Tenten acabara de abrir sua loja naquela manhã ensolarada de sábado. O chão estava varrido, os vidros tintilavam como cristais e as lâminas metálicas das diversas armas ali presentes refletiam os raios de sol que adentravam pelas frestas da janela, lançando espectros coloridos sobre o chão do estabelecimento. Como ainda não havia nenhum cliente para atender, a jovem vendedora resolveu se entreter com o telescópio quebrado. Sacou ferramentas da gaveta do balcão e começou a desparafusar o equipamento.  Ao abrir a estrutura de plástico reforçada, a menina se deparou com uma infinidade de minúsculas engrenagens, pecinhas prateadas e outros tipos de mecanismos diversos.

—Aaaah, isso parece ser tão complicado! _ exclamou a jovem para si mesma, já quase desistindo do projeto.

Porém, antes que pudesse mexer em qualquer coisa na estrutura interna do aparelho, a atenção da menina se voltou para a gaveta aberta onde, além de diversas ferramentas, se encontrava a revista de cabelos que Ino havia lhe emprestado, juntamente com seu pente cheio de fios de cabelos enrolados. Tenten subitamente largou o conserto do telescópio e se voltou totalmente ao penteado de seu cabelo, folheando as páginas com avidez e escovando seus longos cabelos com o pente.

—Ah, acho que assim ficou bom!_ disse a jovem ao se olhar num pequeno espelho de bolso, seus longos cabelos soltos e castanho, lhe escorrendo pelo rosto como uma cachoeira de um marrom brilhante._ Será que ele vem hoje?_ falou num sussurro, encarando a porta da loja.

Kankuro se dirigia a loja atravessando as ruas ainda vazia do centro comercial da vila. Os comerciantes varriam as calçadas, os feirantes montavam suas tendas e expunham suas mercadorias na agitada rua. Apesar da aparência serena, o jovem estava nervoso. A confiança que o envolvia de manhã parecia ter sido toda removida pelas águas do chuveiro durante o banho. A mochila em suas costas parecia mais pesada que o normal, sua mente estava abarrotada de diversos pensamentos tão confusos que nem ele mesmo sabia interpretá-los e suas mãos tremulas estavam acomodadas nos bolsos de sua calça apertando o dinheiro que trouxera consigo para comprar as armas ninja. O jovem parou em frente a porta da loja, deu um suspiro profundo e empurrou a porta, fazendo com que os sininhos dourados tintilassem, anunciando a entrada de mais um cliente no estabelecimento.

Tenten voltara a dar atenção ao telescópio do qual, estava todo aberto e desmontado em sua bancada. A jovem antes de cabelos penteados e sedosos estava agora toda descabelada e com uma expressão de exaustão no rosto, mergulhada naquela imensidão de porcas, parafusos e engrenagens pequeninas.

—Por que fazem coisas tão pequenas, hein?_ disse a moça desesperada, quase ficando louca ao olhar aquela aglomeração de peças minúsculas em seu balcão.

O desespero de Tenten perante ao projeto desaparecera quanto os suaves tintilares dos sinos atingiram seus ouvidos. A jovem rapidamente sacou o espelho para ajeitar os cabelos e arrastou para o lado as inúmeras peças do telescópio.

—Você veio! Bom dia!_ disse a ninja toda animada, com os olhos brilhando de emoção.

—Sim, eu vim..._disse um Kankuro sem graça_ E estou querendo comprar algumas coisinhas...eerrr...você pode me ajudar?

—Claro,você veio ao lugar certo!

Tenten e Kankuro ficaram conversando sobre armas e equipamentos ninja por horas. Ela achou muito interessante a técnica e habilidade que ele tinha em disparar armas com suas marionetes, enquanto ele aproveitava o incrível conhecimento que a jovem tinha em armas de combate, fazendo com que ele conseguisse mais ajuda em como montar seu projeto de marionete. Ao finalmente escolher suas armas, Tenten falou:

—Nossa é muito bom alguém comprar tanta coisa em tanto tempo!

