Sob a Face de Boneca escrita por Jace Jane


Capítulo 6
Capítulo 6 - Uma Alma Sem destino


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem ^_^



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 Sua mente produzia pensamentos de ódio, raiva e aflição, os deuses que lhe tiraram a vida e agora lhe davam as costas, como ousavam? Achavam-se os poderosos, mas nem corrigiam ou admitiam seus erros. Tanto ódio não poderia caber em um recipiente tão pequeno, seu espírito abandonou a boneca de madeira e gritou aos céus em quanto uma aura escura expandia-se de seu espectro.

— ANUBISSSS! MATAREI TODOS DA SUA RAÇA MALDITA EM TROCA DO QUE ME FEZ! Se um dia você voltar a aparecer na minha frente até Osíris terá dificuldade em reconhecer a sua cara.

Passos eram ouvidos por todos os corredores, quando uma multidão de cultivadores a cercaram sua aura cheia de ressentimento vibrou ainda mais. Os mais novos discípulos da seita foram atingidos por uma forte rajada de vento que carregava pequenas pedras, os que estavam mais atrás ficaram surpresos pela forma verdadeira do espírito da boneca.

Um grito estridente saiu de sua boca em quanto apertava sua cabeça com as mãos.

— MALDITOS SEJAM, MALDITOS SEJAM! – Suas maldições não eram direcionadas aos discípulos da seita, mas nos deuses que lhe colocaram naquela situação.

Seus olhos correram pela multidão e possuiu um que lhe chamou atenção, ele não conseguiu resistir o seu domínio, seu cultivo era fraco.

— Então é assim que vocês se sentem. – Desembainhou a espada do garoto e começou a atacar desajeitadamente àqueles que a cercavam.

Um som de uma flauta perfurou o campo de batalha como uma doce melodia, ao olhar para a direção do musico percebeu que em cima do telhado estava Nie Huaisang, assim que ele começou a tocar a mesma musica foi tocada por mais duas flautas em diferentes direções. Pulou para o centro do jardim de pedras e encarou os flautistas Wei Yin e Lan Huan. Com as três potencias tocando a musica para acalmar seu espírito foi impossível resistir, jogou a espada para longe do corpo que estava possuindo antes de cair de joelhos no chão.

O que tinha feito era errado, não deveria ter perdido o controle, chegou a possuiu uma pessoa e a ameaçar vidas de terceiros, a que ponto tinha chegado. Quebrou sua palavra com Lan Wanji e Wei Yin, merecia qualquer castigo que lhe dessem, não havia esperanças para si, nem o deus que lhe enviou para aquele mundo poderia agir, deveria ter aceitado sua morte, mas foi orgulhosa demais.

Deixou o corpo do pobre cultivador que caiu inconsciente no chão e pulou para onde Lan Xichen se encontrava. A Jade de Gusu havia parado de tocar quando percebeu que Bianca não era mais um ameaça, a jovem de expressão culpada se ajoelhou colocando sua testa no chão, se rendendo completamente ao líder da Seita GusuLan completamente.

— Perdi o controle das minhas emoções e quebrei minha promessa para com Hanguan-Jun, aceito qualquer punição, líder da seita. – Falou Bianca desolada.

Lan Xichen não falou nada, pegou sua bolsa prende espírito e selou o fantasma de Bianca dentro dele.

***

Os deuses lhe tinham abandonado, sua alma desolada explodiu com os milhões de pensamentos ressentidos que cultivou ao longo do tempo que esteve neste mundo e lhe fez quebrar suas palavras. Sua alma chorava pelos erros cometidos, um descuido permitiu a escuridão de seu coração lhe dominar.

Mas o que isso importava agora?

Não pôde contar com a soberania grega e egípcia, mas não estava tudo perdido, um deus teve piedade de sua alma antes, seria muita sorte se ele batesse em sua porta pela segunda vez.

— Deus Yu não sei das quantas, ajude essa pobre alma, o senhor prometeu que eu viveria o que eu não pude em minha primeira vida, eu pareço estar usufruindo os mais belos momentos da vida de uma jovem adulta? Eu sei que um raio raramente cai no mesmo lugar duas vezes, mas tenha piedade.

Sentiu seu espírito se dissipar no vento e ser carregada por suas correntes, sua mente estava como um cubo mágico revirado, nada fazia sentido, estava tudo fora do lugar. Sua percepção espiritual só sentiu vagamente que estava sendo carregada pelas correntes de ar, mas a informação não era nova, mas não parecia ser algo aleatório, estava sendo guiada, mas por quê?

Quem teria a capacidade de lhe remover do recanto das nuvens sem fazer alarde, como um ladino que havia tirado um D20 natural? Os deuses lhe tinham virado as costas, duvidava que algum cultivador tivesse tamanho cultivo para lhe arrastar no ar sem precisar conter sua essência espiritual para preserva-la?

Quando foi remontada se deparou no topo de uma montanha, onde um homem de tamanho colossal estava preso em correntes que o imobilizava, seu peito estava desnudo, sua pele estava escurecida tanto pelo sol e o acumulo de poeira quanto pelas camadas de sangue que já haviam secado. Havia uma grande ferida aberta abaixo do estomago, mostrando seus órgãos internos. Se tivesse um corpo teria vomitado perante aquela visão lastimável.

