MeliZoe e os Olimpianos escrita por Zoe


Capítulo 10
Ignoro conselhos de todos e paro em Manhattan


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura ♥



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Na minha frente estava parada um menino-monstro-bode.
Não um.
    O menino-monstro-bode.
    Das lembranças que eu fazia de tudo para ignorar.
   Ele cumprimentava as garotas e eu continuei parada onde estava. Não sabia como agir. Deveria pedir perdão?
   “Luna? Prazer, sou Gavin, o satiro que acompanhará vocês na missão.” Ele estendeu sua mão e eu a segurei incerta se ele lembrava de mim. Talvez tenha batido na cabeça dele mais forte do que me lembrava.
   “Gavin?”
  “Sim.. Meu pai queria Groover para homenagear... Bem, o Groover. Mas minha mãe me “registrou” então ao invés de homenagear um dos maiores satiros da história eu homenageio contadores e corretores de imóveis de 40 anos.” Ele deu de ombros e as meninas riram, provavelmente já ouviram essa explicação outras vezes.
   Não consegui rir. Meu coração batia rápido e tudo em meu corpo me dizia para fugir. Se elas soubessem o que fiz não iriam querer minha companhia.
   “Você é a líder da missão, então você nos diz para aonde vamos. E como.”
  “Podemos pegar um táxi... Não me dou bem com transportes aquáticos.” Disse Vanessa enquanto pegava um livro dentro de sua mochila.
  “Podemos ir de avião, com certeza é o meio mais rápido.” Silvia falou e me perguntei de onde tiraríamos dinheiro para um avião. Imagino se alguma companhia aceita dracmas.
  Imediatamente me lembrei da Mulher-Furacão que me alertara que Zeus não era o único que controlava o céu. Na época eu não conseguia entender, mas agora fazia um pouco mais de sentido.
  “Não, por favor... Pelo céu não.” Disse e todos olharam para mim com uma feição de interrogação. “Tive experiências desagradáveis com uma mulher que se transformava em um furacão e gritava para mim que Zeus não era o único que controlava os céus.” Parei assim que percebi que Gavin olhava nos meus olhos. Ele lembrava.
  “Sim... Espíritos dos ventos. Sempre arrumando briga por ai.” Vanessa sorriu para mim. “Por Terra então?”
  “Tenho alguma experiência em atravessar esse pais à pé. Se formos andando podemos chegar em 40 dias, ou um pouco mais...”
  Fui interrompida pela risada de Silvia. A garota ficava linda rindo, mas me incomodou.
  “A pé? Atravessar o país a pé? Santa Afrodite...” Ela dizia e virou de costas para mim, indo em direção a uma torneira.
  “Silvia vai chamar as Greias. Podemos chegar a Califórnia e tentar seguir os monstros até achar a localização exata.” Disse Gavin e olhou para mim para confirmação. Me lembrei do sonho que tive esta manha.
  “Existe algum lugar na Califórnia chamado President?” Perguntei e Gavin e Vanessa se entreolharam.
  “Sim... É uma árvore. A árvore mais antiga do pais, e uma das mais antigas do mundo. É um lugar de poder. Fica no Ancient Bristlecone Pine Forest.” Me respondeu Vanessa.
  “É um lugar extremamente importante para os satiros. Para todos os seres da natureza.” Gavin completou.
  “Eu sonhei com um menino.... Com um satiro. Ele tocava a flauta e mandava outros satiros se encontrarem com o exercito.” Parei um pouco para me lembrar melhor do sonho. Os olhos dos satiros dançando era uma imagem que eu nunca poderia tirar da cabeça. “Eles chegam em duas semanas e querem vingança pelos olimpianos os tratarem como escravos.”
  Silvia estava de volta ao meu lado e os outros continuaram silencio. Gavin o quebrou com um suspiro e passou a mão em seus chifres.
  “Claro... Sempre existiram satiros com esses pensamentos, mas a muito tempo não há um que desafia Olimpo dessa forma. Me pergunto como ele encontrou a flauta de Mársias.”
   “Imagino que alguém te contou essa história?” Me perguntou Silvia.
  “Sim... Matheus, hoje de manha enquanto me ajudava a colher algumas ervas.”
   “As greias devem aparecer a qualquer minuto na estrada, vamos andando. A viagem de carro pode durar 2 dias. Sem interrupções.” Silvia falou e começou a andar. Mesmo tendo mais o que falar, me senti impelida a começar a andar como se suas palavras mandassem em meu corpo.
   “Na verdade, gostaria de parar em Manhattan. É importante para mim.” Eu disse, enquanto descia a colina com meus novos amigos. Ao passar pelas cavernas e arvores que eu me escondia para analisar o acampamento de fora não pude deixar de sorrir.
