Where's My Love escrita por Khaleesi


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Volteei :)

To adorando compartilhar essa fic com vocês! esses capitulos mais freneticos estao sendo mais faceis e saindo mais rapido, mas as cenas fofas entre os dois tambem são uma delicinha de escrever! ♥
Se continuar nesse ritimo acho que consigo postar semanalmente. Enfim, espero que gostem

Boa leitura



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— Hazel! Mia!

Percy gritava com toda a força de seus pulmões. Sua voz ecoava pelo vazio do bosque, mas não parecia surtir efeito. Os campistas haviam se dividido em grupos para procurar pelas garotas. Pelo menos uma hora havia se passado em que Percy vagava pela floresta escura com Nico, olhando ao redor, em busca de qualquer sinal… e nada.

O filho de Hades agia mais soturno que o comum. Seus passos não emitiam som algum contra a grama, Percy precisava olhar para trás o tempo todo para se certificar de que não estava sozinho. Nico carregava uma expressão perturbada, Percy quase podia sentir a ansiedade transcendendo a pele do garoto. Queria dizer alguma coisa, mas duvidava que qualquer palavra sua o faria sentir-se melhor naquele momento.

De repente, o ar se agitou na frente de Percy e uma névoa espessa formou-se. Uma mensagem escrita formou-se na névoa, Percy estreitou os olhos, sua dislexia o impedindo de entender a frase de primeira: Por favor, deposite uma dracma para visualizar a mensagem.

— Ligação a cobrar — informou ele, tateando as roupas em busca de uma moeda.

— Aqui. — Nico adiantou-se e depositou uma dracma na névoa. 

A moeda desapareceu e a imagem de uma garota surgiu. Era Mia, os cabelos loiros estavam despenteados e tinha alguns arranhões no rosto. Atrás dela um mausoléu de colunas gregas erguia-se, mal iluminado pelo feixe de um poste e o suave brilho do luar.

— Ora, finalmente — disse a garota, e sorriu de uma maneira que fez os sentidos de Percy entrarem em alerta. 

Ele e Nico se entreolharam. Algo estava terrivelmente errado.

— O que…

— Vocês devem estar procurando por nós, imagino — cortou ela. — Bem não se preocupem! Estamos bem! Ou pelo menos uma de nós...

— Nós? — repetiu Percy aproximando-se. Mia se afastou para mostrar algo atrás dela. Encolhida no gramado, diante do mausoléu, estava Hazel desacordada e acorrentada com espessas correntes de bronze que pareciam mover-se muito lentamente, espremendo seu corpo e lhe tirando o ar dos pulmões.

Nico cerrou os punhos e de repente o ar ficou mais frio.

— Você. Eu sabia que tinha algo errado.

— Sabia, é? — perguntou Mia, divertindo-se.

— Como foi que não percebi antes? Foi você! Colocou algo na minha bebida ontem!

— Ah, sim… Estava tudo indo conforme o planejado ontem a noite. Se não fosse por aquele Manticore estúpido, seria você no lugar de Hazel hoje. Tenho que admitir, você foi bem resistente. A maioria das pessoas acaba como a sua irmãzinha aqui.

— Ela… Ela está…? — começou Percy.

— Morta? Ainda não — disse Mia. — Mas ela não tem muito tempo, não com aquelas correntes. É melhor vocês se apressarem.

Então as coisas começaram a fazer sentido para Percy. A maneira como Mia não parecia tão impressionada com o descobrimento do mundo dos semideuses, como ela havia sobrevivido sozinha… Como ela os havia atraído para aquela festa e ele caiu direitinho em seu jogo.

Foi a vez dele se pronunciar. Sentia seu sangue fervendo e pulsando dentro das veias. Mesmo o frio que a aura de Nico emanava não era suficiente para arrebatá-lo.

— O que você quer? — vociferou. 