—Que bom eu pude ajudar. Aaah, lembrei! Você tem tinta ninja aí? Caso tenha, você teria da cor roxa?

—Tenho sim! E você deu sorte pois, é a última unidade de tinta roxa do estoque!

—Hehehe....dei sorte mesmo e...ué, esse aqui é aquele telescópio de ontem?_ perguntou Kankuro, olhando o amontado de peças esparramados pelo balcão.

—É sim. Eu estava consertando ele mais cedo mas....desisti!

—Eu posso dar uma olhada nele?

—Pode sim, vou pegar as ferramentas.

O mestre das marionetes começou a manipular as peças com gentileza. As ferramentas que Tenten possuía não eram adequadas e  muito grandes, fazendo com que a manipulação das peças se tornasse quase impossível. Kankuro também estava um pouco nervoso porque Tenten o fitava parada ali próximo a ele. Ao olhar para aquele rosto curioso com um ar infantil e meigo, o jovem tinha a impressão que ia desmaiar. O suor frio escorria pelas costas do rapaz.

—Bom...disse ele_ A boa notícia é que dá pra consertar. Já a má notícia é que para manipular essas pecinhas, eu preciso de outras ferramentas. Essas que você possui são muito grandes.

—Ah,  por isso que estava tão difícil de pegar essas engrenagens!

—Sim, realmente estava muito complicado mesmo. Mas, se você quiser, eu posso consertá-lo pra você. Lá na Areia eu tenho uma caixa de ferramentas perfeitas para isso.

—Não, não precisa. Não quero te dar trabalho à toa, poxa.

—É simples, não vai dar trabalho nenhum pra mim. Já consertei coisas piores do que isso e...._A fala do jovem foi interrompida por um som semelhante a um rugido. Ao olhar para a jovem, Tenten estava vermelha, com uma expressão de aflição no rosto.

—Hoje foi sua vez!_e xclamou Kankuro, rindo da fofa expressão da menina.

—Droga! Sabia que era pra ter comido mais coisas no café da manhã! Onde que eu estava com a cabeça de que comer só biscoitos e chá me sustentariam pela manhã inteira?

—Bom...então...você quer almoçar? Eeer eu também estou com fome e ...._Parou a frase imediatamente_”O que voceê tá falando, seu idiota! Ela vai achar que você é um lunático ou algo assim!_ pensou consigo mesmo.”

—Aaaahnnn...pode ser....daqui a pouco eu vou fechar a loja mesmo..._Disse Tenten_ ”Meu Deus, recebi um convite pra almoçar....de um rapaz!!Isso é um sonho!!”_pensava consigo mesma.

Tenten embalou os produtos junto com o telescópio e deu ao cliente, que guardou o embrulho na mochila. Kankuro aguardou Tenten do lado de fora, esperando a moça terminar de pegar seus pertences e fechar a loja. Enquanto aguardava pela moça, o jovem rapaz da Areia encarou o céu azul sobre sua cabeça, onde nuvens brancas cavalgavam carregadas pelos ventos alísios da estratosfera.

—O que eu fiz...eu sou um completo idiota..._disse para si mesmo.

No restaurante, Kankuro percebeu que Tenten o encarava com a mesma expressão interrogativa que fizera quando estavam na loja.

—O...que foi?_ perguntou o jovem tímido, temendo que a menina o repreendesse por causa de algo.

—Eu acho que já te vi em algum lugar...só que não lembro...

—Acho que agora você vai se lembrar._ Falou Kankuro, enquanto remexia nos itens que comprara, retirando o pequeno frasco com a tinta roxa ninja. Peguei um pequeno pincel de sua mochila e começou a passar pelo rosto, fazendo os habituais contornos geométricos. Ainda não satisfeito, sacou de sua mochila sua touca com o emblema da vila da Areia e colocou sobre os cabelos castanhos espetados._ E então, quem sou eu?

—Aaaaaah, agora lembrei! Você é do time do Gaara e da Temari, o cara que andava com uma múmia nas costas! Só não vou lembrar seu nome.

—Eu sou Kankuro, Kankuro Sabaku. Prazer!

