Sob a Face de Boneca escrita por Jace Jane


Capítulo 7
Capítulo 7 - Dama de sangue em uma noite gélida




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Os pelos dos seus braços estavam eriçados o vento rasgava sua pele desprovida de roupas. Seus pés estavam cansados de tanto andar naquela mata adentro, o liquido em seu corpo estava secando junto do barro que lhe cobria.

Estava confusa, não sabia onde estava, nem como foi parar naquele estado.

Quem eu sou?

Em quanto refletia vários gritos saíram de atrás das arvores, gritos assustados.

— Dama de Sangue! – Gritou um garoto no meio deles, deixando a garota perdida ainda mais confusa.

— É um demônio! Mata ele. – Gritou uma garota em pânico.

A “Dama de Sangue” viu as espadas brilhando a luz da lua e gritou mais alto que os cultivadores a sua volta, se encolheu como um tatu com a ameaça eminente a sua vida.

— Saiam da frente! – Gritou a responsável pelo grupo, foi em direção à massa vermelha que estava encolhida e tremendo de medo. Com cautela se aproximou do ser e a chamou. – Olá, meus aprendizes são um pouco medrosos e acabaram ficando assustados com sua aparência, mas não precisa se preocupar ninguém vai te machucar. – Removeu sua túnica externa e passou por cima dos ombros da jovem, cobrindo sua nudez e lhe aquecendo.

— Como se chama minha jovem? – Perguntou a Cultivadora.

— E-eu.. Não sei. – Respondeu a garota levantando a cabeça com receio.

— Eu sou Bai MingYue, líder do clã Bai. – Apresentou-se, a luz da lua iluminou seus cabelos platinados, sua beleza era serena e transmitia segurança. – Sabe como foi parar neste estado? – Fez sua ultima pergunta, que teve a mesma resposta, ela não sabia.

Para a segurança daquela criança os aprendizes cultivadores deixaram a caçada noturna e voltaram para a cidade e para estalagem que ficariam aquela noite. Como a líder Bai era curandeira pegou a tarefa de cuidar da jovem sem memória para tratar do seu caso peculiar de amnésia e ajuda-la a se lavar, foi uma tarefa árdua, mas no fim sua face angelical foi restaurada. Depois do jantar os aprendizes se uniram em um dos quartos para discutirem a novidade.

Quando todos foram dormir Bai MingYue deixou a estalagem e voltou a montanha onde havia encontrado a jovem, seguiu os rastros de sangue para descobrir sua origem misteriosa, mas a trilha acabava no meio do nada, e nada indicava que houvesse outra presença anteriormente naquele local sem ser da jovem que dormia em seu quarto.

No dia seguinte assim que o mercado abriu saiu em busca de novas vestes para a nova hospede do clã Bai, comprou um vestido delicado como sua aparência, em tom azulado, aproveitou e comprou uns acessórios, quando voltou à menina já tinha acordado e estava sentada na cama com um olhar perdido.

— Trouxe roupas novas para você, irei ajuda-la a vestir. – Disse gentilmente.

Quando desceu para o café da manhã os discípulos que conversavam animadamente ficaram mudos ao ver quem esta ao seu lado.

— Não pode ser... – O menino estava espantado.

— Essa garota é...?

— A dama de sangue? – Exclamou um deles.

A menina se vendo como centro das atenções deu um passo para o lado se escondendo atrás da gentil cultivadora.

— Não sejam mal educados, vocês não tem face? – Questionou MingYue seria, todos aqueles rostos espantados estavam deixando a pobre menina desconcertada, seus discípulos precisavam melhorar no tato.

— Perdoe-nos líder de seita. – Todos a reverenciaram como pedido de desculpas.

— Estão passando muito tempo com a minha irmã, vou cortar isso, toda vez que treinam com ela jogam tudo o que eu lhes ensinei rio abaixo.

***

Assim que chegou à seita o grupo foi autorizado a retornar aos seus dormitórios ou irem para área livre, em quanto à líder da seita junto de sua hospede caminharam até a mansão principal, no caminho avistaram um dos discípulos correndo apressado, embora cambaleasse bastante. MingYue não precisou de informações adicionais para entender a situação, aquele era mais um discípulo rejeitado por sua irmã jurada, ele tinha fracassado no teste de resistência para aqueles que desejavam ser o discípulo principal de Bai Ling.

— Venha, quero lhe apresentar a uma pessoa. - Andaram por algum tempo até chegarem à frente de uma pequena residência. A jovem sem memória olhou para placa confusa.

Com a ponta do dedo apontou para a placa de madeira no alto da porta.

— O que esta escrito? – Perguntou inocentemente.

— Não sabe ler? Será que tem algo a ver com sua memória. – Ficou pensativa por um segundo, mas logo afastou suas divagações. – Esta escrito Pavilhão da Dor, é a casa de descanso da segunda irmã Bai, Bai Mulan.

— Mulan... – Aquele nome lhe pareceu familiar.

A primeira irmã abriu as portas e entrou no pavilhão, ele não era muito luxuoso, mas tinha tudo que era necessário para da conforto a quem fosse lhe usar, inclusive uma vasta coleção de licor que ficava cada vez menor graças a segunda irmã.

— Arsh! – Gritou a irmã em quanto bebia confortavelmente em frente a uma mesa baixa de madeira, onde tinha duas pequenas taças de prata, uma delas estava nas mãos de Bai Mulan. Seu rosto estava vermelho devido à embriaguês, seu humor estava carregado. – Só tem fracotes nessa seita, se não aguenta meu teste deveria se ajoelhar em frente aos portões da seita Lan e implorar para ser aceito.

