Somos Nó(s) escrita por Anny Andrade, WinnieCooper


Capítulo 4
Tempo


Notas iniciais do capítulo

Oi Leitores, tudo bem com vocês?
está sendo tão intenso escrever essa história que as vezes até eu me pego com umas lágrimas querendo escorrer pelo olhos. Mas ao mesmo tempo sinto felicidade quando percebo todos os sentimentos dos personagens.
Esperamos que também se sintam assim.
Boa Leitura.

PS: Lembre-se que é inspirada em This Is Us então qualquer semelhança não é mera coincidência.



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Invernos
Impérios
Mistérios

Hermione havia acabado de chegar na minha casa, mesmo minha mãe insistindo para que eu arrumasse meu quarto não o fiz. Estava cansado de andar por lojas e mais lojas tentando descobrir a diferença entre um branco neve de um branco palha. Estava lendo um certo livro que Fred e George haviam me dado “Doze maneiras seguras de encantar bruxas”.

“Garotas precisam de atenção e acredite fazer uma piada ou querer dizer que homens sofrem mais que elas por qualquer outro motivo aparente que tenha em seu minúsculo cérebro deve ser desconsiderado. O problema dela é maior que o seu. Preste atenção nos detalhes que ela demonstra. Leia as entrelinhas ou pelo menos intérprete da maneira correta”

― Oi Rony. – ela pediu licença ao abrir a porta de meu quarto. Escondi o livro debaixo do meu colchão.

― Oi como você está? – perguntei reparando nela. Estava com os olhos vermelhos e inchados. Parecia que havia chorado.

 ― Estou bem... – respondeu não me encarando. – Como anda os preparativos para o casamento?

― Ah você sabe. Minha mãe acha que Fleur se casará em meu quarto, pede para limpa-lo duas vezes por dia. – ela me entrega um sorriso de lado. – Na verdade não aguento mais saber diferenciar flores e rendas. Estou enlouquecendo.

Ela sorri e senta-se na minha cama, ao meu lado.

― Por isso que gosto de vir aqui. Você sabe me distrair. – suas bochechas ficam vermelhas quando me diz isso.

― E seus pais? – eu sabia que havia feito alguma coisa com os pais. Íamos sair em busca de almas de Voldemort em poucos dias. Não voltaríamos para a escola havíamos combinado isso.

Mas ao tentar responder minha pergunta ela começou a chorar. Não sabia o que fazer. Ela me contou aos soluços que havia alterado a memória deles. Para protegê-los os mandou para a Austrália. Não sabiam que tinham uma filha, Hermione apagou ela de suas memórias. Era tão brilhante e ao mesmo tempo triste.

Não sabia o que fazer. Lembrei-me do livro. Aproximei minha mão da dela que estava pousada na cama e a entrelacei com a minha. Apertei forte dizendo naquele simples gesto que estava com ela e que permaneceria com ela seja de que forma fosse. Ela me olhou, parou de chorar e sorriu agradecida.

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Lembranças
Cobranças
Vinganças

 

Ela sorri para ele do outro lado da mesa. Ele faz um comentário idiota sobre o próximo jogo de quadribol, ela acha espetacular e começa a rir. Sua mão toca a dele na mesa como naqueles filmes de comédia romântica. Eles se olham pelo toque. Ela cora.

― Aí Hugo, acho que estou apaixonada. – ela me diz constatando o fato que percebi minutos antes.

Continuo a observando. Ela se arruma mais no dia seguinte, passa um batom rosa. Faz pequenos cachos na ponta de seus cabelos, seus olhos tem um risco preto de maquiagem. Ela sorri a cada baboseira que ele fala.

― Aí Hugo ele me chamou para sair. – ela me diz e eu sei que perdi.

Continuo a observando. Coloca uma roupa apertada, camadas e mais camadas de perfume em sua pele. Usa uma sandália de salto. Tem brincos compridos na orelha. Ela o beija em minha frente.

― Aí Hugo estamos namorando. – ela me diz e eu começo a me afastar dela.

Continuo a observando. Sua roupa mudou, usa um moletom que esconde suas curvas, seu cabelo preso de qualquer jeito. Não passa mais maquiagem. Ela não sorri mais quando ele se aproxima.

― Hugo estou presa. – ela me diz quase chorando.

