MeliZoe e os Olimpianos escrita por Zoe


Capítulo 11
Levo um bolo da minha mãe e luto com dançarinas de NY


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura ♥



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Resolvemos ir andando, pois não estávamos muito longe. Silvia disse que conhecia uma padaria maravilhosa por ali e que voltaria em no máximo 10 minutos com os melhores pãezinhos de canela que já comemos na vida.
Escolhemos uma das maiores árvores do parque e nos sentamos debaixo de sua copa. Vanessa e Gavin ficaram na sombra enquanto deitei no Sol e fechei os olhos. Me sentia bem, mas desesperada. Meu coração não se acalmava de forma alguma.
    Vimos Silvia voltar com sacolas e mais sacolas de pães e bolos. Enquanto eles se arrumavam eu pedia em minha cabeça para por favor, por favor, minha mãe atender a meu pedido. Todos pareciam distraídos e não tocaram no assunto.
    “Então Luna... Dimitri... Nuncai achei que o veria se apaixonar. Ele sempre foi meio que um paizão no acampamento.” Vanessa tentou chamar minha atenção em meio a minhas orações silenciosas e Gavin riu alto.
    “Não é assim.” Eu disse e ela revirou os olhos. “Pelo menos eu não acho que seja, aos olhos dele eu estou mais perto de Lira, outra de suas responsáveis do que de uma namorada.” Percebi que eu não me incomodava com isso. Tinha adorado todo meu tempo com ele, mas somente como irmã. Poderia o amar — como um mentor.
    “Fico triste por isso. Espero que ele encontre alguém.” Disse Gavin e as garotas concordaram com ele.
   “Sabe, dizem que ele é amigo de Percy e Annabeth. Já os visitou em sua casa e tudo.” Vanessa continuou.
   “Percy e Annabeth?” Me perguntei se esses eram outros deuses que eu não conhecia. E como Dimitri os visitava.
   “Apenas os últimos maiores heróis do Acampamento.” respondeu Vanessa.
   “Mas isso é história para outras ocasiões.” Completou Silvia, que revirava os olhos comendo um de seus pãezinhos de canela.
  “Então campistas conseguem viver depois dos 20?” Perguntei e meus companheiros riram.
   “Sim... Alguns. Muitos voltam para o “mundo real” e tentam viver uma vida longe de toda essa história. Alguns batalharam até a morte. Alguns, como Percy e Anabeth, vão morar na legião. É um lugar onde podem envelhecer com segurança e criar seus filhos.”
   “Filhos?!
   “Claro, semideuses também se reproduzem, sabia?” Disse Silvia rindo.
   “Não tive tempo para imaginar uma vida após dos 20, imagina criar uma familia e envelhecer....” Falei baixo.
   “Percabeth são sortudos.” respondeu Vanessa sonhadora.
   “Não, são muito talentosos. Ótimos em estratégia e combate. E tem uma ligação muito forte. Hoje, seus filhos treinam no Acampamento Romano.” Me informou Silvia com aboca cheia.
   “Isso não importa agora... Eu sei que Luna não se interessou por Dimitri, pois já tinha outro em mente.” Disse Silvia de repente me tirando dos meus pensamentos confusos de como campistas podiam envelhecer, ter famílias, e que existia outro acampamento... “Matheus, não é? Eu tenho um talento pra essas coisas.”
   “Claro que tem...” Disse Vanessa esconendo uma risada. 
   “Eu ajudei VOCÊ, Vanessa.” Silvia disse apontando para o rosto da amiga.
   “E nunca vai me deixar esquecer.” Vanessa bateu na mão de Silvia e riu. “Então, Matheus?”
    Corei levemente e tentei desviar do assunto.
  “Não tive tempo de pensar nessas coisas, fiquei apenas 2 dias no acampamento, lembra?” Respondi e Silvia revirava os olhos para mim.
  “Voce não me engana. Pode enganar a todos, mas não a uma filha de Afrodite.”
   Passamos o resto do dia conversando sobre outros campistas e o que faríamos quando voltássemos. Descobri que Vanessa namorava Felipe, que era irmão de Matheus não só por divinidade, mas por mãe biológica.
   “Não sabia que deuses voltavam para ficar com seus antigos parceiros.”
  “Já aconteceu antes... Mas não é comum. Um filho olimpiano já coloca em risco seu amado, dois é praticamente assinar um atestado de óbito.” Vanessa me informou.
  “Se eles amassem mesmo seus companheiros não teriam filhos olimpianos.” me disse Silvia, com um pouco de raiva.
  Ficamos calados por um tempo depois disso.
  Escurecia e nós precisávamos sair dali. Tentei esconder minha decepção e ajudei Gavin a jogar as embalagens no lixo, ele guardou algumas na mochila e disse que era pra se sentisse fome durante a noite.
  Entendi que todos sabiam que minha mãe não viria. Deuses ignoravam seus filhos. Mas ninguém quis tirar minhas esperanças, então perdemos um dia comendo pão e fofocando.
