Somos Nó(s) escrita por Anny Andrade, WinnieCooper


Capítulo 5
Escolho Você


Notas iniciais do capítulo

Oie leitores, tudo bem com vocês?
Estamos dando um tempo de pelo menos um dia de um capítulo para o outro para conseguirem digerir e degustar todos os sentimentos como se deve. Eu muito emocionada preciso disso para escrever também.
Enfim, espero que gostem do que temos pela frente.

Boa Leitura!



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A vida é curta
Mas os sonhos não são
Eu rio do passado
Espero o futuro com a faca na mão

Nós estamos com os braços cruzados. Uma cena tão clássica, o grande momento esperado. Tomamos o líquido borbulhante e sinto cosquinhas no céu da minha boa. O brinde principal. Rimos como nunca antes e abrimos a pista de dança.

Ele me segura pela cintura, permaneço encarando seus olhos que brilham de orgulho. Giramos como se estivéssemos em um carrossel. Escuto as palmas dos convidados em volta. É o meu momento preferido entre todos os que criamos.

Quando paramos ele me beija. Repousa seus lábios em minha testa como se estivesse dizendo que para sempre me protegeria, dizendo que me respeita, que respeita nossas famílias. E prometendo beijos melhores para depois da festa.

Andamos juntos o tempo todo. E paramos atrás do bolo. Eu fico encarando meu reflexo na faca que cortará o primeiro pedaço de nossa partilha. Meus cabelos começam a soltar depois de tantos giros. Meus lábios sorriem como nunca. Sinto a felicidade invadindo não apenas meu corpo, mas minha alma.

Corto o bolo com sua mão em volta da minha.

Nosso futuro acaba de começar.

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Defino cada passo que dou
Minhas escolhas revelam o que eu sou

Andamos de mãos dadas pelos corredores. Os olhares nos seguindo.

Scorpius disse que sempre andamos juntos, mas nunca de mãos dadas, nunca com o braço dele em volta do meu ombro. Nunca como algo maior que amigos.

Sinto o formigamento chegar. Eu aprendi a me aceitar, estou aprendendo. Aprendendo a me reconhecer, a amar o corpo que me abriga, a sentir prazer em tê-lo como meu amigo, como minha casca. A desconstrução é diária.

A atenção ainda me causa náuseas. Ainda é demais. E quase saio correndo e desisto de nós dois. Quase.

Mas escolho permanecer. Escolho deixar claro o que somos um para o outro. Então permito que meus lábios toquem os seus em um estalo. E permaneço seguindo. Olhando para frente. Apagando todos da minha visão. Segurando a mão dele com toda força.

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E eu escolho você com todos seus defeitos
E esse jeito torto de ser

Ela está girando sem parar, os braços esticados dando mais impulso. Seus cabelos voando para todos os lados e o riso alto fazendo com que algo em mim também quisesse rir.

Eu estou olhando-a. Rezando para que também olhe para mim. Que veja isso que foi crescendo com os anos, que foi se instalando feio mofo se espalhando por todo lugar, me impedindo de seguir em frente.

As mãos dele tocam sua cintura te forçando a parar, mas você ainda ri. Transforma sua risada em sorriso e por fim em beijo. Mais uma vez está sendo amada por outra pessoa e se permitindo amar.

Enquanto isso eu alimento meus dias de juras de amor não declaradas, de sonhos interrompidos, esperando o momento em que serei eu o escolhido.

Fico tão obcecado olhando sua alegria e a dele que nem percebo quando Rose se aproxima. Deita em meu ombro e diz palavras para me reconfortar. Tentando mais uma vez me proteger de qualquer dor que eu tenha que enfrentar na vida.

― Hugo, não se torture assim. – sua voz cansada de quem não aguenta mais a vida que vivemos. De quem quer voar para longe, mas se mantém presa a tudo que temos aqui.

Eu seguro suas mãos. Nesses momentos sei que somos quase um só. Uma dupla. Unidos pelo sangue. Unidos por escolha. Irmãos até o fim.

― Um dia. – respondo.

Um dia eu deixo de me torturar. Paro de escolher a Lily. Um dia.

