Vapor escrita por Downpour


Capítulo 26
26. Sentimentos




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CAPÍTULO 26

sentimentos




alissa fontes



Alissa estava sentada na areia ao lado de Michael e Marina, naquela tarde a garota trajava um dos biquínis que sua avó tinha lhe feito comprar. Era um biquíni azul marinho que ficava incrivelmente destacado em sua pele negra, e que ressaltava todas as curvas de seu corpo. Ela estava com um cerveja gelada em mãos enquanto jogava conversa fora com os dois.

Michael estava falando sobre como tinha sido pedir Crystal em casamento, era um graça a forma como ele não só admirava mas também tinha um certo brilho nos olhos quando falava sobre a namorada. Os dois se apoiavam mutuamente, o que tornava a relação ainda mais bonita e singela. O rapaz também comentava com as duas sobre como tinha sido a tour em que eles promoveram o álbum mais recente, embora Marina já soubesse de toda a história, porque tinha sido contratada como assessora da banda, fator que fazia com que ela sempre estivesse por perto durante os shows.

Às vezes Alissa comentava sobre a sua vida no Brasil, e também tentava convencer Mike de levar os rapazes para o país, fazendo uma bela propaganda da caipirinha.

— Caipirinha, é? Acho que eu já ouvi alguém falar sobre essa bebida.

Marina deu um sorriso de canto.

— Foi o Calum. Lembra que uma vez a gente fez um after, e ele começou a fazer uma caipirinha sozinho.

— Calum tentou fazer uma caipirinha sozinho? — Alissa repetiu surpresa e então começou a dar risada. O que ela não esperava era que Calum Hood aparecesse na sua frente com uma expressão séria.

— O que tem eu?

A Fontes teve que engolir em seco diante daquela visão. Calum estava apenas com uma bermuda preta, seu peito magro estava exposto ao sol e muito bem bronzeado por sinal. As pontas dos cabelos dele estavam molhadas, grudando na testa, o que indicava que ele tinha acabado de dar um mergulho.

— Estávamos falando sobre o dia em que você tentou fazer uma caipirinha sozinho. — Alissa disse enquanto dava um gole em sua latinha.

A expressão de Calum suavizou e então o moreno deu um sorriso torto, sentando-se na roda de amigos.

— Ficou péssimo. — ele admitiu enquanto pegava uma latinha de cerveja do cooler.

— Ainda bem que Ali está aqui, agora ela vai poder fazer caipirinha para todo mundo na casa. — Mike comentou.

— Eu não sei se vocês vão gostar-

— Ah sem essa, — Calum interrompeu — a sua caipirinha é ótima.

Ela se viu, inconscientemente, colocando uma mecha de cabelo para atrás da orelha.

— Se você acha. — disse em um tom resignado, enquanto Calum sorriu, feliz por ter ganhado a mini discussão.

Ao ver a cena, Marina deu uma cotovelada de leve em Michael e os dois se entreolharam com sorrisos no rosto, contentes de ver os dois agindo como o casal que costumavam ser.

— Mas Mike está certo, você bem que poderia fazer caipirinha para a gente. — Calum comentou enquanto dava um gole na sua cerveja.

Alissa deu de ombros, sabendo que agora que Calum tinha colocado aquilo na cabeça, dificilmente teria como contradizê-lo.

— E eu acho que o Calum deveria ajudar ela. — Marina disse simplesmente.

Dito e feito.






Algumas horas mais tarde, Calum e Alissa estavam sozinhos na cozinha. Ela estava procurando por um pacote de sal enquanto vasculhava os armários da casa, já Calum estava ocupado em lavar os limões. Enquanto trabalhavam, os dois repassavam a receita.

— Então essa é a receita correta! Não acredito que eu fiz tudo errado. — o moreno deu risada depois de ouvir ela recitar a receita certa.

— Claro que você fez errado, a caipirinha é uma arte brasileira, não australiana. — Alissa piscou enquanto colocava o sal sob a mesa — Na verdade, vou fazer outros tipos de caipirinha para agradar todo mundo. Tem maracujá ou morango aqui?

— Sim, segunda gaveta na geladeira. 