   “Não pode ser feito depois da missão?” Me perguntou Vanessa.
   “Eu preciso fazer isso agora.”
  “E o que é isso, exatamente?” Me perguntou Silvia e eu podia sentir o julgamento em sua voz.
  “Eu não sei, mas quando chegar lá vou saber.”
  “Bem... É importuno, claro. Mas uma das primeiras coisas que aprendemos é confiar em nossos instintos.”
 Quando chegamos na estrada um taxi cinza e velho nos esperava ali. Entramos e sentamos todos no banco de trás, tão espremidos que eu podia sentir cada respiração de Gavin ao meu lado.
  O taxi mal esperou que fechássemos a porta e começou a correr.
  “Mudança de planos... Para Manhattan.” Disse Silvia e jogou uma moeda para o banco da frente.
  Não pude deixar de me assustar quando vi que quem dirigia o taxi era, na verdade, três mulheres. A motorista se virou para pegar a moeda e ela não tinha olhos!
 “Meu deus! Ela é cega! Vamos sofrer um acidente! QUE TIPO DE BRINCADEIRA É ESSA?” Comecei a gritar e tentar abrir as portas para pular do carro.
  “Calma benzinho. Não é a primeira a fazer essa observação, sabe?” Disse uma das três mulheres.
   “Argh. Observação. Voces mestiços são tão prepotentes.”
  “Seus olhos estão um pouco vermelhos, quem sabe você não seja a próxima?”
  O que passou para uma discussão de quem deveria ficar com o olho. Meu coração batia a quase 170 por minuto e eu me agarrava ao assento do banco como nunca fizera antes.
  “Não preste atenção, Luna... É sempre assim.” Me disse Silvia, que parecia uma princesa sendo carregada em uma limousine.
  Tentei tirar meus pensamentos do carro e me lembrar de coisas boas. Agora eu tinha uma casa para voltar. Tinha um irmão. Quando voltasse poderia ajudar na horta atrás do chalé... Marcar com Matheus de treinar com arco e flecha...
  “Se nós estamos indo para oeste, quem esta indo para o Sul?” Vanessa perguntou.
  “Luna?” Me chamou Silvia. 
  Olhei confusa para eles. Eu não sabia. Nem Dionisio nem Quiron tinham me procurado para me ajudar na missão. Dimitri, Matheus e Laura não tocaram no assunto em nenhum momento. Me perguntei se isso era proposital ou ninguém realmente sabia.
  “Eu não sei... Sr.D tem feito um bom trabalho em me ignorar desde que cheguei.” Respondi confusa e um pouco ríspida.
  “Ele é sempre assim, mas é um cara legal no fundo.” Disse Vanessa e Silvia revirou os olhos. Tive a impressão que ela não gostava muito do diretor do acampamento. Não consigo imaginar porque já que ela é conselheira de seu chalé e aparentemente acompanha muitas missões. O que ela teria para reclamar?
   O carro parou abruptamente e quase bati minha testa no banco da frente.
   “Que tal uma gorjeta pela rapidez?”
   “Que tal aprender a dirigir para não bagunçar meu cabelo na próxima viagem?” Respondeu Silvia, saindo do carro.
   Eramos um grupo estranho, mas ninguém iria notar isso em Manhattan. Tres garotas com armas de ouro e bronze e um menino com chifres carregando uma mochila quase de seu tamanho.
  “Não se preocupe. A nevoa cuida disso. Eles não podem nos ver como realmente somos.” Sussurrou Vanessa no meu ouvido. Não fazia sentido, mas ler pensamentos poderia ser um dom dela.
   “E agora Luna? O que estamos procurando aqui? Me perguntou Silvia e eu fiquei com vergonha de responder que não fazia a mínima idéia.
  “A verdade é que um ano atrás liguei para meu pai. Estava perdida na floresta. Ele me falou do acampamento e disse que se viesse para Manhattan minha mãe me encontraria... Pensei que poderia usar uma conversa com ela no momento. Não sei o que estou fazendo.”
   “Calma... Todos já passamos por isso. Estamos aqui para te ajudar.” Vanessa andou até o meu lado e me abraçou.
   “Podemos ir ao Central Park. Por aqui é a maior conexão com a natureza que podemos ter.” Gavin falou e as meninas riram. Sim, Nova York provavelmente não seria o lugar mais fácil para encontrar a deusa da agricultura.
   “Que tal um piquenique?” Ofereceu Silvia, agora sorrindo.
   Realmente fiz as escolhas certas. Agradeci silenciosamente à minha mãe e pedi que ela me encontrasse.
   Por favor, por favor, me encontre. 


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Notas finais do capítulo

Coloquei outro capitulo hoje já que o ultimo ficou tão curtinho. Comentem !! Amo vcs ♥



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