 

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Eu escolho você, destino imperfeito
Todo carne, osso e confusão

Ela está olhando horrorizada diante da cena que vê. Eu sozinho com Hermione no topo da escada. Perto do dormitório das meninas. Harry em seu topor de felicidade depois de ter tomado a Felix Felicis decidiu visitar Hagrid, Hermione e eu íamos tentar fazê-lo mudar de ideia. Ele começou a descer as escadas envolto da capa de invisibilidade, foi quando Lilá Brown apareceu.

― O que está fazendo com ela aqui em cima?! – guinchou nervosa.

― N-não é n-n-n-ada do que está p-pensando. – gaguejei. Aparentemente eu tinha gagueira e não sabia.

― O que estou pensando? – ela me devolveu a pergunta. Inteligente de sua parte sabendo que eu não teria escapatória.

― Provavelmente a pior besteira. Olha, não tenha ataques, Rony e eu somos amigos. – Hermione cruzou os braços ao meu lado olhando nervosa pra ela.

Reparei em Lilá, seus olhos pareciam soltar faíscas em Hermione e ela por sua vez a encarava com a mesma intensidade.

― Amigos. Amigos – Lilá deu uma risada sarcástica. – Como se reparasse nele antes de eu e ele namorarmos. – ela me puxou para ficar ao seu lado e passou uma de suas mãos em meu braço direito.

― O que está querendo dizer? – Hermione não baixou guarda. Parecia que iria lançar algum feitiço nela somente com o olhar.

― Ah você sabe o que quero dizer. – disse com uma voz em falsete. – Ficou semanas sem falar com ele. SEMANAS. Depois que ele ficou envenenado achou conveniente se interessar por ele voltando a conversar.

― Conveniente? – podia ouvir o cérebro de Hermione ferver de raiva.

― Sempre interessada no garoto popular do castelo. – Lilá dizia debochadamente. – O primeiro qual foi mesmo? Viktor Krum, depois boatos de Rita que estava com Harry, agora com Rony envenenado vai se lançar pra cima do meu namorado. Ele é meu!

Lilá terminou. Lançou as palavras mais falsas nela. Percebi o rosto de Hermione ficar vermelho. Seu peito subia e descia numa respiração forte, seus olhos pareciam soltar faíscas.

― Eu sempre me interessei por ele! – gritou, e eu estranhei essa fala. Comecei a reparar mais em minha amiga. – Muito antes de você. Mas como amigo! Desde o primeiro ano, nunca o desprezei por ser de uma família humilde ou não jogar quadribol, ou não ser popular como disse. Irônico foi você reparar nele só depois do quadribol, ou depois dele ganhar um distintivo de monitor. Ao meu ver você é a interesseira.

Meu cérebro estava confuso. Elas estavam brigando por minha causa?

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Quem vive de princípios
Não tem meios, nem fins

Ele estava querendo a roubar de mim. E ela parecia gostar. Sorria pra ele, seu rosto se erubescia por causa dele, seus olhos tinham um brilho incomum quando olhava para ele, sua atenção, antes toda minha, agora era toda dele. Não me leve a mal. Eu sei que Rose não será minha menina para sempre, estava crescendo e tudo que queria era que encontrasse um homem que a fizesse feliz e nunca massacrasse seu coração. Mas não esperava que no dia de um jantar para apresentar seu namorado ela me trouxesse o Draco.

Tudo bem ele não era o Draco, mas era tão parecido com o pai fisicamente que me dava ânsia. Eu só olhava para ele e lembrava de todas as barbaridades que a família Malfoy havia feito no passado. Com minha família, com os trouxas, com Hermione em sua mansão. Será que o garoto de dezessete anos em minha frente sabia que o pai havia sido um comensal da morte? Rose por outro lado, parecia não se importar com isso. Parecia não se importar com um sobrenome. Eu sabia que ela estava em perigo. Não podia permitir esse namoro absurdo, mas Hermione me cortava toda vez que fazia algum comentário maldoso com o rapaz no jantar, ou quando contei a história do Dobby, ou quando perguntei se ainda tinham um portão no porão da mansão para prenderem nascidos trouxas, quase me mandou embora de casa quando perguntei o que Draco tinha feito com a marca negra em seu braço.

