Nossa conversa foi adiada.

Porque os N.O.M.s foram apenas adiados para o dia seguinte. O que fez com que ficássemos a maior parte do tempo trancados dentro de salas fazendo as provas.

A garota do all star azul estava andando pelo castelo com pelo menos cem volts abaixo do que costumava brilhar. Toda vez que me aproximava ela acabava escapando.

Estava tentando achar o melhor momento para voltar a me aproximar. Estava com saudades de sentar com minhas costas contra a dela. Com saudade de dividir os fones de ouvidos e decorar músicas trouxas. E estávamos afastados por apenas poucos dias. Que na verdade pareciam muitos.

Albus disse que eu não parava de soltar suspiros irritantes e que não o escutava. E na maior parte do tempo ele estava certo. Ficava apenas tentando entender porque ela estava se afastando de todos nós. Sentava-se com o irmão e se mantinha quieta em todas as aulas.

Era uma tortura. Eu sentia vontade de juntar meus tênis com o dela.

No fim de semana iríamos para Hogsmead como uma recompensa pelas provas e toda a pressão que sofremos. E estava disposto a ter aquela conversa.

Enquanto todos saiam pelas ruas animados pela breve liberdade, foi a minha chance de voltar a tocá-la. Ignorei as amigas novas que ela tinha, os garotos que pareciam gostar da garota de tênis azul, logo após sua versão rebelde se mostrar para todos eles. Ignorei até Albus que estava tentando planejar o passeio.

Segurei-a pelas mãos, o que fez com que seu rosto de repente fosse tingido de rosa.

— Vamos comprar doces... – a puxei pela rua, as garotas que estavam com ela soltaram risos.

Quando paramos de frente a vitrine como tantas vezes antes, ela olhava para o chão. Respirou fundo. Depois abriu o sorriso. Um sorriso que me fez falta.

— Desculpa. Eu estava de castigo. – Ela disse depois de olhar em volta.

— O que? Como assim? – Questionei esquecendo todo o discurso que tinha preparado.

— Se me aproximasse de você ou Albus ficaria sem poder vir para Hogsmead. – Ela ainda segurava minha mão. – Mcgonagall pode ser muito malvada com castigos.

Eu desconfiava que era muito estranho a garota ter escapado ilesa, mas aparentemente o castigo era mais para mim do que para ela.

— Não poderia ter mandado um bilhete explicando?

— Scorpius, parece que ela está por todos lugares... – ela se aproximou de mim e sussurrou as palavras. – É como um fantasma.

— Achei que estava fugindo de mim. – Eu falei enquanto tentava decorar suas novas sardas. Aquelas que surgiram enquanto eu não estava por perto.

— Por que fugiria? – Seus olhos brincavam pela vitrine, procurando fotografar quais doces pegaria primeiro.

— Para não conversar comigo. – falei quase engasgando.

Agora que ela estava de novo por perto, talvez a coragem que me deixasse.

— Eu nunca fugiria de você. – Foi a vez dela me arrastar. – nossas conversas são as minhas preferidas.

Entramos na loja. Juntos. Entrelaçados pelas mãos. Sua frase revirando em minha cabeça. Quando ela voltou a me olhar eu não consegui mais me segurar.

“O sal viria doce para os novos lábios...”