O Passado do Lobisomem escrita por Heringer II


Capítulo 14
Capítulo 14


Notas iniciais do capítulo

Gente, dois capítulos em dois dias seguidos? Deve ser um novo recorde KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK

Espero que gostem! ^^



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Eu, Jeanne e Denis nos escondemos num galpão abandonado que havia ali perto. Ficamos ali deitados até que o barulho dos disparos passasse.

Passamos quase meia hora naquele lugar empoeirado e com janelas quebradas. Mas, com certeza era melhor que o fogo cruzado.

Quando os tiros pararam, saímos, e voltamos para onde nosso carro estava. Chegando lá, notamos que a fazenda estava totalmente destruída.

— Vamos lá ver. - falei.

Jeanne e Denis estavam meio receosos, mas me acompanharam.

Quando entramos, vimos que os animais estavam mortos, com feridas enormes que pareciam feitas por garras de algum animal gigante. Alguns homens também estavam mortos ao lado das plantações. Estes, no entanto, apresentavam ferimentos de armas de grosso calibre, não de garras. Mais à frente estava o dono do fazenda. Este sim, apresentava um ferimento semelhante aos que os animais tinham.

Ficamos horrorizados com aquela cena.

— Gente, acho que vou vomitar. - falou Jeanne.

— Por favor, perto de mim não. - comentou Denis.

Eu não falava nada. Tentava assimilar tudo que estava acontecendo.

— Evelyn. - Denis chamou. - Em poucos minutos, a imprensa vai lotar esse lugar. Temos que ir embora agora se não quisermos ter nossos nomes envolvidos.

Concordei com a cabeça, e nós três saímos dali o mais rápido que podemos.

Denis foi buscar gasolina no posto mais próximo, deixando eu e Jeanne cuidando do carro.

Minha amiga até tentou conversar comigo enquanto ele não voltava.

— Então, Evelyn, ansiosa para o vestibular?

Olhei para ela com uma cara de "sério? Essa pergunta?", e não respondi nada.

Na verdade, eu ainda tentava absorver o que eu tinha acabado de presenciar. Eu não sei como eu conseguiria passar mais uma noite cuidando de Aldo sabendo disso tudo.

Denis chegou, trazendo consigo um galão de gasolina. Abasteceu o carro e nos levou de volta.

— Ei, Evelyn. - Jeanne chamou.

— Oi.

— Eu disse a minha mãe que ia ficar na sua casa. Tudo bem?

— Tudo bem. - dei a ela um sorriso cansado, pois não me aguentava mais de sono.

Denis deixou eu e Jeanne na minha casa e foi embora. Chegando em casa, ele tentou fazer o mínimo de barulho, mas o carro parando em frente a casa dele fez seu pai acordar.

Denis entrou pela porta de casa sorrateiramente, mas ao virar-se para frente, viu o pai dele em pé, com os braços cruzados e um olhar de reprovação que fez Denis se deter imediatamente.

— Você vai ter que me explicar isso direitinho, rapaz.

— Você vai ter que me explicar isso direitinho, rapaz.

Enquanto isso, eu preparava um lugar no chão do meu quarto para Jeanne dormir. Em seguida, fui para minha cama e me entreguei, enfim, ao sono.

Eram quase cinco da manhã. Tínhamos que ir para a escola às sete. E foi então que eu lembrei de um detalhe importante: eu não tinha feito o dever de português.

*

Quando o sol nasceu, o grupo de criminosos ainda se recuperava da noite anterior.

— Metade. - disse um deles. - Metade dos nossos homens! Tudo por causa daquele velho!

— Esse caso de lobisomem já está me dando nos nervos. - disse outro deles.

— Tenha paciência! - um que estava um pouco mais longe do bando gritou. - A recompensa valerá a pena. - disse, carregando sua espingarda.

*

Acordei mais cedo que meus pais para poder ir pra escola o quanto antes, assim não descobriram que Jeanne dormiu ali naquele dia. Chegamos na sala e ficamos esperando Denis.

Quando ele chegou, veio com o jornal nas mãos.

— Adivinhem qual a notícia da primeira página.

Ele colocou o jornal em cima da minha mesa, e eu e Jeanne pudemos ler: "Fazenda Pôr do Sol é atacada pelo suposto lobisomem".

— Poderíamos dar uma entrevista de primeira mão sobre o ocorrido. - Jeanne falou, ironicamente.

— A única entrevista que eu queria ter agora é com a minha cama. - falei.

— Isso não fez sentido.

— Cala a boca, Jeanne!

— Meus pais descobriram que eu saí de carro ontem à noite. - Denis falou, atraindo nossa atenção.

— E aí? - perguntei.

— Bom, claro que eu não falei que a gente foi até a fazenda. Eu disse a eles que tínhamos ido visitar você no asilo, e depois saímos para nos divertir.

— Bota diversão nisso. - comentou Jeanne.

— Já sabe o que vai fazer hoje à noite, Evelyn? Digo... Com relação ao velho lá?

Dei uma breve risada do linguajar que Denis usou e o respondi.

— Não. Não sei. Mas de uma coisa, eu tenho certeza, hoje eu vou colocá-lo sob pressão.

— Como assim? - perguntou Jeanne.

— Vou colocar os pingos nos is, se é que vocês me entendem.

— Por falar em pingo nos is, eu tenho uma pergunta. - disse Denis.

— O que é?

— Alguma de vocês fez a atividade de português?

*

Anoiteceu. Como de costume, jantei, escovei os dentes, tomei banho e fui pegar o ônibus que me levava para o asilo municipal.

Enquanto o ônibus me levava, eu ensaiava mentalmente o que eu iria dizer para Aldo quando o visse.

Quando o ônibus parou, desci dele e me dirigi até o quarto de Aldo. Nem sequer dei boa noite para a supervisora. Os velhinhos me olhavam curiosos porque viam a minha cara de quem está furiosa até os nervos. Quando cheguei na porta dele, ouvi, novamente, ele falando como se estivesse conversando com uma pessoa. A vontade de interromper a conversa era grande, mas a vontade de ouvir o que ele falava era ainda maior. Então, simplesmente, esperei ele acabar e o ouvia atentamente.

— A morte dele veio rápido. - Aldo falava. - Até hoje ninguém sabe o que realmente aconteceu... - fez uma pausa de alguns segundos. - Eu precisei sair dali, prometi a mim mesmo que nunca mais eu iria voltar naquele lugar. E assim o fiz.

Aldo parou de falar. Imaginei que seria apenas outra pausa, então esperei mais um pouco antes de entrar no quarto. Quando passou quase um minuto sem que ele falasse, decidi entrar no quarto.

Quando eu entrei, ele imediatamente olhou para mim e me falou.

— Pensei que você não viria mais, depois de ontem à noite.

Senti um calafrio no meu corpo quando ele falou isso.

— Ontem à noite? O que você sabe sobre ontem à noite?

— Como assim o que eu sei? Você saiu daqui toda estranha ontem.

— Ah, sobre isso... Eu...

Respirei fundo.

— Aldo, eu sei que você é o lobisomem!


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Notas finais do capítulo

Quero só ver agora!