— Valeu. — ela murmurou enquanto abria o eletrodoméstico e retirava algumas frutas, colocando-as sobre a ilha da cozinha. — Ei, como anda o Duke? — perguntou de repente.

A verdade era que ela estava contendo aquela pergunta por um bom tempo, porque falar sobre Duke implicava em falar sobre o relacionamento dos dois, todavia ela não estava mais conseguindo se segurar.

Calum deu um sorriso torto.

— O Duke chorou por duas semanas quando você foi embora. — disse distraidamente enquanto cortava as frutas, ele só tornou a erguer o olhar quando reparou que Alissa estava com os olhos lacrimejando. — Ei, está tudo bem?

— Como poderia estar tudo bem? Eu fiz meu filho chorar por duas semanas. — ela murmurou, ainda surpresa com as palavras e a honestidade de Calum. Aquele era um de seus pontos fortes, Calum Hood era sincero.

Hood por sua vez, pousou a faca que estava usando para cortar as frutas e virou-se para Alissa.

Nosso filho. E não precisa ficar triste, você fez o que tinha que fazer Ali. Não precisa se culpar por ter feito a coisa certa.

Uma pequena lágrima escorreu pelo rosto de Alissa.

Aquilo definitivamente não estava nos seus planos, chorar na frente do ex namorado. Contudo lá estava ela, exposta.

— Ei, olhe para mim. — Calum disse gentilmente moldando o rosto dela com as mãos — Não precisa chorar, está tudo bem.

Alissa ergueu os olhos para poder olhar para Calum, ainda havia um nó em sua garganta, contudo a intensidade em que os dois se olhavam fez com que uma outra sensação completamente diferente tomasse conta de seu corpo.

Pela segunda vez naquela viagem, os dois estavam perigosamente perto. Só que dessa vez, não havia ninguém que pudesse interromper aquele momento.

Então os lábios finalmente se encontraram. 

A princípio o beijo fora apenas um tímido encostar de lábios, contudo a sensação de tornar a sentir a textura dos lábios de Calum contra os seus, fez com que Alissa entreabrisse a boca, permitindo que ele introduzisse sua língua. Dessa forma, as línguas se encontraram em uma dança lenta e hipnotizante. Todos os pensamentos racionais da garota tinham derretido, a única coisa que importava naquele momento era a língua daquele homem, ou a forma como os dedos dele apertavam a cintura dela.

Buscando aproximar-se mais dele, Alissa permitiu que suas mãos percorressem pelos fios de cabelo dele, indo em direção a nuca, realizando naquela região uma série de arranhões suaves que fizeram com que Calum gemesse contra a sua boca.

Aquilo apenas fez com que o corpo dela ficasse mais quente, com que seu toque sentisse cada vez mais necessidade do dele. O beijo começou a ficar intenso e desesperado. Quando se deu conta, Alissa estava sob a ilha da cozinha, suas pernas apertavam a cintura de Calum contra si.

Quando pararam o beijo para respirar, Calum depositou uma série de selinhos em seus lábios, que começaram a descer sutilmente pelo seu pescoço, o que a fez gemer o nome dele baixinho.

— Cal, por favor.

Os orbes castanhos de Calum estavam quase negros quando pararam para olhar para ela.

— Lissa. — ouvir seu apelido sair dos lábios dele fez com que ela fraquejasse. Como ela poderia não querer Calum Hood quando ele a provocava dessa forma?

As mãos longas de Calum deslizaram pelas coxas nuas de Alissa, uma série de arrepios percorreram toda a coluna da Fontes.

— Cal, nós não podemos fazer isso. — ela disse com a respiração falha, suas mãos desceram até o peito dele, numa tentativa de afastar-se do rapaz, contudo a sensação de sentir suas mãos contra o peito dele estava a tirando do sério.

— Ali, você quer isso. — Calum murmurou com a voz fraca, como se ele estivesse vulnerável.

Alissa respirou fundo, se preparando para as consequências que aquela conversa iria trazer.

— Sim eu quero. Mas não acho certo ficarmos assim se não discutirmos sobre o que está acontecendo. Não é como se fossemos desconhecidos, você é o meu ex-namorado.

Hood suspirou, finalmente cedendo embora sua vontade fosse beijar a mulher a sua frente com ardor.