  Andamos pelas ruas da cidade por um tempo e decidimos que poderíamos viajar de noite já que estávamos todos descansados. Silvia iria usar um orelhão na frente de uma boate que tinha uma fila imensa para chamar um taxi.
  Um taxi de verdade dessa vez, eu pedi, mesmo sem saber em como pagaríamos.
  “Relaxa, eu sei o que fazer. Mas seria mais fácil de Hadasse tivesse aqui...” Me disse Vanessa antes de se concentrar na cabine telefônica.
   Silvia e Gavin conversavam com três garotas que estavam na fila. Silvia se ofereceu para ajuda-las a entrar pela janela do banheiro. Ela provavelmente morava na cidade antes de ir para o acampamento.
   Gavin as acompanhou para o beco escuro do lado da boate para “ajudar”. Vanessa continuava concentrada na cabine telefônica como se estivesse resolvendo alguma equação muito difícil. Tentei me lembrar da minha ultima aula de matemática, mas não tinha quase nenhuma memória dessa época.
   Resolvi procurar Silvia e Gavin já que não podia ajudar Vanessa com meu (nada) vasto conhecimento matemático. Quando cheguei no beco quase não enxerguei nada por causa da escuridão. Andei mais um pouco e vi que uma das garotas segurava Gavin contra a parede.
   Silvia estava jogada no chão e tentava se levantar.
  Apertei meus olhos para enxergar melhor e consegui ver as garotas da boate novamente. Seus cabelos eram flamejantes e tinham uma perna de burro e outra de bronze. Tinham asas e seus olhos eram amarelos. Me abaixei rapidamente orando à Deméter que elas não tenham percebido que eu estava ali.
  Silvia levantou, deixou sua arma no chão e começou a conversar com os monstros.
  “Voces não querem nos atacar. Voces querem ajuda para entrar na boate. Nós estamos ajudando vocês a entrar na boate. Voces encontraram um grupo nativo de nova York que vai as ajudar a entrar na boate. Voces só querem entrar na boate, e nós estamos ajudando.” As mulheres se entreolhavam sem atacar.
   “Seu charme não vai funcionar conosco filha de Afrodite. Desista.” A que segurava Gavin falou e as outras atacaram Silvia.
   “EU ESTOU AJUDANDO VOCES A ENTRAR NA BOATE! VAMOS SUBIR A JANELA? VAI SER TÃO DIVERTIDO... OUÇA A MUSICA.”
    Meu corpo queria seguir as ordens de Silvia e subir a janela. Não sabia qual era sua estratégia, mas as duas mulheres que vinham em sua direção se viraram para o prédio.
   Sem querer abusar da sorte uma segunda vez, dividi minha lança em duas e as joguei em direção das mulheres que tentavam escalar a parede sem ajuda. Silvia estava parada, desarmada perto de latas de lixo.
   As duas mulheres atingidas se transformaram em pó e isso irritou muito a que tinha Gavin nas mãos. Ele lutava contra ela, mas ela o jogou facilmente do outro lado do beco, batendo em uma das paredes.
   Antes que eu pudesse pegar minha adaga a mulher me atingiu. Bati a cabeça contra o muro atrás de mim e cai no chão. Minha cabeça latejava e todo o meu corpo doía. Coloquei a mão no rosto e minha testa estava sangrando.
  O monstro me levantou de novo e me jogou para cima de Silvia. Caimos juntas dentro da lata enorme de lixo. Tentei sair e pegar minha lança que estava quase ao meu lado, mas quando estendi o braço um dos pés da criatura pisou encima dele. Gritei de dor.
   Quando abri os olhos a coisa já não estava lá. No lugar, uma Vanessa sorrindo com uma de suas adagas na mão.
   Ela nos ajudou a levantar. Silvia estava menos machucada. Meu braço estava quebrado e Gavin desacordado.
   “Vamos, nossa carona não vai esperar para sempre. Medicamentos no carro.” Disse Vanessa. Ela parecia muito orgulhosa de ter conseguido nossa carona. E saiamos na hora certa.
     As duas garotas carregaram Gavin e eu entrei no carro sozinha. Olhei para o motorista antes, dessa vez, para me certificar que não estava entrando diretamente para minha morte. Mas não vi ninguém através do vidro preto.
   Vanessa se sentou no banco da frente e Silvia, Gavin e eu dividimos o banco de trás. Assim que fechamos a porta o carro saiu.
    “Luna... Sei que não é uma boa hora, mas para onde vamos agora?” Disse Vanessa sem olhar para trás. Eu ainda não conseguira ver quem estava dirigindo.
   “Para o parque, por favor. Não temos outro lugar para ir.” Pude ver o olhar de pena dela e virei a cabeça. Ir para Manhattan tinha sido um plano estúpido. Nunca devia confiar em meu pai, mas era difícil largar hábitos antigos.