Nunca me simpatizei com ele, a única coisa que penso é que abomino quem faz a Lily chorar. Lhe meto um soco na cara e o deduro a diretora. Três dias depois ele some da escola e ela volta a sorrir, a usar um batom rosa. A ser a Lily arco-íris que eu conhecia.

― Você é meu melhor amigo. – ela me diz. Eu sorrio porque isso me basta no momento.

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E todo o medo, o desespero
E a alegria

Ninguém nunca avisa sobre a dor.

Falam sobre a realização, sobre o amor, sobre como a mulher se sente finalmente completa. Eu já era completa e agora tenho certeza que estou transbordando.

Me transformando na representação da dor.

Aperto meus dentes e continuo me esforçando. Seguro os dedos dele e sei que quase os quebro. É uma dor diferente. Eu conhecia muitas dores. A de ser torturada, de apagar memórias. Tantas dores diferentes. Mas essa parece não se comparar a nenhuma.

Escuto a voz que me diz para empurrar mais um pouco, ser forte mais um pouco.

Os olhos de Rony parecem sorrir, mas vejo o mesmo medo que sinto. Essa nossa primeira experiência e pareço incapaz de fazer qualquer coisa

É desesperador cada segundo que passa. Cada novo grito de dor que sei que escapa de mim. A cada vez que finco minhas unhas na pele dele.

Respiro fundo por mais um momento. Coloco todas as minhas forças em foco e consigo escutar seu som pela primeira vez.

O choro invadindo todo o ambiente.

O alívio.

Minha grande realização. Sinto-a se aconchegando em meus braços, as lágrimas escorrendo por nossas faces.

Por fim a felicidade.

Uma menina. Minha menina. Meu pequeno botão de rosa.

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E a tempestade, a falsidade
A calmaria

Estou gritando com ele.

No meio do campo de quadribol, estamos sozinhos. Ele tinha acabado o treino e eu estava esperando para conversar. Uma conversa que acabou em uma explosão. Espinhos e Venenos voando para todos os lados. Estávamos em uma tempestade, mas quem olhasse para cima veria apenas o céu azul.

― Você não consegue entender. – Digo jogando meus braços para cima.

― Como pode dizer isso? – Ele grita de volta. ― entre todos, eu sou um dos poucos que consegue te entender.

Estamos andando em círculos.

― Estou cansado de me esconder. – Sua voz é zangada. – Poder ser cedo para enfrentar seus pais, mas aqui no castelo? Estamos livres aqui.

― As notícias correm. – Grito ainda mais alto.

― Eu não me importo! Você por caso tem vergonha de mim?

Sinto as lágrimas escorrerem. Odeio chorar na frente das pessoas.

― Tenho medo que você não aguente a pressão. – grito entre as lágrimas. – Não aguente a pressão que será andar comigo pelo castelo todo.

― Eu já ando com você Rose! – ele cospe as palavras. – ando com você desde o primeiro ano!

― Não como namorada!

― Foi você que me beijou... – Ele se aproxima me dando um abraço apertado.

Afundo meu rosto em seu peito e deixo as lágrimas cairem em cascatas. Estou segura. Estou em seus braços.

― Eu aguento a pressão. – Seus lábios beijando minha testa. – Sou uma Malfoy, o que pode ser mais difícil que isso?

Ele é uma Malfoy. Mas também é bonito, de um jeito normal. Nada como adolescentes que vemos em filmes. Nada extraordinário. Apenas normal. Como todo o adolescente. Mas que faz meu coração bater rápido.

Posso ouvir os comentários antes de qualquer um deles acontecer. Só quem não se encaixa sabe o que isso quer dizer.

― Rose, não me importo com as pessoas.

E eu sempre finjo não me importar.

.

.

A calmaria
E os teus espinhos
E o frio que eu sinto
Isso vai passar

― Rose precisa de uma saída de praia.

― O que? – pergunto a Hermione.

Eu era um herói, tinha conseguido quatro cadeiras no clube dos trouxas. Piscinas, trampolins e escorregas gigantes. Eu e ela estávamos sentados guardando nossos lugares na sombra. Tínhamos camuflado comidas em nossas mochilas. Hugo estava em alguma piscina e Rose conversava com algumas garotas de sua idade que havia encontrado.

― Saída de praia é uma blusa gigante que é colocada por cima de roupas de piscina. Ela está gorda, sabe que vão reparar nela.

