquilo era o suficiente para que ela pudesse sentir tudo aquilo de novo.

Alissa odiava lembrar disso, embora fosse o que a motivasse.

Por impulso ela deu mais outro gole na bebida, agora já não sentia mais o gosto ruim.

A garota virou o copo e decidiu sair um pouco da casa para poder tomar um ar, Alissa já andava com um pouco de dificuldade mas tentava se convencer a todo custo de que não estava bêbada. Ela tropeçou até a varanda da casa e se sentou em um banco de balançar, seus olhos pesaram e ela não os impediu de fecharem.

Estava tão cansada e triste, tudo o que ela queria era se encolher em seu quarto e dormir até tudo aquilo passar. Até tudo aquilo passar, até que a sua existência se tornasse algo mais leve.

Ela só não sabia que seu desejo tinha acabado de ser realizado (ou não).

— Ah, você é a garota do quarto de agora pouco. 

Pela segunda vez naquela noite Alissa se deparou com Calum Hood alcoolizado sorrindo para ela. Sentia seus olhos castanhos hipnóticos queimarem nela. Dessa vez ele já não estava com a jaqueta de couro, apenas com uma camisa vermelha que se destacava perfeitamente na sua pele.

— O que você está fazendo aqui? — ela resmungou descontente com a presença dele.

— Você meio que roubou o meu lugar, sabe eu gosto de vir fumar aqui.

— Existem milhares de outros lugares pela casa para você fumar.

Ele sorriu ainda mais com a irritação na fala menina, com uma garrafa de tequila em mãos ele se sentou ao lado dela. Algo lhe dizia que irritar Alissa era divertido.

Cal deu um gole na garrafa e ofereceu para ela que aceitou.

Alice sentiu seu corpo se esquentar quando percebeu que Calum Hood a olhava fixamente, perto demais. Ela não saberia dizer se aquilo era um efeito da bebida ou se era da sua timidez. Estava tão embriagada que quando baixou a garrafa e inclinou a cabeça para perguntar o que ele queria foi interrompida por um beijo. Tudo o que ela se passava em sua mente naquele momento era uma confusão de pensamentos sobre o como ela se sentia estranhamente atraída por ele.

Diferente do que qualquer coisa que ela faria sóbria, Alissa puxou o rosto dele para mais perto dela, correspondendo o beijo. Se estivesse sóbria ela iria recusar, já fazia muito tempo que ela não beijava alguém e gostaria de permanecer assim. Mas os lábios dele eram tão convidativos...

Ela não sabia dizer em que exato momento os dois se levantaram e Calum achou melhor levá-la para os quartos no andar de cima. Lembrava-se vagamente de ele ter a prensado contra a parede da escada em um canto deserto, podia sentir a respiração dele contra seu pescoço ou até mesmo como sua boca raspava contra sua pele. A cada vez que ele chupava sua pele devagarinho ela puxava seus cabelos suspirando baixo. Sentia que todo o seu lado racional tinha lhe abandonado na entrada daquela festa, agora tudo o que ela precisava era da boca de Calum Hood contra a dela.





calum hood 




Não conseguia se concentrar com muita clareza porque já estava muito chapado, e embora ainda tivesse um pouco de consciência sobrando, ele conseguiu reconhecer alguma música do The Weeknd tocando. Foi exatamente nesse momento que ele teve um tipo de choque de realidade, sentiu como se o chão sobre os seus pés fosse desabar.

Ele beijava uma garota negra de cabelos encaracolados na escada quando viu Michael chegar correndo ao lado deles, sabia que pela expressão no rosto do amigo, não podia ser algo bom.

  Rapidamente a garota o soltou, confusa por ele ter parado o beijo.

— Por quê você não falou que você e a Aimee terminaram? — Mike teve que gritar para que o moreno o escutasse.

— Porque eu não sou nada pra ela? — Calum riu de nervoso ainda atordoado, sentia seus lábios formigarem sem conseguir desviar o olhar da bela garota a sua frente — Por que ela está agora se pegando com o Elliot por aí?

Repentinamente Mike conseguiu entender o comportamento estranho dele durante a semana, conseguiu compreender a pressa dele para fazer aquela festa. Não era sobre os possíveis olheiros que veriam a banda tocar, e sim um tipo de válvula de escape. Calum sempre se sentira mais confortável cercado por música e bebidas alcoólicas.

Aimee tinha o colocado em uma situação ruim, ele tinha que escolher entre ela e a música. Era impossível escolher entre duas coisas que ele gostava muito. Todavia eles brigaram, e enquanto Calum se decidia, Aimee fez sua escolha.