— É bem simples, Percy. — a garota enrolava uma mecha loira no dedo enquanto falava. — Vocês só precisam se entregar. Se entreguem e Hazel estará salva. Por enquanto.

— Nos entregar? Do que é que você está falando? — disse Percy. — Você é uma de nós!

— Oh não, eu não sou uma marionete. E nunca vou ser. — disse Mia entre dentes. O comentário de Percy tirou seu sorriso confiante do rosto.

— Por que está fazendo isso? — perguntou Nico. — É você quem está por trás do desaparecimento dos campistas, não é?

— Eu não chamaria de desaparecimentos... Você logo vai descobrir a verdade. — a expressão de ironia voltou as feições da garota. Percy odiava traidores. Mas aquela em específico o estava irritando mais que o normal.

— É melhor você ter um bom plano pra quando chegarmos aí  — disse ele. — Para o seu próprio bem.

Mia soltou um riso cínico.

— Que gentil da sua parte se preocupar comigo. Mas não seja estúpido, Jackson. A vida de Hazel está em jogo aqui, e digamos que eu não dou a mínima para o que acontece com ela.

A grama ao redor de Nico começou a murchar e tornar-se marrom.

— Se encostar um dedo na minha irmã, eu juro pelo estige que…

— Ta bem, ta bem, não temos tempo pra ameaças — Mia balançou a mão fazendo pouco caso. A névoa começava a se dissipar e a imagem tremulava. — É o seguinte: venham desarmados. Só os dois. E não pensem em nenhuma gracinha, ou em alertar seus amigos. Eu saberei. E não se esqueçam, Hazel não tem muito tempo.

Nico segurou o cabo de sua espada com tanta força que os nós de seus dedos ficaram brancos.

— Você vai pagar por isso.

— Nos vemos mais tarde — A garota o ignorou. Olhou para trás, para o mausoléu, depois voltou-se para Nico. — Já sabe onde vou estar.

A imagem então desapareceu e a névoa se dispersou no ar.

Nico respirava pesadamente, sua aura involuntariamente desenhando um círculo de morte ao seu redor. Percy exitou, não sabia o que dizer, temia qual seria a reação do filho de Hades a qualquer palavra naquele momento. Aproximou-se e colocou uma mão em seu ombro, desejando lhe passar algum conforto.

— Vai ficar tudo bem. Vamos resgatar Hazel — disse, tentando aplicar mais confiança na voz do que realmente possuía.

Os ombros de Nico relaxaram e ele balançou a cabeça. Percy estranhou o fato de ter conseguido acalmá-lo com tanta facilidade, costumava ter dificuldade em lidar com o temperamento do garoto no passado.

— Certo. Tenho que ir — ele soltou a espada e se virou.

— Mas espera, nem sabemos onde ela está — disse Percy.

— Cemitério de Woodlawn — disse Nico. — Conheço o lugar.

É claro que conhece, pensou Percy.

— Por que ela nos atrairia para um cemitério? Você, de todas as pessoas.

Nico parou de andar e virou-se para encará-lo.

— Claramente é uma armadilha. Mas não tenho escolha. 

— Ela disse para não avisar ninguém ou ela saberia… — disse Percy. 

— Ela pode ter espiões no acampamento — sugeriu Nico.

— Ou ela pode estar blefando.

Nico balançou a cabeça em negação.

— Mesmo se estiver, não vou apostar a vida de Hazel nisso.

— Tem razão — disse Percy. — Vamos fazer o que ela quer até que Hazel esteja salva. Na primeira oportunidade nós atacamos e depois fugimos.

— Não. Percy… eu não acho que você deve ir.

— O que?

Nico evitou seu olhar.

— Eu vou sozinho.

— Você ouviu o que Mia disse. Ela está esperando nós dois, se você chegar lá sozinho…

— Eu sei. Mas vou estar no meu território, então de qualquer maneira tenho uma vantagem. — disse o garoto, girando o anel de caveira no dedo. — Se eu for rápido consigo pegar Hazel e nos tirar de lá em segurança. É muito arriscado se você estiver junto, não sei se vou conseguir te proteger também.

