Match-Point escrita por Cris Hilario


Capítulo 29
Vinte E Sete




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POV RICK

Perna esquerda, entorse no joelho grau 2, isso foi o que ouvimos do médico após análise no hospital, merda isso leva de 6 a 10 semanas para curar, isso se ele seguir o tratamento corretamente.

— A entorse mais comum é quando o joelho é levado bruscamente para o lado interno e o pé permanece fixo ao solo. E no seu caso o impacto causou uma lesão de grau 2, um número mais considerável de fibras são danificadas, mas o ligamento ainda não perdeu a estabilidade totalmente. – disse o médico parecendo preocupado pois mesmo após a medicação Kev ainda continuava chorando feito um bebê. – Você tem sorte rapaz de não precisar passar por cirurgia, isso o faria ficar parado por no mínimo seis meses.

Kevin mal parecia ouvir o que o médico falava mas eu prestava atenção em tudo atentamente para ajuda-lo da melhor forma possível no tratamento. O resto do dia Kevin passaria em observação no hospital, fazendo uso de medicamentos para dor e compressas geladas a cada trinta minutos para diminuir o inchaço e os danos futuros.

Merda o moleque tinha grandes chances de ser aprovado, estava indo bem e com toda certeza estava se destacando, mas quem vai querer um atleta machucado logo de cara, não foi dessa vez mas com certeza o ano que vem seria melhor para ele. Fiquei ao seu lado em silêncio já que ele não parecia querer assunto com ninguém, então senti meu bolso vibrar com uma chamada, era Ludmila.

— Oi Mel, tudo bem sim, ele já está melhor. – Respondi, após observar o semblante abatido de Kevin. – Melhor esperar até amanhã, a mãe dele já está vindo pra cá, depois vocês conversam pode ser? Ok, até depois pode deixar que eu falo sim!

— Ela passou? – perguntou Kevin uns instantes depois de eu ter desligado o telefone. – Diz que o dia foi uma merda só para mim Rick.

— Olha Kev, o dia foi difícil pros dois, e infelizmente a Mel não foi aprovada também, ela ficou triste claro, mas ela tá preocupada com você acho que a ficha dela nem caiu ainda. – disse um pouco preocupado. – ela estava chorando mas acho que era por você, não por causa do jogo.

— E você tá fazendo o que aqui então caralho? – disse com agressividade. – a tua mina lá sofrendo e você deixou ela lá pra me acompanhar, eu podia ter vindo sozinho sabia?

— Calma cara a mãe dela tava lá também, não tinha muito que eu pudesse fazer! – esclareci – e eu sou o responsável por vocês dois lembra disso?

— Obvio que não tinha o que você fazer, já que a mãe dela não pode saber sobre vocês né – disse com desdém o que me fez me perguntar do que ele estava falando.

— Vocês? Do que você tá falando cara? Eu sei que está chateado com o que aconteceu mas não desconte em mim.

— Olha eu realmente te respeito como treinador, mas você tá dando muita mancada cara, acho que ela merece mais do que isso. – será que esse remédio que ele está tomando é muito forte e trás alucinações – Você não acha que está muito velho para ficar brincando com os outros?

— Mano, de verdade, não sei do que você está falando. – disse pois suas palavras não faziam sentido em minha cabeça.

— Eu sei de vocês dois, eu vi vocês juntos um tempo atrás, nem tente se fazer de desentendido pois eu sei que você já andou fazendo merda quando saiu com o Tiago, eu relevei mas eu já te aviso que se você fazer ela sofrer eu te quebro a cara, só espera eu me recuperar. – falou me deixando sem palavras e quando pensei em falar algo fui interrompido pela chegada de sua mãe, e pelo desespero dela parecia que alguém tinha morrido.

Resolvi então que já era demais para um dia só e achei melhor deixa-los sozinhos. No caminho até minha casa fui pensando nas besteiras que Kevin havia me dito, ele achou mesmo que e a Mel estávamos juntos, namorando ou sei lá, seria engraçado se não fosse trágico, ela é como uma irmã mais nova para mim e jamais pensei em uma coisa dessas, tudo bem que somos próximos talvez até mais do que o recomendado em nossa relação professor/aluna, mas realmente não vejo um motivo para que ele pensasse em nós dois como um casal. 

Fiquei impressionado com o modo que ele a defendeu, pois até pouco tempo atrás eles não se gostavam nem um pouquinho, pelo menos era isso que Mel me contava, mas pelo que pude perceber tudo não passava de uma implicância de Kev para quem sabe chamar sua atenção, não sei porém achei fofo.

Meu celular não parava de apitar, todos queriam notícias de Kevin, aparentemente ele já estava melhor pois já estava em casa, mas minha preocupação era com seu psicológico já que não vai poder ao menos pisar com o pé esquerdo no chão por alguns dias, e vai ficar se culpando pelo que aconteceu, mas infelizmente essa fatalidade não poderia ser evitada, quer dizer até poderia se ele se alongasse direito e prestasse mais atenção nas chamadas que eu dava nele, mas quem ia ser o doido de falar isso para ele nesse momento.