O garoto parecia desconfortável. Reparei que apertava a mão de Rose o tempo todo nervoso, tinha um tique nervoso de piscar e gaguejava quando tentava responder minhas perguntas. Rose pela primeira vez na vida estava do lado da mãe e carrancuda com minhas atitudes.

― Olha garoto vou ser sincero com você. – Disse no final do jantar enquanto comíamos a sobremesa. – A única maneira de te aceitar como namorado de minha filha é me vencendo em um jogo de xadrez.

Ouvi Hermione tossir ao lado se engasgando com o refrigerante que tomava. Percebi Rose prender sua respiração.

― Eu sei jogar xadrez – ele me disse inocentemente.

― Papai não! – Rose me implorou. – Scorpius, ele só está brincando.

― Não estou não.

― Isso é ridículo Ronald. – constatou Hermione.

― É minha regra. – expliquei para ele olhando em seus olhos. – E então vamos jogar?

 

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Eu quebro as minhas leis
Pois só assim elas pertencem a mim

Eu nunca, em toda minha vida, achei que ia ter vontade de me rebaixar ao nível de certas garotas que brigam por causa de garotos. Mas aqui estou eu discutindo com Lilá Brown. Ela que me chamou de interesseira. Que acha que me aproximei novamente de Rony por causa de seu envenenamento, como se eu nunca tivesse reparado em suas qualidades, como se eu nunca tivesse sofrido ao perceber que estava apaixonada por ele desde o quarto ano. Quero gritar! Dizer que amo ele de uma maneira que ela jamais o amará e mesmo amando tenho medo de sua reação ao saber. Mesmo amando sei que não sou correspondida porque ele começou a namora-la depois de um jogo de quadribol. Tenho vontade de brigar com ela, a moda trouxa puxando seus cabelos e metendo um tapa em sua cara. Mas o máximo que faço é dizer a verdade que sabia. Que ela era a interesseira na história toda.

Estou tão furiosa que sinto meu sangue ferver, meus cabelos se bagunçarem ainda mais conforme discuto com ela, aperto tanto a varinha em minhas mãos de raiva que faíscas saem dela. Rony parece perceber e sai de perto dela e chega perto de mim para me pedir para me acalmar. Ele está tão perto que sinto o cheiro de seu cabelo. O cheiro que senti na amortentia. Um cheiro amadeirado misturado com cítrico. O cheiro que faz meu coração acelerar de forma alarmante.

― Hermione, eu não preciso escolher. – sussurra tão perto, tão perto, que noto novas sardas em seu nariz que jamais havia notado.

― Saia de perto dela! Não aceito que seja amigo dela. Se ficar perto dela nosso namoro está acabado! – Lilá Brown guinchava raivosa.

― Nosso namoro já está acabado Lilá, se não percebeu. – Rony falou virando para encará-la.

― O que está dizendo Uon-Uon? – ela fez aquele bico horroroso que me dá náuseas.

― Estou dizendo que entre você e a amizade com Hermione sempre será a Hermione.

Sinto meu coração parar um segundo, ele está dizendo que me escolhe? Não sabia que era uma escolha, não sabia que era uma opção.

― Eu não sou uma opção Ronald. – deveria estar feliz. Mas estava brava.

― Não quis dizer isso. O que quis dizer é que ela jamais ganhará contra você. – se virou para me encarar novamente. Seus olhos tinham um brilho incomum. Ficamos nos encarando durante um tempo.

― Eu termino com você. Eu! – Lilá voltou a falar. Fazendo-nos acordar do que estivesse acontecendo entre nós. – Você não me merece. Fique com as migalhas.

Ela jogou seu cabelo para trás e começou a caminhar para o dormitório feminino. Queria lhe dizer que não era nenhuma migalha. Queria que ele falasse que eu era o bolo inteiro. Mas nada disso aconteceu.

Fiquei reparando em Rony, seus ombros tensos relaxaram. Ele parecia ter se livrado de um peso que carregava a tempos.