— Me proteger? — repetiu Percy, achando graça. — Sabe, eu posso estar enferrujado mas ainda sou um dos melhores espadachins do acampamento.

Nico o olhou nervosamente.

— Nem sabemos quem essa garota é ou do que ela é capaz. Nem o que nos espera naquele cemitério!

— Exatamente. Mais um motivo para eu estar lá com você.

— É muito arriscado. Não quero que nada te acon… — Nico balançou a cabeça repentinamente. — Não quero que se machuque por minha causa.

Ele cruzou os braços e encarou Nico com firmeza. O garoto franziu o cenho.

— Estou falando sério, Percy.

— Eu também.

Percy sentia uma irritação queimando em seu estômago ao pensar em como Nico queria fazer tudo sozinho. A idéia de deixá-lo enfrentar o desconhecido sem ajuda estava fora de cogitação. Não podia deixar que algo acontecesse a ele ou a Hazel. Simplesmente não podia.

Aproximou-se de Nico e colocou-se diante dele, segurando seus ombros com as duas mãos. O garoto ergueu o olhar fugaz para ele mas não se afastou de imediato.

— De jeito nenhum vou deixar você sozinho nessa. 

Nico o olhou em silêncio por alguns segundos. Percy notou suas bochechas assumindo um leve tom avermelhado antes do garoto abaixar a cabeça e afastá-lo, como sempre fazia quando alguém como Percy tentava se aproximar demais. 

— Se as coisas terminarem mal… Não diga que eu não avisei — murmurou o garoto, de costas para ele.

Um sorriso sutil traçou os lábios de Percy.

— Viu só, não foi tão difícil, foi? — provocou ele. Nico se virou para protestar mas Percy juntou os dedos nos lábios e assobiou alto, interrompendo-o.

Um vulto negro alado cruzou os céus dentro de alguns segundos; logo Blackjack pousou ao seu lado no gramado.

E aí, chefe! Qual é a boa?

— Ei cara, precisamos de uma carona. Será que não pode chamar um de seus amigos para levar Nico?

— Ah, não. Não vamos voando — disse o garoto.

— É o jeito mais rápido e ninguém vai notar que saímos — replicou Percy. — E não, você não vai nos levar pelas sombras. Vai precisar guardar energia para o que vamos enfrentar.

Nico esfregou o rosto claramente insatisfeito antes de concordar.

Chefe, só temos um probleminha. A galera está dormindo. Eu até acordaria o Guido, mas ele fica todo mal humorado quando tem que voar à noite. E não me leve a mal, mas ele não gosta muito do seu amigo… 

— Já entendi. Acha que consegue levar nós dois, então?

Sem problemas! Blackjack relinchou. Subam a bordo.

— Espera, o quê? — disse Nico, percebendo a situação.

Percy montou o pégaso e estendeu a mão para o filho de Hades.

— Passagem de ida para dois para um cemitério no meio da madrugada — disse Percy. — Você vem ou não?

— M-mas… — Nico tentou criar objeções mas se deteve. Sabia que não tinham tempo para isso. — Ta bem.

— Anda logo — Percy o puxou pelo braço, forçando o garoto a montar no pégaso atrás de si.

Nico segurou-se timidamente na barra de sua camiseta, mas quando Blackjack bateu suas asas abruptamente e levantou voo, o garoto soltou um guincho de pânico e agarrou-se involuntariamente nele. Percy não conseguiu segurar o riso.

 

X

 

A cidade se agitava na madrugada quando os garotos chegaram ao ponto de encontro. O pégaso sobrevoou as ruas de Manhattan cortando o ar frio da noite e aterrissou nos terrenos do cemitério. Percy saltou das costas de Blackjack depois de Nico, desejando ter um torrão de açúcar para agradecer-lhe pela carona.