—E eu sou Tenten, prazer.

—Obrigado por ter me dado a tinta de brinde, tava precisando hahahaha. Agora me sinto mais “Kankuro” do que antes, com a cara limpa.

—Eu prefiro antes. Você com essas pinturas na cara parece um...gato depressivo, talvez?

—Gato depressivo! Que blasfêmia você está falando, menina! E além disso, não é “múmia”, é “marionete”!

—Kankuro, o gato depressivo que brinca de bonecas!_ Disse Tenten rindo a beça enquanto via o rapaz ficar mais irritado

—E você também fica melhor assim, sem aquele cabelo de Mickey Mouse!

—Ora seu grosseiro!! Você vai....

Mas, um silencio perturbador caiu sobre os dois. E ambos, Tenten e Kankuro, foram sendo tomados por uma expressão de arrependimento. Tenten se culpava por ter falado mal das pinturas do rapaz, enquanto Kankuro se arrependia de ter caído na pilha e a ofendido. O rapaz suspirou fundo e falou com voz de paz e tranquilidade:

—Bom desculpa eu ter falado do seu cabelo. Eu sou um idiota, sabe?Eu não tenho o costume de sair e almoçar com uma garota bonita como você e...._Percebera que as palavras saíram de sua boca de forma involuntária. O calor voltara a tomar conta de seu rosto.

—Aaaahn...bom..._disse Tenten corada por causa do elogio_ Foi mal também por ter te falado que suas pinturas faziam com que você parecesse um gato depressivo. Eu quis dizer que sem elas você parece mais gato tipo..._”Tenten sua louca o que você está falando?”_pensou consigo mesma.

Os dois abaixaram a cabeça e ficaram encarando o cardápio sem falar mais nada. Aquele momento constrangedor foi quebrado pelo garçom que veio anotar os pedidos. Quando a comida chegou o clima entre os dois foi melhorando. Tenten contava suas aventuras com Lee ,Neji e Guy Sensei enquanto Kankuro contava a menina sobre sua terra natal e sobre suas marionetes. Os dois riam de forma espontânea a medida que ouviam as histórias um dos outros.

Kiba e Akamaru caminhavam tranquilamente após passarem a manhã inteira correndo pelos bosques e florestas do país do fogo. O fiel animal vinha nos calcanhares de seu dono, sacudindo o rabo e com a língua para fora. Já Kiba vinha com as mãos no bolso tranquilo, assobiando uma melodia alegre. Ao se deparar com a cena, seu assobio se extinguiu e um sorriso maroto surgiu em seus lábios: Tenten de cabelos soltos comendo uma travessa de lámen e Kankuro, com sua habitual pintura facial, mordiscando um sanduíche. Ambos pareciam se divertir e estavam entretidos em suas conversas. Ambos tinham as faces rubras.

—Essa a galera não vai perdoar, olha o que a gente descobriu! Que bafão né, Akamaru?_disse o enérgico Kiba correndo junto com seu cão ao encontro de qualquer pessoa conhecida para lhes contar a incrível surpresa.

Sakura e Ino caminhavam animadas observando as diversas lojas da vila quando um veloz e enérgico Kiba surgiu na rua, juntamente com seu amigo de quatro patas, falando alto:

—Sakura, Ino! Vocês não vão acreditar no que acabei de ver_ disse o rapaz ofegante_ Vi Tenten e Kankuro conversando muito animados lá no restaurante da esquina. Aquelas bochechas coradas claramente indicam que estão apaixonados!vEles não enganam nosso olfato né, Akamaru?

—Au,Au!_latiu Akamaru, concordando com o seu dono.

—Credo, a Tenten tá tão desesperada assim? Esse Kankuro é um esquisitão! Que péssimo gosto!

—Não lembro dele._  respondeu Sakura

—É o irmão da Temari e do Gaara! Aquele esquisitão, que andava com uma múmia nas costas e que parecia um gato depressivo com aquelas horríveis pinturas roxas na cara._ disse a loira, se arrepiando de medo ao mencionar o ninja da areia.