— Os deuses guardam rancores que perduram por eons, deveria tomar cuidado quando for mencionar o nome de um. – Falou o homem gigante. – Eu os desagradei um pouquinho e fui condenado a essa tortura por toda eternidade.

— Fala das minhas palavras dirigidas aos deuses da morte? – Perguntou em genuinamente, ignorando completamente o cenário.

— Sim.

— Como não rogar pragas aos deuses quando eu poderia ter tido um futuro brilhante na minha vida mortal? Até uma vida medíocre teria bastado, mas fui morta e fui mal remunerada. – Desabafou Bianca ao desconhecido.

— Pode-se dizer que ambos estamos em uma situação que nos desagrada que fora causada diretamente ou indiretamente pelos deuses. – Iniciou o homem. – Mas sua situação ainda pode ser... Como os mortais dizem? Tapeada! Você pode possuir o corpo de alguém e viver tranquilamente por um tempo.

— Isso é imoral e errado! – Falou horrorizada. – Quando tive um ataque na seita e possuí um jovem eu carreguei um remorso terrível em minha alma. Usar o corpo de outra pessoa é inaceitável.

— Depois de todo esse tempo não me arrependo de ter ajudado sua raça. Vocês evoluíram tanto, é o que mantém minha mente sã.

Bianca analisou a atmosfera e juntou às peças, como uma fã de Percy Jackson se sentiu uma tapada por não ter deduzido antes, era tão obvio, como não percebeu? Seu espírito estava realmente turbulento a ponto de não perceber que aquele que conversava respeitosamente era o ser que iluminou a humanidade com seu conhecimento e os impulsionou para o que eram hoje.

— A viagem me deixou com raciocínio tardio, vossa senhoria seria Prometeus?    

O homem pareceu sorrir.

— Como defensor da humanidade não posso ficar vendo uma das minhas filhas sofrendo por culpa do meu panteão, como fiz uma vez farei novamente. – Discursou Prometeus ignorando a pergunta feita pelo jovem espírito feminino. – Mas estou de mãos atadas, literalmente, espero que seja boa em modelagem.

— O que quer dizer com isso? – Perguntou confusa, parecia que tinha enfiado o pé na jaca, mas não tinha percebido.

— Se quer estar à altura de desafiar os deuses novamente precisará usar o meu sangue, ele lhe dará forças e animará o corpo criado por você.

— Eu realmente não estou entendendo...

— Você criará seu novo corpo através do barro e do meu sangue, e precisará ser rápida, ou meu torturador notará sua presença. – Aquilo era bizarro demais até mesmo para seus padrões e seus padrões eram altos.

Quando o sol veio um enorme pássaro apareceu no céu para se alimentar do fígado do titã acorrentado. Com o animal distraído Bianca começava seu trabalho em quanto se escondia debaixo da nuca de Prometeus.

O dia estava radiante se ignorasse os gritos de dor do homem torturado, o que lhe era péssimo, não havia água por perto para usar para molhar a terra abaixo de si, e era impensável usar o suor do titã como substituto. O que ele tinha lhe dito mesmo? Criar um novo corpo através do barro e do sangue...

Usou a terra encharcada pelo sangue e começou a criar o que futuramente seria seu corpo, duvidava muito do processo, mas não era como se jorrasse opções no seu balde. Em quanto tentava desesperadamente criar uma forma que ao menos lembrasse ao um ser humanoide começou a perder as esperanças, estava fazendo papel de ridícula, como aquele plano poderia da certo? E se desse não iria enfurecer os deuses? Ah os deuses que se mordam! Sua vida foi fodida por eles e quando rezou por ajuda nem ao menos lhe deram algum consolo, só o Anúbis apareceu querendo lhe enviar para o duat.

Com todos os pensamentos confusos rodando por sua cabeça aumentando sua insegurança não deixou nem por um momento de fazer sua tarefa, em alguns momentos sentia a mudança dos ventos e logo um sussurro lhe era falado, lhe guiando naquela tarefa insana.

Como não dominava a tarefa o tempo que trabalhou foi mais do que Prometeus havia lhe aconselhado, sua margem de segurança estava se esgotando, à noite quando a criatura desaparecia para deixar seu prisioneiro se regenerar era quando podiam conversar e ser guiada pelo titã que apontava seu erros e lhe fazia corrigir, o que era fundamental, ou as chances de criar um corpo defeituoso seria bem altas, então ouviu com extrema atenção e antes da primeira luz do sol o corpo de barro estava pronto.

— Como funcionará a partir de agora? – Perguntou exausta, tinha trabalhado noite e dia usando barro e sangue sob os gritos do titã. Foram dias estressantes...

— Você receberá o sopro da vida e tudo estará acabado. – Respondeu Prometeus, sua face parecia em paz, mesmo sabendo que em breve seria torturado novamente por uma criatura enviada por Zeus.

Quando Prometeus falou sobre o sopro da vida, não esperava que fosse literal. Ao se unir a sua criação fora levada pelos ventos da aurora. Seu destino havia sido interrompido quando seu caminho cruzou com os deuses da morte. O que iria acontecer a este mundo quando uma alma sem destino fosse introduzida à trama?

Nem os deuses poderiam prever as mudanças que viriam a seguir.


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