Não foi nada, chefe, disse o pégaso, foi uma viagem bem rápida.

— Obrigado mesmo assim, cara. Fique por perto, acho que vamos precisar de você para voltar.

Pode deixar, chefe. Vou ficar há uma distância, hã… segura, Blackjack relinchou. Esse lugar me dá arrepios!

O cavalo alado alçou voo, deixando os garotos no silêncio do cemitério. 

Os portões estavam fechados, Percy não sabia se haveria algum mortal ali aquela hora da noite. Os túmulos se estendiam a perder de vista no horizonte, estátuas de mármore e pedra erguiam-se sobre o gramado, assumindo um aspecto horripilante diante da iluminação escassa. A neblina baixa pairando sobre as covas tornava o lugar ainda menos convidativo, se é que isso era possível.

Nico mantinha os olhos fixos no horizonte, a mandíbula retesada. Sua pele parecia mais pálida a luz do luar.

Percy se aproximou.

— Você está bem?

O garoto balançou a cabeça, sem tirar os olhos do horizonte.

— Tem alguma coisa estranha aqui. Posso sentir.

— Hm, você quer dizer pessoas mortas? Achei que fosse familiarizado com esse tipo de coisa, sabe, já que...

Nico lhe lançou um olhar de descaso e Percy se calou.

— Eu não sei explicar. Mas tem algo diferente no ar. Precisamos ficar alerta — disse ele, sondado o lugar com os olhos. — Pelo menos sabemos que é uma armadilha.

— Era pra isso ser reconfortante? — perguntou Percy. Sentiu-se aliviado por ainda estar trajando a armadura.

— Vamos indo — disse Nico. — Elas estão por perto.

Percy o seguiu pelos campos de túmulos e estátuas, sentindo um calafrio dominando seu corpo à medida que se aproximavam do ponto de encontro.

Mia estava diante do mesmo mausoléu de colunas gregas que Percy avistara na mensagem de Íris mais cedo. Seus olhos brilharam quando ela os avistou. Ainda vestia a armadura, mas não parecia mais confusa ou perdida como quando antes do jogo começar. Carregava a espada na cintura com uma postura digna de um guerreiro grego, como se realmente soubesse o que estava fazendo. Ao seu lado, Hazel permanecia desacordada, as correntes pareciam esmagar seus ossos, sua pele perdia a cor gradativamente.

— Estamos aqui. Solte ela — vociferou Nico.

A garota os analisou friamente a distância.

— Acho que não me entenderam bem. Eu disse para virem desarmados.

Num movimento brusco Nico puxou a espada negra do cinto e a segurou ao lado do corpo. Percy não sabia se aquela era uma boa idéia, mas tirou a caneta do bolso e Contracorrente formou-se em sua mão. Os dois garotos estavam prontos para um ataque, mas Mia não mexeu um músculo

— Solte. A minha irmã. Agora. — disse Nico entre dentes.

Então a armadilha entrou em ação e eles foram cercados. Vultos surgiram das sombras, mais do que Percy era capaz de contar naquele momento. Teve dificuldade de distingui-los de início, mas então percebeu que pelo menos uma dúzia deles eram jovens vestidos com armaduras improvisadas e feições muito familiares. Viu em seus rostos as linhas duras de Ares, a beleza de Afrodite, os olhos sábios de Atena… Eram todos campistas, ou pelo menos foram algum dia. Mas agora apontavam suas espadas e arcos para ele.

O restante eram monstros, de todos os tipos e tamanhos. Um arrepio percorreu a espinha de Percy ao pensar no que poderia levar aqueles semideuses a se aliarem a seus predadores. 

Uma última figura surgiu ao lado de Mia: uma mulher jovem, não muito mais velha que Percy. Era um misto de elegância e assombração. Usava um vestido preto justo com um sobretudo por cima. Sua pele era era tão pálida e fria quanto os túmulos de pedra na noite, seus olhos eram púrpura e os cabelos um véu negro caindo em cascatas pelos ombros. Mia olhou para a mulher e acenou com a cabeça. A recém-chegada apontou para Hazel e sussurrou algo em uma língua antiga. As correntes pararam de se mover e retraíram-se. Percy pôde ver os pulmões da garota enchendo-se de ar novamente. Mia voltou-se para eles.