—Ah,verdade! Eu já salvei a vida dele um vez, na minha primeira extração de veneno!

—Po Ino, não fala assim dele não. Ele é um cara normal ,apesar de ser estranho quando você vê ele pela primeira vez. E sem aquelas maquiagens e aquele gorro brega ele é pintoso, po. Não tanto quanto eu, é claro. Mas, ele é um cara maneiro sim.

—Pra mim continua sendo feio.

—Aaah Ino, não fala mal do meu amigo não! E você que namora um protótipo mal feito de Edward Cullen*!

­_Não fala mal do meu Saizinho, seu pulguento!_rosnou Ino.

Temari passava pela rua quando o viu a exaltação. Ino e Kiba discutiam enquanto Sakura ficava de mediadora da confusão. A jovem ninja da Areia se dirigiu ao barulhento trio.

—Que balbúrdia é essa aqui?_ disse Temari para o grupo

—Temari, seu irmão é um garanhão!Tá lá todo de papinho com a Tenten!_disse o caguete Kiba, se exibindo.

—Esse meu irmão, hein?_ disse Temari mas pra sim mesma do que para o grupo_ Ah...,então a propósito, vocês viram ....o S...Shikamaru por aí?

—Eu não o vi mas, sei que ele adora passar pela ponte do lago pra ver o por do sol. Você pode encontrar com ele por lá.

—Ok vou dar uma passada por lá depois. Agora vou indo pessoal, a gente se encontra por aí._ disse a ninja da Areia se despedindo do grupo.

—Espera aí,T emari._respondeu o afobado Kiba_ Me diz aí qual o segredo que vocês da Areia usam para conquistar as pessoas!

—Não tem segredo, Kiba.Você tem que ser apenas você mesmo e gentil.

Kiba deu seu habitual sorriso e saiu andando ao lado de Ino e Sakura tagarelando sem parar.

Kankuro e Tenten respiraram aliviados após terem terminado o majestoso almoço. O garçon trouxera a comanda com o valor da refeição e colocara sobre a mesa, enquanto um outro funcionário recolhia os pratos e talheres. ”Seja cavalheiro,Kankuro! Pague a conta!”, dizia sua voz interior. Porém, ao colocar a mão em seu bolso percebera que o dinheiro tinha acabado todo. Calculara mal o valor gasto e agora estava lá sem graça e sem dinheiro.

—Então..._falou o mestre das marionetes sem jeito_ Eu...acabei calculando mal e...fiquei sem dinheiro._ um sorriso amarelo surgiu em sua face, enquanto coçava a cabeça bagunçando os cabelos castanho-avermelhados.

—Não tem problema eu tenho dinheiro aqui._ respondeu a menina, retirando uma pequena quantia da bolsa.

Ao contar o dinheiro ambos perceberam que o valor insuficiente para pagar a conta. Então o dono do restaurante falou para eles que não precisava do dinheiro que, ambos podiam lavar as louças na cozinha como forma de ajudar a retribuiu o valor inexistente.

—Vai ser bom ter mais quatro mãos na cozinha, até porque vamos ter convidados especiais aqui hoje. Todos os alunos e professores da academia ninja vão vir almoçar conosco e....olha lá estão vindo!

Um terremoto pareceu acontecer quando um batalhão de centenas de crianças surgindo correndo na rua ao encontro do restaurante. Atrás dos pequenos alunos,  vinham uns trinta professores,  incluindo Iruka, o diretor.  Kankuro e Tenten se entreolharam com caras deseperadas. Mas, como prometeram ao velho dono do restaurante que iam lavar a louça, vestiram seus aventais e foram pra a gigantesca pia cheia de água e sabão para eles ensaboarem os copos, pratos e talheres das refeições.

O sol já se escondia atrás das montanhas e as primeiras estrelas surgiam no céu quando os dois finalmente terminaram de lavar todas as louças do restaurante. Tenten e Kankuro estavam exausatos, com as costas doloridas, as mãos cansadas e as pernas bambas de tanto ficarem em pé.