— Me diga o que você sente, eu direi o que eu sinto, com toda a sinceridade do mundo. Eu só acho que independente da sua resposta, nada vai fazer com que a atração que existe entre a gente se dissipe. A forma como você reage ao meu toque, é intensa, e é real.

Um sorriso surgiu no rosto de Alissa, ela amava a forma como os dois tentavam resolver tudo na conversa e com  honestidade.

— Eu sei disso, você acabou de me provar isso a poucos momentos atrás. — ela disse, enquanto inconscientemente acariciava o braço do rapaz — Só que nós já namoramos, entende? Existem sentimentos aqui dentro, e sentimentos precisam de cuidado....

— Você ainda tem sentimentos por mim? — Calum perguntou de forma direta.

A pergunta fez com que o batimento cardíaco dela alterasse a frequência.

— Você ainda tem dúvidas, Cal? — aquelas palavras soaram como música aos ouvidos de Calum, antes que Alissa se desse conta, o rapaz a ergueu e abraçou o corpo dela, girando-a no ar. — Calum Thomas Hood, me coloca no chão!

Calum gargalhou, dando um sorriso bobo.

— Repita o meu nome, e eu pensarei no seu caso. — ele sussurrou no ouvido dela.

Alissa grunhiu e no mesmo momento quatro pessoas apareceram assustadas na cozinha.

— Está tudo bem aí, casal? — Luke perguntou dando um meio sorriso, ao lado dele Marina mordia os lábios para não dar risada.

A Fontes revirou os olhos, ainda nos braços de Calum, e virou-se para o quarteto.

— Estamos bem, agora, vocês poderiam ir para outro lugar?

— Ouch. — Ashton resmungou,Mike que estava a seu lado, apenas deu uma risadinha.

— Tudo bem. — Marina se rendeu, e então os quatro se retiraram, todos com sorrisos no rosto.

Por fim, Calum colocou Alissa no chão.

— Eu ainda não ouvi a sua resposta Calum.

— Sobre o quê?

— Seus sentimentos. Você ainda tem sentimentos por mim?

Calum deu um meio sorriso, e antes de tornar a beijá-la, respondeu:

— É óbvio que sim.






O dia da virada de ano chegou, e durante esse meio tempo Alissa alternava entre o seu quarto e o quarto de Calum. Ainda não havia muita certeza sobre o que estava acontecendo entre os dois, ainda mais quando ela iria embora do país em dois dias. Todavia, Calum não tinha hesitado em mostrar para os outros que ele estava sim com ela, porque ele sempre teria orgulho de dizer para os outros que estava ao lado de Alissa, e aquilo preenchia o coração dela de uma forma que só ele sabia fazer.

Os amigos tinham decidido passar a virada na praia, então todos vestiam roupas leves e soltas por cima da roupa de banho. Alissa tinha seus longos cachos presos em um belo rabo de cavalo no topo da cabeça, ela vestia uma regata solta branca que deixava a mostra seu biquíni vermelho e um shorts jeans.

Ela estava sentada no banco de trás do carro de Ashton junto com Calum, sendo que Marina ocupava o banco de passageiro cantarolando suas típicas músicas melosas. Aproveitando que Hood estava olhando distraído para a paisagem, Alissa colocou suas pernas sobre o colo dele, dando risada de sua expressão confusa.

— Que folgada! — Cal exclamou rindo, passando suas mãos nas pernas da garota, podendo sentir a mesma se arrepiar sob sua pele. 

Alissa estreitou o olhar, e por fim, sorriu.

— Só estou ficando confortável.

— Ew. Nós ainda estamos aqui, ok? — Ashton disse em um tom brincalhão.

Vez ou outra alguém fazia alguma piada com os dois, sobre como casais no começo de um relacionamento costumavam ser melosos. Calum e Alissa já tinha aprendido a levar esse tipo de piada numa boa.

— Isso aqui não é a Idade Média Ash, acho que o Cal pode muito bem tocar as pernas da namorada dele. — Marina provocou, mesmo que Alissa não fosse a namorada dele.

Hood ficou rígido, com receio da forma em que Alissa iria reagir. Todavia, ela apenas sorriu tranquila.

— Permissão concedida para tocar as minhas pernas, Cal. — ela piscou em sua direção.