Agora lá estava ele se envolvendo com uma garota que ele tinha acabado de conhecer, o que era absurdamente incomum. Ele não sabia explicar, mas não estava com Alissa por que queria se vingar, e sim porque claramente havia uma atração sexual forte entre eles.

       Calum  nunca se odiou tanto por tomar decisões bêbado, porque caso estivesse sóbrio aquela situação seria muito mais simples de se resolver.

       — Cara ela acabou de ver você assim, e tenho que dizer que ela ficou furiosa.

Mike engoliu em seco ao ver a expressão da menina fechar, demorou um tempo para ele perceber que seu amigo estava pegando a melhor amiga de Marina Gonzalez.

Ela empurrou o peito de Calum furiosamente para longe de si, soltou alguns palavrões e sumiu em meio à multidão deixando os dois a sós. Hood sentiu algo murchar dentro dele, a decepção consigo mesmo veio a tona. Parabéns Calum Hood, você é um idiota.

— Alissa, eu posso explicar! — ele quase que gritou, tentando alcançar a mão suave dela, mas foi recebido com um olhar frio cheio de desprezo.

— Mas que droga Mike, você não poderia ter feito isso em outro momento? — Calum fechou os olhos encostando a cabeça na parede, ainda podia sentir o toque dela, e honestamente, ele ainda queria muito mais do toque daquela garota.

O amigo suspirou, sentindo como se estivesse cuidando de uma criança mimada.

— Achei que você quisesse reatar com a Aimee.

— Eu quero, — ele respondeu com a voz embolada — queria, até ela entrar com o Elliot aqui na minha festa. Ela sabe que eu não iria conseguir escolher entre ela e o meu sonho, mas porra, aparecer aqui com um cara que supostamente é meu amigo é golpe baixo demais.

 O garoto bagunçou seus fios negros com as mãos e bufou.

— Já que eu estraguei tudo, acho que não dá em nada beber mais um pouco não?

  Antes mesmo que Clifford pudesse responder Calum se misturou à multidão de pessoas indo para a mesa de bebidas. Sentou-se diante do barman se sentindo a pessoa mais desprezível da Terra, mas o que ele podia fazer? Não estava com o humor bom o suficiente para ser uma pessoa correta, tinha colocado tanto esforço em seu relacionamento com Aimee…

  E puta merda, aquela garota de antes era tão… Não haviam palavras para descrevê-la. Ela era absurdamente linda, e tinha uma aura completamente segura de si. Se Alissa Fontes desse um tapa em Calum, ele definitivamente não iria reclamar.

 “Você é um lixo humano.” Sentiu a voz da consciência gritar na sua cabeça.

— Um martini, por favor.

  Antes que sua consciência pudesse sequer gritar em sua cabeça, ele virou uma boa dose de bebida. E mais uma.

  Se não fosse por um empurrão em seu ombro, Calum não teria parado de beber por tão cedo. O loiro virou-se com a cara fechada e deparou-se com Aimee.

  Por um momento a sua expressão se suavizou, só por um momento.

— O que você quer aqui? — perguntou de forma grosseira para a loira.

  Naquela noite Aimee Blackwood estava linda. Seus longos e lisos cabelos loiros estavam soltos emoldurando seu rosto de boneca, os lábios estavam destacados por um batom vermelho já os seus olhos cor de mel permaneciam os mesmos por baixo de uma longa camada de rímel e delineador.

  Droga, como ele gostaria de ceder e simplesmente beijá-la ali e agora.

  Momentos depois de ficar afetado com a beleza da menina, Hood se recuperou lembrando o motivo pelo qual os dois estavam brigados.

— Eu que o diga Calum, qual o seu problema?

Meu problema? — ele apontou com o dedo furiosamente para o próprio peito. 

 Ela fez um pouco de silêncio enquanto respirava fundo, já ele apenas bufou descontente.

— Nós mal acabamos e você me aparece com outra garot-

— Foi você que apareceu aqui com aquele talarico de merda. Faz o favor e não enche a porra do meu saco. A gente terminou, porra.

  Os olhos castanhos de Aimee lacrimejaram, sem resposta ela simplesmente foi embora contendo o choro. Porque sabia que uma vez que chorasse na frente de Hood, ela iria o perdoar e as coisas continuaram o mesmo de sempre. Balançou a cabeça tirando os pensamentos de sua mente, agora Calum era só mais uma cara que ela tinha conhecido.




Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Vapor" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.