— Eu disse que não machucaria Hazel. Agora cumpram sua parte. Armas no chão.

Percy exitou por um momento antes de ceder. Sabia que não teriam chance em um ataque direto. Jogou Contracorrente na grama, esperando que a garota não soubesse que ela reapareceria em seu bolso em alguns instantes.

— Acha mesmo que preciso de uma espada? — disse Nico, imitando-o. — Não foi muito inteligente trazer um filho de Hades a um cemitério.

Os lábios de Mia curvaram-se em um sorriso confiante.

— Ah, esses principezinhos do Mundo Inferior… Eles nunca aprendem — disse a mulher ao lado de Mia, revirando os olhos.

— Acho que ainda não foram oficialmente apresentados — disse a garota. — filho de Hades, esta é Melinoe.

De repente, Nico ficou mais pálido. Percy conhecia aquele nome, já o havia lido em um dos livros do acampamento durante suas lições. As engrenagens de sua mente giravam freneticamente enquanto tentava se lembrar, então a resposta veio clara como o dia e as coisas começaram a fazer sentido: Melinoe era a deusa dos fantasmas.

— Esse é tanto seu território como é meu, cria de Hades — sorriu a mulher. — Então porque não tenta um de seus truquezinhos? Eu o imploro!

Percy rezou para que Nico não reagisse. Não queria descobrir como seria uma batalha entre a Rainha e o Rei Fantasma.

— Por que está ajudando ela? — perguntou Nico. — Você é uma deusa!

— Digamos que a oferta era boa demais para recusar. 

Os monstros agora os haviam cercado completamente. Mantinham uma distância desconfortável, sibilando e salivando. O ar ficou mais denso, infestado com a podridão das criaturas.

— Não é nada pessoal, garotos — disse Mia. A expressão séria de antes havia retornado as suas feições. — Mas alguns sacrifícios são necessários para o bem maior.

— Do que é que você está falando? — disse Percy.

Nico abaixou a cabeça, pensativo.

— Melinoe… Não é somente deusa dos espectros. Mas também dos sacrifícios e oferendas.

— Ele é esperto, esse aqui — deliciou-se a deusa. 

— Nico, onde quer chegar? — perguntou Percy, embora já imaginasse a resposta. O garoto lhe lançou um olhar enigmático e agourento.

— Sabe, os filhos de Gaia não ficaram nada felizes quando vocês derrotaram a mãe deles — disse Melinoe. — Eles demandam sangue, é assim que as coisas funcionam. E que oferenda melhor do que os semideuses prometidos, os responsáveis pela queda da Mãe Terra? Ah sim, este será o melhor solstício em décadas!

Percy olhou da deusa para Mia. O sorriso da garota havia desaparecido, por algum motivo ela não parecia tão confortável com a ideia mas mantinha a expressão determinada.

— Isso é loucura. Como podem ser parte disso? — ele olhou ao redor, para os semideuses que os cercavam. Muitos deles haviam lutado ao lado de Percy no passado, ele reconhecia seus rostos. Outros eram novos demais para estar ali, mas erguiam suas armas com a mesma determinação. Foi então que percebeu: os semideuses não estavam desaparecendo. Estavam deixando o acampamento por vontade própria, juntando-se a uma causa insana, virando-se contra seus amigos.

— Nós simplesmente nos cansamos de ser usados pelos deuses como peões, guerra atrás de guerra. — adiantou-se um dos meio-sangues. Percy reconheceu os cabelos loiros penteados para trás e os olhos cinzentos do filho de Atena.