― Hermione pelo amor de Merlim! Ela tem nove anos. Ninguém repara em ninguém com nove anos.

Reparei em minha menina, estava sorrindo conversando com outras garotas, elas pareciam normais.

― Garotas são más. – me disse abrindo um livro e começando a ler no meio de todas as pessoas se divertindo na piscina.

― Jura que vai ler aqui? – perguntei querendo mais implicar com ela, estava linda com seu maiô e seu chapéu enorme, além dos óculos de sol.

― Ah não implica comigo, estou no final. – me pediu.

Dei de ombros e tirei minha camiseta. Ela olhou com desdém para o lugar que depositei ela. Hermione odiava essa camiseta. Tinha os dizeres “despedida de solteiro” com uma coroa de rei e o R de meu nome no centro. Foi quando meus irmãos e Harry organizaram uma noite de bebidas e outras coisas no bar da Madame Rosmerta. Hermione não gostava da dona do bar.

― Fique de olho na Rose que estou de olho no Hugo. – exigiu entre leitura de livros e procurar o Hugo na piscina.

― Eles estão bem.

.

.

 

E a imagem no espelho
Como a dor
Que fere o peito

― Ei vovó estava com saudades de você. – aproximo de minha avó Molly. Adoro seu abraço fofo e seu cheiro de comida. Porque pode passar o tempo que for, ela tem cheiro de comida.

Ela não me diz nada, fica acariciando meus cabelos e reparando em meu rosto. Quero entrar em sua cabeça e saber o que ela está pensando. Mesmo sabendo que posso tentar legimencia com ela não acho justo. Ela passa os dedos por cada sarda de meu rosto, contorna minha sobrancelha, acaricia minhas bochechas. Eu sorrio porque quero marcar essa imagem para a posteridade. Ela no sótão da Toca, em meio ao seu tricô me analisa e demonstra seu amor sem palavras. Queria lhe perguntar se sou seu neto preferido, mesmo ela tendo mais de dez deles, todos adultos agora e com nenhum tempo para visita-la. Sou seu Huguinho para sempre, mesmo com mais de trinta anos.

― Rony está cada vez mais bonito meu filho. – ela me abraça e sinto uma lágrima descer pelo meu rosto.

.

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Saudades
Vaidades
Verdades

“Você é gorda e feia, não queremos andar com você.”— recebi o bilhete de um guardanapo de papel. As duas garotas trouxas que havia feito amizade estavam rindo de mim ao longe. Amassei o papel e corri para perto de meus pais chorando.

― O que aconteceu Rose? – meu pai perguntou vendo minhas lágrimas.

Não respondi, joguei o guardanapo de papel no chão brava e sai de perto deles para chorar em outro lugar.

 

.

.

 

Verdades
Coragem
Miragens

― Hugo você acredita em alma gêmea?

Ela me perguntou sorrindo. Estávamos deitados na grama nos jardins da casa de nossos avós. Era fim de tarde, o vento soprava  e balançava as folhas da árvore. Eu, como um observador, reparava em todos os detalhes dela. Seus cabelos curtos, seus olhos castanhos, sua vontade de crescer aos sete anos de idade.

― Deve existir, senão nossos pais não estariam juntos. – finalmente respondi.

― Fico me perguntando quem é a minha, onde ela estará.

Quero lhe falar que ela é muito nova para pensar nisso, que tínhamos que crescer antes de pensar em namorar, que eu estava era preocupado em demonstrar minha magia que não tinha aparecido ainda. Mas não disse nada. Apenas aproximei minha mão da dela e com meu polegar comecei a acariciar sua palma da mão.

― Aposto que ela está perto.

Ela por fim entrelaçou nossas mãos e senti minhas bochechas esquentarem.

.

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Assim como a dor
Que fere o peito
Isso vai passar

― Rony olha isso. – Hermione me entregou um papel que ela lia. Estava em pé com o pescoço esticado procurando a Rose, que estava chorando por algum motivo. Peguei o papel e li.

A raiva começou a crescer dentro de mim.

― Vou conversar com os pais dessas meninas. – disse raivoso virando meu rosto procurando onde as meninas que Rose conversava estavam.

― Não. É melhor não mexer com isso. É por isso que te disse que era para ela usar saída de praia. Vou atrás dela.

― Não. Eu vou. – pedi já imaginando que ia acabar dando briga entre as duas.