—Eu nunca vi tantos partos na minha vida! _ disse Kankuro exausto.

—Ainda bem que eu abri uma loja de armas e não um restaurante!_afirmou Tenten.

Os dois se sentaram na margem do lago, no mesmo lugar onde se encontraram antes. O sol sumiu por completo por trás das montanhas,  dando espaço para o negro céu noturno, com estrelas surgindo tímidas em meio as nuvens.

—Ás vezes eu queria poder alcançar as estrelas_falou Tenten pensativa.

—Eu me comparado as minhas amigas sou a mais imprestável._continuou a menina, como se falasse mais com ela mesma do que com Kankuro_Sakura se tornou a ninja médica mais incrível da vila. Hinata se tornou uma mulher forte e determinada,herdeira de seu clã. Ino lucra cada dia mais e mais com sua loja de flores, enquanto eu tenho uma loja falida e nada de especial._concluiu arremessando uma pequena pedra no lago e observou as ondas que se formaram na superfície.

—Eu sempre tento me manter otimista e positiva, como o Guy sensei e o Lee. Só que as vezes percebo que tudo tá longe do meu alcance, como essas estrelas no céu. Parece que os outros cresceram e eu não. Eu não me sinto importante.

Kankuro absorveu as palavras da menina e respirou fundo. Nunca fora bom em dar conselhos então, lembrando do célebre conselho dado por Temari, deu mais uma forte inspirada no ar puro e refrescante de início da noite e disse para a menina:

—Bom, eu não concordo com o que você diz. Se eu fosse pensar assim, eu estaria agora no fundo do poço. Meu irmão mais novo é Gaara, o Kazekage da Areia. Minha irmã mais velha é a temida Temari,a ninja diplomata mais importante de nossa aldeia. Já eu, sou o cara das marionetes e um dos membros da guarda da Vila, junto com outros mais de  centenas de ninjas. Mesmo não tendo um cargo expressivo como meus irmãos, eu sou importante. E você também é, mesmo não sendo uma médica importante como a Sakura ou não ser de um clã importante como a Hinata. Sem você os ninjas não teriam suas habilidosas armas e, aquelas crianças que vieram hoje ao restaurante não teria shurikens e kunais para treinarem. Ou até mesmo eu, um ninja titeeiro, não teriam marionetes poderosas como as que tenho. Você é uma pessoa muito importante, lembre-se disso.

Os olhos de Tenten se encheram d´água, nunca pensou que um estranho falaria palavras tão motivadoras para ela. Até mesmo Guy e Lee nunca disseram algo tão motivador como o que fora dito pelo ninja da Areia. Kankuro obeservou um pequeno sorriso sincero surgir no rosto da moça e falou, retirando um pequeno pergaminho do bolso da mochila:

—Aqui, vou te mostrar uma coisa!

O pequeno pergaminho explodiu numa nuvem de fumaça colorida, fazendo surgir um pequeno ratinho marionete. Kankuro catalisou seu chácara na forma de diversos fios que saiam pelos seus dedos para movimentar o pequeno boneco. O rato marionete dava cambalhotas no ar, cavava túneis pela terra, sumia e reaparecia no solo e corria furtivo pela grama, sem emitir nenhum ruído. Tenten riu dos movimentos do bonecos comandados pelos habilidosos dedos de Kankuro. No final do pequeno show, o ratinho explodiu numa fumaça colorida voltando a forma do pequeno pergaminho inicial.

—Peguei o ratinho em homenagem ao seu cabelo de Mickey Mouse._ disse Kankuro dando um sorriso amigável para a amiga.

—Hahahahaha! Achei bonitinho, mesmo achando o motivo de homenagem ao meu penteado besta._disse Tenten_ Agora quero que você veja isso.

A ninja da Folha fez surgir um pergaminho enorme em sua frente esticando uma de suas longas páginas e, com um simples gesto de colocar a palma da mão aberta sobre um círculo desenhado no papel, o espetáculo se deu início.