— Só queremos paz, longe do mundo dos deuses — disse Mia. — Não preciso que concorde. Mas tenho certeza que você entende, Percy. Seu acampamento foi destruído, seus amigos morreram na batalha. E o que os deuses fizeram por você?

Percy sentiu um nó formar-se em sua garganta. 

— Perdemos tudo em suas guerras inúteis — continuou o outro semideus. — Nossa casa, nossos amigos e irmãos… Você sabe do que estou falando. Os deuses nos usaram e depois nos abandonaram outra vez! Annabeth morreu por…

— Não diga o nome dela! — Percy desejou que Contracorrente tivesse voltado ao seu bolso.

— Eles falharam com todos nós — disse Mia. — Eu era muito nova quando fui para o acampamento pela primeira vez, minha mãe ao menos tinha um chalé dedicado a ela na época. Mas eu vi como os deuses negaram seus filhos quando Cronos atacou... Foi graças aos meio-sangues que o mundo não foi destruído, mas eles nunca reconheceram isso de verdade. Eu decidi que não queria fazer parte daquilo. Não pode nos culpar por querer um destino melhor.

— Vocês não precisam lutar pelos deuses — disse Percy. Ele conhecia muito bem aquele sentimento. — Mas não lutem contra seus próprios irmãos e amigos. Voltem para o acampamento, é o único lugar seguro para nós.

— Isso significaria ter que ceder, desistir do que acreditamos — rebateu Mia. — Os deuses não ligam para nós, mas não queremos nos revoltar contra eles, ou começar outra guerra como fez Luke. Só queremos viver longe de tudo isso.

— Então vocês se juntaram aos monstros? — indignou-se Nico. — Me diga exatamente como isso não se iguala a começar outra guerra.

— É como eu disse — continuou Mia. — Oferecemos os sete responsáveis pela derrota de Gaia e eles nos deixarão em paz. Não gosto disso, mas acredite quando digo que farei o que for preciso para proteger minha família, ao contrário dos deuses.

— Acha mesmo que eles vão cumprir esse acordo? — disse Percy. — Eles são nossos inimigos! São a razão de seus irmãos estarem mortos, de nosso acampamento ter sido destruído!

— Nós poderíamos pegá-lossss aqui messsssmo — sibilou uma dracnae, impaciente. — Pra que esssperar pelo solssstício?

— Poderíamos pegar todos eles! — disse outro monstro escondido na multidão. — O acampamento inteiro!

— Vocês terão os sete! — cortou Mia. — Esse é o acordo.

Os monstros rugiram, insatisfeitos. Melinoe os silenciou com um olhar.

— Já chega de conversa — continuou a garota. — Está na hora de…

Sua fala foi interrompida pelo ruído de dezenas de pés pesando sobre o gramado do cemitério ao longe. Percy virou-se e avistou um grande grupo de meio-sangues cruzando o campo com armas em riste. Imediatamente identificou Reyna e Jason liderando o ataque, seguidos por gregos, romanos e caçadoras. Percy não fazia ideia de como eles haviam descoberto onde estavam e o que estava havendo, ou se deveria se sentir aliviado. Tudo o que sabia é que uma grande batalha estava para acontecer e ele esperava que seus amigos estivessem em número suficiente.

— Vocês… — disse Mia, entre dentes. — Eu avisei para não me provocarem.

Os semideuses traidores e os monstros adiantaram-se para repelir o ataque. Mia ergueu sua espada e Percy sentiu o bolso da calça pesar bem a tempo. Mas isso foi inútil.

A escuridão se solidificou ao seu redor e traçou um círculo de trevas diante dele e Nico; o garoto parecia tão confuso quanto ele. Os ruídos da batalha iminente ficaram abafados e as figuras tornaram-se enevoadas. Então tudo ao seu redor escureceu e eles foram engolidos pelas sombras.


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Notas finais do capítulo

Quem ai previu que a Mia não prestava? hehehe
O plot ta finalmente se desenrolando! Logo tem mais, até o próximo!



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