Comecei a procurar ela por todos os lugares do clube e a achei sentada chorando de soluçar tentando se esconder entre dois guarda-sóis.

― Filha. – disse e ela me abraçou, sua cabeça encostada em meu peito.

― Eu sou feia. – disse em meio aos soluços.

― Não diga besteiras, você é a menina mais linda desse mundo. – acariciei seus cabelos, se pudesse a fazer se enxergar com meus olhos.

― Nunca vou ter amigos.

― Ah eu também achei que nunca ia ter amigos, seus tios eram terríveis comigo, mas quando entrei em Hogwarts tudo mudou. Não consegui apenas um melhor amigo, consegui o amor da minha vida. Sua mãe. – Posso me lembrar de como Hermione sofreu com as palavras. Não queria nunca ver Rose sofrendo o mesmo.

― Por que sou toda errada?

― Rose, nessa idade nem sabe o que é ser errada. Você é uma menina encantadora. E quer saber, olhe para elas. Aquelas meninas são ossos, pele e uma piscina comunitária. Você tem um mundo tão maior que o delas. – Respiro fundo. – Mas se preferir pode ficar com minha camiseta.

Minha doce filha deu um sorriso de lado. Eu estava conseguindo resgata-la da escuridão que estava entrando.

― É sua camiseta preferida.

― Ela tem poderes mágicos. Toda vez que visto ela me sinto poderoso. Já percebeu?

― Toda vez que veste ela mamãe briga com você. – ela me disse a verdade.

― Isso é por causa do ciúmes dela. Sabe como ganhei ela?

― Mamãe diz que foi numa das piores noites da vida dela. – ponderou outra verdade.

― Sua mãe é exagerada. Eu ganhei porque estava me despedindo de uma vida solitária e partindo para uma vida cheia de amores e eu me senti poderoso. Um rei. Percebeu a coroa? – apontei para o desenho. – Todas as vezes que visto ela, me sinto bonito e importante.

Rose arqueou as sobrancelhas desconfiada

― Como assim?

― Se você vestir ela vai ser sentir tão forte que nenhuma garota poderá te ferir. – ela não parecia convencida. ― E sua mãe odeia. – sabia que a ganharia com esse final.

Ela veste a camiseta por cima do maiô. Tão inocente e ao mesmo tempo tão inteligente. Voltamos para as cadeiras, Rose agora ignora as meninas e parece satisfeita em minha camiseta.

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Isso vai passar
Isso vai passar

Ela continua procurando pela alma gêmea, enquanto eu desacreditei do amor de uma vez por todas. E entendo aqueles poetas que escrevem sobre a dor de amar. Meus desenhos são a prova do quanto a dor pode ser inspiradoras. A técnica com carvão está sendo aprimorada nos últimos meses enquanto eu a vejo sorrindo e procurando o romance em cada um menos em mim.

Estou amarrado a alguém que parece não me enxergar. Exatamente como sempre encarei minha relação com a família, aquele que nunca é percebido, reparado. Sou aquele que sempre está por perto, mas quase ninguém parece enxergar.

Fecho minhas mãos em volta do copo de café que tomo. Maus hábitos que herdei de Hermione, a admiração pelo café trouxa forte e sem açúcar. Estou prestes a sair quando ela me toca.

A garota que estava sentada a três mesas, com óculos coloridos e roupa de quem vinha da noitada.

― Quanto quer pelo desenho? – Ela aponta para meus braços. Às vezes desenho para tentar abafar os pensamentos.

― Não estão a venda. – respondo. Continuo seguindo meu caminho.

― Então é de graça? – ela me segue.

Não entendo sua insistência, mas pego o desenho de dentro do caderno. Entrego a ela. Tenho folhas demais espalhadas por meu quarto.

― Sem nome nem telefone? – ela me devolve o papel.

Mesmo estranhando entendo o recado.

Escrevo Hugo no canto do desenho com um número logo embaixo. Sigo meu caminho.

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E todo o medo, o desespero
E a alegria

Positivo! Minha mão treme diante do teste de gravidez com a varinha que havia acabado de fazer. Começo a chorar desesperada no banheiro. Não queria engravidar, não agora. Estava quase ganhando uma causa a favor dos elfos o primeiro ministro confiava tanto em mim pra inúmeras tarefas. E agora com uma nova gravidez. Não sei o que fazer. Só quero chorar de desespero. Não era a hora. Quero bater em Ronald eu o avisei que aquele dia não poderíamos, foi aquele dia! E agora, eu como mulher, tenho que me sacrificar, sacrificar meus planos, porque estou grávida!