― Ufa, ela terminou comigo certo? – me perguntou como se quisesse confirmar.

― Com certeza. – não consegui reprimir um sorriso que saiu. O que estava acontecendo comigo?

― Parece que me livrei de algo tão...

― Sufocante? – arrisquei.

― Exatamente.

Queria dizer que naquele dia Rony se declarou para mim, que tínhamos dado nosso primeiro beijo e começado um namoro. Mas continuamos como amigos que éramos. Ele disse o que deveria ter dito na hora.

― Hermione, será que você me empresta sua lição de Poções? – ele coçou o cabelo constrangido.

― Nunca muda não é mesmo? – fingi estar brava e comecei a descer as escadas finalmente.

Mas ele não me seguiu, permaneceu parado na escada. Reparei que ele estava com o olhar perdido para o lugar que brigávamos anteriormente. Parecia ter tantos pensamentos lhe assombrando no momento.

― Vai desistir de minha ajuda? – perguntei o tirando de seus devaneios.

― Jamais. Vai ter que me aturar pra sempre agora.

Eu senti minhas bochechas corarem. Reprimi um sorriso e sentei na mesa com ele, querendo tanto mudar aquele cenário, mas também querendo aproveitar o máximo possível.

 

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E eu que sempre fui da turma do talvez
Me joguei sem paraquedas no sim

Scorpius estava perdido. Meu pai havia eliminado um bispo e uma torre dele. Seu rei em poucos lances estaria encurralado em xeque-mate. Eu podia sentir a tensão sair do corpo de meu namorado. Ele jamais o venceria. Ninguém vence Ronald Weasley em uma partida de xadrez, nem minha mãe que é tão estrategista e inteligente. Talvez Hugo. Hugo é bem capaz de o vencer.

― Seu namorado já era Rose. Não tem mais chances. – Hugo de fato constatou ao meu lado reprimindo um riso.

Estava comendo pipoca de micro-ondas como se estivesse assistindo um filme no cinema. Um filme em que o pai massacra o namorado da filha.

Bufei nervosa. E então eu vi, meu pai vencendo Scorpius em uma partida tão rápida, tão rápida, que não durou nem cinco minutos. Quase vi Scorpius chorar.

― Sinto muito, mas sem me vencer não tem autorização para a namorar minha filha.

Comecei a gritar com meu pai. Coisa que nunca fiz em toda minha vida. Minha mãe tentava me acalmar. Meu pai tentava me acalmar. Scorpius se despediu ao longe dizendo que precisava ir embora. Hugo assistia tudo comendo pipoca.

 

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Quem vive de princípios
Não tem meios, nem fins

Assistir ao espetáculo de Rony e Rose era muito divertido. Meu pai e minha irmã tinham mesmo a veia cômica da família em seus ombros, fiz uma pipoca e pensei que aquilo era uma humilhação tão grande que Scorpius só poderia estar apaixonado, eu diria perdidamente apaixonado por minha irmã para se submeter àquela cena.

Mamãe também assistia a tudo em silêncio, mas eu sabia bem que no final da noite saíram tantas palavras de dentro dela, que meu pai talvez aparecesse com flores na casa do Malfoy pedindo desculpas, só para que Hermione não o devorasse de raiva.

Rose, parecia nervosa. Assistindo a tudo. Ela sabia que seu namorado estava perdido. Como um bom irmão mais novo apenas constatei o fato para deixar a cena ainda mais dramática. Sabia que o garoto não ia desistir mesmo perdendo. Porque eu sei que quando estamos perdidamente apaixonados não desistimos.

Vejo minha irmã bufando no quarto depois dos gritos, brigas, depois de seu namorado ter partido em silêncio. Me sento ao seu lado. Agora não tenho mais pipocas em minhas mãos. Tenho um grande pote de sorvete. Que deixei escondido atrás dos legumes congelados para evitar reclamações desnecessárias.

― Toma. – Entrego uma colher. Fico com a outra.

― Nunca pensei que o papai faria isso comigo. – Vejo sua tristeza. Percebeu que seu super-herói também tem defeitos.