Um sorriso cafajeste apareceu no rosto de Hood.

— E em outras partes também?

— Você sabe que sim.

— Jesus Cristo. — Ashton afundou sua cabeça no encosto do carro e então olhou de canto para sua namorada — Eles crescem tão rápido…

Marina gargalhou.

— Contanto que eu seja a madrinha de casamento… — ela jogou no ar.

Calum e Alissa se entreolharam, era como se os dois estivessem se comunicando por telepatia enquanto o outro casal ficava sem entender o que se passava.

— Não sei não… O que você acha Cal?

Hood fez um careta.

— Mali seria uma madrinha melhor.

— Me sinto obrigada a concordar. Amo a Mali.

— Alissa Fontes, isso é traição. — Marina disse, virando-se no banco para poder olhar para a melhor amiga. A Gonzales não se surpreendia que os dois estivessem fazendo piadas sobre casamento de forma leve, a verdade era que Calum e Alissa tinham decidido ceder para seus sentimentos naquela semana. Não adiantaria ficar fugindo e ignorando os sentimentos que nutriam um pelo outro. Contudo, a forma em que eles se olhavam enquanto falavam de casamento… Isso sim fazia com que Marina sorrisse contente. Os dois pareciam um maldito casal que tinha saído de um filme natalino de sessão da tarde. E como a boa amiga que era, Marina daria seu melhor para ajudar seus dois amigos a voltarem.

— Mas nós nem falamos do padrinho ainda. 

— Não há discussão. Eu vou ser o padrinho! — Ashton exaltou-se.

Alissa e Calum ergueram a sobrancelha um para o outro quase que no mesmo momento.

— Eu não sei… Acho que prefiro o Luke? E você Cal?

— Michael seria uma boa pedida. — Hood disse dando de ombros.

— Continuem com essa conversa, e eu terei que expulsar o casalzinho do meu carro. Vocês vão ir para a praia andando. — Ashton sibilou enquanto os dois sorriam cúmplices.





Faltava menos de uma hora para a virada e Alissa e Calum estavam a sós; não tinha sido um plano feito pelos outros mas sim algo inevitável já que todos estavam como casal e tinham ido atrás de um tempo a sós. Calum estava sentado em cima do cooler enquanto Alissa estava na cadeira de praia, degustando sua cerveja calmamente.

— Você vai mesmo embora daqui dois dias? 

— Cal… — tentou começar a falar porém não conseguiu. A ideia de que ela conseguiria ir embora e esquecer Calum depois da semana que tinha se passado não era só inútil como também estúpida. — Por que você… não vem comigo?

Hood piscou surpreso, na verdade ele quase tinha caído para mas tentou manter sua postura natural.

— Você quer que eu vá para o Brasil?

Lentamente, ela deu um gole na cerveja. Sentia como se sua boca tivesse ficado seca.

— Bem, você tem alguma tour em janeiro? Bem, se não tiver está tudo bem então…

Um sorriso terno surgiu no rosto de Calum.

— Não, pode ficar tranquila. Eu só fiquei surpreso porque achei que você iria querer seguir como se nada tivesse acontecido.

Alissa abriu a boca surpresa.

— Claro que não.

— Eu tenho uma condição para ir com você.

— Diga.

— Não vou deixar nosso filho sozinho.

A garota sorriu, contendo a vontade de dar risada.

— Você vai levar o Duke junto? Oh, Cal. — era impossível não sentir seu coração quentinho com aquela fala, era mais do que óbvio que Calum tinha percebido o quão triste ela ficou por ter deixado Duke — Então creio que vou ter que te apresentar para a minha família.

Calum mordeu as bochechas para não começar a sorrir como um bobo apaixonado.

— Já estamos nessa fase de conhecer família?

— Considerando que nós temos um filho juntos, — Alissa fingiu pensar em algo importante enquanto alisava o queixo — então acho que sim.

Hood pegou uma cerveja, sentindo subitamente sem graça. A verdade era ele que adorava quando aquela mulher o provocava, era como se Alissa Fontes tivesse sido feita na medida para poder deixá-lo de cabelos em pé. Ela era linda, cada curva do corpo dela era encantadora… e a forma como ela falava com ele…

— Sabe, foi muito ruim ser uma divorciada durante um ano. — ela brincou.