Eu que tenho planos para tudo nunca planejei uma segunda gravidez.

Me seguro na pia enquanto encaro meu reflexo pálido. Respiro fundo uma vez, duas vezes, três. Lavo meu rosto com calma. Não adianta nada, então começo a jogar água em minha face tentando acordar, mesmo sabendo que já estava bem acordada.

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Assim como a dor
Que fere o peito
Isso vai passar

― Você colocou essa blusa horrorosa nela? – perguntei assim que vi ele chegando com Rose, ainda chorosa para onde eu estava.

― Ela precisava de uma saída de mar. Como era mesmo o nome?

Cruzei os braços querendo rir e ao mesmo tempo o abraçar por ser genial. Ele e sua inteligência fora de padrão.

― Vocês não me notam! Eu quase morri afogado! – escuto meu filho reclamar e sinto meu coração se desesperar de susto.

Me questiono mentalmente onde estou errando. Uma escondida chorando e o outro gritando para todos os trouxas em volta o quanto a família dele é irresponsável ao ponto de deixa-lo se afogar.

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E os teus espinhos
E o frio que eu sinto
Isso vai passar

Rose era toda dele. Desde seu nascimento, se acalmava mais em seu colo. Dormia mais fácil em seus braços. Dava mais risadas com ele, aprendeu a andar em sua frente, falou primeiro papai, seus olhos brilhavam por ele. Ouvia atentamente todos seus conselhos e suas palavras encorajadoras, seu pai era seu espelho. Eu era a mãe que a colocava na linha e lhe ditava as regras. Rose era completamente dele.

E eu de certa forma não a culpava. Se eu também escolhi ele. Escolhi porque sabia que seria exatamente assim. Que apesar da baixa autoestima, da insegurança, ele sabia fazer com que as pessoas se sentissem acolhidas, quando queria. Às vezes era um legume sem sentimentos, grosseiro e irritado. Mas com nossa filha, ele deixava de ser uma colher de chá e se transformava em uma xícara cheia.

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Isso vai passar
Isso vai passar

Hugo era todo dela. O menino não planejado, que tinha o nome inspirado num autor de livro. Sorte que convenci a Hermione a tirar o Victor e ficar só Hugo. Ele sempre tão carinhoso com ela, único que conseguia fazer ela parar de trabalhar como uma louca, sua fonte de inspiração e insônia. Disse mamãe primeiro, eu era só o coadjuvante de uma história de amor entre mãe e filho. Hugo era completamente dela.

Quando olho para ele às vezes me surpreendo com tamanho semelhança. É como ver uma foto antiga minha. Como se aquele Rony em miniatura tivesse saído de dentro do papel e criado vida. Uma lembrança andante e falante.

Toda vez que tento me aproximar ele parece me repelir. O choro pedindo socorro para a mãe. Hermione que se orgulha quando ele aprende mexer nos aparelhos trouxas antes mesmo que eu consiga. Se orgulha quando ele rejeita o bacon da pizza. Se orgulha quando fica sempre na dele, sem gritos ou rompantes. Tão diferente de mim. De Rose. Tão igual a ela. Tão parecido comigo. Com a personalidade do meu pai e a fascinação por tudo que desconhece.

Observa-los me deixa pensar que está tudo bem.

.

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Isso vai passar

Pegaram três cadeiras. Três! Desta forma só temos uma. Hermione está sentada na beirada. Eu deitado em seu colo. Rose entrelaçada em meu braço direito. Hugo entrelaçado em meu braço esquerdo. Sinto Hermione acariciar meus cabelos da testa. A visão da minha família feliz. Mesmo depois de um dia perturbado no clube comunitário trouxa. Sorrio agradecendo a família que tenho e reparo nela. Está compenetrada lendo seu livro.

― É sério que está lendo aqui?

― Shiii estou na última página. – ela me pede e só sorrio.

Sorrio porque apesar de lágrimas e sustos somos uma família perfeita.

― Hermione será que é uma má hora para pensarmos num terceiro filho?


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Notas finais do capítulo

Estamos aqui esperando os comentários, ansiosas para saber o que acharam desse capítulo.

Até o próximo!



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