― Eu sabia que faria. – Digo rindo. Sou mais novo, mas percebi os defeitos deles muito antes dela.

Minha irmã reconhecia os defeitos de nossa mãe com maestria, mas evitava enxergar os defeitos de nosso pai. Eu por outro lado, passei tanto tempo observando que sabia o defeito de cada um de nós.

― Dá próxima vez, beije ele. – digo.

― O que?

― Dá próxima vez beije o Malfoy. Isso vai desconcentrar o senhor Ronald e seu namorado terá chances de ganhar. – Continuo pegando colheradas de sorvete.

― Quem disse que terá próxima vez? – Ela questiona.

― Terá.  E quando acontecer, sabe o que fazer.

Nós dois ficamos em silêncio, sei que ela está fazendo o cérebro funcionar e se questionando por não ter pensado na minha sugestão antes.

― Eu te odeio por ser tão inteligente.  – ela resmunga. – te amo tanto.

Eu faço minha melhor careta. Mas a verdade que nossa família se ama tanto que até brigas conseguem ser demonstrações de amor. Esquisitas. Mas demonstrações.

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Eu quebro as minhas leis
Pois só assim elas pertencem a mim

Abri a porta da sala indignado pela hora da visita, ia falar poucas e boas para a pessoa que estava perturbando nossa ordem, mas não esperava ver aquela figura parada na minha frente.

― Meu filho não é igual a mim, ele não tem que carregar os erros que cometi. Junto com sua mãe o criei para não destratar nenhum tipo de pessoa ou criatura. Se quer saber eu tenho sim a marca negra em meu braço ainda. A mantenho para lembrar que somos feitos de erros e acertos. Os erros fazem parte do meu passado e eu tenho que conviver com eles todos os dias, mas os acertos estão no meu presente.

Draco Malfoy está acabado. Penso enquanto me vejo refletido em seus óculos. Percebo que eu estou fisicamente muito melhor do que ele, talvez fosse as corridas com Hugo, para tentar me aproximar e entender um pouco mais meu filho. E certamente minhas rugas estão em números menores. Devo ter menos pesadelos. Menos culpa.

― Sempre achei que vocês seriam melhores. Que não teriam preconceitos. Eram o que diziam.

Seu nariz empinado. Sua arrogância ainda presente. Toda a prepotência da qual me lembrava. Mas uma verdade tinha que ser dita, o filho dele tinha muito menos daquelas qualidades ou defeitos.

Sinto as mãos delas em meu ombro.

― Nós ainda pensamos como antes. Não temos preconceitos com sobrenomes, com origem. Avise seu filho que é bem-vindo, nessa casa.

Hermione permaneceu serena. Com a cabeça erguida. Sem demonstrar nenhuma emoção. Apenas com o poder que possuía.

― Já está tarde. Podemos marcar um jantar para conversar melhor sobre alguns assuntos. – Ela definiu. – Esperaremos por uma coruja.

Draco apenas mexeu a cabeça afirmando sua compreensão. E eu sabia que agora era a minha hora de escutar um sermão.

 

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Eu escolho você destino imperfeito
Todo carne, osso e confusão

Estou caminhando até ele. Minha mão pousada no braço de meu pai. O sorriso não sai de meu rosto, sinto todos os familiares e amigos encarando meu caminhar emocionados. Hugo está ao lado de Lily com os olhos marejados me olhando. Minha mãe ao lado de Astoria com lágrimas nos olhos. O pai dele encarando meu caminhar com uma feição enigmática, mas conheço essas expressões em Scorpius e sei que também está orgulhoso. Finalmente o encaro. Está carrancudo, parece que vai vomitar de nervosismo, me entrega um sorriso que parece mais uma careta, eu sorrio porque sei que é perfeito.

Quebramos a distância e ele aperta a mão de meu pai. Entrelaço meu braço com o dele reparo que ele está chorando. A cena mais improvável do meu mundo. Meu casamento, na Toca, com a família Malfoy. Uma Wesley e um Malfoy casando. E todos emocionados e chorando, não consigo descrever a minha alegria.