  Pensei na reclamação dele de quanto tinha gastado no meu funeral. Na época, não vi as noticias. Mas talvez quando toda essa missão acabar eu gostaria de ir em minha lapide prestar respeito à criança que morreu no dia em que fugiu do ônibus da escola.
    Silvia me passou um pouco de ambrosia.
   “Não coma muito. Em excesso pode te transformar em pó.” Ela me advertiu enquanto tentava acordar Gavin.
   Comi um pequeno pedaço e imediatamente senti uma extrema felicidade sem razão alguma. Tinha gosto do hambúrguer que eu fazia com meu pai quando era criança. Afastei novamente as lembranças e meus olhos começaram a pesar.
   “Vanessa... Quem dirige esse carro?” Perguntei e Vanessa olhou para trás, sorrindo.
   “Ninguem. É uma das invenções de Leo Valdez. É um autômato. Se dirige sozinho depois que o colocamos no rumo. Todo semideus em missão pode o chamar. Mas é um pouco complicado... Para evitar que monstros ou mortais os usem é preciso escrever um código enorme que muda a cada semana e depois responder a uma pergunta, como uma adivinhação.” Ela parou um pouco para pensar no que deveria falar. “Eu não conseguiria sozinha, sinceramente, Hadassa me fez decorar o código dessa semana antes de sair do acampamento. Se precisarmos semana que vem, eu não saberia o chamar.” Ela sorriu envergonhada.
   “É bem melhor que as três velhas loucas, com certeza.”
   “Luna, pode dormir. Eu tomo conta por aqui.” Me disse Silvia e passou a mão em meus cabelos.
   “Sim... Claro.” Comecei a fechar os olhos e então sorri, quase dormindo. “Silvia, pode cortar meu cabelo algum dia?”
   “Pensei que você nunca pediria! E sinceramente, vou te emprestar roupas. Não pode ficar andando por ai com a camisa do acampamento. Mesmo que os monstros não nos cheires você é um anuncio enorme de quem somos.”
   “Sim, quem inventou de fazer uma camisa laranja?” E dormi sem ouvir a resposta.
    Nos meus sonhos, estava em uma clareira na floresta onde ficava antes de encontrar o acampamento. Durante alguns meses não encontrei nenhum monstro e pode ter sido o lugar mais feliz dos últimos dois anos. Eu dormia em uma caverna e pescava em um riacho. Estava deitada pegando Sol e admirando um girassol quando vi uma mulher ali.
    A mulher tinha longos cabelos loiros, da cor de trigo maduro, e usava um vestido longo e verde, além de uma capa. Parecia um pouco comigo. Pensei que talvez fosse um espelho, mas eu estava mais velha e tinha um brilho estranho. Ao seu redor, todas as plantas floriam e cresciam. Utilizava uma coroa de folhas de milho e tinha um cheiro doce como um campo de jardim logo após a chuva. Ela sorriu para mim.
   “Você pediu minha presença, filha. Aqui estou.”
  Se não estivesse em um sonho, Luna estaria mais nervosa do que nunca. Mas ali seu coração batia normalmente e ela se sentia calma como a brisa em campos prontos para a colheita.
    “Preciso de ajuda mãe... Não sei o que estou fazendo.”
   “Voce sabe exatamente o que esta fazendo. Se posso te ajudar em algo, digo para parar no Dellaware Water Gap, deixei ali para você um presente.” O sorriso da deusa me deixava calma.
     “Porque você não me reclamou antes?” Não queria parecer mesquinha, mas as palavras saíram antes mesmo de eu perceber o que falava.
    “Eu reclamei... Como Percy pediu, aos 13 anos.” Ela se virou e começou a tomar o caminho contrario ao meu. “Confie em seus instintos. Nós somos especialmente boas nisso.” E se foi.
   A cena mudou e eu estava agora dentro de um café. Muitas pessoas ali usavam camisas roxas e outras camisas de meu acampamento. Meus olhos pararam em uma mesa onde um satiro que parecia tão maduro quanto o de meu outro pesadelo se sentava com um homem que poderia ter 20 anos. Seus cabelos pretos e olhos azuis como o mar pareciam me hipnotizar. Quando cheguei mais perto da mesa o cheiro de café se misturava com o cheiro da brisa leve do mar.
   “Você se preocupa demais... Já mandaram duas missões para tratar disso. Eu mesmo vou acompanhar o segundo time para o Sul. Tente descansar, você não tem mais 20 anos.”
   “Graças a Poseidon. Mas é difícil não me envolver... As coisas tem estado calmas a tanto tempo e agora eu tenho mais a perder.”
    “Bom, se você pensar bem... Seria mais Apesar de Poseidon.” Os dois riram e tudo desapareceu.
    Acordei por apenas alguns segundos e balbuciei “Delaware Water Gap. É o novo destino.” O carro mudou bruscamente de caminho e eu dormi novamente.


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Notas finais do capítulo

O que acharam do futuro de Percabeth? Comentem! Amo vcs ♥



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