Procurei em minha memória alguma lembrança sobre anatomia durante o período em que cursei fisioterapia antes de decidir que o que eu realmente gostava era a educação física, e lembrei-me que as articulações do joelho são bastante flexíveis, mas quando sofrem algum tipo de lesão dificilmente voltar a ser exatamente igual eram originalmente e isso me preocupa um pouco, pois o futuro desse menino no Volêi é incrível e não pode ser desperdiçado. Pensar nisso me faz pensar em Ludmila também, que por nervosismo, ou insegurança não havia ido tão bem em seu teste, nem quero imaginar como anda sua cabeça agora, se soubesse que tudo aquilo iria lhe acontecer nunca teria permitido que nenhum dos meus alunos fossem para aqueles malditos jogos estaduais.

Após o terceiro dia achei que deveria saber como estava Kevin, pois além de meu aluno precisávamos terminar nossa conversa, então rumei a caminho de sua casa para lhe fazer uma visita. Fui recebido por sua mãe que apesar de parecer cansada é muito gentil, mas não tive oportunidade de falar com ele sobre Ludmila pois a mesma se encontrava em seu quarto o auxiliando com a bolsa de gelo que agora deveria ser aplicada a cada três horas, até que eles combinam, pensei comigo mesmo antes de me manifestar na porta do quarto.

— E ai cara melhor? – perguntei ao ver sua cara fechada.

— Melhor eu estaria se essa merda não tivesse acontecido, mas pelo menos agora já não sinto tanta dor. – disse sem me encarar muito, eu apenas respondi com um aceno de cabeça, e então um silêncio incomodo se fez no quarto.

— Eu perdi alguma coisa? – disse Mel confusa. – Vocês dois estão estranhos, Rick você não brigou com ele por causa do machucado, brigou? Por que foi sem querer qualquer atleta pode passar por isso. – disse em defesa do agora amigo, e recebi um olhar de deboche de kevin.

— Mel, pode ter certeza que eu não fiz nada, né Kevin? – o perguntei e o vi revirar o olho.

— Não fez nada mesmo, nem o que era sua obrigação. – disse irritado – Não se preocupe a Mel ta aqui mas já esta indo embora né Ludmila? Não fizemos nada de mais.

— Há mas eu não vou mesmo, o que houve entre os dois, pra que essa implicância agora? – Pergunta pro teu amiguinho! dissemos os dois juntos. Droga meu plano de conversar pacificamente com ele já era. – olha não sei o que houve entre as duas crianças aqui, mas se resolvam, e rápido, bem que dizem que meninos demoram mais para amadurecer. – disse Mel se levantando e pegando sua bolsa para ir embora. – Kevin depois me manda mensagem pra falar que horas vai ser sua fisio que eu quero ir junto.

Sem mais nenhuma palavra ela simplesmente virou as costa e nos deixou sozinhos no quarto, era hora de esclarecer tudo.

— A Ludmila só tava me ajudando com o gelo, nada de mais, não precisa se preocupar com sua namorada aqui dentro do meu quarto, e sobre a fisioterapia ela disse que quer ir junto porque minha mãe não vai poder me acompanhar, só isso mano! – disse se justificando, como se precisasse.

— Kevin, não sei o que você viu ou quando, mas eu e a Mel, a gente é como irmãos, não sei porque você entrou nesse assunto no hospital, e está repetindo isso agora, mas pode ficar tranquilo que o caminho está livre pra você, se é isso que você quer saber, eu até acho que vocês fariam um casal bonito, mas por favor nunca mais confunda nossa relação isso pode até trazer problemas para mim, beleza?

— Mano, você ta viajando, eu não falei aquilo por que estou afim dela, mas porque ela é meio que minha amiga agora, e não quero que ela passe por mais merda na vida dela. Mas você tem certeza, não ta iludindo ela, nem nada assim? – perguntou desconfiado, e eu só pude rir com toda aquela proteção com ela.

— Absoluta, nunca tive nem vou ter nada com ela, e ela está ciente disso. – ri. – Agora me conta, como vai o joelho? vai começar fisio amanhã, o que mais o médico falou?

— Nada de mais, mas por umas duas semanas não vou poder firmar o pé no chão, atividade física daqui uns três meses só, e o resto vou vendo com o tempo sei lá. – enquanto Kev continuava falando sobre seu diagnóstico, comecei a pensar formas de aproximar Mel e ele, pois aquilo poderia ser bom para os dois.

O que vocês acharam? Que fofo o Kev querendo proteger a nossa Mel não é mesmo, mas pode ter certeza que ali rola um pouquinho de ciúmes.

 


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