— Seu preconceito com GusuLan continua forte minha irmã – Comentou Bai MingYue anunciando sua presença.

— Sister! – Exclamou Bai Mulan, seus arredores ficaram mais calmos com a presença da loira. – ... E convidada.

Seus olhos demoraram na pequena, a deixando sem graça, fez o cumprimento que viu os discípulos da seita Bai fazendo. Os olhos de Bai Mulan se desviaram em seguida.

— Aqueles que não aguentam beber são fracotes. – Bufou – Sente-se irmã e junte-se a mim, você pode se sentar também pequena fada.

Bai Mulan pediu a sua serva pessoal que tinha praticamente se unido ao cenário ao se passar despercebida para buscar taças limpas para as visitantes do pavilhão. A serva pegou a taça usada e colocou em sua bandeja e saiu.

— Nem todo mundo tem sua resistência a licor. – Comentou a mais velha. – E se não tomar cuidado vai adquirir cirrose.

— Não seja estraga prazeres. – Quando esvaziou sua taça sua atenção foi para a jovem ao lado. – Apresente sua convidada.

— Encontrei essa jovem durante uma caça noturna, coberta de barro e sangue, assustou meus alunos. – Riu ao lembrar-se das expressões apavoradas. – Estava perdida e sem conhecimento de sua própria pessoa, a trouxe para examina-la melhor e para lhe abrigar até que se lembre de sua família.  

A serva voltou e serviu as convidadas.

— Que situação curiosa pequena fada. – Comentou a segunda irmã com um sorriso travesso. – Beba! – Incentivou.

— Ela é jovem, não deveria beber. – Disse Bai MingYue olhando para sua irmã com desaprovação.

— Meu território, minhas regras. – Sorriu Bai Mulan, sua irmã só pode suspirar.

— Porque uma taça de prata? – Perguntou a jovem convidada, seus olhos inocentes demonstravam uma curiosidade sincera.

— Para eu saber se estou sendo envenenada. – Revelou a segunda irmã mantendo o sorriso. – Prata escurece em contato com veneno.

— É um bom plano. – Concordou a jovem ao pensar na lógica. Sob o olhar atento das irmãs decidiu da uma chance para a bebida, se arrependeu no instante que o liquido passou pela sua garganta, era amargo e descia como fogo. Fez uma careta de desgosto que fez a segunda irmã rir.

— É sempre assim, depois você se acostuma. – Comentou Bai Mulan abrindo uma nova jarra e se servindo. – Esse até que é fraco para os meus parâmetros.

— Russos e sua resistência monstruosa ao álcool. – Riu Bai MingYue bebendo sua própria taça.

— Falam que a Vodka Russa é uma das bebidas mais fortes. – Comentou a jovem desmemoriada.

As irmãs encararam a garota com os olhos arregalados.

— Disse algo errado? – Suas bochechas ficaram levemente avermelhadas devida a atenção repentina a sua pessoa.

— Como você conhece essa palavra? – Perguntou Bai Mulan espantada.

— Não sei, só pareceu certo quando eu disse. – Suas mãos pousaram em seu colo e agarraram o frágil tecido.

— Será que ela é como nós e por isso esta confusa com sua própria identidade? – Teorizou MingYue.

— Só a um jeito de ter certeza, você sabe o que é Torre Eiffel, Empire State Building? – Perguntou Mulan com os olhos brilhando em expectativa.

A jovem balançou a cabeça confirmando, as irmãs abriram um largo sorriso.

— Ela também é do nosso mundo! – Comemorou a morena – Ela merece mais vinho. – Encheu a taça da menina novamente e a encarou até a mesma beber sob pressão.

Algumas doses foram servidas e um brinde foi feito.

— A mais nova integrante do time dos transmigrados!

Depois de mais algumas taças a líder da seita passou a recusar mais doses, o ambiente tinha aumentado de temperatura subitamente, quando a irmã mais nova não estava vendo pegou seu leque ao lado da sua taça e começou a se abanar loucamente.

— Já desistindo irmã? Pensei ter lhe ensinado direito. – Tentou manter a pose, mas logo caiu na gargalhada pela embriagues. – Quem diria a criança ta aguentando firme, queria que meus aprendizes fossem assim.

— Você lembra qual ano era antes de você vir para este mundo? – Suas bochechas pareciam em chamas, o leque mal fazia efeito, então começou a arrancar suas peças de roupa externas.

A menina se concentrou fazendo uma careta engraçada aos olhos das irmãs embriagadas.

— Acho que 2020. – Respondeu deixando-as espantadas.

— Você vai me atualizar de todos os filmes que eu perdi, espero que seja fã da Marvel e da DC. – Falou Mulan com a voz arrastada, um soluço escapou da sua garganta.

— Gosto de ambos. – Informou a jovem.

— Essa garota é perfeita! – Levantou em um pulo, quase caindo no chão, quando se estabilizou apontou o dedo indicador para jovem e com uma face orgulhosa falou. – Eu lhe darei a honra de ser minha aprendiz principal!

A jovem cuspiu a bebida da boca e a encarou perplexa, por conta da bebida só deu de ombros, ao anoitecer quando já estava completamente sóbria foi quando a ficha caiu, tinha se tornado aprendiz de uma cultivadora de alma russa.

 

Dama de sangue em uma noite gélida


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Notas finais do capítulo

*Transmigrados são aqueles que vieram do 'mundo real' para o mundo fictício.
* Não ter face: Pode ser interpretado como 'não tem vergonha na cara'



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