Um imenso dragão chinês multicolorido saiu do papel e voou alto em direção as estrelas,dando rodopios e cambalhotas no ar. De repente,o dragão se transformou em diversos fogos coloridos que se abriam como grandes rosas no céu estrelado.Faíscas verdes,azuis,douradas,vermelhas,rosas e roxas explodiam no céu iluminando toda a vila.As pessoas se amontoaram nas calçadas e varandas para ver o incrível espetáculo de luzes e cores que os fogos emitiam.Kankuro ficou boquiaberto. Nunca vira algo tão bonito antes. As cores dos fogos se misturavam como um colorido arco íris perante seus olhos. Quando o show de fogos acabou as pessoas aplaudiram encantadas.

—Nossa isso foi fenomenal!_respondeu um Kankuro atônito

—Que bom que gostou! Acho que melhorou um pouco minha auto estima,soltar esses fogos.

—Então, agora se acha mais importante?

—Eeer beeem, acho que sim.

—Bom eu pelo menos acho você importante pra mim.

—É como?

Kankuro gelou depois de dizer aquilo. As vezes as palavras saiam de sua boca sem que ele pensasse direito. Tenten fitou a grama com o rosto todo vermelho,assim como kankuro que desejava cavar um buraco e se enfiar nele ali mesmo.

—Bom acho que vou indo embora. Lavar aqueles pratos todos me deixou exausta. Você vai querer comprar mais alguma coisa amanhã?

—Errr...não. Eu já tenho tudo aqui. E amanhã cedo vou ter que retornar para a Areia. Vou voltar mês que vem, com seu telescópio consertado.

—Aaah que pena._disse Tenten._Amanhã vai ter um evento cultural aqui na vila.Seria legal,voce que é de fora conhecer. Mês que vem vai ter outro...se você quiser ir.

—Eu adoraria, mês que vem a gente vai nesse festival.

—Sim.Bom obrigada por comprar em minha loja,pelo almoço,pelas louças e pelo show do ratinho marionete._dizendo isso,Tenten se virou e foi andando.

—Eeer...você quer minha companhia até sua casa?S não for incomodo eu posso te acompanhar .

—Sim,eu adoraria_disse Tenten sorrindo.

No caminho, foram falando pouco. A lua surgia no céu ainda tímida, escondida por trás das nuvens. Kankuro,suspirando um pouco perguntou para a amiga:

—Eu posso te enviar um falcão escrevendo pra voce sobre o conserto do telescópio e do projeto do corvo ambu. Você leria?

—Sim,claro.Eu amo escrever e ler cartas,podemos fazer isso sim.Bom que vai ser uma oportunidade da gente se conhecer melhor,já que passamos pouco tempo juntos e....._”Tenten,sua idiota o que você está falando!?”_disse sua consciência toda envergonhada.

—Eu não sou muito bom com cartas então,vou tentar dar o meu melhor.Mas admito que vai ser uma experiencia nova,até porque nunca troquei cartas com alguém.

—Eu também não.

Pararam em frente a casa de Tenten. Os dois estavam meio sem jeito do que falar em uma despedida. Kankuro coçava a parte de trás do pescoço enquanto Tenten remexia as mãos nervosamente.

—Bom,muito obrigada por hoje. Sem você o meu projeto não valeria a pena. Obrigada pelo almoço e pelos fogos._disse Kankuro sem jeito

—Obrigada também pelo que disse pra mim,o quão sou importante. Você mudou minha percepção.Espero que consiga consertar o telescópio e fazer o projeto do Corvo Ambu funcionar. Tudo vai dar certo!

E ao falar isso, Tenten se inclinou e deu um beijo na bochecha do rapaz. A menina deu um sorriso amável e sumiu adentrando a casa.

Kankuro seguiu até as margens do lado com as pernas banbas, abraçado ao embrulho do telescópio como se fosse algo muito querido e valioso. O rapaz deitou na grama gelada e molhada com o orvalho noturno, encarando a brilhante lua que agora aparecia completa, brilhante e divina. Levou a mão a bochecha onde Tenten o beijara, como se o calor daquele beijo ainda estivesse ali em sua face.