Calum se inclinou em sua direção.

— É mesmo? — disse com a voz rouca — Acho que nós podemos mudar isso.

— Você quer mudar isso, Cal? — Alissa indagou, notando que subitamente os dois tinham ficado terrivelmente próximos.

Calum Hood poderia ter respondido Alissa de diversas formas, contudo, ao invés de usar palavras, Calum a respondeu com um beijo.




Era a primeira semana de janeiro, Alissa e Calum estavam arrumando suas malas antes de se sentarem no banco do avião. Seria uma longa - e cansativa - viagem a São Paulo, mas não podiam negar que estavam animados. Ao todo, Calum iria passar duas semanas ao lado da garota, que tinha lhe prometido mostrar-lhe todos os pontos turísticos de sua cidade.

— Vai ser um vôo bem longo Cal. — ela avisou enquanto sentava-se no banco que ficava voltado para a janela.

Calum deu um sorriso leve.

— Tudo bem. — o rapaz pegou seu celular e fone de ouvidos da mochila, sentando-se ao lado dela — Vou aproveitar esse meio tempo te mostrando o que eu e os meninos andamos compondo esses tempos.

— Estou ansiosa por isso. — ela respondeu pegando um lado dos fones de ouvido.

— Bem, essa aqui é “Vapor”. — Calum disse dando play na música.

— Hum, achei que nós iríamos começar pela sua música favorita.

— E quem disse que Vapor não pode ser a minha música favorita? — Calum ergueu a sobrancelha.

Alissa riu.

— Achei que fosse Heartbreak Girl.

O Hood bufou. — Você andou interagindo com as fãs da banda na internet?

— Talvez. 

— E não tem sido um problema para você? — ele perguntou, levemente apreensivo, porém Alissa negou ao balançar a cabeça.

— Na verdade não, seus fãs são adoráveis. — respondeu, apoiando sua cabeça no ombro do rapaz se deliciando com o som da canção. Ao se atentar a letra de Vapor, Alissa conseguia perceber que tempos atrás, era exatamente assim que ela se sentia a respeito de Calum, com medo dele desaparecer.

Agora o sentimento que ela nutria por ele era diferente. Não era tão desesperador, e sim tranquillo e confortante.

Perceber aquilo fez com que um sorriso surgisse em seu rosto.

— Do quê você está sorrindo?

— Da letra da música. — ela disse, sem saber exatamente de onde tinha retirado coragem para poder falar aquilo com ele — Eu me sentia assim sobre você antes, com medo de que você fosse desaparecer como vapor. Não preciso dizer que estava errada.

Apesar de Alissa ter dado um riso fraco, Calum ergueu uma sobrancelha, totalmente interessado no que ela tinha a dizer.

— E como você percebeu que estava errada?

— Meu Deus Cal, — ela murmurou, começando a sentir suas orelhas esquentarem de vergonha — é sério que você quer ouvir sobre isso?

— Claro, eu quero saber sobre os seus sentimentos.

Ela teve de morder os lábios para poder conter a vontade de sorrir. 

Agora os dois estavam se encarando, como se tentassem ter uma resposta só de olhar nos olhos do outro.

— Porque você nunca desapareceu da minha memória. Todos os nossos momentos estavam comigo, todas as nossas memórias ajudaram a construir a pessoa que eu sou agora. Então você nunca desapareceu.

Calum olhava para Alissa com admiração, como das vezes que olhava para ela na época em que os dois namoravam durante o período de faculdade. Era fácil de perceber assim, simplesmente pelos seus lábios levemente inclinados em um sorriso silencioso e um brilho específico no olhar.

Mal ela sabia que o mesmo tinha acontecido com ele.

O amor por Alissa nunca tinha desaparecido, de fato, tinha se tornado algo um tanto melancólico. Todavia, o sentimento tinha resistido ao tempo. Como se soubesse que no futuro, teria uma outra chance.

— Qual o nome dessa música que está tocando agora? — ela perguntou subitamente, tinha sentindo uma certa conexão com a letra.

Cal piscou, levemente abalado com aquela mudança de assunto.

Meet You There. — seu coração pareceu dar uma cambalhota. Eles teriam o tempo do mundo para dar significado àquela música.


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