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Eu escolho você com todos seus defeitos
E esse jeito torto de ser

Ela está maravilhosa. Irradia felicidade em cada passo que dá em direção a ele. A coisa mais improvável do mundo. Um casamento na toca com a família Malfoy presente e emocionada. Só o avô paterno dele não veio. Rose já havia me contado que chorou uma vez depois de ouvir coisas horríveis saindo da boca dele. Tão horríveis que a fizeram ter um colapso nervoso e precisou tomar uma poção animadora. Scorpius só tem olhos pra ela. Em meio a cerimônia, em meio a promessa de ambos de se amarem para a eternidade. Em meio a chuva de estrelas que cai sobre eles no fim, em meio as palmas e aos choros de alegria, em meio ao beijo que selam oficializando a primeira família Weasley/Malfoy. Eu tenho a certeza que Rose é uma sortuda em ser escolhida e escolher a mesma pessoa que a escolheu. Sortuda por ter um amor verdadeiro, um amor além de estereótipos de corpo e sobrenome. Rose é uma sortuda e eu estou feliz por ela.

― Fico imaginando quando será a minha vez. – ela me diz ao lado, reparando talvez em minhas lágrimas que derramo por minha irmã.

Olho para ela. Linda. Maravilhosa em seu vestido, perfeita aos meus olhos como sempre foi. Queria dizer que queria que quando fosse sua vez fosse comigo, queria que ela me escolhesse como a escolhi milhões de vezes, mesmo ela acabando com meu coração essas milhões de vezes. Mas não digo. Fechei meus olhos e em minha mente ela dizia sim a mim, nos beijávamos e a chuva de estrelas caia sobre nós.

― Tenho certeza que será perfeito. – respondi a ela com a cena ainda em meus pensamentos.

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Eu escolho você, destino imperfeito
Todo carne, osso, pele, boca e coração

É minha hora de falar. Declamar meu amor por ela. Tenho me preparado para o momento desde que nos beijamos no meio da guerra. Talvez até antes disso. Ela é a inteligente da relação, a que sabe usar as palavras certas, que flerta com o vocabulário e com as metáforas. Eu sou apenas o garoto que teve a sorte dela ter escolhido para amar.

Sei que não escolhemos o amor. Mas muitas vezes escolhemos continuar amando, continuar alimentando os sentimentos. E agora devo dizer para ela e para todos os espectadores o quanto escolher continuar amando ela se tornou fácil para mim.

Escuto George gritar que é hora do discurso. Escuto o bater na taça. E respiro fundo antes de começar a sentir as lágrimas escaparem.

― Eu nunca fui bom com as palavras. – Escuto algumas risadas, Hermione segura meus braços. – Fui informado logo cedo que tinha a profundidade emocional de uma colher de chá. – Minha Hermione, agora minha esposa, esconde o rosto em mim enquanto os convidados riem e batem palmas. – Então tentarei fazer o melhor. Quero agradecer a vocês por toda essa emoção, por estarem aqui por nós como sempre estiveram e como sei que sempre estarão. Agora. Hermione... sei que não escolhemos por quem nos apaixonamos, mas acredito que escolhemos permitir que essa paixão se transforme em amor. Escolhemos permitir que o amor continue. Escolhemos voltar depois de uma briga e disso entendemos. Escolhemos segurar as mãos nos dias difíceis. Escolhemos limpar as lágrimas, compartilhar os sorrisos. Escolhemos perdoar. Escolhemos permanecer. Escolhemos esperar até que o outro perceba todo o amor que temos. Obrigado por ter me escolhido, ter escolhido tomar a iniciativa, ter permitido que alguém tão mediano como eu completasse alguém tão grandiosa quanto você.

Todos aplaudem. Nossas lágrimas se misturam e nos beijamos mais uma vez.

― Sempre escolherei você. – Ela sussurra em meus ouvidos.

Não sei se é escolha quando é destino. Mas mesmo assim também sempre irei escolher ela.


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Notas finais do capítulo

Ansiosas para saber o que acharam, o que pensam sobre o discurso do Rony.
Próximo capítulo promete fortes emoções...

Até lá!



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